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É composta por raias de corpo fusiforme e grande porte, atingindo até 7,5m de comprimento total. Apresentam focinho extremamente alongado e achatado com dentes laterais que variam numericamente conforme as espécies, semelhante ao formato de uma serra. Olhos e espiráculos no topo da cabeça. Corpo coberto uniformemente por dentículos minúsculos dérmicos; ausência de tubérculos. Possuem 2 nadadeiras dorsais; nadadeira caudal desenvolvida, com ou sem lobo inferior definido. Nadadeiras peitorais curtas fusionadas à parte posterior da cabeça (em algumas espécies, essa característica não é tão eviden- te), sem atingir a boca e terminando anteriormente ao início das nadadeiras pél- vicas, que apresentam um lobo simples e moderadamente expandido.

Os peixes-serra distribuem-se circunglobalmente em águas costeiras, es- tuários, bocas de rios e águas doces de regiões tropicais e subtropicais (alguns exemplares foram capturados a 1.340km de distância da boca do Rio Amazo- nas). Preferem tanto substratos arenosos quanto lamosos, dificilmente em pro- fundidades superiores a 10 metros. Frequentemente, são capturados por redes ou através de arrastões em regiões tropicais; sua carne é utilizada para consumo humano e os dentes das serras, para ornamentação. A superexploração aliada à degradação ambiental conduziu ao declínio da maioria das populações de peixe- serra, hoje severamente ameaçados de extinção.

Os dentes rostrais de embriões são cobertos por uma membrana e a serra é flexível, prevenindo a ocorrência de ferimentos na mãe durante o processo de nascimento. Apesar de os dentes laterais se desenvolverem ao longo da vida das

raias, não são repostos quando perdidos. As serras funcionam como potente me- canismo de defesa e ataque ao capturar sua presa, vasculhando a lama e fazendo movimentos laterais dentro do cardume a ser predado. Neste caso, os peixes que ficam presos nos dentes rostrais são retirados quando as raias raspam a serra contra o fundo.

No mundo, há apenas 1 família conhecida, Pristidae, com 2 gêneros e 7 espécies, mas possivelmente existem outras por descrever.

Família PRISTIDAE

As características da ordem são suficientes para identificação da família. São conhecidos 2 gêneros (Anoxypristis e Pristis) e cerca de 7 espécies no mun- do, das quais 2 delas estão presentes no Brasil (P. pectinata e P. pristis). Gênero Pristis

As características da família são suficientes para identificação do gênero. O gênero Anoxypristis, sem ocorrência no Atlântico, diferencia-se porque os dentes da serra não chegam até a sua base, perto da cabeça e, além disso, o lobo inferior da nadadeira caudal é desenvolvido, com comprimento maior que a me- tade do comprimento do lobo superior (dentes da serra chegam até a base, perto da cabeça e o lobo inferior da nadadeira caudal é menos desenvolvido, com comprimento menor que a metade do comprimento do lobo superior em Pristis). São conhecidas cerca de 6 espécies, porém ainda há a necessidade de revisões taxonômicas mais adequadas.

Chave para identificação das espécies do Gênero Pristis

1a. Nadadeira caudal sem lobo inferior definido; origem da primeira nadadeira dorsal na linha de origem da nadadeira pélvica (fig. 218); rostro com mais de 23 pares de dentes laterais ... Pristis pectinata 1b. Nadadeira caudal com lobo inferior definido; origem da primeira nadadeira dorsal anterior à origem da nadadeira pélvica (fig. 219); rostro até 20 pares de dentes laterais ... Pristis pristis

Pristis pectinata Latham, 1794. (fig. 220)

Nomes populares: peixe-serra, espadarte.

Caracteres distintivos:

• no mínimo, 23 pares de dentes laterais no rostro; • cauda sem lobo inferior definido (fig. 218);

coloração dorsal variando do castanho acinzentado ao castanho-escuro; superfície ventral variando do branco ao branco acinzentado.

Tamanho:

neonatos: cerca de 60cm de comprimento;

maturidade sexual: fêmeas com 4,6m de comprimento;

adultos: com 5,5m de comprimento total máximo; o rostro serrilhado

chega a medir mais de um quarto do comprimento total.

Distribuição, hábitos e biologia: a espécie tem sido registrada desde a Caro-

lina do Norte e Bermudas até o Sul da Flórida, passando pelo Golfo do México, Bahamas, costa do Caribe, na América Central, e do Norte da América do Sul até o Norte da Argentina. No Brasil, é mais comum no Norte. Espécie bentônica que vive ao longo da costa, estuários e lagoas, penetrando em água doce, onde permanece com frequência, já tendo sido encontrada em grandes rios como Amazonas e Mississipi. Frequentemen- te, é encontrada em fundos lamosos.

Vivípara lecitotrófica, a fêmea produz de 15 a 20 embriões por gestação. Alimenta-se de pequenos invertebrados bentônicos e peixes ósseos.

Observações:

• a espécie é considerada extinta para o município do Rio de Janeiro; • seu limite sul de distribuição foi reduzido e, hoje, sua ocorrência no

Sudeste e Sul do Brasil é remota;

• as regiões do Pacífico Oriental, Atlântico Oriental, Mediterrâneo, Oce- ano Índico e Pacífico Indo-ocidental são localidades que necessitam de revisão taxonômica.

Pristis pristis (Linnaeus, 1758). (fig. 221)

Nomes populares: peixe-serra, espadarte.

Caracteres distintivos:

• até 20 pares de dentes laterais;

• cauda com lobo inferior bem definido (fig. 219);

coloração da superfície dorsal variando do castanho acinzentado ao castanho-escuro; superfície ventral variando do branco ao branco acin- zentado.

Tamanho:

neonatos: cerca de 60 a 76cm de comprimento;

maturidade sexual: machos e fêmeas entre 2,4 e 3m de comprimento;

adultos: até cerca de 7,5m de comprimento.

Distribuição, hábitos e biologia: a espécie tem sido registrada desde a Caro-

lina do Norte e Bermudas até o Sul da Flórida, passando pelo Golfo do México, Bahamas, costa do Caribe, na América Central, e Norte da Amé- rica do Sul até São Paulo (Brasil). No Brasil, é mais abundante no Norte. Também se encontra no Pacífico Oriental Tropical e Atlântico Oriental. Vive em regiões costeiras, estuarinas, lagunares ou de água doce. Quan- do comparado a P. pectinata, P. pristis é, provavelmente, mais restrito a águas rasas nas vizinhanças imediatas do litoral, lagoas parcialmente fechadas e situações semelhantes. Penetra em água salobra e doce e tende mais a penetrar em grandes rios do que P. pectinata.

É vivípara lecitotrófica, com período de gestação de aproximadamente 10 meses, produzindo de 1 a 13 embriões. Alimenta-se de pequenos inverte- brados bentônicos e peixes ósseos.

Observações:

esta espécie, frequentemente identificada como Pristis perotteti, está seriamente ameaçada de extinção, ou já extinta, no município do Rio de Janeiro;

• seu limite sul de distribuição foi reduzido e, hoje, sua ocorrência no Sudeste e Sul do Brasil é remota.