Tanto no desbravamento como no desenvolvimento dos mais variados países do globo, a zona costeira tem sido objeto de muitos interesses e conflitos. No Brasil, mais especificamente no litoral pernambucano, esta área também se tornou palco de grandes e permanentes interesses.
“.... a presença do mar, que torna os terrenos costeiros estruturalmente mais escassos (logo, em geral mais valiosos) que os da hinterlândia. Na costa brasileira, os usos urbano, industrial, portuário e turístico predominam como vetores básicos de ocupação.” 47
O Brasil possui 8.500 km de costa litorânea, o Estado de Pernambuco 187 km de extensão, abrange vinte e um municípios, constituindo assim o mais importante aglomerado populacional do Estado, onde concentra cerca de 44% de sua população (CPRH, 1999), resultando em uma grande e variada forma de exploração e ocupação. A zona costeira de Pernambuco é recortada por ambientes naturais de grande beleza. Quinze rios deságuam suas águas no Atlântico. A Grande Recife possui quatorze praias, representando mais de 30 km de litoral.
Pernambuco possui uma faixa litorânea que se estende de Goiana ao Norte, no limite com o Estado da Paraíba, até o município de São José da Coroa Grande, ao Sul, na divisa com o Estado das Alagoas. Foi dividido por setores: Norte, Centro e Sul. Essa região é caracterizada por mais de 30 praias, dentre
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elas, destaca-se a praia de Boa Viagem, portão de entrada do nosso Estado, como também as praias de Candeias e Piedade em Jaboatão dos Guararapes, as praias do Farol e Casa Caiada em Olinda, também as praias de Maria Farinha, a Ilha de Itamaracá e a de Fernando de Noronha. No Cabo de Santo Agostinho, destacam-se as praias de Gaibu e Calhetas, em Ipojuca, destacam-se as praias de Porto de Galinhas e Maracaípe, em Sirinhaém, as praias de Guadalupe, Tamandaré e Dos Carneiros, como também na divisa com Alagoas a Praia de São José da Coroa Grande.
FOTO1: Litoral de Pernambuco
Fonte: www.fidem.pe.gov.br, julho/2003
A região litorânea de Pernambuco está inserida na Zona da Mata e aborda segmentos de planícies recobertas por coqueiros que se intercalam com as praias, pontais e estuários de rios de margens largas e extensos manguezais forte atrativo turístico de nossa região. Este conjunto de elementos evidenciam a qualidade do lugar, conferindo-lhe assim uma particular vocação para a prática do lazer e turismo. Suas águas são calmas e de pouca profundidade, face à proximidade dos estuários dos rios, intercalando-se segmentos de mar aberto e praias protegidas por arrecifes e coroas.
Os estuários, predominantes neste trecho do litoral nordestino, constituem um ambiente que funciona como um mecanismo biológico impulsionado por agentes com características que se modificam a cada dia – correntes, ventos, marés, temperatura – que nutrem uma vasta fauna marinha. A destruição dos manguezais ocasiona sempre uma diminuição acentuada dos cardumes, com prejuízos evidentes para a indústria da pesca. A abundância de peixes nos mares se deve, em grande parte, à existência de uma costa recortada de enseadas e estuários. Considerando os manguezais e estuários como reservas biológicas permanentes, a preservação dos manguezais viria a construir uma atração turística de inigualável beleza de efeitos paisagísticos.
Mapa 2: Setorização Costeira
O litoral pernambucano foi dividido pela CONDEPE/FIDEM – Agência Estadual de Planejamento e Pesquisa do Estado de Pernambuco e pela SEPLANDES – Secretaria de Planejamento de Desenvolvimento Social (1999), em três segmentos: 1.º Setor - Litoral Norte, abrange os municípios de Paulista, Abreu e Lima, Igarassu, Itapissuma, Ilha de Itamaracá e Goiana; o setor 2.º - Núcleo Metropolitano, Olinda, Recife e Jaboatão dos Guararapes constituem o Litoral Centro, enquanto o litoral Sul, 3º Setor - está formado por Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca, Rio Formoso, Sirinhaém, Tamandaré, Barreiros e São José da Coroa Grande.
Esta divisão foi feita no intuito de facilitar os estudos inerentes a cada área, como também configuram as diversas formas de ocupação, produção e legado patrimonial.
Nestes últimos anos o litoral de Pernambuco vem consolidando-se como um promissor pólo de desenvolvimento competitivo, através de ações voltadas à valorização de seu ambiente natural e construído e de suas manifestações culturais, materiais e imateriais; ou, mais especificamente, a criação de condições e atrativos para os moradores e incrementando a visitação e um maior tempo de permanência dos visitantes no Estado. (FIDEM, 1999)
O Governo Federal, lançou em 1990 o projeto Costa Dourada, fruto de uma inserção mais significativa e promissora do turismo brasileiro na rota internacional. Compreende também uma intervenção no espaço territorial nordestino, através de um desenvolvimento integrado, voltado para a dinamização e consolidação da atividade turística. Tem como objetivo a criação de uma região de exploração intensiva do turismo, apropriando-se de suas potencialidades naturais existentes desde o litoral sul de Pernambuco até a porção norte das Alagoas.
O projeto Costa Dourada repousa sua estrutura básica na formulação de um plano de zoneamento que estabeleça uma ordenação espacial do território para possíveis intervenções. Foram assim explicitadas diretrizes gerais para a compatibilização e integração de linhas de atuação, variando em diversos níveis de intervenção, sua natureza e localidade dos projetos.
A busca pela preservação e valorização dos recursos e bens naturais, a ordenação e controle da ocupação urbana, a promoção das comunidades litorâneas e da população local, como também a promoção do desenvolvimento, do planejamento e implantação de empreendimentos e atividades turísticas também fazem parte de suas linhas de atuação.
Impulsionado pela Lei 6.523/77, o Governo do Estado de Pernambuco, por sugestão do seu órgão oficial de turismo, preparou uma legislação adequada para a preservação do seu Patrimônio Turístico, sob responsabilidade dos Poderes Executivos Estadual e Municipal. Para os efeitos dessa lei, foi declarado “Patrimônio Turístico de Pernambuco”:
I – as ilhas litorâneas, assim como a faixa paralela à orla marítima de todo o litoral pernambucano;
II – os parques ou reservas estaduais e federais;
III – as faixas ao longo das rodovias estaduais e federais, mesmo que estejam fora da jurisdição do Departamento de Estradas de Rodagem – DER, bem como as estradas que venham a ser mencionadas no regulamento desta Lei;
IV – as faixas ao longo das ferrovias;
V – as margens dos canais e rios navegáveis, assim como as respectivas ilhas;
VI – as margens e ilhas de represas públicas;
VIII – outras áreas, pontos, centros e rotas que, por características especiais ou peculiares sejam ou venham a ser declaradas de interesse turístico pelo órgão competente.