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Modelamento e prospecção de pegmatito com aplicação de Radar de Penetração no Solo

4.1. Estratigrafia

O Orógeno Araçuaí é formado por rochas metassedimentares e metaígneas neoproterozóicas, com embasamento arqueano a mesoproterozóico. Seu mapa geológico e a coluna estratigráfica com suas principais unidades litológicas são apresentados na Figura 15.

Figura 15. Mapa geológico e coluna estratigráfica do Orógeno Araçuaí. Fonte: Pedrosa-Soares et al. (2007).

4.1.1. Embasamento

O embasamento do Orógeno Araçuaí (Almeida et al., 1981) engloba complexos granito- gnáissicos arqueanos, suítes anorogênicas e as rochas metassedimentares da Bacia Espinhaço, aberta pela Tafrogênese Estateriana entre o Paleo e o Mesoproterozóico (Brito-Neves et al., 1996; Dussin, 2000; Heilbron et al., 2004; Martins-Neto, 1998; Martins-Neto et al., 2001; Noce et al., 2007; Schöll e Fogaça, 1979; Uhlein et al., 1995).

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4.1.2. Bacia Precursora Macaúbas-Salinas

Um segundo rifteamento se superpôs à Bacia Espinhaço no Neoproterozóico (Uhlein et al., 1995) e gerou a Megassequência Macaúbas-Salinas (Martins-Neto et al., 2001). Durante a abertura e com contribuição glacial (Karfunkel e Hoppe, 1988), sedimentou-se o Grupo Macaúbas. A essa etapa, seguiu-se magmatismo bimodal (Suíte Salto da Divisa) e máfico a ultramáfico (como a Suíte Pedro Lessa e algumas fácies do Grupo Macaúbas), o que indica geração de crosta oceânica e evolução do rifte para margem passiva (Alkmim et al., 2006; Aracema et al., 2000; Pedrosa-Soares et al., 2008, 2007, 2001, 1998, 1992; Queiroga, 2010). Já nesse novo regime, depositaram-se os Complexos Jequitinhonha e Paraíba do Sul, a Formação Salinas e o Grupo Dom Silvério, que receberam, ainda, sedimentos oriundos do Orógeno que se erguia (Gonçalves-Dias et al., 2011; Pedrosa-Soares et al., 2001; Santos et al., 2009).

4.1.3. Bacias Orogênicas

A sedimentação e o vulcanismo nas bacias orogênicas de antearco e retroarco e a seção supracrustal e vulcanossedimentar do Orógeno Araçuaí correspondem ao Grupo Rio Doce e ao Complexo Nova Venécia (Noce et al., 2004; Pedrosa-Soares et al., 2006; Vieira, 2007).

4.1.4. Supersuítes Graníticas

O plutonismo orogênico associado ao Orógeno Araçuaí é organizado em cinco supersuítes, conforme o estágio evolutivo da orogenia em que o magmatismo ocorreu. A Supersuíte G1, pré-colisional, é composta por granodioritos e tonalitos do tipo I. A Supersuíte G2 corresponde à fase sincolisional, e contém predominantemente granitos do tipo S e, subordinadamente, do tipo I. A Supersuíte G3 é formada por leucogranitos originados da refusão das rochas da Supersuíte G2, no período tardi a pós-colisional. Do mesmo estágio, a Supersuíte G4, do tipo S, está relacionada ao colapso do Orógeno. A Supersuíte G5, dos tipos I e A2, é composta por granitos, granodioritos, charnockitos e gabronoritos pós-colisionais (Bayer et al., 1987, 1985; Campos et al., 2004; Heilbron et al., 2004; Marshak et al., 2006; Pedrosa-Soares et al., 2011, 2007, 2006; Pedrosa-Soares e Wiedemann-Leonardos, 2000; Whittington et al., 2001).

4.2. Evolução Tectônica

A análise cinemática de Alkmim et al. (2006) é a mais aceita atualmente para a evolução do Orógeno Araçuaí. Dividido em cinco fases, o modelo tem o nome Tectônica de Quebra- Nozes, devido à rotação, em torno de um eixo localizado no Aulacógeno do Paramirim, da

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Modelamento e prospecção de pegmatito com aplicação de Radar de Penetração no Solo península sanfranciscana, sem rompimento da conexão com o continente congolês pela ponte cratônica Bahia-Gabão (Figura 16). Esse processo foi induzido pelas tensões resultantes das colisões entre os blocos São Francisco-Congo, Paranapanema e Kalahari (Prave, 1996; Seer et al., 2001; Silva et al., 2005; Valeriano et al., 2004).

Figura 16. Estágios evolutivos do Orógeno Araçuaí. a) Bacia precursora Macaúbas (800Ma); b) Início do fechamento da bacia (600Ma), induzido pela construção da Faixa Brasília; c) Edificação do arco magmático (570); d) Escape

lateral e colapso do Orógeno (500Ma). Fonte: Alkmim et al. (2006).

O modelo parte da abertura da Bacia Macaúbas. Por volta de 800Ma, o rifte havia se propagado e expandido para sul, o bastante para gerar um pequeno oceano. A partir da etapa seguinte, teve princípio a construção do Orógeno Araçuaí, com o magmatismo, o metamorfismo e a deformação associados a cada momento de sua evolução. Em 625Ma, a bacia passou a se fechar e começou a fase de acresção e inversão tectônica nas bordas cratônicas. Entre 585 e 560Ma, completou-se o fechamento e a orogenia chegou ao estágio colisional. De 560 a 535Ma, a deformação na parte sul do orógeno, desconfinada a sudoeste, passou a ser acomodada com escapes laterais de massa nessa direção. Por fim a porção norte, confinada e muito espessa, colapsou entre 520 e 490Ma.

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4.3. Arcabouço Estrutural

Pedrosa-Soares et al. (2001) dividiram o Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental nos domínios externo, correspondente às faixas móveis vergentes para as áreas cratônicas das bordas, onde predominam estuturas rúpteis de mergulho baixo a moderado e o metamorfismo grada de fácies xisto verde a anfibolito; e interno, localizado entre a margem atlântica e o meridiano 42º30’W e entre as latitudes de 15º30’-16º e 21ºS. Esse compartimento tem vergência geral para oeste e é subdividido em dois setores, separados aproximadamente pelo paralelo 19ºS. A norte, encontram-se as melhores exposições da zona anatética do Orógeno, ocorrem frentes de empurrão frontais e oblíquas e predomina a fácies metamórfica anfibolito. A sul, observam-se zonas de cisalhamento dextrais de alto ângulo de mergulho. Dois complexos granulíticos ocorrem nesse setor, bordejando um núcleo de fácies anfibolito, um a oeste, composto por rochas do embasamento retrabalhadas durante a orogenia, e um a leste, formado por granulitos neoproterozóicos.

Alkmim et al. (2006) fizeram uma compartimentação mais detalhada, definindo dez domínios geotectônicos: o Cinturão de Cavalgamentos da Serra do Espinhaço Meridional; a Zona de Cisalhamento da Chapada Acauã; a zona de dobramentos de Salinas; o Corredor Transpressivo de Minas Novas; a saliência do Rio Pardo e sua interação com o Aulacógeno do Paramirim; o Bloco de Guanhães; a Zona de Cisalhamento de Dom Silvério e estruturas associadas; a Zona de Cisalhamento de Itapebi e estruturas associadas; o núcleo cristalino; e o Cinturão Oeste-Congolês – único que não se encontra no Brasil. A Folha Teófilo Otoni – na qual está contido o garimpo estudado – insere-se no nono domínio, o núcleo cristalino.

4.3.1. O Núcleo Cristalino do Orógeno Araçuaí

O núcleo cristalino do Orógeno Araçuaí localiza-se a leste da descontinuidade geofísica de Abre Campo, e engloba as supersuítes graníticas neoproterozóicas (Pedrosa-Soares et al., 2011, 2007, 2001), além do Grupo Rio Doce e os Complexos paragnáissicos Jequitinhonha e Paraíba do Sul, depositados nas bacias orogênicas (Vieira, 2007). Nesse domínio, predomina metamorfismo entre as fácies anfibolito e granulito (Alkmim et al., 2007, 2006).

No setor sul desse compartimento, ocorrem grandes zonas transcorrentes dextrais, sendo a de Abre Campo uma zona de sutura (Pedrosa-Soares et al., 2007; Queiroga, 2010). No setor norte, predomina uma deformação de grande magnitude, expressa por uma foliação penetrativa de mergulhos baixos a moderados, que chega a uma zona de inversão de vergência em torno do meridiano 41º30’W, entre os paralelos 17º e 19ºS (Alkmim et al., 2007, 2006).

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