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OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

No documento A cadeia produtiva do leite (páginas 64-68)

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2. A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE

2.1. SITUAÇÃO MUNDIAL

3.3.2. OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO ANIMAL

“Aproveite todo o tempo para observar os animais e repare naquilo que os animais lhe transmitem”. É o concelho da Kingshay (Independent Dairy Specialists, 2009) para o produtor. Segundo estes investigadores, o comportamento dos animais vai indicar os pontos sensíveis do processo de produção. Ignorar estes sinais coloca em risco a saúde do efetivo, a produtividade e consequente rentabilidade. A chave é entender a resposta do comportamento das vacas ao ambiente que as rodeia. Deve observar-se todo efetivo no geral (passo 1) depois, os grupos dentro do efetivo; seguindo-se da observação de sinais individuais nos animais, avaliando o comportamento e os indicadores físicos (passo 2 e 3).

47 3.3.2.1. INDICADORES DO EFETIVO

O efetivo deve ser observado em alturas calmas, duas horas depois de decorrerem atividades com os animais (ordenha, disposição da alimentação, limpeza das camas, visita do veterinário, etc.), numa zona alta (exemplo Figura 6 da próxima página). Á primeira vista tudo parece normal, mas numa observação mais atenta, as vacas transmitem que estão a correr riscos É fundamental observar como estão os animais a usar os cubículos; como é que está posicionado o focinho em relação à comida; se existe espaço entre os animais; sinais de densidade excessiva; se estão a ruminar; como se movem (locomoção e claudicação); condição corporal geral; sinais de stress térmico; conflitos; dominâncias, etc..

Figura 6. Visão geral do efetivo. Á primeira vista tudo parece normal, mas numa observação

mais atenta, as vacas transmitem que estão a correr riscos (Kingshay, 2009).

A utilização de indicadores comportamentais, de saúde e maneio na avaliação de bem-estar em vacas leiteiras é uma ferramenta muito valiosa, considerando a dificuldade da utilização de indicadores fisiológicos e imunológicos (Cerqueira et al, 2011). Densidade excessiva Cubículos vazios Demasiado para a frente Dois membros, dentro, dois fora Posição do focinho em relação à comida Condição Corporal Locomoção/ Claudicação Ruminação Manjedoura congestionada Lesões

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Quadro 13: Quadro para observar e registar comportamentos do efetivo, com as possíveis causas (Kingshay, 2012).

O Quadro 13 foi tabalhado pela Kingshay (2009) para que o produtor possa registar e observar o comportamento do seu efetivo leiteiro, com uma taxa fixa, que representa os comportamentos normais e outra taxa com valores a nível inferior ou superior a essa, que indica problemas e possíveis causas para os problemas.

3.3.2.2. INDICADORES INDIVIDUAIS

O bem-estar de um animal deve ser avaliado através da observação do seu comportamento, dos seus sistemas fisiológicos e o seu estado geral, sendo que o alojamento e as condições do alojamento o afetam diretamente (Veissier et al., 2007). Os parâmetros seguintes auxiliam na perceção do bem-estar e a saúde dos animais (Kingshay, 2009):

- Frequência respiratória: nos bovinos é de 26 a 50 respirações por minuto. Se a frequência respiratória está elevada deve ter-se em conta a ventilação e temperatura do estábulo. A existência de teias de aranha é um sinal de ventilação

ATIVIDADE Nº DE VACAS % DO EFECTIVO TAXAS % POSSÍVEIS CAUSAS

A comer 10-15% > 15% - Pouco espaço para alimentação ou comida pouco

palatável

A beber 2-3% > 3% - Bebedouro de difícil acesso à água, ou com pouco

nível

Bufando/boca

aberta 5%

> 5% - ventilação insuficiente do estábulo, cubículos

insuficientes, dimensões incorrectas, camas desconfortáveis

Deitadas 80%

< 80% - cubículos insuficientes, superfície das camas

desconfortável, ou comida fraca. Se existe um grupo de cubículos que não são utilizados, podem estar expostos a correntes de ar excessivas ou a à chuva, podendo os cubículos terem também dimensões incorrectas.

Em pé nos

cubículos 4%

> 4% - corredores com piso desconfortável, cubículos com

dimensões incorrectas.

2 membros dentro dos cubículos, 2 membros fora dos cubículos

< 5%

> 5% - Posição errada do ferro do pescoço no cubículo

(baixo ou aversivo)

Em pé na diagonal,

no cubículo 0%

> 0% - Largura incorreta do cubículo; posição errada do

ferro do pescoço

Deitadas na diagonal, no cubículo

0%

> 0% - pouco espaço para fazerem o impulso de levantar;

ferro do peito mal posicionado; ferro do pescoço mal posicionado

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Figura 7: Em cima, está esquematizado a cinética do movimento de ascensão das vacas. Em baixo

as camas com cubículos, cabeça com cabeça e cubículos, cabeça com parede (Cerqueira et al, 2010).

insuficiente. Aumento da frequência respiratória é ainda sinal clinico de acidose ou outras patologias.

- Posições em que os animais se alimentam: animais que se esforçam para chegar ao alimento, adotam posturas inadequadas, que pela pressão exercida nos membros, favorecem ulceras de sola, e reduzem a ingestão. Deve ser disponibilizado cerca de 0,75 cm por cada vaca na manjedoura, evitando taxas de lotação elevadas.

- Taxa de ruminação: no decorrer da ruminação, entre um espaço de deglutição e outro, ocorrem normalmente 60 a 70 mastigações. Mais de 70 movimentos de mastigação indica que a alimentação é bastante fibrosa, enquanto um valor inferior a 60 movimentos, indicam que a alimentação é pobre em fibra, o que pode causar acidose.

3.3.2.3. INDICADORES FISÍCOS

As lesões, edemas, hematomas e calosidades nas zonas do curvilhão, joelhos e coxas, são sinais que evidenciam a má qualidade das camas e/ ou do material das camas (desconfortáveis, húmidas, abrasivas). Na zona lombar, costelas e garupa a evidência de lesões devem-se geralmente à fricção dessas zonas nos ferros dos cubículos na ascensão da vaca ao levantar-se (observar Figura 7).

50 Zonas de alopecia no pescoço ou peito devem-se geralmente à fricção voluntaria (comichão) ou involuntária nos trancadores ou nos ferros da manjedoura. Sujidade dos membros, acontece pelas altas densidades dos lotes, associadas a má eficiência dos arrastadores e deficiente inclinação do piso e desenho das instalações (Cerqueira et al, 2010).

No documento A cadeia produtiva do leite (páginas 64-68)

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