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Com a elaboração da presente dissertação, conseguiram-se estabelecer algumas conclusões que poderão ser sistematizadas nos seguintes pontos:

- Face às exigências da legislação atual existe uma extrema necessidade em definir, de forma qualitativa e quantitativa, o conceito de edifícios com necessidades quase nulas de energia e como irá ser aplicado à reabilitação de edifícios de habitação;

- Os edifícios em reabilitação isentos de licenciamento camarário, por se encontrarem em zona protegida de reabilitação, ou por manterem a estrutura e as fachadas inalteráveis, não cumprem os requisitos mínimos de qualidade que a legislação obriga. São reabilitados sem projeto de desempenho térmico, o que parece mostrar alguma incoerência com o grau de exigência estabelecido na legislação para edifícios submetidos a grandes intervenções ou até mesmo para aqueles que apenas serão intervencionados;

- No desenvolver do estudo de caso, verificou-se que não existe necessidade de utilizar espessuras muitas elevadas de isolamento térmico pois a partir de determinada espessura as variações das necessidades de aquecimento ou de arrefecimento começam a ser insignificantes e chegam mesmo a ser prejudiciais para o desempenho térmico na estação de arrefecimento, logo o essencial é encontrar espessuras ótimas para ambas, de acordo com cada solução construtiva adotada;

- Nos edifícios antigos do centro histórico do Porto a área de envidraçados é significativa, normalmente superior à área da envolvente opaca, por isso devemos sempre escolher uma caixilharia e envidraçado com características de isolamento elevadas, dentro dos limites considerados razoáveis, ou seja, tendo em conta a relação qualidade preço, luminosidade e benefício na utilização da habitação. É de referir que a solução de proteção dos vãos envidraçados deve ser preferencialmente aplicada pelo exterior.

- A ventilação também terá um papel fundamental; na fração em estudo ocorre uma diminuição das necessidades de aquecimento quando se reduz a taxa de renovação de ar para 0,4 h-1

enquanto que para a mesma taxa os acréscimos das necessidades de arrefecimento são nulos. Assim conclui-se que será ideal para esta fração uma taxa de renovação de ar de 0,4h-1. Deverá,

no entanto, ser posteriormente analisada se esta taxa é suficiente para, atendendo ao clima do Porto, à forma de utilização da habitação e às soluções construtivas adotadas, minimizar a probabilidade de ocorrência de condensações;

- Para se conseguir conceber edifícios com necessidades muito baixas de energias, considera-se que tal só será possível com a combinação de soluções construtivas otimizadas e introdução de energias renováveis. Quando introduzimos energias renováveis, verifica-se que se atinge uma classificação energética A+. No entanto, os equipamentos que permitem utilização de energias

renováveis ainda têm um custo muito elevado, o que implica um investimento inicial elevado sendo que para se ter um edifício com classificação A+, só se obterá o retorno ao fim de

aproximadamente 14 anos, considerando que se aquecem as casas durante 24 horas. Caso não se aqueçam as casas esse período de retorno será muito mais elevado. Existe ainda o inconveniente de que os equipamentos poderão não serem adequados a todo o tipo de edifícios, como é o caso de caldeiras pellets em apartamentos de reduzidas dimensões, e o eventual problema de emissão de partículas para a atmosfera dos grandes centros urbanos.

É fundamental reabilitar em consciência, pensando nos custos de utilização do edifício e não pensando apenas nos custos de construção, podendo-se desta forma ignorar e não implementar as soluções construtivas mais adequadas. Só com a utilização de soluções construtivas otimizadas consegue-se uma poupança anual significativa, neste caso cerca de 300€ anuais que se conseguirão amortizar ao longo de 9 anos. Consegue-se mais conforto, mais saúde dos utilizadores e custos menores.

É necessário iniciar-se um processo de consciencialização para sustentabilidade da construção como uma parte significativa da sustentabilidade do mundo em que vivemos. Tendo em conta este conceito de sustentabilidade, o nível do conforto térmico dos edifícios, que inevitavelmente todos utilizamos, só será possível com a introdução de energias renováveis.

Devemos reabilitar pensando nos benefícios de uma reabilitação térmica consciente, que poderão resultar em menores consumos energéticos, menor probabilidade de ocorrência de condensações, benefícios económicos resultantes da menor dependência de consumo de energia, melhor qualidade do ar interior, menores impactes ambientais com a utilização do imóvel. Devemos projetar a pensar no conforto dos utilizadores e no custo de utilização durante a vida útil do imóvel.

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ESENVOLVIMENTOS FUTUROS

Neste momento, aguarda-se que o quadro legislativo nacional defina de uma forma objetiva e mensurável o que entende por NZEB.

Seria interessante, aplicar as novas exigências às frações habitacionais de edifícios sujeitos a grandes intervenções de reabilitação e ver quais as implicações que teriam relativamente às definições das soluções construtivas, dos equipamentos e qual o impacto económico que essas imposições terão no setor da reabilitação.

Aguarda-se também um equilíbrio entre os documentos legislativos e a prática corrente da construção associada à reabilitação, nomeadamente nos grandes centros urbanos.

Em trabalhos futuros poderiam ser ponderadas e analisadas as seguintes questões:

 De que forma a reabilitação está a ser encarada como um fator de melhoria do conforto térmico associado a um elevado desempenho energético?

 Como está a ser compatibilizada uma legislação cada vez mais exigente e restritiva com a reabilitação urbana?

 Para as grandes intervenções que procurem atingir o que será definido para edifícios NZEB, o que se entenderá por:

- Custo ótimo?

- Como definir a energia renovável produzida no local e nas proximidades? - Qual a percentagem mínima de energias renováveis?

- Quais as medidas para edifícios intervencionados, relativamente às impostas para os edifícios novos? Deverão ser as mesmas? Qual o nível de tolerância.

Acreditamos que até final de 2018, muitas destas dúvidas terão uma resposta formalizada na legislação portuguesa e esperamos que essas respostas se enquadrem num quadro de razoabilidade técnica, construtiva e económica.

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