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2. As origens: Keynes, Kalecki, Lerner e o pleno emprego

2.2. Kalecki: classes sociais, investimento e ciclo

2.2.3. Obstáculos à geração do pleno emprego

Em sua aprovação às estratégias baseadas no déficit público e nos impostos progressivos / melhora da distribuição de renda, Kalecki parece sugerir que a manutenção do pleno emprego é tecnicamente viável, ainda que à custa de algum acúmulo de dívida por parte do Estado (Sawyer, 1985, p. 134); por outro lado, fica claro que a tributação encontraria fortes limites para seu uso em maiores escalas, mesmo que isso significasse a virtual eliminação do problema do estoque crescente de dívida – especialmente quando se

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Na prática, isto significa que Kalecki acaba por acatar, ao menos em parte, a argumentação de Keynes quanto aos efeitos da tributação por ele sugerida quando de seu artigo de 1937, anteriormente citado.

trata de tributar o capital ou reduzir o consumo de elite. É neste ponto que cabe fazer menção às demais restrições às políticas de manutenção do pleno emprego.

Uma destas restrições, já mencionada de passagem, refere-se ao setor externo; de fato, é também em seus primeiros escritos que Kalecki identifica o quanto a escassez de divisas pode operar como obstáculo ao crescimento econômico nacional ou, por outra, à busca contínua do pleno emprego. Esta restrição se manifesta justamente porque, em face do crescimento econômico, tende a ser maior a demanda doméstica por artigos não produzidos localmente (Kalecki, 1935c, p. 195); adicionalmente, o maior nível de atividade interna pode provocar, ao menos em alguns setores, uma pressão por aumentos de preços que poderiam prejudicar a competitividade internacional do país, agravando o problema da escassez de divisas. Se o crescimento não é abortado por política restritiva do governo, então a sangria de divisas poderá trazer consigo, após certo tempo de continuidade, uma

desvalorização cambial; restaria saber se esta, per se, não poderia conduzir a um

reequilíbrio das contas externas do país. Conforme indica Kalecki, este poderia ser efetivamente o caso, desde que observadas três condições indispensáveis, ou seja: a desvalorização ser acompanhada de variação significativa nos preços dos produtos exportados, a demanda mundial por estes produtos ser suficientemente elástica e, finalmente, não haver práticas protecionistas (ou de retaliação comercial) que impeçam o ganho de competitividade do país pela via cambial (Kalecki, 1935c, pp. 197-8). Infelizmente, afirma o autor, tais condições raramente se aplicariam de modo relevante à realidade do comércio mundial, particularmente por conta das estruturas nacionais de proteção comercial e de retaliações. Por outro lado, a mesma desvalorização colocaria em marcha outros processos concomitantes que operam no sentido contrário à manutenção do crescimento econômico: a piora dos termos de intercâmbio leva o país a ter maiores dificuldades para importar produtos, muitos dos quais podem ter uma demanda interna suficientemente inelástica para implicar em pressões inflacionárias, seja pelos custos mais elevados, seja pela redução quantitativa da produção carente de importados. Tal aumento dos preços frente aos salários faria piorar a distribuição de renda, de modo que a queda no consumo dos trabalhadores, em termos reais, eventualmente anularia os efeitos da desvalorização cambial que deu origem à expansão econômica. Em mesmo sentido operaria o mecanismo pelo qual, no pleno emprego acompanhado por desvalorização cambial, os

mercados de exportação tornam-se mais atrativos que aquele doméstico, no caso dos setores que podem ter como alvos alternativos o mercado local ou o externo; o movimento dos preços internos também se faria no sentido da piora distributiva. Ambos os processos jogam contra o consumo interno e a melhoria das condições de vida do país em questão.

Dessa forma, embora o crescimento econômico possa se basear no acúmulo de superávits comerciais externos (Kalecki, 1933b) – para fins práticos, tão eficientes para a geração de demanda efetiva quanto o gasto público baseado em déficits orçamentários – seria pouco razoável supor que estes sejam sustentáveis indefinidamente, tanto quanto o seria um déficit comercial externo, fundamentalmente pelo mesmo problema: o aspecto multilateral das transações externas (Kalecki, 1946a; Sawyer, 1985, p. 135). Ainda que admita que esta estratégia possa ser superior àquelas do crescimento interno gerado pelo gasto público via déficits ou até mesmo pela maior tributação em prol da melhor distribuição de renda – justamente por gerar as divisas que impedem que o setor externo seja empecilho ao processo de crescimento interno – Kalecki reconhece claramente o caráter limitado da estratégia do crescimento puxado por exportações como uma falácia de

composição (i.e., um expediente não aplicável a todos os países ao mesmo tempo); neste

aspecto, o autor novamente se aproxima bastante das observações de Keynes (e seu desejo de criação de uma Clearing Union) ao propor a existência de condições / instituições de caráter supranacional capazes de permitir a busca simultânea de todo e cada país pelo pleno emprego. Dado o caráter limitado das desvalorizações cambiais para garantir o equilíbrio externo (por conta de restrições na elasticidade-preço da demanda mundial pelas exportações de um país e também por conta do protecionismo e das possíveis retaliações, que podem incluir até mesmo desvalorizações compensatórias em outros países127), a garantia de que a escassez de divisas não fosse um obstáculo no caminho para o pleno emprego deveria residir sobretudo no comportamento projetado para os países eventualmente superavitários: seus gastos internos deveriam ser aumentados até o ponto em que obtivessem – por si mesmos, apenas – o pleno emprego, o que significa que seu superávit seria eliminado (Kalecki, 1946a, p. 323). A razão para se propor que o ―encargo‖

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Implícita, a posição ao autor polonês em favor de taxas de câmbio fixas ou administradas (mas ajustáveis,

à la Keynes) de modo multilateral, como meio de eliminar os processos de enfrentamento comercial

internacional via desvalorizações competitivas; daí as suas observações sobre o papel de um então nascente Fundo Monetário Internacional (Kalecki, 1946a, p. 325).

do ajuste repouse principalmente sobre os países superavitários é a mesma que garante que todos os países podem (devem) buscar o pleno emprego, uma vez que, fosse o ajuste proposto de forma a ser executado pelos países deficitários, isso poderia significar a impossibilidade prática de que estes pudessem se engajar na busca do pleno emprego128, por motivos semelhantes àqueles desdobramentos esperados de uma desvalorização cambial, ou mesmo de uma política protecionista:

―It may still be asked whether an adverse position in the trade situation of the ‗full employment‘ countries caused by unemployment in other countries cannot be adjusted by various measures, such as a change in the relative value of currencies, changes in custom duties, etc. It is unlikely that the adjustments will be carried out by the ‗not fully employed countries‘; they will not be willing to increase their unemployment themselves by a reduction in import duties or by currency appreciation. The adjustments will have to be undertaken by those ‗full employment countries‘ whose foreign trade is unbalanced.‖. (Kalecki, 1946a, p. 324)

Dessa forma, os ajustes poderiam dar-se no âmbito dos países superavitários via aumento das suas importações (o que, de seu ponto de vista, significaria uma medida para evitar a inflação, dado o seu nível de demanda interna de pleno emprego); pedir que países que ainda não atingiram o pleno emprego promovam o ajuste externo dos demais significaria afastá-los ainda mais do objetivo do crescimento. Em situações extremas, os países deficitários e com pleno emprego doméstico poderiam adotar medidas protecionistas ou de controle das importações. Estas medidas, apesar da aparência, não seriam incompatíveis com o multilateralismo (no sentido de adoção de regras não-discriminatórias nas relações econômicas entre países), desde que aplicadas a valores, quantidades ou a setores específicos – e não a países em particular; esta seria uma prática adotável, novamente, por países em reconstrução ou subdesenvolvidos:

―In devastated or underdeveloped countries such a system may be in operation independently of the situation discussed in order to achieve the satisfaction of the most vital needs of the country, which by the way would be fully compatible with multilateralism as long as the controls determine the structure of imports in terms of commodities but not in terms of importing countries. In the case under consideration, this system will be used to cut down imports below the level which the country would maintain provided it had a sufficient outlet for its exports‖. (Kalecki, 1946a, p. 324)

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Deste ponto de vista, suas observações estão em franco alinhamento com as propostas de Keynes quanto à criação da Clearing Union, tal como já sugerido.

Com efeito, faria já parte dos termos do Fundo Monetário Internacional a chamada ―cláusula da moeda escassa‖, pela qual situações extremas de limitação na oferta internacional da moeda de um (ou alguns) país(es) em particular poderia autorizar uma discriminação contra as mercadorias do(s) país(es) emissor(es) de moeda escassa. Assim, a prescrição de base seguiria sendo a busca continuada, por parte de todos os países, do pleno emprego; Kalecki atribui responsabilidade especial à administração da demanda agregada nos países industrializados, cujas flutuações econômicas resultariam em importantes movimentos nos saldos comerciais dos demais países e, portanto, na sua capacidade de promover localmente o pleno emprego (Kalecki, 1946a, p. 325). Evidentemente, de posse dos instrumentos macroeconômicos acima sugeridos pelo autor, pareceria ser possível, do ponto de vista técnico-gerencial, garantir estabilidade macroeconômica de pleno emprego.

Cabe aqui destacar uma notável aproximação das considerações do autor em relação às propostas de Keynes, para quem:

―The principal object can be explained in a single sentence: to provide that money earned by selling goods to one country can be spent on purchasing the products of another country. In jargon, a system of multilateral clearing. In English, a universal currency valid for trade transactions in all the world. Serious tariff obstacles, though we may try to abate them, are likely to persist. But we may hope to get rid of the varied and complicated devices for blocking currencies and diverting or restricting trade which before the war129 were forced on many countries as a superimposed obstacle to commerce and prosperity‖. (Keynes, 1980a, p. 270)

Porém, o multilateralismo de Keynes tem como referência uma reforma mais basal do sistema internacional de comércio e finanças, já que propõe a adoção de uma moeda supranacional plenamente fiduciária. Medidas adicionais, em sua proposta, cuidariam de garantir que não houvesse entesouramento de moeda por parte dos países superavitários, o que geraria desemprego e dificuldades de equilíbrio externo alhures (Keynes, 1980a, p. 273); estas medidas incluiriam a taxação sobre o resultado de saldos superavitários obtidos sucessivamente, ajustes administrados (via Clearing Union) das taxas de câmbio (entre as moedas nacionais e a moeda supranacional) e o controle dos fluxos de capitais, no melhor interesse do ambiente econômico interno de cada país:

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―In the control of capital movements (…), I do not see how we can hope to avoid it. It is not merely a question of curbing exchange speculations and movements of hot money, or even of avoiding flights of capital due to political motives; though all these is necessary to control. The need, in my judgment, is more fundamental. Unless the aggregate of the new investments which individuals free to make overseas is kept within the amount which our favourable trade balance is capable of looking after, we lose control over the domestic rate of interest‖. (Keynes, 1980a, p. 275)

É importante notar, a título de comparação, que todo o discurso de Kalecki até aqui examinado pautou-se apenas pelo que toca aos fluxos de comércio internacional, tanto para o que diz respeito aos obstáculos ao crescimento quanto às alternativas indicadas para a sua superação. No entanto, o autor indicaria ainda uma outra proposta coerente com o multilateralismo, para além dos meros fluxos comerciais: trata-se do papel dos créditos internacionais de longo prazo; este seria um caminho (ou, antes, uma regra) adicional para ajudar a garantir como realmente factível a busca de todas as nações pelo pleno emprego. Respeitando ainda o princípio multilateral e o papel protagonista conferido aos países superavitários no tocante às responsabilidades quanto aos ajustes dos saldos externos, caberia àqueles ofertar créditos (exigíveis apenas em prazos estendidos no tempo) aos países deficitários justamente no montante do desequilíbrio externo (de uns e de outros, naturalmente equivalentes, no agregado mundial); a transferência de poder de compra significaria, para os superavitários, a garantia de que não haveria pressões inflacionárias internas – ficando implícita a hipótese de que estes países já teriam demanda efetiva suficiente para o pleno emprego mesmo sem o saldo externo favorável, em consonância com o objetivo global de crescimento. Para os deficitários haveria a conveniência de se ajustar em termos de divisas130, mesmo que sob a perspectiva de futuros pagamentos de encargos adicionais referentes a juros sobre a dívida externa; em última análise, este poderia ser um fator preocupante, posto que, tanto credores como tomadores podem antecipar esta pressão futura e, como resultado, inibir a concessão (e tomada) de crédito internacional (Kalecki, 1946a, p. 326). Tratar-se-ia, portanto, de garantir condições de fluxos financeiros de âmbito mundial tais que se pudesse concretamente apoiar as medidas de âmbito nacional em prol do pleno emprego, eventualmente com o fornecimento de créditos de longo prazo em caráter anti-cíclico; não por outro motivo, podem ser

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A rigor, Kalecki indicaria ainda que no caso de haver países superavitários que ainda não tenham atingido o pleno emprego, é ideal que estes países sejam os prestamistas em nível internacional: a demanda efetiva extra gerada por este crédito, dada a situação de pleno emprego dos demais, significará maior demanda pela produção do país de origem dos créditos (Kalecki, 1946a, pp. 326-7).

encontradas referências de Kalecki à possível necessidade de, para fins de ajuste nas contas externas de países em crescimento, restringir a livre movimentação das finanças em nível internacional:

―The difficulties in the balance of payments accompanying the upswing – if no inflow of foreign capital is forthcoming – are sometimes met in the debtor countries by a suspension of the servicing of foreign debts. In this way some surplus of foreign exchange is secured which may be used to cover the increased imports. Thus the level of the service of foreign debts just before its suspension circumscribes the volume of additional imports of raw-materials, etc. required for the expansion of production which can be secured this way‖. (Kalecki, 1935c, p. 195131)

Conforme anotado antes, Kalecki não discorre mais detalhadamente sobre aspectos puramente financeiros enquanto determinantes cruciais da dinâmica do capitalismo (exceções feitas ao princípio do risco crescente e à disponibilidade quantitativa de crédito); logo, ainda que se possa na citação acima reproduzida identificar certa proximidade com respeito à obra de Keynes no tocante à necessidade de regular / limitar a mobilidade internacional de capitais, torna-se claro que o autor polonês tem em mente apenas o significado destas movimentações financeiras internacionais enquanto desdobramentos do que se passa no nível da produção e do comércio. É neste plano que se encontram suas dedutíveis prescrições quanto à estabilidade das taxas de câmbio dos diferentes países, o que certamente é menos complexo que a visão de Keynes no tocante ao mesmo assunto, uma vez que, do mesmo modo que em relação à demanda de moeda, fica aqui excluído o papel crítico da especulação.

Nota-se, finalmente, que as situações de restrição externa ao crescimento seguem sendo relevantes, a despeito de superáveis, desde um ponto de vista puramente técnico. As medidas de exceção anteriormente indicadas em relação às contas externas (limites seletivos a importações, controle dos fluxos de saída de juros e amortizações) e à expansão dos investimentos adquirem contornos particularmente urgentes no contexto das economias

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Evidentemente, o autor não descarta a possibilidade bastante realista de que os países credores possam adotar medidas de retaliação, como confisco de ativos do país devedor que eventualmente estejam em seu alcance; tais confiscos, no limite, poderiam até mesmo limitar o benefício auferível de uma moratória externa (Kalecki, 1935c, p. 195).

subdesenvolvidas132, as quais merecem tratamento diferenciado no pensamento de Kalecki e, portanto, no tipo de prescrição que se refere ao objetivo do pleno emprego.

Kalecki (1966, p. 136) afirma que o problema de falta de demanda efetiva em nível adequado pode se apresentar tanto em economias desenvolvidas quanto subdesenvolvidas, mas é apenas nestas últimas que a questão-chave reside na falta de capacidade produtiva adequada para absorver a dotação de mão-de-obra, o que resultaria em um padrão de vida médio extremamente baixo. Daí a já citada necessidade de um processo de promoção acelerada dos investimentos; somente a adequada dotação de capital poderia cuidar de tornar factível a busca pelo pleno emprego (Kalecki, 1944a, p. 362), posto que, dada a escassez de capital, mesmo a sua plena utilização seria insuficiente para empregar a mão- de-obra disponível. A ampliação do volume de investimentos diria respeito sobretudo à indústria, setor cuja introdução e / ou adensamento encontram sérias limitações nos países subdesenvolvidos.

―It is (…) realistic to assume that in an agricultural country there is some unemployment, manifest or disguised133, and thus the supply of new saving is by no means fixed: it is equal to the investment undertaken (whose upper limit is that at which full employment is reached). If some new industry134 is protected, opportunity for investment increases, and the supply of capital rises pro tanto‖. (Kalecki, 1938b, p. 711. Grifos adicionados) A observação acima sugere que os países não-industrializados deveriam encontrar formas de expandir (ou edificar) suas estruturas produtivas com foco no aumento da capacidade de produção industrial. Porém, tal processo ver-se-ia, desde logo, limitado por fatores objetivos: (i) o investimento privado pode (e frequentemente vai) se mostrar insuficiente; (ii) a disponibilidade de recursos pode ser insuficiente para promover os investimentos nas quantidades adequadas; (iii) a limitada disponibilidade de suprimentos

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Cabe anotar que Kalecki as descreve como espaços econômicos cuja autonomia política não se fez acompanhar de autonomia do ponto de vista econômico, permanecendo velhas estruturas sociais internas e laços de dependência econômica externa (Kalecki, 1967a, pp. 32-3 e 37).

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Para Kalecki, o desemprego seria um conceito suficientemente claro apenas no contexto dos países desenvolvidos, já que as formas de inserção precárias no mercado de trabalho são abundantes nos países subdesenvolvidos, o que opera no sentido de ocultar o volume de desemprego total (para além daquele ―aberto‖, dir-se-ia atualmente), resultante da inadequada dotação de capital. Somente nos países desenvolvidos o desemprego pode se apresentar fundamentalmente como problema cíclico de demanda efetiva (Kalecki, 1951b).

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Embora o termo destacado na citação de Kalecki possa se referir, em tradução livre, a um novo setor de atividade econômica qualquer (não especificamente industrial, portanto), o restante das considerações do autor deixa claro ser este o tipo de atividade econômica à qual ele se refere, no caso dos países subdesenvolvidos.

para atender a maior demanda por bens-salário resultante do crescimento do volume de investimentos. Porém, tais fatores objetivos são tecnicamente contornáveis, dado que: (i) o investimento público pode desempenhar um papel complementar ou combinado ao investimento privado; (ii) os recursos para maiores investimentos poderiam ser obtidos com importações facilitadas pela redução das compras externas de bens não-essenciais, o que se poderia conseguir com impostos mais progressivos (nos moldes antes apontados: Kalecki, 1944a, pp. 373-6) que, além do aspecto relativo às compras externas, poderiam liberar recursos produtivos internos para aumentar a produção de bens-salário, (iii) de tal modo que se preservasse o poder de compra real da renda dos trabalhadores. Os próprios investimentos realizados dentro do país permitiriam a geração de demanda efetiva suficiente para torná-los lucrativos e, portanto, economicamente viáveis; daí a importância de defender a participação do poder de compra dos salários na renda nacional, uma vez que os lucros tendem, em maior medida, a ser poupados (López Gallardo et alii, 2009, p. 198). No contexto do subdesenvolvimento permanece válida a idéia do investimento ―auto- financiado‖, viabilizado pelo crédito que tem sua contrapartida na própria geração de

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