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Opção Metodológica “Estudo de Caso”

Capitulo II- Escola/comunidade educativa e a inclusão de alunos com NEE

1.1 Opção Metodológica “Estudo de Caso”

Nesta investigação utiliza-se o estudo de caso “termo global para uma família de métodos de investigação que têm em comum centrarem-se deliberadamente no estudo de um determinado caso” (Adelma net al. in Bell, 2008:23). Por outro lado, o estudo de caso consiste numa estratégia de investigação, “um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenómeno contemporâneo dentro de seu contexto de vida real, especialmente quando os limites entre o fenómeno e o contexto não estão claramente definidos” (Pardal, 2011:33).

A esta investigação subjaz uma estratégia de investigação mista, em que o investigador, com base no quadro teórico delineado, dos objetivos definidos e da própria especificidade do fenómeno, coordena esforços no sentido de recorrer às técnicas mais adequadas. Portanto, segundo Yin (2001), torna-se fundamental, que o investigador tenha bem definidas as questões de pesquisa, refletindo sobre a importância da “substância” e a “forma”, como condições essenciais às questões da pesquisa. Achramm in Yin (2001) refere que a linha base orientadora em todos os estudos de caso é a tentativa de esclarecer uma decisão ou um conjunto de decisões, ou seja, o motivo pelo qual foram tomadas, como foram implementadas e quais os resultados” (p.31), com base na articulação nos planos de pesquisa, na combinação de dados qualitativos e quantitativos, adotando uma vertente de estudo de caso misto, uma vez que nas diferentes etapas do processo de pesquisa, podemos triangular os dados obtidos, confrontando-os através dos dois métodos.

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1.1.1 Investigação qualitativa

O estudo de caso é uma estratégia de investigação, predominantemente, qualitativa, sendo, pretensão desta investigação recorrer a técnicas como a entrevista e a análise documental, como forma de recolher informação que nos forneçam os dados necessários aos objetivos delineados.

A investigação qualitativa procura nos fenómenos sociais uma compreensão dos acontecimentos, uma valorização dos significados, com referência à sociologia compreensiva, de Max Weber, interacionismo simbólico e à fenomenologia, não configurando preocupação com a generalização de resultados. Sendo portanto, um método naturalista que assenta numa valorização da análise realizada pelo investigador num intuito de interpretar a realidade estudada.

Para G. Mead in Pardal (2011), a fixação dos elementos que na ação são fundamentais para a formação e compreensão das estruturas sociais, assim como a compreensão destas e dos comportamentos dos seus atores: “O objeto de análise é, assim, formulado em termos de ação e dos significados que lhe são atribuídos pelos atores, pressupondo-se, por conseguinte, que qualquer uniformidade do real social só existe na aparência” (Léssad-Hérert et al in Pardal, 2011: 22).

Na investigação qualitativa o investigador é visto como sendo parte do objeto estudado, uma vez que, este, procura integrar-se no meio natural do fenómeno e adotando uma observação participante, procura a compreensão das complexas inter- relações entre tudo o que estuda. Verificando-se uma assunção da subjetividade numa valorização da sensibilidade do investigador, em que a compreensão do fenómeno só pode ser realizada a partir da sua integração no meio natural ao fenómeno estudado.

1.1.2 Investigação quantitativa

Apesar do estudo de caso ser uma estratégia de investigação, predominantemente, qualitativa, tal como referido anteriormente, privilegiando uma abordagem metodológica abrangente, iremos recorrer a uma investigação mista ou quali-quanti, uma vez que permite uma combinação, durante todo o processo de pesquisa, entre o método quantitativo e o qualitativo. Desta forma, analisar as linhas

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orientadoras da investigação quantitativa, uma vez que é nossa pretensão, complementar a recolha de dados, com recurso a técnicas, como a aplicação de inquérito por questionário.

A investigação quantitativa, valoriza a explicação causal dos fenómenos sociais e a consequente procura de leis explicativas dos mesmos, com base em provas empíricas retiradas da observação, da comparação e da experimentação, ou seja na existência de regularidades no fenómeno social e a possibilidade de deteção de indicadores objetivos que as exprimam. Desta forma, com referência ao Positivismo, “A abordagem positiva da sociologia pressupõe a produção de conhecimento acerca da sociedade com base em provas empíricas retiradas da observação, da comparação, da experimentação” (Giddens in Pardal e Lopes, 2011:21), adotando uma valorização no produto do trabalho realizado em detrimento do processo.

A investigação qualitativa, na sua análise, valoriza a ação social individual na criação das estruturas sociais, procurando a regularidade e a constância dos fenómenos estudados, “parte da premissa que toda a cultura ou sistema social tem um modo único para entender coisas e eventos. Essa cosmovisão afeta a conduta humana” (Sampieri et al, 2006:10). Assim, um estudo qualitativo procura compreender o seu fenómeno de estudo enquadrado no seu ambiente natural e, portanto “não pretendem generalizar de maneira intrínseca os resultados das populações mais amplas, nem necessariamente obter amostras representativas (sob a lei da probabilidade); não pretendem nem mesmo que seus estudos sejam replicados” (Sampieri et al, 2006:11).

A investigação quantitativa associada às ciências naturais que no desenvolvimento do seu trabalho recorrem a modelos matemáticos e estatísticos, coexiste com uma valorização do espírito científico na recolha e tratamento de dados, “associam aos experimentos, as pesquisas a questões fechadas ou aos estudos em que se empregam instrumentos de medição padronizados” (Sampieri et al, 2006:10). Desta forma, esta investigação é marcada por um isolamento do investigador em relação ao objeto estudado, numa preocupação com a neutralidade do investigador e, direcionando a investigação na procura de uma explicação do real através da procura de uma relação causal entre variáveis. Numa assunção de objetividade, em que o

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distanciamento face ao objeto estudado permite a explicação causal do fenómeno a partir do exterior.

1.1.3 Investigação Quali-Quanti: a triangulação de métodos e técnicas

Na expressão moderna acerca da investigação científica nas ciências sociais fala-se numa tradição dualista, uma vez que, apesar das diferenças marcantes existentes nestes métodos, “Independentemente da “guerra” de paradigmas e do seu valor, é inegável que, com o reconhecimento da sua especificidade e autonomia, é cada vez mais clara a importância de cada uma das estratégias de investigação em análise no campo social” (Pardal, 2011:29). Podemos dizer que a diferença não é sinónimo de incompatibilidade, isto porque a realidade social que se pretende estudar, assim como as próprias condições da investigação podem sugestionar a necessidade de complementaridade entre os dois métodos.

O estudo de caso baseia-se num modelo de análise intensiva de uma situação particular, “em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidência, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo” (Pardal, 2011:33), em que para que exista recolha e tratamento de dados é necessário, numa primeira instância, o desenvolvimento de preposições teóricas, ou seja, a criação de objetivos que, constituíram as linhas orientadoras base de todo o processo de investigação.

Segundo Uew Flick in Pardal (2011), a relação entre estes métodos pode evidenciar-se, ao nível da articulação nos planos de pesquisa, na combinação de dados qualitativos e quantitativos, na articulação dos resultados e na generalização da investigação. Portanto quando se refere à articulação nos planos de pesquisa quer dizer que ambos os métodos, em fases diferentes do processo de pesquisa, podem ser triangulados, confrontando-se os dados obtidos através dos dois métodos; na combinação de dados qualitativos e quantitativos refere-se ao facto da combinação poder ser orientada para a transformação de dados qualitativos em quantitativos e vice-versa; combinado a frequência de certas respostas em entrevistas e a mesma frequência de padrão de resposta em questionário, o que permite que um melhor conhecimento do fenómeno estudado; articulação dos resultados qualitativos e

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quantitativos também, a este nível, refere a combinação de resultados da entrevista e do questionário, podendo esta combinação ser direcionada com diferentes objetivos, no sentido de obter um conhecimento mais alargado ou validar mutuamente os resultados das duas abordagens; na generalização da investigação refere que, a este nível, torna-se mais difícil a combinação de métodos, pois esta generalização encontra-se tradicionalmente associada aos métodos quantitativos. Nesta perspetiva a grande diferenciação a ser feita é “quais os casos?” em que assenta a investigação e não “quantos casos?”.

Portanto Sampieri et al (2006), mostra que existe uma tendência para a fusão, o casamento quali - quanti, uma vez que através da convergência ou triangulação de dados, será possível um avanço no conhecimento, “A triangulação é complementar no sentido de sobrepor enfoques em uma mesma pesquisa mesclar diferentes facetas do fenómeno de estudo” (p. 12). Assim, poder-se-á realizar uma investigação com maior profundidade, agregando uma perspetiva mais completa, “verificação da existência de certos fenómenos e da veracidade de informações individuais através da recolha de dados a partir de um determinado número de informações e de fontes e comparação e confrontação subsequentes de uma afirmação com a outra, de forma a produzir um estudo tão completo e equilibrado quanto possível” (Guia de Estudos do Curso E811 da OU in Bell, 1993:96).