• Nenhum resultado encontrado

Organização das atividades de promoção da saúde nas unidades de Atenção Primária

As capacitações devem ser voltadas para a aprendizagem integrada ao trabalho, para que o aprender e o ensinar se incorporem ao cotidiano das organizações. É importante que os processos de capacitação dos trabalhadores tomem como referência as necessidades de saúde das pessoas e populações e tenham como objetivos a transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho (MELO; DANTAS, 2012).

Os profissionais devem estar cada vez mais qualificados para trabalhar no sistema de saúde, cujo objetivo é superar o paradigma biologicista e buscar a promoção das ações voltadas para o cuidado, em atenção às novas e complexas necessidades de saúde da população. O desenvolvimento científico cultural necessário a qualquer profissional da Atenção Primária à Saúde, independentemente de sua área de atuação ou função exercida (SILVA et al., 2015).

Tema II - Organização das atividades de promoção da saúde nas unidades de Atenção Primária

Para a realização das práticas de promoção da saúde, todos os coordenadores afirmaram que não recebem verbas para este fim, porém recebem recursos materiais. Citaram dentre os recursos materiais:

fôlderes, cartazes, materiais de escritório e aparelho multimídia. Dentre os entrevistados, dois relataram que quando há necessidade de recursos materiais para realizar as práticas de promoção da saúde e estes não são disponibilizados pela gestão, a própria equipe divide os custos e realiza a compra dos mesmos.

O financiamento das ações em saúde ainda está voltado, principalmente para a dimensão quantitativa (número de consultas e procedimentos por período de trabalho) e são raros os contratos financeiros com base em encargos sobre uma população que habite certo território e que valorizem atividades em conjunto entre os diversos serviços da rede (OLIVEIRA; PEREIRA, 2013).

Para assegurar a qualidade do serviço de saúde é necessário que exista um recurso que vise à garantia da realização das atividades. Estas ações envolvem recursos humanos capacitados, equipamentos, materiais e insumos suficientes, pois quando isso não é proporcionado aos profissionais, estes tendem a justificar a inadequação dos serviços prestados pelas limitações encontradas pelo serviço (ARANTES et al., 2014).

Como fator positivo os coordenadores citaram o incentivo da gestão para a realização de capacitações externas voltadas para a promoção da saúde, como apresentado na fala:

“Financeiramente a gente não tem um repasse direto, o município normalmente se organiza para tentar ofertar e auxiliar a participação em

cursos e vivências para os seus servidores,

acredito que o investimento seja nesse sentido.” (Asma)

Para os profissionais nos serviços de saúde vivenciar a aplicabilidade da promoção da saúde de maneira integral, é necessário que estes se capacitem para compreender e ampliar seus conceitos sobre a promoção, incluindo-se como atores críticos e participantes do processo de construção e reafirmação de um sistema social e participativo de atenção à saúde (GRACIETTI et al., 2014).

Quanto ao planejamento das práticas de promoção da saúde nas unidades de Atenção Primária, um entrevistado enfatizou que este sempre é realizado a partir das demandas da comunidade:

“Sempre estamos criando novos grupos e

necessidade, de demanda da comunidade. Por

exemplo, o “sorrir é o melhor remédio” surgiu a

partir da demanda dos idosos para atendimento

em saúde bucal, e para dar conta desta demanda, organizamos o grupo e aproveitamos para chamar os outros profissionais e trabalhar a saúde do

idoso como um todo.” (CRICIÚMA)

Os profissionais da Estratégia Saúde da Família, geralmente, reconhecem a premissa de centralidade no território e as necessidades de saúde das famílias e comunidades, propondo-se a uma prática transformadora em que a saúde é o foco do trabalho e não somente a doença (DOWBOR; WESTPHAL, 2013).

Destacaram os coordenadores que existe um momento específico para o planejamento das práticas de promoção que ocorrem geralmente nas reuniões semanais entre as equipes da ESF e mensalmente com todos os profissionais da unidade. Em todas as práticas de promoção da saúde, há um profissional responsável em coordenar e descrever no sistema informatizado o andamento das práticas.

O sistema informatizado em saúde do município (INFOSAÚDE) possibilita o agendamento de consultas e acompanhamento do paciente através do prontuário eletrônico. Os profissionais registram as informações de saúde do usuário como a evolução, ficha pré-natal, ficha fonoaudiológica, medicamento prescritos, encaminhamentos, solicitação e resultado de exames, notificações, ficha odontológica, ficha do idoso, controle de hipertensos e diabéticos, vacinas e etc. Além disso, este sistema integra várias estruturas de codificação utilizadas pelo Ministério da Saúde, como a Tabela de procedimentos, atividades educativas, medicamentos, órteses, próteses e materiais especiais do SUS, e a tabela do Código Internacional de Doenças (CID) (PMF, 2015).

Paralelamente às reuniões de equipe da ESF, um coordenador relatou que acontecem as reuniões do colegiado gestor que possibilita a identificação da viabilidade técnica das práticas de promoção da saúde propostas. Como organizadores destas práticas foram citados também o Núcleo de Apoio à Saúde da Família, os discentes que realizam atividades teóricas e prática curricular na unidade e na própria comunidade.

O estudo de Oliveira e Pereira (2013) aponta que a adoção de ferramentas apropriadas de trabalho gerencial, tais como a abordagem

multidisciplinar, o planejamento das ações, a organização horizontal do trabalho e o compartilhamento do processo decisório contribuem significativamente para implementação de uma atenção de qualidade no Sistema Único de Saúde.

Tema III - A intersetorialidade na organização das práticas de