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O trabalho está organizado em 6 capítulos, sendo 3 deles destinados ao desenvolvimento do problema da pesquisa. No primeiro capítulo é apresentado o tema o problema da pesquisa, os objetivos, as justificativas e a metodologia empregada. Já no segundo capítulo é feita a apresentação da revisão teórica, com apresentação do referencial teórico, do estado da arte, com a produção local sobre o lugar (o bairro Cidade Baixa e afins), os acontecimentos (as sociabilidades na cidade, diurnas, noturnas e boêmias ou não – da família ou apenas masculinas) e os personagens (com os diferentes perfis de seus moradores, frequentadores, dentre outros, em várias temporalidades, recuperando parte da produção sobre a história e memória do lugar e dos acontecimentos supracitados).

O desenvolvimento da abordagem ao problema do trabalho se dá, efetivamente, do terceiro ao quinto capítulo. No terceiro capítulo, é realizada uma retomada do histórico da área através da história da cidade, quando, em sua fundação, já configurava as “alta” e “baixa” cidades. O período abrange desde o início de fundação da cidade, por meados de

1700, até 1950, quando a boemia, assim reconhecida, dominou o bairro Cidade Baixa e o consagrou pólo desta prática. A divisão territorial social, econômica e espacial, arquitetônica e urbanística das áreas que configuram cenários e ações diferentes na cidade, separando-a em “alta” e “baixa” sociedades, respectivamente nas partes “alta” e “baixa” da cidade na sua configuração física (relevo) e, por consequência, na distribuição urbana, por condição econômica é refletida na diferença dos lazeres, em “alta” e “baixa” boemia.

No quarto capítulo, o trabalho trata da memória destas boemias: um resgate pelos depoimentos dos músicos locais (seus testemunhos vivos), fazendo uma recuperação destas memórias desde os anos 40, até meados dos anos 60; um registro, por depoimentos, de uma separação social, econômica e cultural das “Alta” e “Baixa” Cidades através da boemia, diferenciada e categorizada como “alta” e “baixa” e as controvérsias sobre esta categorização e sobre os agentes que as executavam. Trata-se do período desde a estruturação da Avenida Independência e inauguração do loteamento junto à Hidráulica Moinhos de Vento, consolidando a “Alta Cidade” e a localização nela da “Alta Sociedade”, assim como o esvaziamento do centro, com o abandono dos casarões das famílias abastadas da parte baixa do centro, próximo ao porto e ao norte dele, até a consolidação social destes espaços, com sociabilidades características de cada perfil de grupo e que implicaram a classificação destas ações, como “altas” e “baixas”. Referente às ações de lazer noturno, neste momento é instituído e disseminado o conceito de boemia usualmente utilizado, e esta ação é classificada conforme a posição espacial e os grupos que a exercem. Neste período, pela disponibilidade de testemunhos, são recolhidos depoimentos desta prática e tratadas as memórias dela, a partir da História Oral.

No quinto capítulo, é apresentada uma cartografia do imaginário urbano, a partir de narrativas orais, obtidas em literatura, e em descrições e mapeamentos mentais de usuários contemporâneos, feitos a partir de entrevistas abertas, questionários e mapas mentais. A apresentação das falas dos jornais locais na formação de opinião sobre o bairro e suas alterações morfológicas e sociais (contemplando as discussões sobre as intervenções urbanas efetuadas pelas execuções dos procedimentos instaurados pelos Planos Diretores de 1959 e 1979, na alteração, ainda que somente teórica ou imaginária, do cenário urbano, e dos limites do bairro) e no fortalecimento do imaginário como “baixo”, tradicional e familiar. A exposição deste discurso nos permite avaliar a permanência, consagração e manutenção da memória e da imagem local e acompanhar denúncias de seus problemas sociais e econômicos, de destaque em nível urbano, como prostituição, assaltos, roubos de carros, tráfico e consumo de drogas, concentração de moradores de rua e mendigos, dentre outros, que se tornaram

práticas usuais e incessantes no sítio. Também inclui a análise atual do imaginário urbano local, com a delimitação do que é entendido como perímetro do bairro e de seu conteúdo atual: os pontos significativos (bares, restaurantes, cinemas, hotéis), ruas, praças, lugares, personalidades que se demonstram importantes no imaginário urbano local e que, por muitas vezes, são tratados como “atemporais” (inclusive as que já se extinguiram há muito tempo), dentre outros. O período abordado no capítulo inicia na morte de Lupicínio Rodrigues até o ano de 2007. São abordados brevemente os períodos seguintes à morte de Lúpi, com o novo quadro que se instalou nas sociabilidade e nos espaços da cidade, onde os espaços noturnos de lazer foram utilizados como ponto de encontro de resistência contra o Regime, assim como o enfraquecimento e queda do mesmo, com novas mudanças na cidade. A permanência da aura nos espaços do Bairro Cidade Baixa, fortalecidos pela localização, em seus espaços, de artistas de várias modalidades e suas práticas, reforçou o caráter local e consagrou o bairro como espaço de minorias e resistência a várias questões sociais, reforçando o conjunto.

No último capítulo, a pesquisa faz a discussão dos resultados obtidos e o fechamento da conclusão do trabalho, retomando os objetivos da pesquisa e discutindo o que é compreendido como território, unificado pela permanência do espaço físico e suas sociabilidades, interligadas por questões históricas, econômicas, políticas, arquitetônicas e, sobretudo, pelo caráter das práticas que unificam e reforçam a região, ultrapassando limites espaciais/territoriais oficias do Bairro Cidade Baixa e recuperando, a partir da imagem mental de seus frequentadores, a região da antiga “Baixa” de Porto Alegre.

2 REVISÃO TEÓRICA

O presente capítulo apresenta o levantamento do referencial teórico e do estado da arte do objeto e do tema da presente pesquisa, assim como explicita os principais conceitos que norteiam o trabalho.

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