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Tendo como base uma estrutura que apreende o conhecimento as ontologias come-çam a ser notadas entre cientistas da computação. Isto porque a evolução dos ambientes digitais torna inevitável o uso de tecnologias da informação como um auxílio para solucionar questões de pesquisa da Ciência da Informação. As relações entre Ciência da Computação e Ciência da Informação tornam-se cada vez mais estreitas e complementares ao decorrer dos anos (OLIVEIRA, 2005).

Existem muitas citações sobre ontologias no campo da Ciência da Computação. Segundo (GUARINO; OBERLE; STAAB, 2009), uma ontologia é para a computação um objeto ou artefato informacional, constituído de um vocabulário específico utilizado para descrever um domínio real do conhecimento. Dias e Costa (2012) definem ontologias como

instrumentos de controle terminológico utilizados na área da recuperação da informação para domínios específicos. Para Gruber (1993), Gruber (1995), a representatividade de uma ontologia em Inteligência Artificial é dizer o que existe e o que pode ser representado. Gruber diverge bastante do conceito filosófico de ontologias. Pra ele, ontologias são apenas um conjunto de conceitos e definições. O principal propósito da construção de ontologias na computação é permitir que o conhecimento fosse compartilhado e reutilizado de acordo com princípios de reaproveitamento de código2 e informação que são disseminados nesta área. Para isto, Guarino (1995) propôs uma criação de definições formais para conceitos que transformou ontologias em mecanismos de representação a um determinado domínio do conhecimento e não como um todo.

As ontologias na computação surgem em meio ao contexto da Inteligência Artificial e do seu subdomínio a Representação do Conhecimento. Em 1960 o termo começou a ser usado como um significado para estruturas de conceitos representados por um vocabulário lógico. Na década de 1970 cientistas do campo da inteligência artificial reconheceram que capturar e organizar o conhecimento são a peça chave para construção de sistemas inteligentes robustos ao qual poderia ser aplicada lógica matemática (MCCARTHY, 1987). O termo ontologia ganhou força entre pesquisadores da área de Inteligência Artificial que utilizaram ontologias para se referir à teoria de modelos de representação do conhecimento. As ontologias começaram a ser usadas pela computação como uma forma de aplicação dos conceitos definidos pela filosofia (GRUBER, 2009).

Para Almeida (2013) as ontologias apresentadas no campo da Ciência da Com-putação propõem-se como um sistema para criar vocabulários para representações em sistemas e gerar inferências. O objetivo dos cientistas e engenheiros de softwares é desen-volver sistemas que contêm afirmativas representando fatos governados por regras, ou seja, relações entre indivíduos que compõem o sistema. Estes sistemas também denominados como bases de conhecimento são construídas e mantidas por profissionais chamados de engenheiros do conhecimento que tem como função formalizar o conhecimento passado por especialistas e representar isto através de uma ontologia que permita que inferências automáticas sejam feitas. As ontologias são um conjunto de termos que é utilizado para formular consultas por especialistas. Estes especialistas utilizam de termos específicos para encontrar a informação adequada dentro de uma ontologia.

Com a evolução da tecnologia e o acesso da computação em todos os meios, facilitou a entrada de recursos computacionais em várias áreas do conhecimento, incluindo a Ciência da Informação. Isso levou o aumento da popularidade dos computadores para resolver tarefas humanas, e assim a área do estudo de ontologias ganhou ferramentas que ajudasse na sua construção, manutenção e divulgação. A tecnologia e a computação

2 Na Ciência da Computação a reutilização de código é uma prática que acompanha a área desde o seu surgimento. Trata-se da construção de novos softwares utilizando-se de códigos fontes já existentes.

contribuíram para a área do estudo de ontologias fornecendo linguagens semânticas para a sua construção, editores para a sua visualização e manutenção, assim como também motores de inferência ou derivadores lógicos que contribuíram para a descoberta de conhecimento novo (BERNERS-LEE et al., 2001).

A tecnologia sem dúvida alguma se mostra uma aliada no processo de construção de ontologias. Porém o campo da tecnologia está mais ligado ao campo da Ciência da Computação do que o campo da Ciência da Informação onde ela tem seu estudo mais aprofundado. Para ilustrar este exemplo podem-se comparar diferentes ontologias encontradas na web. Percebe-se que ontologias feitas por cientistas da computação muitas vezes carecem de metodologia apropriada para a construção da mesma. Isso reflete em sua formação precária no assunto que contempla apenas a parte lógica e funcional, que engloba práticas de desenvolvimento de código.

A nova geração do estudo de ontologias trouxe com ela pontos positivos e negativos. A parte negativa se encontra na visão da ontologia como um artefato informacional e não como o modelo filosófico de representação do conhecimento. Outro ponto negativo se encontra na limitação que computadores têm para entender e interpretar os dados disponibilizados nestas bases do conhecimento. Em contrapartida a digitalização das ontologias trouxe consigo um aliado muito forte. A disseminação destas ontologias, seu reaproveitamento e reuso fazem da tecnologia um caminho sem volta. O uso de editores visuais que permitem visualizar a construção de uma ontologia ajuda muito os profissionais que ficam responsáveis por sua criação e manutenção. A utilização de ferramentas lógicas que são capazes de tomar decisões e fazer inferência automática se torna indispensável para grandes ontologias bem construídas.

Além de tudo as ontologias vêm para ajudar a tecnologia também. Problemas como excesso de informação na web podem ser contornados se utilizados modelos de dados bem elaborados que ajudem na recuperação de informação como o caso de ontologias. Modelos de representação de dados e organização do conhecimento estão sendo cada vez mais necessitados em meio ao boom informacional que sofre a internet.

As ontologias em sistemas de informação e tecnologia contam com apoio de di-versas ferramentas que contribuem para seu uso e disseminação. Entre elas encontram-se as linguagens de programação que fornecem meios de construir uma ontologia em um computador; editores de ontologias que é a plataforma onde as ontologias são construídas e dão suportes diversos, como visualização de classes, etc. e; motores de inferência que analisa a ontologia criada verificando sua validade, consistência e inferindo novos fatos que se encontravam implícitos aos olhares humanos. Esse ferramental contribui para o avanço da área de ontologia aplicada, possibilitando cada vez mais precisão na formalização de domínios.