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2 BIOSSEGURANÇA, ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS E

2.2 ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS

Com o aperfeiçoamento e rapidez da ciência na biotecnologia, novas técnicas surgiram na área do cultivo, técnicas essas que foram fator principal para o surgimento dos organismos geneticamente modificados, os quais, são utilizados para o cultivo de alimentos, pois, a partir da recombinação de DNA, entre diferente genes, acaba-se criando novas plantas e sementes, sendo estas mais resistentes a certas espécies de pragas, crescendo mais rápido do que as sementes comuns, uma vez que são produzidas em menor tempo (MAGALHÃES, 2005).

Os alimentos geneticamente modificados, também conhecidos como transgênicos, são aqueles alimentos cuja estrutura genética é modificada em laboratórios, utilizando-se os genes de outros organismos vivos. Faz-se recombinações de genes, alterando-os, possibilitando, pois, a produção de novos seres, com novas características (BORÈM, 2005).

Diante da opinião dos doutrinadores, embora ocorram muitas divergências a respeito do tema, é importante salientar a Lei de Biossegurança1, que traz a regulamentação de tais

alimentos.

Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1o do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências.2

Conforme a conceituação da Lei de Biossegurança, n° 11.105/05, inciso V, do art. 3° “organismo geneticamente modificado - OGM: organismo cujo material genético – ADN/ARN tenha sido modificado por qualquer técnica de engenharia genética”.

1Disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm Acesso em 23 de jul. 2014.

2Disponível no site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11105.htm Acesso em 23 de jul. 2014.

O termo geneticamente modificado é, com frequência, usado para descrever organismos que foram geneticamente transformados ou engenheirado. A engenharia genética foi desenvolvida como o objetivo de construir genes para a transformação genética de organismos (BORÉM, 2005).

A utilização de organismos geneticamente modificados nos alimentos é cercada de grandes polêmicas, focando-se principalmente na segurança alimentar, pois a partir da modificação de vários alimentos, que chegam até a nossa mesa, liberados para o nosso consumo, não temos total conhecimento o que são eles e nem se a longo prazo tais produtos poderão prejudicar nossa saúde (NETTO, 2009).

A partir da evolução da biotecnologia, os organismos geneticamente modificados tiveram seu reconhecimento, nos anos 90, onde iniciaram as primeiras plantações, sendo muitos os questionamentos acerca de suas possíveis reações quando ingeridos ao longo do tempo. No Brasil, as manifestações começaram pela falta de informação a respeito dos organismos transgênicos, pois as empresas que estão envolvidas com esse tipo de produto pouco se importaram em fazer uma maior divulgação a respeito (GUERRANTE, 2003, p. 22).

Tais dúvidas e polêmicas se dão desde a produção até a comercialização dos alimentos geneticamente modificados, sendo a justificativa mais usada, para a realização de tal engenharia, a diminuição da fome no mundo. Entretanto, a sociedade não tem levado em consideração esse argumento, já que questionam, em primeiro lugar, os riscos, a longo prazo, que podem ocasionar para a saúde humana e o meio ambiente. Muitas pesquisas são realizadas para a modificação genética de plantas, tendo em vista um desenvolvimento na nossa cadeia alimentar, porém, o assunto ainda é motivo de preocupação entre ambientalistas e a maioria da sociedade, pois é de grande importância que a sociedade possua conhecimento a respeito da produção e o consumo destes alimentos, visto que um alimento é seguro para a saúde humana, obviamente, se ele não causa mal algum aos que ingerem (PESSANHA, 2003).

Contudo, o surgimento dos alimentos geneticamente modificados representa uma revolução tecnológica, que pode acarretar riscos para o meio ambiente, que colocam em possível risco tanto a saúde humana quanto a biodiversidade, devido à alteração nas espécies, podendo, assim, haver uma destruição completa dessas espécies. Ante o exposto, podem ser classificados em dois grupos os riscos dos OGM. Primeiro, a devastação ambiental pela sua inserção desregrada. Segundo, há a possibilidade de danos diretos aos seres humanos, como as reações adversas alergênicas e intolerâncias, respondendo por alterações fisiológicas, como reações metabólicas anormais ou idiossincráticas e toxicidade. Existe ainda uma série de outros

riscos à saúde humana que devem ser analisados com os protocolos adequados (ESTORINHO, 2008).

Portanto, é necessário que haja estudos mais aprofundados sobre toxicologia e sobre aspectos nutricionais, para que, assim, sejam possíveis liberações de cultivo de plantas transgênicas. Fazendo-se isso, evitar-se-á, provavelmente, consequências negativas que esses alimentos podem acarretar se forem liberados por falta de pesquisa. Atualmente nota-se, um grande número de riscos, que podem vir a ocorrer para a saúde, com os alimentos geneticamente modificados (ESTORINHO, 2005, p.75).

Sendo assim, muito questionados os porquês do aumento significativo das alergias, a resistência aos antibióticos, aumento das substâncias tóxicas e dos resíduos nos alimentos. É por isso que a efetivação da segurança alimentar se torna fundamental, em prol do bem-estar da população e do nosso meio ambiente. É essencial que haja um aprofundamento nas pesquisas, para que o consumo desses alimentos seja sem riscos para nossa saúde (MORAIS, 2004. p. 22). Coloca-se em questionamento a qualidade, a garantia e a segurança que os alimentos geneticamente modificados podem nos trazer, assim como a famosa solução da fome, pois a segurança alimentar assevera o direito de acesso a informações qualitativas desses alimentos. É com essa mesma justificativa que vários ambientalistas protestam a respeito de que os transgênicos não são a solução para a erradicação da fome, e, sim, mais uma forma de certas empresas ganharem dinheiro sem visar o a segurança alimentar da população.

Para que ocorra a inserção no mercado de produtos que tenham em sua composição organismos geneticamente modificados, devem ser considerados os possíveis riscos do avanço tecnológico. Nesse contexto, o princípio da informação ganha especial relevância, tendo em vista que divulga e possibilita uma conscientização cautelosa no que diz respeito a escolha de um alimento transgênico, principalmente, diante dos riscos ao meio ambiente e à saúde humana que podem advir de sua produção e consumo.

Uma vez ocorrendo a devida prudência na liberação de organismos transgênicos, deve ser garantido ao consumidor o conhecimento da origem do produto adquirido, de forma a possibilitar a livre escolha. Diante disso, é fundamental a divulgação de informações relativas à composição do alimento que possuem em sua composição a inserção dos organismos geneticamente modificados, permitindo ao ser humano a escolha entre consumir ou não aquele determinado alimento. Nesse contexto, a rotulagem obrigatória apresenta-se como instrumento fundamental de proteção do consumidor, garantindo o pleno conhecimento acerca da composição do alimento com organismos geneticamente modificados (CARPENA, 2004, p. 22).

Contudo, é notório que essa prática não é recorrente pelos produtores e comerciantes de tais produtos, que, geralmente, sequer informam a existência de organismos geneticamente modificados, tampouco a porcentagem existente na composição. Provavelmente, se houvesse uma atuação estatal mais efetiva, pelos seus órgãos fiscalizadores, a comunidade já estaria mais bem informada para o fim de escolher o produto com ou sem OGM.

Ora, e isso não é uma faculdade, mas uma exigência contida na Lei de Biossegurança e no decreto que regulamenta a rotulagem de produtos que possuam na sua composição organismos geneticamente modificados. Então, a atividade fiscalizatória é mister para prevenir causação de danos à saúde humana e, também, ao meio ambiente com transformações indesejadas de espécies. Por isso, para o bem-estar das pessoas e para mantença do equilíbrio do meio ambiente, o cumprimento do dever de informar é essencial, uma vez que a segurança alimentar deve ser entendida como fundamental para a vida de todos, sendo que no próximo subcapítulo será visto como os riscos podem ocorrer no meio ambiente.

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