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CAPÍTULO 3 - AÇÕES IMPROCEDENTES: TRANSPORTE, COMBUSTÍVEIS E CAFÉ

3.5 C ONCLUSÃO DO CAPÍTULO

A análise da jurisprudência mostra que os magistrados do Supremo se valem de conceitos e classificações bastante subjetivos para justificar suas escolhas em relação à improcedência das ADIs estudadas, como no exemplo do enquadramento das leis estaduais em norma geral ou específica. Ademais, além desta dicotomia não fornecer critérios objetivos para a tomada de decisão em relação à constitucionalidade da lei, ela também é inútil pois, desde que não haja disposição da matéria em norma geral federal, os estados podem exercer a competência concorrente, dentro de seus limites territoriais.

Além disso, comparando as ADIs do capítulo anterior com as do presente capítulo noto que aquelas tratavam de direitos de consumidores no âmbito de serviços delegados mediante contrato de concessão de serviço público com a União, enquanto nestas temos vários casos distintos como: atividades concedidas pelo estado-membro (transporte intermunicipal), atividades delegadas por meio de autorização ou mero registro (revenda de combustíveis automotivos e de gás GLP) e atividade privada de produção/comercialização de produto (produção e venda de café). Ou seja, a União tem menor interesse no grupo de ações estudadas neste capítulo do que naquelas ligadas à energia elétrica e telecomunicações.

Por fim, observo a partir destes julgados improcedentes que, aos olhos dos magistrados do Supremo, a competência concorrente para a tutela do consumidor não é sempre mitigada. Os resultados desta pesquisa mostram que isso ocorreu sistematicamente apenas em um caso: aquele em que a União delega a atividade por meio de contrato de concessão de serviço público, como ocorre com energia elétrica e telecomunicações.

Conclusão

O objetivo inicialmente projetado para o trabalho era entender como o Supremo Tribunal Federal decide ações diretas de inconstitucionalidade ajuizadas contra leis estaduais que tratam de direito do consumidor de serviços públicos, especialmente nos setores de telecomunicações e energia elétrica. Porém, no curso da pesquisa, identifiquei que esta pergunta não apresentava grande desafio, já que o STF declarava inconstitucionais todas as leis promulgadas com esta finalidade, normalmente por unanimidade, indicando razões bem semelhantes em todos os acórdãos, independentemente do teor das normas estaduais. Assim, percebi que a pergunta correta a fazer não era sobre como o Supremo estava julgando, mas por que ele decidia desta maneira.

Após analisar os julgados relacionados a tais matérias, detectei quatro argumentos utilizados para excluir estas leis do ordenamento: a) invasão de competência constitucional da União, pois a matéria insere-se tão somente em sua competência privativa; b) contraposição entre as figuras do usuário e do consumidor, não podendo o usuário ser tutelado por leis estaduais; c) impossibilidade de interferência estadual nas relações jurídico-contratuais entre a União e as empresas concessionárias, notadamente se essa ingerência normativa afetasse o equilíbrio-econômico financeiro do contrato; d) necessidade de tratamento unitário para os serviços de abrangência nacional.

Para compreender devidamente o sentido dessas decisões, busquei acórdãos relativos a processos similares, mas que tutelavam matéria de competência legislativa concorrente que protegiam consumidores de outros serviços e produtos ou em outras áreas além do consumo. Para minha surpresa, encontrei um conjunto de ADIs improcedentes, no qual os ministros classificaram as iniciativas estaduais como desejáveis à manutenção do equilíbrio federativo, além de extremamente benéficas ao consumidor.

Após análise minuciosa desses processos, identifiquei que o critério de fato utilizado pelo STF para negar a competência dos estados-membros para legislar quando o serviço era de energia elétrica e telecomunicações, mas afirmá-la em outros âmbitos, era

a existência (ou ausência) de um contrato de concessão celebrado entre a União e as empresas concessionárias.

Além disso, foi possível identificar uma gradação da permissão dada aos estados para legislarem na seara do consumo. Quanto mais o setor era regulado pela União, menor a abertura dos ministros da Corte para a competência legislativa concorrente do ente federado. Para a devida compreensão desse ponto, vale fazer uma distinção teórica entre serviços públicos e os serviços de utilidade pública (como a distribuição de combustíveis). Odete Medauar afirma que, para uma atividade ser classificada como serviço público deve haver “relação de dependência entre a atividade e a Administração ou a presença orgânica da Administração; quer dizer, a Administração está vinculada a essa atividade. Sua intervenção, portanto é maior do que a aplicação de medidas decorrentes do poder de polícia”. (1998, pp.330-331). A Administração nesses casos é parte essencial na organização da atividade, tendo em vista que:

a Constituição Federal fixa vínculo orgânico, ao dispor, no caput do art.

175, que incumbe ao poder público a prestação dos serviços públicos, diretamente ou sob regime de concessão, ou permissão. Por isso, os chamados ‘serviços de utilidade pública’, não podem ser qualificados como serviços públicos, em sentido técnico, por faltar o vínculo orgânico com a Administração, por não incumbir ao poder público (Medauar, 1998, pp. 330-331).

Esta é a chave para explicar a diferença nos julgamentos das ações analisadas nos capítulos 2 e 3. No capítulo 2, as ações procedentes tratam de serviços públicos próprios, em que as atividades são de titularidade exclusiva do Estado e a delegação é feita a partir de um contrato de concessão com a União. Já as ações declaradas improcedentes pelo Supremo estão inseridas no âmbito das atividades privadas ou privadas de interesse público. São atividades que, quando delegadas, o são mediante autorização (distribuição de GLP) ou mero registro junto ao poder público (postos de combustíveis). Nesses casos, ao contrário do que ocorre nos serviços públicos, não há uma interferência ativa do Estado na realização da atividade, embora os agentes estejam sujeitos “a um controle constante e que pode em alguns aspectos imiscuir-se em elementos contratuais da prestação da atividade, para que ela, não apenas não agrida o interesse público, mas também contribua para a sua realização” (Aragão, 2013, p. 187).

O conjunto de decisões analisadas indica que prevalece no Supremo uma preocupação com a manutenção do equilíbrio econômico do contrato de concessão, ao mesmo tempo em que existe o reconhecimento do ente federativo titular da atividade como autoridade legislativa exclusiva no assunto. Isso pôde ser observado especialmente quando o poder concedente era a União.

Essa é uma concepção bastante compatível com a posição defendida por Alexandre Santos de Aragão (2013, p.542), que sustenta que a partir do momento em que assina o instrumento do contrato de concessão, o particular se submete a um estatuto dinâmico, em que leis e regulamentos podem modificar as condições do serviço, restando intocável apenas o equilíbrio econômico-financeiro. Nesse âmbito, o poder concedente possuiria poderes exorbitantes e unilaterais, que não seriam admissíveis em um contrato de direito privado.

De acordo com os resultados da pesquisa, um contrato de concessão assinado com a União é capaz inclusive de mitigar a competência legislativa concorrente estipulada pela Constituição. Uma explicação prima facie viável para essa situação seria entender que a própria Carta Constitucional, através do seu artigo 175, criou uma situação em excepcionaria a regra da competência concorrente dos estados-membros para legislarem sobre direitos do consumidor. Porém, as decisões do STF não afirmam uma exceção desse tipo com relação a serviços públicos concedidos por estados e municípios (como transporte público e saneamento, por exemplo), situações em que a União continua se utilizando de sua competência concorrente para propor normas gerais e se imiscuir nas relações contratuais de outros entes.

Portanto, verifica-se um desequilíbrio no exercício das competências concorrentes pelos entes federativos, na qual a jurisprudência do STF tende a reforçar o poder da União e a exigir dos estados a compatibilização de sua atuação não apenas com as leis federais, mas também com os próprios contratos celebrados pelo poder executivo federal.

Essa tendência a manter o papel central da União é compatível com as observações de Hans Kelsen sobre o controle concentrado de constitucionalidade, em texto publicado originalmente em 1928:

O verdadeiro respeito à ideia federalista, expressa na Constituição geral do Estado, exige que o Direito de Estado derrube o direito estadual tão pouco quanto este derruba aquele e que ambos sejam julgados, em suas relações recíprocas, à luz da Constituição geral, que delimita seus

respectivos domínios. Um ato jurídico do Estado central que, extrapolando os limites a ele colocados pela Constituição geral, invade o domínio constitucionalmente assegurado aos Estados-membros não deve ter mais valor jurídico que um ato de um Estado membro realizado em violação da competência do Estado central. Esse princípio é o único condizente com a essência do Estado federal e só pode ser realizado por um tribunal constitucional. (Kelsen, 2003, p.130).

Utilizando-se do conceito de federalismo como arranjo equilibrado de poder entre os entes, Paulo Lobo sustenta que atualmente vivemos num paradigma que procura conferir maior liberdade aos estados-membros para construírem sua própria legislação, de maneira que sua autodeterminação constitui a regra. Por isso, pode-se dizer que, em se tratando de competências concorrentes, deveria ser limitado o espaço para legislar da União, vez que deveria se resumir ao princípios ou normas gerais. Vedações e limitações ao poder estadual de legislar concorrentemente apresentam-se como exceções e, portanto, deveriam receber interpretação restritiva nos tribunais (Lobo, 1989, pp.97-98). Essa, inclusive, é uma interpretação que daria peso ao fato de que a União somente tem as competências que a ela são atribuídas expressamente pela CF, visto que a competência residual é dos estados.

Essa, porém, não é a interpretação dominante no STF no âmbito dos direitos de usuários de serviços públicos, que se mostra refratária à possibilidade de haver regulações estaduais diferentes sobre serviços concedidos pela União. Essa posição é tão consolidada na jurisprudência que o Ministro Gilmar Mendes, na ADI 4.715-MC /MS, chegou a propor que o mérito de pedidos nesse sentido fosse julgado já na apreciação liminar dos pedidos de inconstitucionalidade de leis estaduais que versem sobre a proteção dos usuários. Em outras palavras, sua proposta é tratar como ações repetitivas (e pacificamente procedentes) todas as ADIs que envolvam proteção ao usuário de serviços públicos.

Tal posição privilegia a celeridade do processo e as estatísticas do Supremo, mas varre para debaixo do tapete uma discussão que envolve a proteção de um direito fundamental, assim como o equilíbrio do nosso sistema federativo. Além disso, trata-se de mais um exemplo da atuação de nossa Corte Constitucional na defesa da unidade federativa como hegemonia do ente central e não como pluralidade, fortalecimento da democracia participativa e da cidadania.

Referências

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(http://www.fd.unb.br/images/stories/FD/

Eventos_e_Noticias/Relatório_Divulgacao_-_Pesquisa_CNPq.pdf). Acesso em junho/2014.

FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Uma exegese do artigo 24 da Constituição Federal. Revista Trimestral de Direito Público, São Paulo: Malheiros, p. 16-20, 1994.

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Publicado originalmente na Revue de Droit Public et de la Science Politique en France et à l’Étranger, Paris, v. XLV, n. 2, avril-mai-juin 1928, p. 197-257. Texto traduzido por Jean François Cleaver para Direito Público nº 1 – Doutrina

Estrangeira – jul-ago-set/2003. Disponível em:

http://www.direitopublico.idp.edu.br/index.php/direitopublico/article/

viewFile/504/810. Acesso em junho/2014.

LOBO, Paulo Luiz Neto. Competência legislativa concorrente dos Estados-membros na Constituição de 1988. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v. 26, n.

101, jan./mar. 1989.

LOPES, Othon de Azevedo. Princípios jurídicos e regulação. Tese (Doutorado em Filosofia do Direito). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2011.

LOWENSTEIN, Karl. Teoria de la Constituición. Barcelona: Ariel, 1986.

MEDAUAR, Odete. Direito administrativo moderno. 2a ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998.

MOREIRA NETO, Diogo de Figueiredo . Competência concorrente limitada. O problema da conceituação de normas gerais. Revista de Informação Legislativa, Brasília, v. 25, n. 100, out./dez. 1988.

TAVARES, André Ramos. Aporias acerca do condomínio legislativo no Brasil: uma análise a partir do STF. Revista Brasileira de Estudos Constitucionais. – RBEC.

Belo Horizonte, ano 2, n.6, p.161-188, abr./jun. 2008.

Ano de

julgam. ADI Ementa da Lei Ministro

Relator Partes Competerncia da União

Competencia

do Estado Decisão Razões da decisão

1993 e

2000 855/PR

Obriga a pesagem à vista do consumidor de cada botijão entregue e recolhido pelos

estabelecimentos que comercializam GLP.

Sepúlveda Pertence (liminar), Octavio Gallotti

Conf.

Nacional do Comércio x Governo e Ass.

Legislativa do PR

Art. 22, IV (enegia), VI (sistema de medidas). Par.

Único. Art. 238 (venda e revenda de combustíveis)

Art. 24 V (produção e consumo), VIII (responsabilid ade por dano ao

consumidor)

Proc.

Inconstitucionalidade formal por ofensa à competência privativa da União para legislar sobre o tema (CF/88, arts. 22, IV, 238).

Violação ao princípio da proporcionalidade e razoabilidade das leis restritivas de direitos.

2011 874/BA

Obriga a instalação de cinto de segurança em veículos de transporte coletivo de passageiros.

Gilmar Mendes

Conf.

Nacional do Transporte x Governo e Ass.

Legislagiva da BA

Art. 22, XI (transito e transporte)

Art. 23, XII (política de educação para a segurança do transito.

Proc.

Trânsito e transporte. Competência exclusiva da União (CF, art.

22, XI). Inexistência de lei complementar para autorizar os Estados a legislar sobre questão específica, nos termos do art. 22, parágrafo único da CF .

1993 e

2013 903/MG

Obriga adaptações nos coletivos intermunicipais visando facilitar o acesso e a permanência de portadores de deficiência física.

Sepúlveda Pertence, Celso de Mello, Dias Toffoli

Conf.

Nacional do Transporte x Ass.

Legislativa de MG

Art. 22, XI (transito e transporte)

Art. 23, II (saúde, assitência pública e garantia das pessoas portadoras de deficiência.

Improc.

A CF estabeleceu, assim, nos arts. 227, § 2º, e 244, a necessidade de se conferir amplo acesso e plena capacidade de locomoção às pessoas com deficiência. Muito embora a jurisprudência da Corte seja rígida em afirmar a amplitude do conceito de trânsito e transporte para fazer valer a competência privativa da União (art.

22, XI, CF), prevalece, no caso, a densidade do direito à acessibilidade física das pessoas com deficiência (art. 24, XIV, CF). Competência concorrente dos entes federados.

Ano de

julgam. ADI Ementa da Lei Ministro

Relator Partes Competerncia da União

Competencia

do Estado Decisão Razões da decisão

1999 e

2009 1980/PR

Assegura ao consumidor o direito de obter informações sobre procedência e qualidade dos produtos combustíveis comercializados no Estado do Paraná.

Sidney Sanches e Cezar Peluso

Conf.

Nacional do Comércio x Governo e Ass.

Legislativa do PR

Art. 22, incisos I , IV e XII Art.

170, Art. 177, Art. 238.

Art. 24, V e

VIII Improc.

Consumo. Comercialização de combustíveis no Estado.

Consumidor. Direito de obter informações sobre a natureza, procedência e qualidade dos produtos. Proibição de revenda em postos com marca e identificação visual de outra distribuidora.

Prevenção de publicidade enganosa. Sanções administrativas.

Admissibilidade. Inexistência de ofensa aos arts. 22, incs. I, IV e XII, 170, incs. IV, 177, §§ 1º e 2º, e 238, todos da CF. Ação julgada improcedente. Aplicação dos arts. 24, incs. V e VIII, cc.

§ 2º, e 170, inc. V, da CF.

2003 2334/

DF

Obriga as distribuidoras colocarem lacres eletrônicos nos tanques dos postos de combustíveis do Estado do RJ.

Gilmar Mendes

Conf.

Nacional do Comércio x Governo e Ass.

Legislativa do RJ

Art. 22, incisos I , IV e XII Art.

170, Art. 177, Art. 238.

Art. 24, V e

VIII Improc.

Não configurada a alegada usurpação de competência privativa da União por Lei estadual. Competência concorrente que permite ao Estado regular de forma específica aquilo que a União houver regulado de forma geral (art. 24, inciso V da Constituição).

2006 2359/ES

Dispõe sobre a comercialização de produtos por meio de vasilhames, recipientes ou embalagens reutilizáveis.

Eros Grau

Conf.

Nacional da Indústria x Governo e Ass.

Legislativa do ES

Art. 5, XXIX (proteção à propriedade das marcas), Art.

22,I (direito comercial e penal)

Art. 24, V e

VIII Improc.

O texto normativo questionado contém diretrizes relativamente ao consumo de produtos acondicionados em recipientes reutilizáveis --- matéria em relação à qual o Estado-membro detém

competência legislativa [artigo 24, inciso V, da Constituição do Brasil]. Quanto ao gás liquefeito de petróleo [GLP], a lei impugnada determina que o titular da marca estampada em vasilhame, embalagem ou recipiente reutilizável não obstrua a livre circulação do continente [artigo 1º, caput]. A lei hostilizada limita-se a promover a defesa do consumidor, dando concreção ao disposto no artigo 170, V, da Constituição do Brasil. O texto normativo estadual dispõe sobre matéria da competência concorrente entre a União, os Estados-membros e o DF.

Ano de

julgam. ADI Ementa da Lei Ministro

Relator Partes Competerncia da União

Competencia

do Estado Decisão Razões da decisão 1999 e

2009

1980/PR Assegura ao consumidor o direito de obter informações sobre procedência e qualidade dos produtos combustíveis comercializados no Estado do Paraná.

Sidney Sanches e Cezar Peluso

Conf.

Nacional do Comércio x Governo e Ass.

Legislativa do PR

Art. 22, incisos I , IV e XII Art.

170, Art. 177, Art. 238.

Art. 24, V e VIII

Improc. Consumo. Comercialização de combustíveis no Estado.

Consumidor. Direito de obter informações sobre a natureza, procedência e qualidade dos produtos. Proibição de revenda em postos com marca e identificação visual de outra distribuidora.

Prevenção de publicidade enganosa. Sanções administrativas.

Admissibilidade. Inexistência de ofensa aos arts. 22, incs. I, IV e XII, 170, incs. IV, 177, §§ 1º e 2º, e 238, todos da CF. Ação julgada improcedente. Aplicação dos arts. 24, incs. V e VIII, cc.

§ 2º, e 170, inc. V, da CF.

2003 2334/

DF

Obriga as distribuidoras colocarem lacres eletrônicos nos tanques dos postos de combustíveis do Estado do RJ.

Gilmar Mendes

Conf.

Nacional do Comércio x Governo e Ass.

Legislativa do RJ

Art. 22, incisos I , IV e XII Art.

170, Art. 177, Art. 238.

Art. 24, V e VIII

Improc. Não configurada a alegada usurpação de competência privativa da União por Lei estadual. Competência concorrente que permite ao Estado regular de forma específica aquilo que a União houver regulado de forma geral (art. 24, inciso V da Constituição).

2006 2359/ES Dispõe sobre a comercialização de produtos por meio de vasilhames, recipientes ou embalagens reutilizáveis.

Eros Grau Conf.

Nacional da Indústria x Governo e Ass.

Legislativa do ES

Art. 5, XXIX (proteção à propriedade das marcas), Art.

22,I (direito comercial e penal)

Art. 24, V e VIII

Improc. O texto normativo questionado contém diretrizes relativamente ao consumo de produtos acondicionados em recipientes reutilizáveis --- matéria em relação à qual o Estado-membro detém

competência legislativa [artigo 24, inciso V, da Constituição do Brasil]. Quanto ao gás liquefeito de petróleo [GLP], a lei impugnada determina que o titular da marca estampada em vasilhame, embalagem ou recipiente reutilizável não obstrua a livre circulação do continente [artigo 1º, caput]. A lei hostilizada limita-se a promover a defesa do consumidor, dando concreção ao disposto no artigo 170, V, da Constituição do Brasil. O texto normativo estadual dispõe sobre matéria da competência concorrente entre a União, os Estados-membros e o DF.

Ano de

julgam. ADI Ementa da Lei Ministro

Relator Partes Competerncia da União

Competencia

do Estado Decisão Razões da decisão

2008 2832/PR

Estabelece obrigatoriedade de informação, conforme espcifica, nos rótulos de embalagens de café comercializado no Paraná.

Ricardo Lewandowski

Confederaçã o Nacional da Indústria x Governo e Ass.

Legislativa do PR

Art. 22, I (direito comercial) e VIII (comércio interestadual)

Art. 24, V e

VIII Improc.

O ato normativo impunado buscou, tão somente, assegurar a proteção ao consumidor. Precedente deste Tribunal (ADI 1980, Rel. Min. Sydney Sanches) no sentido de que não invade esfera de competência da União, para legislar sobre normas gerais, lei paranaense que assegura ao consumidor o direito de obter informações sobre produtos combustíveis. Afronta ao texto constitucional indireta na medida em que se mostra indispensável o exame de conteúdo de outras normas infraconstitucionais, no caso, o Código do Consumidor.

2011

3343/

DF, 4478/

AP e 3847/SC

Veda assinatura básica de água, luz, gás, TV a cabo e telefonia.

Ayres Britto e Gilmar Mendes

Assoc.

brasileira de Concessioná rias de Serviço telefônico fixo, Governo do DF e de SC x Ass.

Legislativa do AP e de SC, Câmara Legislativa do DF

Art. 22, IV (telecomunicaçõ es)

Art. 24, V e

VIII Proc.

Competência privativa da União para legislar sobre

telecomunicações e energia elétrica (CF, arts. 21, XI e XII, ‘b’, e 22, IV). Inconstitucionalidade formal, porquanto necessariamente inserida a fixação da ”política tarifária” no âmbito de poderes inerentes à titularidade de determinado serviço público, como prevê o art. 175, parágrafo único, III, da Constituição e elemento indispensável para a preservação do equilíbrio econômico-financeiro do contrato de concessão. Inexiste competência concorrente dos Estados-membros para dispor sobre direito do consumidor (CF, art. 24, V e VII), descabendo, ademais, a aproximação entre as figuras do consumidor e do usuário de serviços públicos, já que o regime jurídico deste último, além de informado pela lógica da solidariedade social (CF, art. 3º, I), encontra sede específica na cláusula “direitos dos usuários”

prevista no art. 175, parágrafo único, II, da Constituição.

2004 e 2010

3322/

DF

Exige

individualização de informações na fatura de telefonia fixa.

Cezar Peluso, Gilmar Mendes

Governador do DF x Camara Legislativa do DF

Art. 22, IV (telecomunicaçõ es)

Art. 24, V e

VIII Proc.

Disposições sobre ônus da prova, termo de adequação e multa. 8.

Invasão da competência legislativa da União. 9. Violação dos artigos 22, incisos I, IV, e 175, da CF.

Ano de

julgam. ADI Ementa da Lei Ministro

Relator Partes Competerncia

da União

Competencia

do Estado Decisão Razões da decisão

2006 3533/

DF

Obriga as concessionárias a colocar contadores de pulsos em cada ponto do consumo no endereço em que estiverem

instaladas.

Eros Grau

Governador do Distrito Federal x Camara Legislativa do DF

Art. 21, XI e art.

22, IV.

Art. 24, V e

VIII Proc.

A Lei distrital n. 3.596 é inconstitucional, visto que dispõe sobre matéria de competência da União, criando obrigação não prevista nos respectivos contratos de concessão do serviço público, a serem cumpridas pelas concessionárias de telefonia fixa --- artigo 22, inciso IV, da Constituição do Brasil. Pedido julgado

procedente para declarar inconstitucional a Lei distrital n.

3.596/05.

2011 3661/

AC

Proíbe o corte por falta de pagamento às sextas, sábados, domingos, feriados e no último dia útil anterior ao feriado.

Carmem Lucia

Procurador-Geral da República x Ass.

Legislativa do AC

Art. 22, IV (água e energia), art. 21, XII, al. b;

art.175; e art.

30, I e V.

Art. 24, V e

VIII Proc.

Competência da União para legislar sobre serviço de energia elétrica. Competência do Município para legislar sobre serviço de fornecimento de água. Afronta aos art 21, inc. XII, alínea b, art. 30 inc. I e V e art. 175 da Constituição da República.

2007 3729/SP

Proíbe o corte de energia elétrica, água e gás canalizado por falta de pagamento, sem prévia comunicação ao usuário.

Gilmar Mendes

Governador de SP x Ass.

Legislativa de SP.

Art. 22, IV (água e energia), art. 21, XII, al. b.

Art. 24, V e

VIII Proc.

Impossibilidade de interferência do Estado-membro nas relações jurídico-contratuais entre Poder concedente federal e as empresas concessionárias, especificamente no que tange a alterações das condições estipuladas em contrato de concessão de serviços públicos sob regime federal, mediante a edição de leis estaduais.

Violação aos arts. 21, XII, b, 22, IV, e 175, caput e parágrafo único, incisos I, II e III da Constituição Federal.

Inconstitucionalidade.

2011

3905/RJ e 3558/RJ

Obriga concess. de energia elétrica, água, telefonia e gás a instalar medidores de consumo na parte interna da

propriedade.

Carmen Lucia

Assoc. bras.

de distrib.

de energia elétrica x Ass. Legi.

do Estado do RJ.

Art. 22, IV (água e energia), art. 21, XII, al. b;

art.37, XXI (equilíbrio econ.

financeiro)

Art. 24, V e

VIII Proc.

Competência da União para legislar sobre serviço de energia elétrica. Afronta ao art. 1º, 5º, inc. XXXVI, art. 21, inc. XII, alínea b, art 22, inc. IV, e art. 175 da Constituição da República.