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MAPA DE ACESSO DA ONTOSAEB

5 ESTUDO DE CASO

5.2 ONTOSAEB: DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO

Decorrido a construção da ontologia, no 1º Momento as Figuras 16 (p. 126) e 17 (p. 127) apresentam a consecução da interoperabilidade semântica para a elaboração dos itens do SAEB. Como exemplo deste processo, a OntoSAEB traz no ramo “Item” evidências dessa

interoperabilidade – ver Figura 19 (p. 129). Nesse ramo, o item é construído através do aporte de termos do BRASED (em compatibilidade com a Matriz Conceitual), atendidos os requisitos dos Descritores, Habilidades e Eixos Estruturantes das Matrizes de Referência do SAEB.

Desta forma, para que um item possa ser aprovado e armazenado no BNI, os conceitos das Matrizes deverão estar representados nos itens a serem formulados. Na prática, os termos (similares) do BRASED serão alinhados às instâncias de indivíduos (com seus respectivos conceitos) das Matrizes para a elaboração dos itens de avaliação. Exemplos destes indivíduos povoados na OntoSAEB podem ser visualizados nas Figuras 44 (p. 159), 47 (p. 162) e 48 (p. 164); outras instanciações encontram-se no “Apêndice B”. Para elucidação deste processo, um modelo de item construído sob o aporte de termos similares é exemplificado no Quadro Apêndice D(1) do “Apêndice D”.

O campo “Requisito”, da ilustração supracitada, é formado por conceitos – na forma de “Descritores” (componentes das Matrizes de Língua Portuguesa e Matemática da ANEB e ANRESC), “Eixos Estruturantes” (componentes das Matrizes de Ciências) e “Habilidades” (componentes das Matrizes de Língua Portuguesa e Matemática da ANA) – que deverão ser cumpridos e alinhados ao campo “Insumo” de aporte de Termos do BRASED, quando da elaboração e/ou revisão dos itens de avaliação do SAEB. Neste exemplo demonstrado, fica evidenciado que o item – que é composto de texto-base, enunciado e alternativas – pode ser enriquecido pelo uso de termo similar em seu enunciado. Neste caso, houve o apoio do termo “compreensão” como uma das possibilidades de substituição semântica, tendo em vista o contexto em que o mesmo está inserido no texto-base.

O uso, de forma subsidiária, de termos similares para a elaboração/revisão de itens de avaliação do SAEB é justificado pela constatação da eficiência na utilização específica dos termos destinados a cada perfil de usuário (público-alvo) a ser avaliado em seu respectivo contexto; ou seja, para um entendimento preciso, torna-se importante o uso de termos adequados (próprios) e comuns à linguagem utilizada por esse público-alvo (estudantes a serem avaliados no SAEB para determinado ano/série estabelecido), conforme a temática abordada em um momento específico. Ressalta-se, contudo, da imprescindibilidade de atendimento aos requisitos das Matrizes de Referência do SAEB no momento de elaboração/revisão dos itens das avaliações que o compõe.

Ainda, como fundamentação ao uso do “termo” e “requisito” aplicado no exemplo apresentado [Quadro Apêndice D(1) do “Apêndice D”], tem-se a Taxonomia de Bloom – proposta por Bloom et. al. (1956)56 e revisada por Anderson et. al. (2001)57.

Em uma analogia ao uso da Taxonomia de Bloom, a utilização do “requisito” Descritor da Matriz de Referência (D10 – Identificar as marcas lingüísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto), em especial a aplicação do verbo “Identificar”, é justificado por: Bloom et. al. (1956), Bloom (1986), Driscoll (2000) e Krathwohl (2002) apud Ferraz e Belhot, 2010. A ilustração (Quadro 6), a seguir, apresenta essa relação estabelecida.

Quadro 6 - Estruturação da Taxonomia de Bloom no domínio cognitivo.

Categoria Descrição

1. Conhecimento Definição: [...] Verbos: [...]

2. Compreensão

Definição:

Habilidade de compreender e dar significado ao conteúdo. Essa habilidade pode ser demonstrada por meio da tradução do conteúdo compreendido para uma nova forma (oral, escrita, diagramas etc.) ou contexto. Nessa categoria, encontra-se a capacidade de entender a informação ou fato, de captar seu significado e de utilizá-la em contextos diferentes.

Subcategorias: 2.1 Translação; 2.2 Interpretação e 2.3 Extrapolação.

Verbos: alterar, construir, converter, decodificar, defender, definir, descrever, distinguir, discriminar, estimar, explicar, generalizar, dar exemplos, ilustrar, inferir, reformular, prever, reescrever, resolver, resumir, classificar, discutir, identificar, interpretar, reconhecer, redefinir, selecionar, situar e traduzir.

[...] [...]

Fonte: adaptado de Bloom et. al. (1956), Bloom (1986), Driscoll (2000) e Krathwohl (2002) apud Ferraz e Belhot, 2010.

56

BLOOM, B. S. et. al. Taxonomy of educational objectives. New York: David Mckay, 1956. 262 p. (v. 1).

57

ANDERSON, L. W. et. al. A taxonomy for learning, teaching and assessing: a revison of Bloom’s Taxonomy of Educational Objectives. Nova York: Addison Wesley Longman, 2001. 336 p.

Diante disso, a estrutura modelo apresentada com requisito e insumo para construção de um item de avaliação do SAEB, conforme a ilustração do Quadro Apêndice D(1) do “Apêndice D”, consolida a construção e/ou revisão desse item por meio da ontologia proposta neste trabalho de pesquisa.

Ao retomar o entendimento de interoperabilidade semântica, subentende-se – dentre alguns dos exemplos dos relacionamentos da OntoSAEB – que o alinhamento ontológico foi realizado através da declaração de que o Descritor_Referencial “é parte de” (is- part-of) uma Matriz_de_Referencia_Aneb_e_Anresc, e a instância Item é relacionada a essa Matriz através da propriedade meets-descriptors-of (atende aos descritores de) – ver Figura 19 (p. 129). O segundo alinhamento é o dos Termos do BRASED que subsidiam a construção do Item. Nesse caso, as ilustrações – Figuras 16 e 17, das páginas 126 e 127, respectivamente – fundamentaram o devido alinhamento semântico.

Para demonstrar a aplicabilidade e relevância da OntoSAEB, esta seção apresenta um exemplo de item (indivíduo) que necessita de alinhamento aos conceitos dessa ontologia proposta. Esse alinhamento é estabelecido para facilitação ao processo de compreensão semântica do item formulado/revisado.

Decorrido o 1º Momento de modelagem ontológica para formulação dos itens, no 2º Momento a revisão de itens de avaliação pode ser entendida como sendo estes inter-relacionamentos demonstrados no 1ª Momento com a distinção de que os indivíduos concretos (os próprios itens) já produzidos é que são objetos das alterações por meio de opção de termos/conceitos similares. Como exemplo, também foram utilizados os Quadros 7 e 8. Sendo, contudo, sob o aspecto empírico, demonstrado hipoteticamente um item a ser revisado (Quadro 7) e já modificado (Quadro 8), respectivamente.

Quadro 7 – Caso de item a ser revisado. Exemplo de item do descritor D3 (Inferir o sentido de uma palavra ou expressão) a ser revisado por ausência de contextualização.

ITEM Bula de remédio VITAMINA COMPRIMIDOS embalagens com 50 comprimidos COMPOSIÇÃO Sulfato ferroso ... 400 mg Vitamina B1 ... 280 mg Vitamina A1 ... 280 mg Ácido fólico ... 0,2 mg Cálcio F ... 150 mg INFORMAÇÕES AO PACIENTE O produto, quando conservado em locais frescos e bem ventilados, tem validade de 12 meses.

É conveniente que o médico seja avisado de qualquer efeito colateral. INDICAÇÕES

No tratamento das anemias. CONTRA-INDICAÇÕES Não deve ser tomado durante a gravidez.

ITEM

EFEITOS COLATERAIS Pode causar vômito e tontura em pacientes sensíveis ao ácido fólico da fórmula.

LABORATÓRIO INFARMA S.A. Responsável - Dr. R. Dias Fonseca CÓCCO, Maria Fernandes; HAILER, Marco Antônio. Alp Novo: análise, linguagem e pensamento. São Paulo: FTD, 1999. v. 2. p. 184.

A palavra COMPOSIÇÃO indica:

(A) as situações contra-indicadas do remédio. (B) as vitaminas que fazem falta ao homem. (C) os elementos que formam o remédio. (D) os produtos que causam anemias.

Fonte: adaptado de exemplos de itens – comentário de questões – referente aos comentários sobre os Tópicos e Descritores da Matriz de Língua Portuguesa (4ª série) da Aneb e Anresc (INEP-DAEB, s.d.).

De acordo com o item exemplificado, constata-se problemas de compreensão por descontextualização – gerando-se, com isso, ambiguidade conceitual (a palavra/termo “composição” pode ser entendida(o) como “composto”, “partitura” etc.) –, pois não há indicativo/ligação dessa palavra/termo ao texto.

Para que haja uma desambiguação e um entendimento comum, assevera-se da imprescindibilidade de complementação semântica ao

termo “composição” com a inclusão do vínculo “No texto...”, segundo ilustrado abaixo (Quadro 8).

Quadro 8 – Caso de item revisado.

Exemplo de item do descritor D3 (Inferir o sentido de uma palavra ou expressão) revisado com informações de contexto.

ITEM

Texto-Base: Ibidem Quadro 7.

No texto, a palavra COMPOSIÇÃO indica: (A) as situações contra-indicadas do remédio. (B) as vitaminas que fazem falta ao homem. (C) os elementos que formam o remédio. (D) os produtos que causam anemias.

Fonte: adaptado de exemplos de itens – comentário de questões – referente aos comentários sobre os Tópicos e Descritores da Matriz de Língua Portuguesa (4ª série) da Aneb e Anresc (INEP-DAEB, s.d.).

Portanto, mediante a apresentação destas evidências de pesquisa, os itens a serem construídos devem seguir de forma análoga os requisitos e insumos apresentados quando do acesso à OntoSAEB.