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Opção da reciclagem e processos de tratamento

No documento 2009AtilioTramontini (páginas 49-53)

2.6 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

2.6.1 Opção da reciclagem e processos de tratamento

A minimização dos resíduos, além de proteger a saúde humana e o meio ambiente, promove ganhos financeiros (NOHARM, 2009). Hospitais nos Estados Unidos geram mais de 6.600 toneladas de resíduos por dia, o "subproduto" dos cuidados de saúde, montante que representa cerca de 1% de todos os resíduos gerados na América a cada dia. Isso pode não parecer muito, mas é significativo para qualquer tipo de instituição, e os hospitais pagam milhões de dólares para a eliminação dos resíduos, dólares que poderiam ser mais bem utilizados para a assistência ao paciente, o desenvolvimento do pessoal, ou para redução dos custos dos cuidados de saúde (SHANER; McRAE, 2006).

Estudo realizado em 91 estabelecimentos de saúde revelou que resíduos recicláveis são segregados em 70% dos hospitais (SILVA et al.,2005). Segundo o autor, ainda há muitos tipos de resíduos que, se corretamente selecionados, poderiam passar pela reciclagem.

Portanto pode-se notar que há um grande aumento de resíduos infecciosos na maioria dos estabelecimentos médicos em razão das reduzidas práticas de reciclagem (CHENG, et al, 2009).

A redução de custos dos resíduos pode ocorrer por meio de uma variedade de métodos, os quais incluem a segregação dos resíduos, a redução na fonte, reutilização e reciclagem (SHANER; McRAE, 2006).

Segregação: separação de diferentes tipos de resíduos no ponto de geração, mantendo- os isolados uns dos outros. As quantidades de resíduos infecciosos, resíduos perigosos e resíduos radioativos de baixo nível que deve ser tratada de acordo com sua classe (é geralmente caro) são minimizadas.

Redução fonte: minimizar ou eliminar a geração de resíduos na fonte em si por meio de técnicas como a substituição de produtos, mudanças tecnológicas e de boas práticas operacionais. Pela aquisição de produtos e substituição, a toxicidade dos resíduos também pode ser reduzida.

Recuperação e reciclagem: compreende a recuperação e reutilização de materiais a partir dos resíduos urbanos. A maioria dos resíduos de saúde é surpreendentemente semelhante à de um edifício de escritórios ou hotel - papel, papelão e resíduos alimentares. Hospitais podem implementar programas relativamente simples para desviar esses materiais a partir do fluxo de resíduos sólidos, reduzindo custos com eliminação.

A reciclagem (por definição) é a capacidade de um determinado elemento de retornar ao ciclo de origem. Assim, os materiais biodegradáveis seriam também recicláveis por via natural, ou seja, pela ação dos micro-organismos decompositores. Segundo Schneider et al. (2004), quando se pensa em reciclagem de resíduos sólidos de saúde, a questão complica-se ainda mais, pois se esbarra em dificuldades de gerenciamento que extrapolam o controle dos estabelecimentos geradores.

Dos resíduos que se geram nos estabelecimentos de saúde, os mais facilmente recicláveis são os resíduos comuns, que, quando manipulados de maneira correta e gerados em grande quantidade, podem ter algum valor econômico. Entretanto, os resíduos especiais poderão ser reciclados e ter seu volume e toxicidade reduzidos, gerando, assim, material valioso que pode ser utilizado posteriormente (SCHNEIDER et al., 2004).

Na Índia, Costa Rica e Cuba existem excelentes exemplos de sistemas de tratamento de resíduos hospitalares que incidem sobre a segregação, documentando que esforços claros na segregação podem ser eficazes em diferentes condições (SHANER; McRAE, 2002).

Existe, atualmente, um razoável número de métodos alternativos em estudo, tanto em escala de laboratório como em escala-piloto, e mesmo já em uso em alguns países, os quais podem, na maioria dos casos, tornar esses resíduos aceitáveis para disposição em aterros sanitários comuns, juntamente com resíduos domiciliares. Podem-se citar como tecnologias

de tratamento as seguintes: esterilização a vapor, esterilização a seco, esterilização por radiações ionizantes, esterilização por gases, esterilização por microondas, microclave, esterilização por plasma, desinfecção química, desinfecção químico-mecânica, incineração.

A incineração consiste na oxidação dos materiais a altas temperaturas, sob condições controladas, convertendo materiais combustíveis (RSS) em resíduos não combustíveis com a emissão de gases. A principal vantagem deste método é a redução significativa de volume dos resíduos, entre 90% e 95%, razão por que é descrito muitas vezes como um processo de disposição final (SCHNEIDER et al., 2004).

Porém, segundo Noharm (2009), através dos anos, o mundo tem conhecimento de que a incineração é uma fonte importante de dioxinas altamente tóxicas, de mercúrio, chumbo e outros poluentes atmosféricos perigosos que ameaçam a saúde humana e o ambiente. Muitos produtos usados em cuidados de saúde contêm configurações de cloreto de polivinil, que, quando incinerados, podem resultar na libertação de dioxinas - um conhecido agente cancerígeno - para o ambiente (LAUSTSEN, 2007).

Segundo a Organização Mundial de Saúde, apenas incineradores modernos são capazes de trabalhar em 800 a 1000 °C, com equipamento especial de limpeza de emissão, podendo, assim, garantir que nenhuma das dioxinas e furanos (ou apenas quantidades insignificantes) seja produzida. Os pequenos dispositivos construídos com materiais locais e capazes de funcionar nestas temperaturas elevadas estão atualmente em teste de campo em uma série de países (WHO, 2007).

Os problemas da incineração inadequada dos resíduos hospitalares e a degradação ambiental geral, com os efeitos destas questões sobre saúde humana, eventualmente foram reconhecidos. Organizações como o EPA, Associação Americana de Enfermeiros, Saúde Cuidar sem Danos (HCWH) e Hospitais para um Ambiente Saudável (H2E) analisaram formas de reduzir os efeitos negativos das práticas de cuidados de saúde sobre o ambiente (LAUSTSEN, 2007).

Atualmente, não há praticamente opções ecológicas e de baixo custo para a eliminação segura dos resíduos infecciosos. A incineração de resíduos tem sido amplamente praticada, mas existem alternativas disponíveis, tais como autoclavagem, tratamento químico e microclaves, e podem ser preferíveis em certas circunstâncias. Aterro pode também ser uma solução viável para partes do fluxo de resíduos, se praticada de forma segura. No entanto, a

ação é necessária para prevenção de doenças importantes atualmente criadas por estes resíduos (WHO, 2007).

É necessário um esforço sério para reduzir a geração de resíduos e aumentar a reciclagem de materiais (CHENG et al, 2009). Soluções eficazes poderão levar anos para serem alcançadas, exigir investimentos maciços e sustentação política, e além de, quase certamente, exigir apoio internacional. Porém, resultados a curto prazo podem ser obtidos com a criação de programas educacionais visando a melhoria de segregação, eliminação, transporte e destinação final de resíduos hospitalares, importantes e que podem trazer melhoria quase imediata (BLENKHARN, 2006).

No documento 2009AtilioTramontini (páginas 49-53)