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2 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA BRASILEIRA: DEFINIÇÕES, REFORMAS E

2.8 Orçamento na Universidade Federal da Paraíba

2.8.1 Orçamento dos Centros de Ensino

A distribuição orçamentária realizada pela UFPB, como podemos observar acima, é de responsabilidade da PROPLAN e, diferentemente do Ministério da Educação, que vem buscando implantar desde 1991 uma distribuição dos recursos orçamentários realizada através de adoção de modelos lógicos que possibilitem a utilização de critérios mensuráveis para a alocação dos recursos entre as Universidades, não podemos fazer a mesma constatação na estrutura interna da UFPB.

Após buscas por documentos, leis, instruções ou manuais e após visitas realizadas à PROPLAN, constatamos que a distribuição dos recursos orçamentários dentro da UFPB é realizada, ainda nos dias atuais, sem adoção de uma metodologia embasada em cálculos matemáticos lógicos.

Podemos inferir ainda que o critério utilizado atualmente para a distribuição do orçamento dessa instituição leva em consideração uma memória de cálculo das distribuições orçamentárias passadas, criada na gestão de Rômulo Polari, conforme informação levantada nas pesquisas realizadas que foi corroborada pela entrevista realizada com um dos Gestores Universitários, conforme poderemos constatar no Capítulo 5 desta dissertação.

Assim, essa metodologia vem sendo aplicada há décadas, sofrendo leves reajustes percentuais de um exercício para o outro, tanto para mais como também para menos. Destarte, podemos imaginar que alguns Centros de Ensino possam ter tido seu montante de recursos prejudicados, tendo em vista que, por exemplo, se em algum centro houve um crescimento seja em número de cursos noturnos, seja em número de discentes ingressantes, a sua parcela do orçamento não acompanhou esse crescimento, uma vez que ela foi pré-fixada numa memória de cálculo realizada há décadas.

No entanto, a PROPLAN elaborou um modelo de Matriz Orçamentária e, em novembro do exercício de 2017, apresentou para os Gestores Universitários da UFPB, através do Conselho Técnico Administrativo (CTA).

A Matriz OCC da UFPB é resultado de uma parceria firmada entre a PROPLAN e a Superintendência de Tecnologia da Informação (STI), que resultou na criação de um grupo de trabalho denominado Grupo de Trabalho Matriz Orçamentária UFPB – GT – OCC que teve como referência o modelo da Matriz OCC MEC/ANDIFES.

A Matriz OCC da UFPB, que é uma cópia da Matriz ANDIFES, teria como objetivo padronizar a metodologia dos repasses orçamentários realizados pela instituição para os Centros de Ensino, porém esse modelo de matriz está aguardando ser apreciado pelos membros do Conselho Universitário (CONSUNI) para assim poder passar a ser adotado de forma definitiva pela PROPLAN.

Foi considerada e analisada a criação desse modelo como um importante passo para uma distribuição mais racional e transparente dos recursos orçamentários, embora saibamos que a princípio terão Centros de Ensino que sairão prejudicados, tendo em vista que terão seus orçamentos reduzidos e que a PROPLAN tem que levar em consideração essas particularidades que vão acontecer no início da implantação da matriz OCC na UFPB.

Apresentamos, a seguir, a distribuição do orçamento interno para as Unidades Gestoras da UFPB, realizado pela PROPLAN. Os dados apresentados foram extraídos de resoluções do CONSUNI dos respectivos exercícios financeiros.

Gráfico 4: Repasse Orçamentário para os Centros de Ensino do Campus I da UFPB.

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da ANDIFES/MEC.

Ao observar o gráfico acima, podemos constatar que até o exercício de 2015 os Centros de Ensino vinham mantendo uma tendência de evolução ascendente significativa no que diz respeito ao repasse dos recursos orçamentários, tanto que, no período de 2013 a 2015, os valores repassados chegaram a alcançar a marca de crescimento de 91%.

Contudo, a partir do exercício de 2016, podemos observar uma mudança de cenário drástica na distribuição dos recursos. Conforme o gráfico acima, observa-se que o montante dos recursos do exercício de 2016 quase se equipara ao mesmo repasse realizado em 2013. E, a partir de 2016, vemos o cenário nada promissor para a manutenção dos Centros de Ensino.

Contudo, ainda assim, os recursos orçamentários detalhados para os Centros de Ensino, quando se encaminha para próximo do dia 31 de dezembro, que é quando se encerra o exercício orçamentário e financeiro da Administração Pública brasileira, observamos que uma parte desses recursos está sendo estornada pelos órgãos internos da UFPB responsáveis pela Gestão Orçamentária e Financeira devido à não utilização por parte das unidades responsáveis.

Por meio de consulta realizada através do Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), nos exercícios de 2018 e 2017, utilizando a função do “>conrazao”, levantamos os saldos estornados em cada um dos 12 Centros de Ensino nos seguintes elementos de despesas: 339014, 339030, 339033,

339036, 339039, 339147, 449052. A seguir, apresentamos o gráfico com o resultado do montante.

Gráfico 5: Devolução de Recurso Orçamentário

Fonte: Siafi (2019)

Ao comparar o total dos recursos que foram alocados para os Centros de Ensino, nos exercícios de 2017 e 2018, em alusão ao não executado, chegamos a uma margem percentual da ordem de 4% para os dois exercícios em questão. Pelos dados levantados, constatamos que, no exercício de 2017, os elementos de despesa que menos recursos executaram foram os 339014 e 339039. A soma dos seus saldos perfaz um total de 90% do que foi estornado. Já em 2018, a maior concentração de recursos não executados foi em um único elemento de despesa, o 339014, que concentrou quase 90% desse resultado ineficiente.

Contudo, vale salientar que a análise ora realizada foi baseada em recursos de fonte do Tesouro Nacional extraídas via Siafi de forma manual. Ressaltamos ainda que optamos em expor a visão macro desses números tendo em vista não criar especulações e comparações que não cabem como objeto desta pesquisa, uma vez que, para isso, deve-se ter maiores critérios para analisar o porquê das devoluções, quais fatores contribuíram para esse fato ocorrer.

Entretanto, analisando de forma macro, ao nosso ver, os nossos Gestores Universitários estão ofertando para o MEC e para o MPOG (atual Ministério da Economia) uma leitura de que o Crédito Orçamentário destinado através da Matriz OCC, cuja finalidade precípua é a manutenção das IFES, conforme já pudemos observar no tópico 2.7 deste Capítulo, é mais do que o suficiente para manter as unidades acadêmicas e administrativas do Campus I da UFPB, tendo em vista que, pelo segundo ano consecutivo, os Centros de Ensino estão devolvendo, em média, 4% do recurso orçamentário destinado.