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PARTE II – ESTUDO METODOLÓGICO

CAPÍTULO 2. METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

2.1. OPÇÕES METODOLÓGICAS

Esta investigação compreendeu cinco fases. Uma primeira, que corresponde à

construção de um quadro teórico e concetual. Caraterizaram-se as NEE e as DID, com

base na literatura da especialidade. Fez-se, ainda, uma revisão sobre a importância da

alimentação na promoção da saúde. Como se revelou, são escassos os estudos que

caraterizam os comportamentos alimentares de crianças com DI.

A segunda fase procurou caraterizar os hábitos alimentares das alunas e as práticas de

higienização social das mãos antes e após a refeição, além das normas socialização à

mesa durante uma refeição. Nesta fase, foram também avaliados os dados

antropométricos dos sujeitos estudados, registando-os numa tabela.

Na terceira fase, foi concebida e implementada uma intervenção didática de capacitação

dos sujeitos participantes no estudo. Nesta fase, planificámos atividades a desenvolver

em espaço escolar e na comunidade. Foram também definidas estratégias a adotar. Após

a conceção das sessões delineámos um cronograma que foi sujeito a alterações, no

decurso do projeto, em consequência de acontecimentos inicialmente não previstos. A

implementação da sequência didática aconteceu entre fevereiro e maio de 2014.

Por fim, numa quarta fase, desenvolveu-se um novo ciclo de observação, que se

prolongou até sete dias após a finalização da sequência didática de capacitação. Os

novos registos dos comportamentos observados permitiram a inferência da avaliação do

impacto da sequência didática.

A conceção de um programa ou de uma ação de melhoramento e a eficácia da sua

implementação dependem, essencialmente, do conhecimento e da compreensão da

realidade que forma o terreno social de aplicação. Nesse sentido, procurámos caraterizar

as atitudes e as rotinas, em refeitório escolar, no período de almoço, percebendo os

hábitos alimentares e os comportamentos das alunas objeto de estudo.

Por esta razão, privilegiámos um contexto de descoberta, enquanto ponto de partida,

num processo indutivo exploratório. A pergunta pivô –Em que medida um programa de

capacitação das alunas com DI influencia a alteração das suas práticas alimentares,

em ambiente escolar? – dirigiu-nos a uma abordagem metodológica que possibilitasse

um estudo situacional, que se prende com o diagnóstico de um problema num

determinado contexto e que procura a sua resolução, nesse mesmo contexto (Sousa,

2005).

A escolha da metodologia teve na base um processo de construção do pensamento e dos

significados, que decorresse em ambiente natural e de modo descritivo, e permitisse

aumentar a autoestima, reforçando a motivação profissional e a reflexão sobre as

práticas. Pareceu-nos, por isso, que a I-A seria a opção mais adequada, em que o

investigador-professor (Alarcão, 2001) se envolve num questionamento crítico e na

reflexão sobre o processo de ensino e de aprendizagem, podendo, desse modo, verificar

a eficácia das suas práticas educativas (Oliveira-Formosinho & Formosinho, 2008).

Segundo definiu Elliot (1997, p. 69),

action research might be defined as the study of a social situation with a view to

improving the quality of action with it. It aims to feed practical judgment in

concrete situation, and the reality of the theories or hypotheses it generates

depends not so much on scientific tests of truth, as on their usefulness in helping

people to act more intelligently and skilful.

Carmo e Ferreira (1998,p. 210) comungam desta ideia, para quem o objetivo da I-A é:

é resolver problemas de caráter prático, através do emprego do método científico.

A investigação é levada a cabo a partir da consideração da situação real e não tem

como objetivo a generalização dos resultados obtidos e, portanto, o problema do

controlo não assume a importância que apresenta noutras investigações. A sua

principal finalidade é a resolução de um dado problema para o qual não há soluções

baseadas na teoria previamente estabelecida.

Este processo reveste-se de uma caraterística cíclica, o que lhe dá um provimento em

espiral, em quatro passos (Kemmis & McTaggart, 1988): a planificação; a

implementação; a observação e a recolha de informação; e a reflexão e o

desenvolvimento de uma nova ação reformulada com base no feedback adquirido. A

análise e as conclusões acerca dos resultados encontrados devem permitir um segundo

ciclo de intervenção, mais ajustado ao plano inicial, que se coloca de novo em prática, e

a assim sucessivamente, até à otimização dos resultados.

Neste estudo procurámos não olvidar as objeções que são elaboradas no que diz respeito

às fragilidades da I-A, relativamente ao risco da diluição das fronteiras entre a

investigação e a ação. De modo abonatório, Bogdan e Biklen (2003, p. 287), descrevem

e analisam esta realidade complexa considerando que se

requer que os investigadores desenvolvam empatia para com as pessoas que fazem

parte do estudo e que faça esforços concertados para compreender vários pontos de

vista. O objetivo não é o juízo de valor, mas antes o de compreender o mundo dos

sujeitos e determinar como e com que critério eles o julgam.

Para além do exposto, as opções metodológicas tiveram como critério o facto de se

estudar uma problemática relacionada com a atividade quotidiana da investigadora,

estando diariamente envolvida com os sujeitos. Coutinho (2011) alerta, por isso, que um

conhecimento “objetivo” no sentido positivista do conceito, será impossível com a I-A.

Todavia, o conhecimento elaborado não deixa de ser um conhecimento válido, na

medida em que se tem consciência da influência da “tradição” na sua interpretação o

que faz com que o investigador apresente maior abertura de espírito no momento de

interpretar a informação recolhida. Defende, na continuação, que este processo torna o

investigador mais lúcido e, consequentemente, aberto a outras perspetivas.

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