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Ofertas públicas de venda

No documento Lei n.º 52/V/98, de 11 de Maio (páginas 40-45)

Artigo 111º (Conceito)

Considera-se, para os efeitos deste diploma, que a oferta de venda de quaisquer valores mobiliários é pública sempre que deva qualificar-se como tal por aplicação, com as necessárias adaptações, dos critérios definidos no artigo 18º.

Artigo 112° (Lançamento da oferta)

1. As ofertas públicas de venda são organizadas, lançadas e colocadas através de um intermediário financeiro que age no interesse do oferente e o representa para tudo o que se relacione com o lançamento e a execução da oferta.

2. A Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários pode proibir uma oferta se considerar que a quantidade de valores mobiliários objecto da mesma não justifica a sua realização.

3. Os valores objecto da oferta serão, antes da apresentação do correspondente pedido de registo, depositados ou registados, para efeito exclusivo da operação, junto do intermediário financeiro dela encarregado nos termos do número 1.

Artigo 113º (Registo)

1. A realização de qualquer oferta pública de venda de valores mobiliários depende do seu prévio registo junto da Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários.

2. Os pedidos de registo das ofertas públicas de venda devem ser apresentados junto da Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários e instruídos nos termos previstos em regulamento desta.

Artigo 114°

(Decisão dos pedidos de registo)

O pedido de registo considera-se tacitamente deferido se a Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários sobre ele não se pronunciar no prazo máximo de 30 dias, a contar da data de recepção do pedido de registo ou de qualquer elemento adicional ou informação solicitada.

Artigo 115° (Calendário)

O oferente deve, com a apresentação do pedido de registo, propor as datas entre as quais procederá, após concessão do registo, à oferta dos valores mobiliários, competindo à Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários a sua fixação entre um mínimo de 10 e um máximo de 30 dias, atendendo à conjuntura do mercado financeiro.

Artigo 116º

(Obrigações da entidade emitente)

1. A entidade emitente dos valores mobiliários objecto da oferta pública da venda, quando não seja o próprio oferente, fica obrigada a fornecer ao oferente as informações e elementos necessários para a instrução do pedido de registo e a elaboração do anúncio de lançamento da oferta.

2. A entidade emitente é responsável pela suficiência, veracidade, objectividade e actualidade de todos os elementos e informações fornecidos ao oferente, nos ternos do número anterior.

Artigo 117° (Conteúdo da oferta)

1. A oferta é aberta ao público através da publicação do respectivo anúncio no boletim oficial de bolsa, da incumbência do oferente após a concessão do registo da oferta pela Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários.

2. O conteúdo do anúncio de lançamento da oferta será estabelecido através do regulamento da Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários a que se refere o número 2 do artigo 113º.

Artigo 118º (Revisão da oferta)

1. Depois da publicação do anúncio de lançamento da oferta, a Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários poderá, em casos em que o considere justificado, autorizar o oferente a alterar a sua proposta, mas apenas uma vez.

2. A revisão da oferta só será admitida quando consistir numa redução não inferior a 5 % do preço, fixo ou mínimo, que se encontre estabelecido.

3. A alteração da oferta e a prorrogação do respectivo prazo devem constar de anúncio publicado pela mesma forma que o anúncio de lançamento, até dois dias úteis, pelo menos, antes da data em que o prazo da oferta termine.

Artigo 119º (Remissão)

É aplicável às ofertas públicas de venda, com as de-vidas adaptações, o regime estabelecido nos artigos 24º e 25º. TÍTULO V

Infracções e sanções Artigo 120º (Abuso de informação)

1. Quem, devido à sua qualidade de membro dos órgãos de administração ou fiscalização de um intermediário financeiro ou de uma entidade emitente de valores mobiliários ou de titular de uma participação no respectivo capital, ou em razão do trabalho ou serviço que preste, com carácter permanente ou ocasional, a essa ou a qualquer outra entidade, ou, ainda, em virtude de profissão ou função pública que exerça, disponha de uma informação privilegiada e, tendo conhecimento de que a informação reveste essa natureza:

a) Procure tirar proveito dela, adquirindo ou alienando, de conta própria ou de conta de terceiro, directamente ou por interposta pessoa, valores mobiliários emitidos por essa entidade ou por outras entidades a que a informação respeite;

b) Ou transmita essa informação a um terceiro, fora do âmbito do normal desempenho do cargo, trabalho, serviço, profissão ou função pública em razão dos quais haja tido acesso a ela;

c) Ou recomende ou ordene a um terceiro, com base na mesma informação, que adquira ou aliene os valores mobiliários referidos na alínea a) do presente número, será punido com prisão até um ano e multa até 180 dias.

2. Nos casos da alínea b) do número anterior, se a pes-soa que transmite a informação privilegiada estiver fundadamente convencida, na data em que a dá a conhecer a terceiro, que este manterá reserva sobre ela e não a utilizará, directamente ou por interposta pessoa, com vista à realização de quaisquer operações sobre os valores mobiliários referidos na alínea a) do mesmo número, a pena aplicável será de prisão até seis meses e multa até 120 dias.

3. Qualquer pessoa não abrangida pelo corpo do número 1 do presente artigo, que tome conhecimento de uma informação privilegiada cuja fonte directa ou indirecta só possa ser uma das pessoas ali referidas, e, não ignorando que a informação reveste essa natureza, procure tirar proveito dela, adquirindo ou alienando, de conta própria ou por conta de outrem, directamente ou através de terceiros, os valores referidos na alínea a) do mesmo número, será punida com prisão até um ano e multa até 150 dias.

4. Entende-se por informação privilegiada, para os efeitos do presente artigo, a informação não tornada pública que, tendo um carácter preciso e respeitando a uma ou várias entidades emitentes de valores mobiliários ou a um ou mais valores mobiliários, seria susceptível, se lhe fosse dada publicidade, de influenciar de maneira sensível a cotação ou preço desses valores no mercado.

5. Os valores mobiliários a considerar pára os efeitos deste artigo são:

a) Os definidos na alínea a) do número 1 do artigo 3º do presente Código, quando se encontrem admitidos à negociação na bolsa de valores;

b) Os direitos mencionados no número 2 do mesmo artigo, quando permitam subscrever, adquirir ou alienar os valores indicados na alínea anterior.

6. O disposto neste artigo não se aplica às operações efectuadas por razões de política monetária, cambial ou de gestão da dívida pública pelo Estado, pelo banco central ou por qualquer outro organismo designado pelo Estado para o efeito.

Artigo 121º

(Manipulação do mercado)

1. Quem divulgue informações falsas ou enganosas, realize operações fictícias ou execute outras manobras fraudulentas tendo em vista alterar artificialmente o regular funcionamento dos mercados de valores mobiliários, designadamente através da modificação das condições normais da oferta ou da procura de quaisquer valores mobiliários no mercado secundário e, por esse ou por outro modo, das condições de formação das respectivas cotações ou preços, com o fim de obter um beneficio para si próprio ou para outrem ou de causar um dano a terceiros, será punido com prisão até um ano e multa até 180 dias.

2. Os membros do órgão de administração da entidade emitente dos valores mobiliários visados que, tendo conhecimento do facto descrito no número anterior, omitam as diligências que lhes forem razoavelmente exigíeis para evitar os seus efeitos, serão punidos com prisão até seis meses e multa até 120 dias.

Artigo 122º (Outras infracções)

1. Constituem contra-ordenações puníveis com coima de 25.000$00 a 30.000.000$00 as infracções definidas nas alíneas seguintes, quer resultem da violação das disposições deste Código a que se referem, quer da violação da regulamentação emanada do Ministro responsável pela área das Finanças, da Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários ou da bolsa de valores em cumprimento ou para execução dessas mesmas disposições:

a) O exercício de actividades de intermediação financeira sem habilitação legal para o efeito;

b) A violação por quaisquer intermediários financeiros dos deveres gerais estabelecidos no presente Código ou do segredo profissional a que estão obrigados;

c) A realização de ofertas à subscrição pública ou de ofertas públicas de venda sem que o respectivo registo haja sido previamente concedido;

d) A publicação do anúncio de uma oferta pública de aquisição sem que o mesmo haja sido previamente autorizado pela Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários;

e) A prestação de informações falsas ou enganosas na publicidade das ofertas à subscrição pública, nos anúncios das ofertas públicas de venda ou de aquisição ou no prospecto de admissão de valores mobiliários à cotação em bolsa;

f) A falta de cumprimento pelas entidades emitentes de qualquer dos deveres de informação previstos nos artigos 49º a 53º;

g) A realização por quaisquer intermediários financeiros no mercado fora de bolsa de transacções sobre valores mobiliários admitidos à negociação em bolsa, exceptuadas as transacções autorizadas nos termos do n.º 2 do artigo 72º;

h) O recebimento de ordens de bolsa, por quaisquer intermediários financeiros, com violação do estabelecido nos artigos 75º e 76º;

i) A falta de conservação e, bem assim, a falta de entrega aos respectivos destinatários, conforme os casos, dos documentos referidos nos artigos 85º e 86º;

j) A omissão pelos intermediários financeiros da comunicação da realização de operações no mercado fora de bolsa; l) A violação, pelas pessoas e entidades aí referi-das, do preceituado nos artigos 105º e 106º.

2. Constituem contra-ordenações puníveis nos termos do número anterior as violações dos preceitos imperativos deste Código não previstas expressamente no mesmo número, bem como da regulamentação emanada em cumprimento ou para execução dessas mesmas disposições, que respeitem, em geral, à emissão de valores mobiliários, a comunicações e envio de elementos às autoridades competentes, às ofertas públicas de transacção, a autorizações, aprovações e registos, a publicação de informações, a direitos de subscrição e incorporação e outros direitos de natureza análoga, às sessões de bolsa e negociação e aos deveres dos operadores de bolsa e dos outros intermediários financeiros. 3. Conjuntamente com as coimas previstas nos números anteriores poderão ser aplicadas aos responsáveis por quaisquer contra-ordenações, de acordo com a natureza e a gravidade destas ou a sua frequência, e tendo em conta o tipo de actividade do infractor e as condições de exercício da mesma, para além das previstas noutros diplomas legais, as seguintes sanções acessórias:

a) Apreensão e perda do produto do beneficio eventualmente obtido pelo infractor através da prática da contra- ordenação;

b) Interdição temporária do exercício pelo infractor da profissão ou actividade a que a contra-ordenação respeita; c) Inibição do exercício de funções de administração, direcção, chefia ou fiscalização e, em geral, de representação

de quaisquer intermediários financeiros no âmbito de alguns ou de todos os tipos de actividades de intermediação em valores mobiliários;

d) Publicação pela Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários, a expensas do infractor, da punição da contra-ordenação.

4. As sanções referidas nas alíneas b) e c) do número anterior não poderão ter duração superiora cinco anos, contados da decisão condenatória definitiva.

5. Se o mesmo facto constituir simultaneamente crime e contra”ordenação, será o arguido sempre pu-nido por, ambas as infracções, instaurando-se para o efeito processos distintos, a decidir pelas respectivas autoridades competentes.

6. Quando a contra-ordenação consistir em irregularidade facilmente sanável e da qual não tenham resultado prejuízos para os investidores ou para o mercado de valores mobiliários, a Auditoria Geral do Mercado de Valores Mobiliários poderá decidir-se por uma simples advertência ao infractor, notificando este para, no prazo que lhe fixará, sanar a irregularidade verificada.

TÍTULO VI

No documento Lei n.º 52/V/98, de 11 de Maio (páginas 40-45)

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