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5. RESULTADOS

5.3. Observações sobre a ocorrência de enfermidades e parasitas

A grande maioria dos exemplares capturados apresentava ectoparasitos fixados principalmente nas brânquias, os quais se desprendiam do hospedeiro após os tratamentos profiláticos, especificamente os banhos com formol e água doce. Ao longo do processo de aclimatação, ocorreram 14 perdas de exemplares de beijupirá devido à ocorrência de doenças. Na maioria dos casos, embora nenhum estudo laboratorial tenha sido realizado para determinar o agente causador, as doenças foram atribuídas a ectoparasitos, bactérias ou embolia. Tais conclusões se basearam em observações visuais, tendo como base a literatura especializada (ROBERTS, 1978; WOO et al., 2002).

Tabela 1. Dados das capturas dos exemplares selvagens de beijupirá (Rachycentron canadum) no litoral de Pernambuco no período de julho de 2005 a janeiro de 2008.

Exemplar Data Hora Local Origem

1 27/07/2005 07h30min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 2 27/07/2005 08h20min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 3 27/07/2005 09h00min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 4 27/07/2005 11h00min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 5 18/03/2006 04h50min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 6 11/04/2006 03h30min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 7 25/04/2006 22h30min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 8 03/08/2006 05h20min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 9 25/09/2006 23h00min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 10 03/10/2006 19h00min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 11 04/10/2006 03h00min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 12 04/10/2006 05h30min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 13 21/11/2006 16h00min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 14 23/11/2006 03h00min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 15 23/11/2006 03h40min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 16 23/11/2006 04h40min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 17 31/01/2007 18h30min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 18 01/02/2007 21h30min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 19 01/02/2007 03h00min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 20 15/02/2007 02h00min Praia do Janga, Olinda, PE Sinuelo 21 27/08/2007 17h00min Praia de Olinda, PE Pescadores 22 28/08/2007 16h00min Praia de Olinda, PE Pescadores 23 24/10/2007 10h00min Praia do Janga, Olinda, PE Pescadores 24 19/11/2007 18h30min Praia de Boa Viagem, Recife, PE Pescadores 25 24/11/2007 17h10min Praia do Janga, Olinda, PE Ferreira 26 30/11/2007 16h30min Praia do Janga, Olinda, PE Ferreira 27 14/12/2007 06h05min Praia de Olinda, PE Ferreira 28 04/01/2008 05h15min Praia de Olinda, PE Ferreira 29 04/01/2008 05h50min Praia de Olinda, PE Ferreira

Figura 20. Média diárias da concentração de oxigênio dissolvido (mg.L-1) e temperatura (oC) no tanque de manutenção de reprodutores de beijupirá (Rachycentron canadum) durante o período experimental.

De modo geral, as mortalidades foram mais freqüentes no período inicial de captura e aclimatação ao cativeiro. Acredita-se que isto tenha ocorrido não somente pela pequena experiência da equipe no manejo e nos procedimentos de aclimatação, mas principalmente devido aos tanques de aclimatação dos animais não serem cobertos e permitirem a incidência direta do sol, o que sugere que esta espécie é particularmente sensível à radiação solar. Com a posterior cobertura dos tanques e a maior experiência

Oxigênio dissolvido

algumas observações a respeito dos principais sintomas e sinais de ocorrência de possíveis doenças ao longo deste estudo.

5.3.1. Possíveis doenças causadas por ectoparasitos

O principal ectoparasito relacionado às doenças observadas no laboratório foi Amyloodinium ocellatum, dinoflagelado comum em ambientes marinhos. Os principais sinais da ocorrência de infestação deste ectoparasito nos reprodutores de beijupirá foram coceiras repetitivas no fundo do tanque, constante abertura da boca, falta de apetite, ocorrência de manchas brancas no corpo e, no caso de infestações mais avançadas, olhos opacos (Fig. 22). Além disso, foi possível visualizar muco secretado pelos peixes, mas, provavelmente devido à alta taxa de renovação de água, não foi observada a formação de bolhas na superfície da água, o que é característico nas infestações deste parasita. Quando uma infestação era detectada, os reprodutores eram imediatamente banhados em formol e água doce de forma similar ao descrito nos itens 4.5.2 e 4.5.3. Após os banhos, os peixes eram trocados de tanque como forma de minimizar a possibilidade de novas infestações. Os tanques contaminados eram esterilizados com detergente neutro a 30% e com uma solução de cloro a 200 mg/L, sendo então secos e expostos ao sol por 3 dias.

Figura 21. Sinais externos do ectoparasito Amyloodinium ocellatum em reprodutores de beijupirá (Rachycentron canadum) (Laboratório de Piscicultura Marinha, UFRPE).

As doenças possivelmente relacionadas a bactérias ao longo do estudo geralmente foram detectadas como uma doença secundária, decorrente de feridas causadas pela infestação por ectoparasitos. O principal sintoma observado foi a ocorrência de feridas avermelhadas ao longo do corpo dos peixes (Fig. 23). O tratamento consistiu na aplicação de oxitetraciclina injetável numa proporção de 1 ml para cada 10 kg de animal vivo de acordo com as indicações do fabricante, e a aspersão de uma solução de iodo (PVPI) a 10% diretamente nas feridas.

Os peixes com alto grau de infestação não resistiram ao tratamento e, na maioria dos casos, morreram no dia seguinte. Em quatro casos, provavelmente relacionados à infestação por ectoparasitos seguida da infestação das doenças oportunistas (bactérias e fungos), em apenas um houve êxito na recuperação do reprodutor com este tratamento.

Figura 22. Possíveis sintomas de doença causada por bactérias em um exemplar de beijupirá (Rachycentron canadum) (Laboratório de Piscicultura Marinha, UFRPE).

5.3.3. Mortalidade associada à embolia

A morte de exemplares de beijupirá associada à embolia ocorreu quando microbolhas de ar se formavam na água do tanque de manutenção de reprodutores

captam a água para o laboratório ou pela trepidação que a água sofre ao longo da tubulação, tendo em vista que os dados da saturação de oxigênio não sofreram variações bruscas.

Os principais sintomas observados foram o escurecimento do corpo, a presença de microbolhas fixadas ao longo do corpo dos peixes, olhos avermelhados (Fig. 24), presença de microbolhas internamente ao globo ocular e a falta de apetite. Todos os exemplares que desenvolveram estes sintomas não se recuperaram, sendo que dois morreram e outros dois ficaram totalmente cegos.

Figura 23. Exemplares de beijupirá (Rachycentron canadum) apresentando possíveis sintomas da ocorrência de doença causada por embolia (Laboratório de Piscicultura Marinha, UFRPE).

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