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2.4 Corredores Verdes

3.2.5 Ocupação dos Solos

O desordenamento verificado no passado tornou-se a fonte de alguns dos problemas ambientais atuais com reflexo direto na biodiversidade e património natural. Este caso é particularmente flagrante nas zonas costeiras dado o grande valor que esta área tem não só pela população local, mas também pelo turismo e pela horticultura protegida.

No entanto, o concelho de Torres Vedras ainda possui sistemas isolados seminaturais com valor ecológico e paisagístico relevante e os usos agrícolas e florestais têm uma grande potencialidade na manutenção de uma estrutura verde sólida, como se pode visualizar na figura 3.11.

Na sua manutenção, há que ter em atenção a grande importância da Rede Natura 2000 e o valor natural, patrimonial e paisagístico de áreas fora desta, devido ao seu valor numa estrutura ecológica municipal, nomeadamente o Castro Zambujal, escarpas da Maceira, linhas de água, manchas florestais, parques verdes urbanos, serra do Socorro, serra do Cucos, zonas agrícolas, sistemas dunares e orla costeira.

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Figura 3.11 - Ocupação do solo no concelho de Torres Vedras (PMDFCI TV (2006), retirado do Plano Municipal de Recursos Naturais (2007)).

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4 Metodologia

Após o enquadramento e caracterização da área de estudo (Capitulo 3), que consistiu: na recolha de Planos e programas de ordenamento do território, Carta Verde, PDM (Plano Diretor Municipal) de Torres Vedras, PROT-OVT (Programa Regional de Ordenamento do Território do Oeste e Vale do Tejo), Plano de Pormenor, Plano de Urbanismo, e a realização de uma análise biofísica da área de Torres Vedras (embora a estrutura ecológica seja um fator teórico essencial, Torres Vedras não apresenta até á data uma estrutura ecológica); e revisão do estado da arte (Capitulo 2), que consistiu: na recolha e análise de informação sobre os espaços verdes urbanos, o surgimento e funções associadas às IV (infraestruturas verdes), recolha de informação sobre EE (estrutura ecológica) a nível nacional, dando um enquadramento legal e regimes para a delimitação da mesma e implementação de corredores verdes, propõe-se a seguinte metodologia de trabalho.

O trabalho foi desenvolvido com recurso a informação cartográfica georreferenciada em ambiente SIG – Sistema de Informação Geografica (ArcGISTM), identificando as diversas

componentes da estrutura biofísica no concelho de Torres Vedras e espaços verdes da área central da cidade. Analisou-se a possibilidade de implementação de corredores verdes, tendo por base os principais eixos de ligação, parques verdes, e a sua compatibilidade com uma rede de mobilidade suave, e a implementação da "Muralha Verde" de Torres Vedras (corredor verde que rodeia a cidade) que liga os principais espaços da estrutura biofísica identificada.

Após definidos os corredores verdes e projeção de uma rede de mobilidade suave, procedeu- se a uma análise de viabilidade verificando as áreas de conflito.

4.1 Procedimento

No que diz respeito ao uso das tecnologias de informação geográfica na delimitação de corredores verdes, esta etapa foi dividida em 3 fases, onde na primeira fase foram combinados os modelos raster (imagens de satélite) e os modelos vetoriais (variáveis socioculturais, biofísicas e instrumentos de gestão territorial e condicionantes legais); numa segunda fase procedeu-se ao tratamento de informação, onde foram aplicadas técnicas de tratamento de imagem, conceção, realização de cartas temáticas e análise espacial das mesmas. Na terceira fase foram definidos os critérios de ponderação das variáveis para a cartografia de síntese e foram sobrepostos os corredores verdes propostos de modo a encontrar áreas de conflito que impedissem a sua continuidade e causassem estrangulamentos.

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4.1.1 Corredores Verdes

Uma descrição esquemática da metodologia para a proposta de corredores verdes urbanos para Torres Vedras, apresenta-se na seguinte figura:

Figura 4.1 - Metodologia para a realização do estudo e proposta para o corredor verde de Torres Vedras

Tendo por base informação disponibilizada pela Câmara Municipal de Torres Vedras, a fase inicial do trabalho prático consistiu: na visualização das áreas de estudo e numa análise gráfica do território através de cartas de ordenamento do concelho de Torres Vedras, visualização da cartografia, fotografias tiradas no concelho e imagens de satélite.

Definiram-se duas áreas para aplicar a metodologia (Figura 4.2 e 4.3), a primeira corresponde à junção de freguesias (Ponte do Rol, Ventosa, Turcifal, Dois Portos e Runa e Santa Maria, São Pedro e Matacães) e a segunda (Santa Maria, São Pedro e Matacães) engloba o centro da cidade e os principais espaços verdes. Identificaram-se as componentes principais da estrutura biofísica e os corredores naturais ao longo dos cursos de água (Figura 4.4), e na segunda área, identificou-se a rede viária, as áreas edificadas, corredores naturais dos cursos de água e espaços verdes (Figura 4.5).

Corredores Verdes Torres Vedras

Enquadramento Definições

Funções Análise

Análise de Viabilidade Proposta de Intervenção (ArcGISTM)

Inquéritos

Câmara Municipal de Torres Vedras Referências

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Figura 4.2 - Área em estudo 1- Enquadramento da área em estudo (ArcGISTM

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Figura 4.3 - Área em estudo 2 - Enquadramento da área em estudo Santa Maria, São Pedro e Matacães (ArcGISTM realizado pelo autor (Base map National Geographic World Map)).

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Figura 4.4- Área em estudo 1 - Estrutura Biofísica e Rios da área em estudo (ArcGISTM realizado pelo autor (Base map National Geographic World Map)).

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Figura 4.5 - Área em estudo 2 - Principais eixos viários, corredores naturais dos cursos de água e áreas edificadas em Santa Maria, São Pedro e Matacães (ArcGISTM realizado pelo autor (Base map National Geographic World Map)).

Para um melhor enquadramento dos espaços verdes e dos corredores verdes propostos na dissertação, foram identificados os "pontos", ou seja, património cultural, como zonas de atração da cidade (Figura 4.6).

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Figura 4.6 - Área em estudo 2. Enquadramento da área em estudo tendo em conta os principais pontos de atração (ArcGISTM realizado pelo autor (Base

map National Geographic World Map)).

Procedeu-se à delimitação das áreas a constituir como espaços da estrutura biofísica e espaços verdes, e atendendo à disposição destes desenharam-se os percursos de ligação entre eles, realizando assim os corredores verdes.

Na última fase, efetuou-se uma sobreposição do mapa correspondente à proposta de corredores verdes com a carta de declives da área em estudo, de forma a analisar a viabilidade da rede de mobilidade suave.

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4.1.2 Rede de Mobilidade

Com vista à definição de uma rede de mobilidade suave para Torres Vedras, recorreu-se a uma metodologia essencialmente assente em duas vertentes: população (potenciais utilizadores) e território (o espaço recetor da infraestrutura). O esquema metodológico para a elaboração da rede de mobilidade suave encontra-se na figura seguinte:

Figura 4.7 - Metodologia para a elaboração de proposta para uma rede de mobilidade suave em Torres Vedras

4.2 Inquéritos

Estes inquéritos tiveram como objetivo identificar as necessidades da população na área do centro histórico de Torres Vedras, assim como obter informações relativamente aos hábitos de mobilidade da população.

Relativamente ao público-alvo destes inquéritos, teve-se em conta que toda a população pode e deve participar, independentemente da idade, sexo ou estatuto social, pois este projeto deve ser visto num horizonte a longo prazo, devendo ser consideradas as diversas opiniões e vontades de todas as gerações.

Estes inquéritos foram realizados presencialmente em espaços públicos, nomeadamente a pessoas que se deslocavam na rua e nos espaços verdes, de forma a conseguir uma maior diversidade e representatividade possíveis.

Relativamente ao conteúdo dos inquéritos, estes estão divididos em 3 temas, o aborda os Espaços Verdes Públicos, o segundo as Ciclovias e o terceiro os Eco-Percursos. (Anexos)

Território População

Informação

Inquéritos individuais Trabalho de campo

Câmara Municipal de Torres Vedras Preferências e necessidades Hábitos de mobilidade Pesquisa bibliográfica Levantamento de aspetos territoriais

Tratamento de Dados (ArcGISTM e EXCEL)

Elaboração de proposta para uma Rede de Mobilidade Suave em Torres Vedras

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A técnica de obtenção dos dados foi através de inquérito presencial, com recurso a entrevistadores, o que permitiu obter não só as respostas pretendidas, como outas informações que eventualmente possam ter surgido e consideradas pertinentes.

Foram no total inquiridas 96 pessoas, que segundo a “Calculadora de Amostragem” da Raosoft, Inc. (disponível em: http://www.vsai.pt/amostragem.php, acedido em Janeiro de 2017), foi estabelecido como margem de erro de 10%, um nível de confiança de 90% e a população residente no Município de Torres Vedras é 79 067 habitantes, a dimensão recomendada para o tamanho mínimo da amostragem seja de 68 pessoas, logo foram inquiridas mais 28 pessoas que o mínimo recomendável, demostra que a amostra é suficiente.

4.2.1 Análise de Inquéritos

O maior número de respostas foi obtido na freguesia de Torres Vedras e Matacães (77 Pessoas), no que diz respeito à freguesia A-dos-Cunhados e Maceira foram inquiridas 5 pessoas e na freguesia Dois Portos e Runa 14 pessoas, sendo que na sua maioria pessoas do sexo feminino (66%).

A faixa etária mais representativa compreende-se entre os 25 e os 65 anos, e a menos representativa, pessoas com idade superior a 65 anos, como se pode verificar na figura 4.8.

Figura 4.8 - Idade dos Inquiridos

No que diz respeito ao primeiro tema Espaços Verdes Públicos, quando questionados "qual o grau de importância que atribui aos espaços verdes públicos para a qualidade de vida", verifica-se através da análise da figura 4.9 que maioritariamente os inquiridos consideram importante a existência de espaços verdes.

60 Figura 4.9 - Importância dos Espaços Verdes

Na questão "com que frequência se desloca a espaços verdes públicos na sua localidade", conclui-se que cerca de 41% dos inquiridos se desloca diariamente a espaços verdes e 25% uma a duas vezes por semana, como se pode verificar na figura 4.10.

Figura 4.10 - Frequência em Espaços Verdes Públicos

Relativamente à questão "motivo para frequentar espaços verdes públicos", os inquiridos escolhiam duas opções das apresentadas como resposta. Pela análise da figura 4.11, verifica- se que as percentagens variaram entre os 10% e os 20%.

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Figura 4.11- Motivo de frequentar Espaços verdes Públicos

Foi questionado se os inquiridos estão satisfeitos com a qualidade dos espaços verdes públicos no concelho de Torres Vedras. Maioritariamente os inquiridos encontram-se satisfeitos com os espaços verdes do concelho e apenas 15% dos inquiridos revela não estar satisfeito, como se verifica pela análise da figura 4.12.

Figura 4.12 - Satisfação da qualidade dos Espaços verdes Públicos de Torres Vedras

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Na última questão do primeiro tema "num contexto de requalificação do centro histórico de Torres Vedras, que grau de importância atribuiria à presença de cada um destes espaços", 97% dos inquiridos acha muito importante a presença de espaços verdes e de lazer, sendo que 49% acha que não é nada importante a implementação de espaços agrícolas (como é o caso de hortas comunitárias) na requalificação do centro histórico de Torres Vedras, na figura 4.13 estão representadas todas as respostas a esta questão.

Figura 4.13 - Requalificação do Centro Histórico de Torres Vedras

Relativamente ao segundo tema (Ciclovias), a primeira questão pretendia saber se os inquiridos possuíam bicicleta própria e se a usam frequentemente.

Como se verifica na figura 4.14, a maioria dos inquiridos não possui bicicleta, mas uma grande percentagem (32%) utiliza bicicleta aos fins-de-semana e feriados (figura 4.15), isto deve-se à possibilidade de existirem bicicletas urbanas em Torres Vedras – Agostinhas, para aluguer.

63 Figura 4.14 - Possui Bicicleta

Figura 4.15 - Frequência do uso de bicicleta

Na questão em que se indicam os motivos para não usar bicicleta, verifica-se que o principal motivo é por não terem bicicleta (39%), mas também uma grande percentagem (22%) indica que é por falta de ciclovias, como se pode verificar na figura 4.16.

64 Figura 4.16 - Motivo para não usar bicicleta

Na última questão do segundo tema foi questionado qual a importância que davam aos seguintes fatores (com duas opções de resposta): evitar inclinações fortes ao longo do percurso, segurança, estado do pavimento, caminho mais curto, pouca poluição sonora, inexistência de lixo na berma dos percursos, iluminação pública, boa qualidade do ar, beleza dos percursos/ contacto com a natureza e locais para estacionar. Sendo que 100% responderam que a segurança é muito importante, 93% responderam que o estado do pavimento e a iluminação pública é muito importante e 90% responderam a favor da beleza dos percursos/ contacto com a natureza (figura 4.17).

65 Figura 4.17 - O que é importante na ciclovia

No último tema (Eco-Percursos), a primeira questão foi se os inquiridos sabiam o que era um eco-percurso e consequentemente se já tinham ido a algum. Ao que 65% respondeu que sabiam o que eram eco-percursos mas apenas 20% já realizou um pelo menos (figura 4.18 e 4.19).

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Figura 4.19 - Já alguma vez foi a Eco-Percurso

Dado 80% dos inquiridos ter dito que nunca tinha realizado um eco-percurso foram colocadas as seguintes opções para saber a causa: "não tinha conhecimento da existência dos mesmos", "os percursos não são os melhores", "os acessos para os percursos não são os melhores" e "não sei onde são os circuitos". Ao que a maioria (44%) respondeu que não tinha conhecimento da existência dos mesmos (figura 4.20).

Figura 4.20 - Razão de nunca ter realizado um Eco-Percurso

A quarta questão foi se os inquiridos sabiam da existência de eco-percursos em Torres Vedras, onde apenas 31% dos inquiridos responderam sim, verificando uma necessidade formular a questão seguinte "quais os eco-percursos que conhece em Torres Vedras", onde se verifica que o eco-percurso mais conhecido pelos inquiridos é o da serra dos Cucos (figura 4.21 e 4.22).

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Figura 4.21 - Existência de Eco-Percuros em Torres Vedras

Figura 4.22 - Eco-Percursos em Torres Vedras

A questão final dos inquéritos pretendia perceber o que mais agradava num eco-percurso aos inquiridos que tinham conhecimento da existência dos mesmos. Pela análise da figura 4.23, verifica-se que o que mais agrada à maioria dos inquiridos é a beleza dos percursos/ contacto com a natureza.

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5 Proposta de Corredores Verdes para o

Concelho de Torres Vedras

Como referido nos objetivos desta dissertação, pretende-se com a criação da rede de corredores verdes e estruturar os espaços com potencial para constituir uma possível estrutura ecológica para o concelho de Torres Vedras. Para além disso pretende-se promover a mobilidade através de modos suaves, servindo de alternativa nas deslocações ao centro histórico da cidade e incremente a vegetação no tecido edificado, para uma melhoria na qualidade do ambiente urbano.

A abordagem utilizada consiste na proposta dos traçados do corredor verde "Muralha Verde" (área em estudo 1) e da rede de corredores verdes urbanos (área em estudo 2), identificando as áreas de conflito (principais constrangimentos aos corredores verdes) e projetando as propostas de requalificação.

5.1 Proposta de delimitação do Corredor Verde