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2. PERCURSO METODOLÓGICO

2.7. Obstáculos no percurso metodológico

A trajetória realizada até chegar aos entrevistados teve início em agosto de 2011, através do contato inicial com a instituição em questão. Entrei em contato com a gestora de Recursos Humanos da instituição e expliquei, de forma breve, o projeto de pesquisa. Após responder aos questionamentos que surgiram e apresentar a declaração de matrícula no mestrado da Universidade Federal do Ceará, obtive uma resposta positiva. As dúvidas que emergiram relacionavam-se a um receio de que as informações dadas pelos entrevistados pudessem comprometer a instituição.

Em seguida, a gestora informou que daria entrada ao processo administrativo solicitando ao secretário geral do Tribunal de Justiça que avaliasse a proposta de pesquisa e autorizasse sua realização. Diante deste posicionamento, indagamos se este processo demoraria muito e se ela poderia dar uma previsão de quando poderiam ser iniciadas as entrevistas. Esta

informou que não poderia dizer quanto tempo levaria, mas que acreditava que seria muito rápido. Deste modo, demos entrada no protocolo da instituição para solicitar o desenvolvimento da pesquisa.

Considerando que o contato com a instituição já havia sido concretizado, o passo seguinte foi a elaboração da documentação necessária ao comitê de ética enquanto aguardava a autorização do Tribunal de Justiça. De posse da autorização da instituição, seria possível submeter os documentos ao comitê de pesquisa para, posteriormente, iniciar as entrevistas.

Entretanto, o que demonstrava ser um natural percurso de aprovação científica tornou-se um grande estorvo. O processo burocrático da instituição iniciava com o despacho do documento de autorização ao departamento de recursos humanos e, em seguida, era remetido à secretaria geral do Tribunal. Depois, o secretário geral avaliaria o projeto de pesquisa e devolveria ao setor de recursos humanos do Tribunal. Esse trajeto aparentemente simples levou aproximadamente quatro meses para ser aprovado.

Essa lentidão no processo ocasionou uma demora significativa no andamento da pesquisa. Ao questionar a gestora de departamento de recursos humanos sobre o motivo da demora para autorizar a pesquisa, esta informou que o processo demorou a ser despachado no departamento de recursos humanos e só depois de quase dois meses o processo chegou para ser analisado pelo secretário geral. Neste caso, foi solicitado o contato do secretário para poder explicar a urgência de iniciar as entrevistas para não perder os prazos do mestrado acadêmico. Este demonstrou ser bastante solícito e de forma breve aprovou o desenvolvimento da pesquisa. Mas, depois de sua aprovação, novamente uma demora até o processo chegar novamente à gestão de recursos humanos para novamente ser aprovado por este setor. Depois de chegar ao setor, ainda há o despacho da chefia do setor até a pesquisa ser finalmente liberada.

A conclusão obtida após árdua espera durante este percurso foi que a referida instituição não apresentou óbice para a liberação da pesquisa, entretanto, a lentidão no andamento dos processos causou prejuízo ao estudo. O conteúdo da pesquisa não apresentou problemas na sua liberação, já que foi prontamente autorizado pelas chefias que o avaliaram. Entretanto, o processo de aprovação demonstrou que a justiça é lenta e que questões simples poderiam ser resolvidas mais rapidamente.

Depois de ter liberado o desenvolvimento da pesquisa, a gestora questionou quantos seriam entrevistados e quais os critérios dos participantes. Foi explicado que não seria possível explicitar o número de entrevistados tendo em vista a natureza da pesquisa qualitativa.

Quanto aos critérios dos participantes, eles deveriam ser servidores da instituição (não terceirizados) e das mais diversas especialidades (sugestão: psicólogos, pedagogos, administradores, analistas de sistemas, contadores e economistas).

Após o estabelecimento dos critérios, alguns problemas apareceram: naquele setor no qual havia sido autorizada a pesquisa, a quantidade de terceirizados era muito grande, e muitos dos servidores estavam em férias ou de licença, o que estenderia ainda mais o tempo de coleta de dados. Foi sugerido que as entrevistas fossem feitas em outros setores da instituição, porém fomos informados que, neste caso, teríamos que nos dirigir ao chefe de cada setor e solicitar uma nova autorização, o que poderia levar o mesmo tempo que o já obtido. Neste caso, a realidade de entrevista era de um pequeno grupo de servidores e poucas especialidades contempladas.

Desta forma, se buscou sensibilizar a gestora sobre a importância para a pesquisa de termos contato com profissionais de outras especialidades, que não apenas aqueles encontrados no setor de recursos humanos da organização. Então, ela ficou de entrar em contato com a gestora do setor de informática, já que possuía bom contato com ela, para poder, naquele setor, realizar duas entrevistas. Assim, pude ampliar um pouco mais o espectro de especialidades previstas.

Esses obstáculos encontrados foram responsáveis por mudanças no projeto de pesquisa inicial. A previsão era trabalhar com o modelo de entrevistas recorrentes, entretanto, não foi possível pela dificuldade para realizar as entrevistas. Como o tempo necessário a este modelo de entrevista levaria de duas a três entrevistas com o mesmo entrevistado, pela demora em conseguir uma entrevista, percebeu-se que não seria viável a realização dentro do prazo do mestrado acadêmico.

A dificuldade encontrada demonstrou o quanto foi importante ter entrado em contato com a instituição com bastante antecedência, seguindo recomendações do orientador. Isto porque caso demorasse a estabelecer o contato, levar o projeto de pesquisa para apresentar, provavelmente não conseguiria defender dentro dos prazos acadêmicos. O fato de ter tido uma recepção positiva da gestora levou a uma falsa impressão de que o processo ocorreria de forma rápida e tranquila.

Apesar de todas as dificuldades, os resultados das entrevistas, no entanto, se mostraram bastante satisfatórios e possibilitaram uma análise e discussão de dados bastante ricas que podem contribuir sobremaneira para a compreensão da articulação entre a estabilidade, as transformações do mundo do trabalho e a realidade do serviço público.

3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: O QUE DIZEM OS FUNCIONÁRIOS