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Equação 2: Modelo de regressão de linear.

5. Conclus ões, limitações e s uges tõe s

5.1. C oncl us ões g erai s

O presente estudo pretende realçar o incremento que o tecido empresarial em Portugal teve no processo da harmonização contabilística, com a adoção do SNC.

O foco principal do SNC como é sabido, é o de assegurar que a normalização contabilística nacional se aproxime, tanto quanto possível, dos padrões comunitários, sem contudo ignorar, sobretudo, as características e necessidades específicas do formato que define o universo empresarial português.

Na senda de explorar este novo contexto, diversos estudos efetuados debruçaram-se sobre a análise do impacto provocado pela transição de normativo contabilístico. O contributo que o presente estudo procura acrescentar centra-se particularmente na análise do impacto nos capitais próprios e nos resultados líquidos decorrentes da aplicação do SNC, em concreto, e sobretudo, da NCRF 3, tendo em conta justamente a prescrição dos procedimentos contabilísticos a implementar tendo em vista a comparabilidade da informação apresentada em 2010.

O universo analisado recaiu sobre as DF de 28.765 empresas portuguesas reportadas a 31/12/2009 (balanço de fecho) e a 01/01/2010 (balanço de abertura).

Como já se referiu, esta pesquisa pretende dar um contributo que julgamos ser de vital importância para a harmonização contabilística, e pretende, complementarmente, averiguar também as consequências e o impacto da transição para o SNC. Para a consecução deste desenho de investigação partiu-se do universo das empresas que apresentaram a IES em 2010 e estabeleceu-se um conjunto de pressupostos que conduziram à amostra cujo universo foi constituído por empresas que efetuaram a contabilidade de acordo com o SNC, para assim se testar as seguintes hipóteses de investigação:

• Hipótese 1 - A transição para as NCRF nas empresas teve um impacto significativo ao nível dos capitais próprios das empresas;

• Hipótese 2 - A transição para as NCRF nas empresas teve um impacto significativo ao nível dos resultados líquidos das empresas;

• Hipótese 3 - A transição para as NCRF nas empresas teve um impacto significativo em todas as secções previstas na classificação portuguesa de atividades económicas, revisão 3, (CAE-Rev.3) ao nível dos capitais próprios das empresas;

• Hipótese 4 – Com a adoção da NCRF as empresas portuguesas apresentaram menos lucros fiscais.

• Hipótese 5 - A transição para as NCRF nas empresas teve um impacto significativo em todas as secções previstas na classificação portuguesa de atividades económicas, revisão 3, (CAE-Rev.3) ao nível dos resultados fiscais das empresas;

De forma a testar as hipóteses colocadas, foi efetuada uma análise que se entende representativa da realidade portuguesa e consequentemente foi levada a cabo uma análise global com recurso à estatística descritiva e ao modelo de regressão linear, baseada numa recolha de informação através das DF obtidas na prestação de contas do período de 2010. Assim, pode-se concluir que as Hipóteses 1 e 2 se verificaram. Os resultados obtidos através da estatística descritiva e do método de regressão linear, sugerem que a transição para as NCRF nas empresas teve um impacto significativo ao nível dos capitais próprios e dos resultados líquidos das empresas.

Os resultados obtidos permitiram portanto concluir que a mudança do normativo POC para SNC, em termos de ajustamentos globais, teve impacto nos capitais próprios e nos resultados líquidos, sugerindo que esses impactos foram positivos ao nível do capital próprio; estas conclusões vão ao encontro de alguns estudos efetuados sobre esta temática que referem justamente impactos significativos nos capitais próprios e nos resultados líquidos com a transição, como inferem, designadamente, Hung e Subramanyam (2007), Tsalavoutas e Evans (2007), Jagura, Fijalkowska, Baranowska e Frendzel (2007) e Lopes e Costa (2010), corroborando ainda que parcialmente as conclusões do estudo feito por Neves (2012) ao setor da viticultura, onde concluiu pelo impacto significativo nos capitais próprios das empresas do setor, não detetando no entanto impactos significativos ao nível dos resultados líquidos.

Pode-se ainda afirmar que a Hipótese 3 se verificou parcialmente, uma vez que de acordo com a análise efetuada através da estatística descritiva e do modelo de regressão linear constatou-se que, embora a maioria das secções apresentem impactos positivos significativos, existem algumas em que esses impactos não foram positivos nem

significativos, indiciando não existir um comportamento semelhante ao nível dos impactos sofridos nos capitais próprios, com a transição.

Ao nível fiscal verificou-se, com recurso à estatística descritiva, um aumento nos resultados fiscais declarados em 2010, tendo-se concluído que os ajustamentos fiscais decorrentes da adoção do novo normativo contabilístico contribuíram positivamente, para os resultados fiscais das empresas que declararam ajustamentos de transição, concluindo-se assim pela não verificação da Hipótese 4.

Conclui-se ainda que a Hipótese 5 se verificou parcialmente, de acordo com a análise efetuada através da estatística descritiva, verifica-se que, umas secções apresentam impactos positivos significativos, mas existem outras secções em que esses impactos foram negativos e também não significativos, indiciando não existir um comportamento semelhante nas secções ao nível dos impactos sofridos no resultado fiscal, com a transição. Quanto às respostas das questões de partida da investigação, verificou-se com os resultados obtidos que a transição para o SNC teve impacto significativo nas DF e no resultado fiscal de muitas empresas.

No que respeita aos objectivos inicialmente definidos, verificou-se que o efeito da transição para o SNC não teve um comportamento semelhante nas várias secções ao nível dos impactos sofridos nos capitais próprios nem ao nível dos impactos sofridos no resultado fiscal.

Acrescenta-se ainda que o desenvolvimento e a pesquisa que envolveu o presente trabalho à medida que o mesmo decorria, se transformou num processo deveras aliciante, de permanente descoberta e de aprofundamento e apropriação de conhecimentos. Se por um lado, o contacto com as DF das empresas permitiu ter a perceção da realidade existente no nosso país, por outro, foi também necessário proceder ao aprofundamento de conhecimentos teóricos, como forma de sustentar o desenvolvimento da análise. Assim, foi interessante trabalhar com questões de cariz mais prático, associadas a outras de cariz mais académico, procurando uma simbiose entre o conhecimento tácito e explicito como referem Nonaka e Takeuchi (1995).

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