• Nenhum resultado encontrado

2.3. MEDIÇÃO DE DESEMPENHO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

2.3.2. Orçamento Participativo

É de interesse dos cidadãos induzir os políticos a melhorarem o seu próprio bem-estar, porém esbarram na burocracia ou, até mesmo, nos méritos particulares. Para Carlos et al. (2008) não há meios efetivos de informação sobre o que se passa na administração pública, e os canais existentes para que os cidadãos façam ouvir suas reivindicações ainda não são adequados. Essa situação, segundo os autores, agrava a margem de insatisfação popular para com os serviços e políticas públicas, bem como aumenta a desconfiança sobre como são geridos os recursos públicos.

Para Dalehite (2008), opiniões são consideradas instrumentos para aumentar a participação do cidadão e da equidade, estabelecer prioridades orçamentárias, responsabilizar o governo pelos resultados, alcançar a eficácia do programa, e por obter informações sobre a experiência dos cidadãos, suas percepções e avaliações subjetivas a respeito dos serviços recebidos.

Isso pode ser observado no trabalho de Fitzgerald e Durant (1980) que indica que tanto por razões democráticas e utilitárias, as avaliações de cidadãos dos serviços municipais têm atraído a uma atenção considerável. No artigo “Citizen Evaluations and Urban Management: Service Delivery in an Era of Protest”, os autores argumentam que tais avaliações podem desempenhar um papel significativo na administração municipal. Um modelo do processo de avaliação e resposta do serviço pelo cidadão é apresentado e testado com dados recolhidos a partir de uma pesquisa dos cidadãos urbanos. Três grandes implicações desta pesquisa para gestores públicos responsáveis pela prestação de serviços urbanos essenciais são delineadas. Essas implicações incluem: (i) há uma pressão contínua para a entrada direta dos cidadãos no processo administrativo, pois os cidadãos acreditam que possam acessar um mecanismo para remediar os erros; (ii) ao tentar lidar com a insatisfação de serviços, estratégias de segmentação em determinados grupos socioeconômicos para o tratamento compensatório pode ser ineficaz; e (iii) se uma agência municipal apresentar desempenho ideal, mas os cidadãos tiverem opinião oposta, uma explicação dos fatos ao público, por meio de canais de comunicação pode ser a única opção disponível para atenuar percepções negativas.

Johnsen (2005) considera que os indicadores de desempenho têm diversas funções para diferentes partes interessadas, sobre o ciclo de vida de uma política pública. O autor coloca que a busca por melhores indicadores é um esforço contínuo. Parks (1984) apresenta em seu artigo que as tentativas de vincular medidas objetivas e subjetivas de prestação de serviços devem ser informadas, por uma compreensão conceitual de como elas podem ser relacionadas. Tal concepção foi apresentada e explorada usando indicadores objetivos e subjetivos de um aspecto de serviços: a rapidez de resposta da polícia. Ao invés de encontrar pouca ou nenhuma ligação, indicadores objetivos e subjetivos, conceitualmente si ares, foram encontrados para serem associados estatisticamente.

Os governos locais fazem uso crescente de pesquisas de opinião como parte de seu processo de gestão. Mesmo à luz de uma crescente literatura sobre sua

utilização e interpretação, perguntas significativas permanecem no que diz respeito à utilidade destes dados para os tomadores de decisão. Wilson (1983), com referência específica à perguntas sobre o tamanho e a distribuição de um orçamento hipotético, estudou a preferência expressa pelos entrevistados, no contexto de dados provenientes de duas comunidades diferentes, em dois momentos diferentes. Primeiramente é feita uma tentativa de estimar a frequência da expressão de preferências sinceras para passar preferências do público que são acompanhadas por uma vontade de pagar impostos adicionais, a fim de obter bens ou serviços públicos adicionais. Argumenta-se no artigo que cerca de dois terços ou mais das exigências de serviço adicional expressa em uma pesquisa entre a população em geral constituem preferências sinceras.

Devido à crescente demanda para a participação cidadã em processos de decisão pública, alguns municípios estão implementando orçamento participativo, permitindo aos cidadãos participar na elaboração de decisões locais. O nível de envolvimento dos participantes pode ser decidido pelas autoridades que realizam o processo do orçamento participativo (GOMEZ et al., 2013).

Watson et al. (1991) aplicaram um estudo de caso na cidade de Auburn, no estado americano do Alabama, com o uso de pesquisas de opinião na tomada de decisão governamental. A análise dos autores desse caso indica uma relação positiva entre os resultados da pesquisa e as prioridades do Conselho Municipal de cidadãos e leva à conclusão geral favorável que uma pesquisa-cidadão institucionalizada pode fornecer um mecanismo produtivo a incorporar a participação dos cidadãos de forma eficiente e produtiva nos processos do governo local.

Gomez et al. (2013) acrescenta que orçamentos participativos estão se tornando cada vez mais populares em muitos municípios em todo o mundo. A ideia subjacente é permitir que os cidadãos participem na atribuição de um orçamento municipal. Muitas vantagens têm sido sugeridas para tais experiências, incluindo mais informações e decisões transparentes.

Se todos os eleitores são bem informados sobre as atividades financeiras de seus governos locais, eles podem fazer os políticos locais responsáveis. Os políticos locais, por sua vez, sabem que sua reeleição depende apenas da avaliação positiva dos eleitores, sendo assim, eles deverão tentar ser transparentes e eficazes. O sistema de orçamento a participação cidadã pode garantir institucionalmente disposição da informação suficiente e oportuna (KIM, 2014).

No Brasil, porém, essa solução não pode simplesmente ser adotada devido a grande diferença no nível de informação e na maturidade dos eleitores nos diversos estados brasileiros. No município em estudo não é praticada a Lei Municipal n° 1698 de 23 de dezembro de 1997, que dispõe sobre a participação popular na elaboração da LDO, do PPA, do Orçamento anual e cria o Conselho Municipal do Orçamento Participativo. Dessa forma, não há como utilizar da opinião da população para estudo para o orçamento, até que o País assuma uma maturidade política mais condizente aos ideais políticos, e com maturidade percebida si ar aos países desenvolvidos.

Documentos relacionados