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4.1 FASE 1 – AS COPS E A GESTÃO DO CONHECIMENTO

4.1.1 CoP de métodos ágeis

4.1.1.2 Operacionalização

Segundo o entrevistado 2, a interação dos membros da CoP acontece nos treinamentos e nas reuniões. Nos treinamentos, de acordo com suas palavras, o conhecimento que não existe na empresa é obtido em livros e outras empresas para ser disseminado. O mesmo entrevistado disse que nas reuniões do time da CoP, as pessoas conversam sobre as ideias e ajudam times de projetos com dúvidas. Durante observação realizada em uma sessão do treinamento e em uma reunião, pôde-se observar o formato desses dois momentos. O treinamento consiste na apresentação dos tópicos da teoria sobre métodos ágeis, os quais são intercalados com sessões de dinâmica de grupo para demonstração dos temas abordados.

Durante a reunião observada, identificou-se a participação de um desenvolvedor com o intuito de esclarecer dúvidas e pedir assistência em adotar os novos processos. Várias ideias surgiram nessa reunião para que o desenvolvedor conseguisse adotar os métodos ágeis e ultrapassar os obstáculos por ele apresentados.

Os entrevistados relataram que várias ferramentas são utilizadas para suportar a interação entre os membros, principalmente e-mail, Yammer, Microsoft Sharepoint, mensagens instantâneas, blog, teleconferência e videoconferência. Segundo o entrevistado 2, a vídeo conferência foi utilizada somente na tentativa de globalizar a CoP, com pessoas interessadas dos Estados Unidos. Segundo o entrevistado 1, o Yammer é uma rede privada de micro blogging, parecida com o Twitter, para a troca de mensagens curtas entre os funcionários de uma empresa, sendo restrita a estes. Já o Microsoft Sharepoint é uma plataforma colaborativa da Microsoft, que permite aos usuários a rápida criação de portais para colaboração, gerência de conteúdo e disseminação de informações (MICROSOFT, 2010).

Segundo o entrevistado 1, a CoP realiza reuniões semanais com duração de uma hora cada. Essa reunião conta com o time central, de quatro pessoas. Outras reuniões são marcadas com esse time por desenvolvedores que não participam diretamente da CoP, como no caso anteriormente mencionado, em que o desenvolvedor buscou o auxílio da COP para tirar dúvidas acerca da adoção das metodologias ágeis. Acontecem também treinamentos a cada três meses, onde a CoP tem a oportunidade de disseminar o conhecimento da adoção de métodos ágeis, treinando os funcionários da empresa.

Ambos os entrevistados afirmaram que existe confiança entre os membros da CoP. Segundo eles, durante as reuniões e mesmo durante os treinamentos, as pessoas não têm medo de expor suas dúvidas e questionamentos diante do que é apresentado. Na observação de uma sessão de treinamento, pôde se constatar que, de fato, a maioria dos participantes não têm medo de questionar as práticas apresentadas, e que isso é encorajado durante esses treinamentos. O entrevistado 1 também relatou esse comportamento:

Existem discussões interessantes durante o treinamento. Existe muita controvérsia entre o waterfall versus métodos ágeis. Então, no treinamento, é o momento que isso aflora mais, porque, enfim, são colocados assuntos, um tanto quanto polêmicos, nesses casos de controle de custos, qualidade do software entregues, por exemplo, o que é realmente entregue, e o que não é entregue, por que projetos são cancelados. Então, aí, os ânimos, não digo se exaltam muito, mas tu vê certas resistências de um lado e do outro. O bom da história é que, realmente, eles conseguem falar suas opiniões sem medo de represália.

O entrevistado 1 afirmou que a maior dificuldade da CoP é a dificuldade cultural das pessoas entenderem o valor e o benefício pessoal que uma CoP pode trazer. O entrevistado também mencionou a falta de um incentivo mais formal da gerência para a participação dos funcionários. A esse respeito, o entrevistado 2 relatou que falta apoio financeiro e apoio gerencial, que as pessoas não conseguem perceber o valor de participar de uma CoP e que falta reconhecimento por parte da empresa. Ambos os entrevistado afirmaram que uma dificuldade é que todas as atividades estão concentradas no time central, sendo que não existe uma participação efetiva dos outros membros.

A seguir, apresentar-se-á um quadro resumo com a posição dos entrevistados quanto à operacionalização da CoP de métodos ágeis. Os aspectos abordados incluem interação, ferramentas, frequência das interações, confiança e dificuldades. O aspecto interação também inclui as principais ferramentas utilizadas para interação. Se destaca nessa CoP a participação apenas do time central nas atividades.

Aspecto Posição dos entrevistados

Interação Através de reuniões, treinamentos e Yammer. Ferramentas E-mail, Yammer, Microsoft Sharepoint,

mensagens instantâneas, blog, teleconferência e videoconferência. Frequência das

interações

Semanal para reuniões, trimestral para treinamentos.

Confiança Existente.

Dificuldades Pouca participação dos interessados, pouca valorização pelos interessados, falta de incentivo formal da gerência, concentração das atividades no time central, falta de apoio financeiro, falta de reconhecimento pela empresa.

Quadro 10 – Operacionalização da CoP de métodos ágeis

Dos fatores de que dependem a boa comunicação entre os membros (ARDICHVILI; PAGE; WENTLING, 2003; BOGENRIEDER; NOOTEBOOM, 2004; ROBERTS, 2006; ZBORALSKI, 2009), pode se dizer que existe confiança entre os membros, o que é evidenciado pela liberdade com que as pessoas expõem suas dúvidas e questões durante as reuniões e treinamentos. Segundo Wenger et al. (2005), essa confiança é esperada em CoPs,

sendo gerada e experimentada pelos membros individuais, constituindo, assim, um ponto a ser valorizado na CoP em questão, conforme será discutido posteriormente.

Coakes (2006) cita e-mail, mensagens instantâneas e videoconferência como ferramentas para promover a comunicação entre os membros. A CoP de métodos ágeis conta com todas essas ferramentas além de blog e microblogging. O microblogging, inclusive, é uma ferramenta emergente bastante utilizada pela CoP em detrimento de outras mais clássicas, demonstrando uma mudança nos padrões da interação previstos na literatura. No entanto, apesar de todas essas ferramentas, percebe-se que a CoP não consegue alcançar a adesão de outras localidades – e tornar-se, assim, globalizada – e conta com a participação ativa apenas do time central. Isso pode ser explicado pela falta de motivação das pessoas em participar da CoP por não verem o valor agregado por ela, como citado pelo entrevistados. Outra possibilidade são possíveis falhas na comunicação entre os participantes da CoP, pode se questionar, por exemplo, se os participantes que não pertencem ao time central compreendem que se espera deles uma participação mais ativa na CoP.