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Orçamento Público e Execução Orçamentária para HU´s

1 INTRODUÇÃO

2.2 OS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS

2.2.2 Orçamento Público e Execução Orçamentária para HU´s

O orçamento público é um instrumento de planejamento, controle e execução das finanças públicas. Atualmente seu conceito está diretamente conectado à previsão de receitas e fixação das despesas dos órgãos públicos. No Brasil, o orçamento público possui estimativas das receitas e autorização para realização de despesas da administração pública direta e indireta em um determinado exercício, que coincide neste caso, com o ano civil. Desta forma, o Orçamento Público é o documento ou conjunto de documentos contendo a previsão de receitas e despesas de um governo em determinado exercício.

A Constituição da República Federativa do Brasil alicerça todo o ordenamento jurídico orçamentário. De acordo com o artigo 165, que trata do estabelecimento do orçamento pelo Poder Executivo como segue: “Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II - as diretrizes orçamentárias; III - os orçamentos anuais”.

A origem do orçamento advém desde o período de transição do mercantilismo para o liberalismo. Inicialmente, o orçamento vinculou-se às reivindicações da burguesia, que

buscava a limitação dos poderes do soberano que durante o absolutismo era visto como fonte de poder absoluto, divino, acarretando que a vontade do rei se confundia com o próprio ordenamento normativo (BALEEIRO, 1984).

O orçamento apresenta-se como um método utilizado pela administração para coordenar as despesas e receitas públicas, impingindo-lhe organização e possibilitando um panorama geral dos negócios públicos, bem como a avaliação e a correção do emprego dos recursos públicos. Fato é que a origem do orçamento, como já demonstrado no parágrafo anterior, não se deu a partir de um olhar financeiro contemporâneo, que é marcado pela técnica e racionalidade financeiras. Sua origem deve-se ao poder de tributar e este, tem seu berço na chamada cúria régia dos povos europeus que se tratava de um conselho de nobres e sacerdotes que assistiam o monarca em certas resoluções importantes de interesse coletivo (BALEEIRO, 1984).

Por serem mantidos por repasses da união através de seus ministérios, os hospitais universitários federais possuem natureza administrativa pública. Contudo, por se tratarem de hospitais federais o maior montante de recursos têm origem no orçamento público federal repassado pelos Ministérios da Educação e da Saúde.

Por outro lado os hospitais privados são mantidos principalmente por receitas diretas originadas do pagamento pelo tratamento realizado aos pacientes. Nos HU´s parte do faturamento é reflexo do número de atendimentos realizados - os repasses do Ministério da Saúde aumentam de acordo com o número de pacientes atendidos. Enquanto que nos hospitais de natureza administrativa pública, gastar todo o orçamento recebido repercute em capacidade futura de atendimento e em eficiência, nos hospitais de natureza administrativa privada, a eficiência é reflexo de economia financeira e maximização de lucros. O escopo do hospital público é gastar tudo que recebe, o do hospital privado não.

Os hospitais universitários federais são instituições integrantes da administração indireta do governo federal, dotados de personalidade jurídica de direito público, sem fins lucrativos, criados em virtude de autorização legislativa para o desenvolvimento de atividades de interesse público, propostos por lei específica e regulamentados por decretos, independentemente de qualquer registro e possuindo ainda autonomia administrativa e financeira. Sua execução orçamentária, objetiva apenas obter

recursos para alcançar seus fins sociais, limitando-se a atividade econômico- financeira ao recebimento desses recursos e ao pagamento de despesas e compromissos (PEIXE, 2003).

Nos hospitais universitários a execução orçamentária ocorre concomitantemente com a financeira, uma vez que as execuções, tanto orçamentária quanto a financeira, estão atreladas uma a outra. Existindo orçamento e não havendo financeiro, não poderá ocorrer a despesa, de forma contrária havendo recurso financeiro, mas não existindo uma estimativa orçamentária, o valor não pode ser utilizado. Desta maneira não há que se falar em disponibilidade orçamentária.

Desta forma, pode-se definir execução orçamentária como sendo a utilização dos créditos disponibilizados através da Lei Orçamentária Anual (LOA), enquanto a execução financeira representa a utilização de recursos financeiros, visando atender a realização dos projetos e/ou atividades atribuídas às unidades orçamentárias pelo orçamento.

É oportuno apontar a distinção entre as palavras crédito e recurso, quando se referir ao orçamento. A primeira designa o lado orçamentário e a segunda, o lado financeiro. Logo crédito é a dotação ou autorização de gasto ou sua descentralização e o recurso é o dinheiro ou saldo de disponibilidade bancária.

Uma vez publicada a LOA, observadas as normas de execução orçamentária e de programação financeira para o exercício e lançadas as informações orçamentárias, cria-se o crédito orçamentário e a partir daí tem-se o início da execução orçamentária propriamente dita.

A execução do orçamento é realizada por meio da execução das despesas públicas previstas no mesmo. Ressalta-se que para a utilização desse crédito é necessária sua autorização pelo poder legislativo e que sejam seguidos à risca os três estágios da execução das despesas previstos na Lei nº 4.320/64, isto é: o empenho, a liquidação e o pagamento.

O empenho é o primeiro estágio da despesa e pode ser conceituado como sendo o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento, pendente ou não de implemento de condição. Nele se registra o

comprometimento da despesa orçamentária obedecidos os limites estritamente legais, bem como os casos em que se faça necessário o reforço ou a anulação desse compromisso.

É no segundo estágio da execução da despesa que é cobrada a prestação dos serviços ou a entrega dos bens ou ainda, a realização da obra, evitando dessa forma, o pagamento sem o implemento de condição. O segundo estágio da despesa pública é a liquidação que consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito, ou seja, é a comprovação de que o credor cumpriu todas as obrigações constantes do empenho.

O último estágio da despesa é o pagamento que consiste na entrega de pecúnia ao credor do Estado extinguindo dessa forma o débito ou obrigação. Esse procedimento normalmente é efetuado pelo setor de orçamento ou setor de finanças ou pela tesouraria, que deve ter como favorecido o credor do empenho. O pagamento normalmente é efetuado por meio de crédito em conta bancária do favorecido. Se houver importância paga a maior ou indevidamente, sua reposição aos órgãos públicos deverá ocorrer dentro do próprio exercício.

Todo esse processo deve ocorrer observando estritamente os princípios constitucionais orçamentários bem como aqueles que regem a Administração Pública, dentre eles a moralidade, a publicidade e a eficiência, de modo que o interesse público seja sempre garantido.