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Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos

finais do ensino fundamental e no ensino médio.

Estratégias:

10.1)Manter programa nacional de educação de jovens e adultos voltado à conclusão do ensino fundamental e à formação profissional inicial, de forma a estimular a conclusão da educação básica.

10.2)Fomentar a expansão das matrículas na educação de jovens e adultos de forma a articular a formação inicial e continuada de trabalhadores e a educação profissional, objetivando a elevação do nível de escolaridade do trabalhador.

10.3)Fomentar a integração da educação de jovens e adultos com a educação profissional, em cursos planejados de acordo com as características e especificidades do público da educação de jovens e adultos, inclusive na modalidade de educação a distância.

10.4)Institucionalizar programa nacional de reestruturação e

aquisição de equipamentos voltados à expansão e à melhoria da rede física de escolas públicas que atuam na educação de jovens e adultos integrada à educação profissional.

10.5)Fomentar a produção de material didático, o desenvolvimento de currículos e metodologias específicas para avaliação, formação continuada de docentes das redes públicas que atuam na educação de jovens e adultos integrada à educação profissional.

10.6)Fomentar a oferta pública de formação inicial e continuada para trabalhadores articulada à educação de jovens e adultos, em regime de colaboração e com apoio das entidades privadas de formação profissional vinculadas ao sistema sindical.

10.7)Institucionalizar programa nacional de assistência ao estudante, compreendendo ações de assistência social, financeira e de apoio psico-pedagógico que contribuam para garantir o acesso, a permanência, a aprendizagem e a conclusão com êxito da educação de jovens e adultos integrada com a educação profissional.

10.8)Fomentar a diversificação curricular do ensino médio para jovens e adultos, integrando a formação integral à preparação para o mundo do trabalho e promovendo a inter-relação entre teoria e prática nos eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo e o espaço pedagógicos adequados às características de jovens e adultos por meio de equipamentos e laboratórios, produção de material didático específico e formação continuada de professores. (BRASIL, 2010). O programa estabelece que estes trabalhadores podem usufruir do conhecimento, aperfeiçoamento e qualificações técnicas e profissionais. Incorpora, ainda, alguns princípios das diretrizes da EJA, como o direito de todos à educação e educação ao longo da vida.

A educação profissional no Brasil, entretanto, ainda constitui terreno de política pública controverso, em que as divergências se evidenciam nos dispositivos legais,marcando, no campo da educação, as disputas de grupo de classes.

A EJA é uma expressão das “mediações históricas de baixa escolaridade dos trabalhadores.” (CIAVATTA, 2011, p.165). Mais do que isto, manifesta a “negação de uma educação básica política, de igualdade, gratuita, universidade para toda população (...)”.

A educação profissional ofertada no País é o “contraponto controverso” a educação básica negada aos trabalhadores o ensinos, pois, de um lado, é considerada preparação estrita para o trabalho e, de outro, constitui experiências exitosas de formação humana, em todas as suas dimensões, haja vista o ensino profissional integrado ao ensino médio.

Oportuno é lembrar que, na década de 1990 houve, entretanto, retrocesso mediante a proibição da oferta de cursos técnicos integrados ao ensino médio, bem

como a contratação de professores-instrutores, sem formação de nível superior. (OLIVEIRA, 2005).

Com efeito,o programa assumiu a perspectiva da formação integral do educando, tendo em vista

[...] a atuação de forma ética, técnica e politicamente pela transformação; o compromisso social das entidades na inclusão da população jovem e adulta de trabalhadores; a inserção orgânica da modalidade EJA integrada à educação profissional nos sistemas educacionais públicos; a ampliação do direito a educação básica, pela universalização do ensino médio; o trabalho como princípio educativo a pesquisa como fundamento da formação e condições gerenciais, de gênero, de relações éticos-raciais como fundantes da formação humana e dos modos como se produzem as identidades sociais. (BRASIL, 2007, p. 33).

No caso específico do IFPA/campus Belém, o professor do curso de Eletrotécnica questiona o sistema escolar dual, que deixa de considerar a formação de caráter humanista, a qual prepara dirigentes e se restringe ao nível de preparação para ocupações para o mercado competitivo, o que reforça a dualidade social reproduzida pela escola.

Ao contrário do que seria o trabalho para o mercado de trabalho, fica muito relativo a um treinamento de pessoas para fazer determinadas tarefas bem especificas para a ocupação. Isso me parece uma perspectiva que não dá conta do sujeito. (PROFESSOR 2, outubro, 2011).

O caráter dessa política para o ensino médio não é novo, pois o mesmo ensino tradicional ainda se destina a formar dirigentes, e o ensino médio profissionalizante, é dedicado a preparar aqueles que serão dirigidos, técnica e culturalmente, formando reservas para o mercado de trabalho.

De acordo com Documento-Base do PROEJA,o programa representa apenas uma das ações do Governo Federal, por meio de um conjunto de medidas que promovam a inclusão social (BRASIL, 2007).

O programa, segundo o Documento-Base do PROEJA, tem como finalidade o acesso, a qualidade e a permanência no ensino profissionalizante adotado como estratégia de universalização da educação básica, bem como da melhoria dos índices educacionais que revelam a deficiência do sistema de ensino brasileiro.

A EJA teve marcos históricos importantes que retomam as lutas travadas pelo Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, nos anos 1980; bem como pelo movimento em torno da democratização do Brasil, cuja Constituição incluísse um capítulo dedicado à educação, que asseguraria o direito a todos à escola pública e gratuita.

Na inteligência de Oliveira (2008), persiste na educação profissional o caráter restrito de formação humana, apesar das orientações que buscam superar este caráter restrito do Decreto nº2208/97, uma vez que o problema reside na natureza da sociedade capitalista, em que a escola se torna cada vez mais produtivista e imediatista, distanciando-se da escola unitária apregoada por Gramsci.

Consonante Frigotto, Ciavatta e Ramos (2005), a democracia constitui um processo formal e restrito, contexto em que ocorrem os embates teóricos e políticos na disputa de interesses dos grupos, evidenciados pela manutenção de modelos pedagógicos distintos. Isto, na verdade, pode resumir toda a discussão resultante da revogação do Decreto nº 2208/1997 e da criação do Decreto nº 5154/2004.

A reordenação só sistema educacional, no entanto, não passa por modificações em seu âmago, tratando de resolver apenas a questão do impedimento da integração ensino médio e técnico. Neste particular, limitando-se a este aspecto, apenas retoma às orientações da antiga lei de Diretrizes e Bases da Educação nº4024/61, que permitiu a formação profissional no mesmo currículo do ensino médio.

(OLIVEIRA, 2008,p.13).

A articulação entre trabalho e educação conforme proposta no PROEJA, não se aplica, no âmbito do ensino, segundo a entrevista com o Professor 2:

A concepção trazida pelos documentos sobre a educação e trabalho não condiz, na prática, em nada. A formação técnica dos estudantes, até parece que são duas coisas totalmente dissociadas. Na teoria, agente diz fazer formação inicial e continuada, mas na prática a finalidade passa a ser somente a qualificação. Não temos, de fato, dado a continuidade tão requerida pela lei. Portanto, na pratica, o que prevalece é a formação para a preparação para os postos de trabalho. Pra mim, a educação e o trabalho devem caminhar juntos. (PROFESSOR 2, 2011).

Isto reforça a ideia de que não temos um modelo pedagógico que articule trabalho e educação, haja vista que as relações produtivas afetam e impulsionam modelos de políticas que, de uma maneira ou de outra, estão a serviço de um determinado grupo social.

O Documento-Base do PROEJA nega que o programa esteja vinculado apenas ao atendimento às necessidades econômicas, apregoando a noção de que a finalidade é a integração da educação ao trabalho como direito a ser garantido aos cidadãos em prol de um projeto de nação soberana.

Contrariamente, o atendimento às necessidades econômicas está expresso no texto do Documento, quando se refere à necessidade do ajustamento do homem às demandas do mercado, mediante o domínio amplo dos vários ramos da atividade produtiva como importante instrumento técnico na fundamentação de conhecimentos científicos essenciais à formação do homem para o mundo produtivo capitalista.

Ocorre, portanto, apesar do discurso contrário, o predomínio de uma educação que promete acesso ao mercado de trabalho, contribuindo para a manutenção das mesmas relações sociais, sob o manto da inclusão escolar.

Essa preocupação com o mercado de trabalho é expressa de maneira mais clara em outros programas, como o recentemente criado Programa de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (PRONATEC). Ao contrário da preferência pela oferta de cursos que integrem educação profissional e ensino médio, evidenciada na lei de criação dos institutos, o PRONATEC volta-se para os cursos de qualificação e cursos técnicos de nível médio na modalidade subsequente.

4 A TEORIA E A PRÁTICA DOPROEJA: A EXPERIENCIA NO IFPA/CAMPUS