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3. METODOLOGIA

3.3 LEVANTAMENTO DE DADOS

3.3.1 Observações Técnicas

As observações técnicas ocorreram através do preenchimento de uma planilha criada por Vasconcellos (2011), em sua tese de Doutorado pela Universidade Federal Fluminense, mostrada na Figura 9. A planilha técnica abrange quesitos de acessibilidade avaliados conforme cada público específico. Essa ferramenta passou por ajustes a fim de tornar o método compatível com o contexto local e temporal de Santa Rosa. Portanto, os ajustes referem-se à atualização da NBR 9050, publicada em 2015 (ABNT, 2015), material responsável pelo embasamento técnico e teórico do desenvolvimento da planilha. Além disso, foram acrescidos itens julgados importantes para a análise, tais como, questões relacionadas a mobiliário urbano, sanitários e iluminação pública, referenciados pela NBR 5101 (ABNT, 2012). Por fim, ajustaram-se também os públicos analisados, restringindo-se apenas ao grupo estudado, composto por pessoas com deficiência física, visual e idosos.

Figura 9 Recorte da planilha técnica usada como referência onde os grifos em vermelho indicam os itens que sofreram adaptação para o contexto pesquisado

Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2011).

A planilha foi organizada considerando aspectos importantes dentro dos componentes de acessibilidade espacial. Dessa forma, tem-se seis grandes grupos: circulação externa, acesso de veículos e vagas de estacionamento, faixa de travessia de pedestres, sanitários, iluminação e sinalização. O grupo circulação, por abranger diferentes itens foi subdividido em: calçadas – condições gerais, inclinação, desníveis e vegetação sobre a calçada. Embora os grandes grupos relacionam-se de forma mais específica a um componente de acessibilidade, cada quesito de acessibilidade possui uma indicação de qual componente de acessibilidade está relacionado a ele.

A Figura 10 ilustra o modelo desenvolvido pela autora, já modificado. A planilha completa com as adaptações feitas é apresentada no Apêndice A.

Figura 10 Recorte da planilha técnica com ajustes feitos pela autora, onde os grifos em vermelho indicam os componentes de acessibilidade de cada quesito e os grupos.

Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2011).

O preenchimento da planilha foi feito pela pesquisadora, considerando os quesitos de acessibilidade, bem como os públicos estudados, de forma individual, ou seja, o mesmo quesito de acessibilidade foi avaliado considerando as pessoas com deficiência física, visual e os idosos. Ao responder à pergunta da qual se refere o quesito, foi analisado se o público específico foi atendido pelo espaço, de forma autônoma e segura ou se o espaço não lhe deu condições de acessibilidade. Dessa forma, teve-se o preenchimento em – 0 – quando o atendimento do usuário foi significativamente comprometido com a não conformidade do espaço em relação ao quesito de acessibilidade e; – 1 – quando o usuário tem o atendimento garantido pela conformidade do espaço. Quando o quesito de acessibilidade se direciona mais para um público, como por exemplo, o número 04 “Existe sinalização tátil (direcional e alerta) nos pisos das calçadas? ” que destina-se especialmente às pessoas com deficiência visual, considerou-se para as pessoas com deficiência física e os idosos que a existência de piso tátil não influencia negativamente na acessibilidade deles, logo foi indicado como em conformidade, ou seja, com o número 1.

Cada linha corresponde a um quesito de acessibilidade, o que gerou uma condição de acessibilidade para cada público, por cada quesito. Ao fim, tem-se um resultado percentual por quesito, considerando todos os públicos, dado a partir do somatório das pontuações “0” e “1”. Para cada grupo e subgrupo haverá um resultado percentual da condição geral de

acessibilidade de cada usuário, também determinados a partir do somatório das pontuações “0” e “1”. Para os quesitos que não eram possíveis de avaliar, devido a inexistência da situação, considerou-se a indicação “Não se aplica”. O preenchimento pode ser visualizado na Figura 11.

Figura 11 – Recorte da planilha onde os grifos em vermelho indicam como visualizar os resultados das condições e percentuais.

Fonte: Adaptado de Vasconcellos (2011).

Para que a aplicação do método de observação técnica pudesse acontecer de forma mais detalhada e específica, a área do Parque foi dividida em partes. Primeiramente foi determinado um polígono geral (Figura 12) que engloba todo o Parque, cujo limite da demarcação é dado pela rua. A partir desse recorte maior, foram determinados sete polígonos menores, denominados quadras de referência (Figura 13). A divisão das quadras teve como premissa os diferentes usos, buscando expressar a setorização no Parque. A demarcação dos limites foi dada através da rede de caminhos e das disposições dos equipamentos públicos. A aplicação da planilha ocorreu individualmente em cada quadra de referência.

Figura 12 – Imagem aérea com demarcação do polígono geral do Parque João Goulart de Santa Rosa, RS

Fonte: Adaptado de Google Earth (2014).

Figura 13 – Imagem aérea com demarcação dos polígonos de referência do Parque João Goulart de Santa Rosa, RS

Fonte: Adaptado de Google Earth (2014).

A seguir, será apresentada cada quadra de referência e seus principais elementos, cuja descrição foi obtida a partir de observações citadas na etapa de caracterização espacial para fins de identificação inicial dessas áreas.

A primeira quadra de referência (Figura 14) abrange elementos como a edificação da Brigada Militar e Espaço Comercial. Apresenta-se como uma área importante ao disponibilizar serviços de segurança pública e comercial, a citar o posto da Brigada Militar, e Centro Comercial de Compras, também conhecido como Camelódromo.

Figura 14 Quadra de referência 01

Fonte: Google Earth (2014).

A quadra de referência 02 (Figura 15) abrange o playground principal, ou seja, aquele instalado ainda na Praça 10 de Agosto, antes mesmo da criação do Parque João Goulart.

Figura 15 Quadra de referência 02

A quadra de referência 03 (Figura 16) abrange o playground mais recente, com configuração diferente do primeiro. Os brinquedos construídos em madeira apresentam-se como um diferencial e um atrativo para famílias com filhos pequenos. Além disso, esse espaço, ao contrário do primeiro playground, conta com área gramada para atividades de contemplação e convivência.

Figura 16 Quadra de referência 03

Fonte: Autora (2017).

A quadra de referência 04 (Figura 17) tem como elemento principal a edificação das águas dançantes que, embora atualmente não esteja em uso, foi uma das principais atrações da praça aos domingos. Essa área conta com espaços bem arborizados e caminhos que distribuem para as demais áreas do Parque.

Figura 17 Quadra de referência 04

A quadra de referência 05 (Figura 18) abrange as quadras de esportes, tanto de pavimentação em concreto quanto em areia. É um dos locais mais frequentados e de apoio para atividades culturais importantes e consolidadas da cidade como o Verão Mágico.

Figura 18 Quadra de referência 05

Fonte: Autora (2017).

A quadra de referência 06 (Figura 19) abrange a edificação do Mercado Público, onde ocorrem feiras de produtores rurais três vezes durante a semana. É um local que possui um público amplo e variado, principalmente frequentado por idosos.

Figura 19 Quadra de referência 06

A quadra de referência 07 (Figura 20) compreende o grande largo da antiga estação férrea, os sanitários, pista de skate e palco para apresentações artísticas. Além disso, possui ampla área gramada e livre de vegetação onde são realizados eventos culturais como um cinema ao ar livre (Cine Drive-In), exposição de carros antigos e encontros sociais.

Figura 20 Quadra de referência 07

Fonte: Autora (2017).

A setorização do Parque nas quadras de referências mostra-se como um dos primeiros resultados alcançados, através do método da caracterização espacial, concebido por meio de visita exploratória. Essa forma de abordagem possibilitou avaliar partes específicas do parque, identificando quais possuem melhores condições e onde encontrava-se os pontos mais frágeis quando se trata de acessibilidade. Além disso, o preenchimento da planilha oportunizou analisar os públicos de maneira individualizada, identificando quais são mais atendidos e quais possuem condições desfavoráveis. A forma analítica de preenchimento, através de percentagens, permitiu que fosse feita uma análise geral das condições do parque, por meio do resultado de cada quadra de referência, considerando os componentes de acessibilidade e os públicos.

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