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A racionalização do trabalho vem sendo estudada há muitos anos como ciência desde sua aplicação no chão de fábrica até os grandes escritórios das grandes corporações pelo menos nos quatro continentes.

2.3.1 Administração como Ciência

O ponto de partida dos autores da Teoria Clássica é o estudo científico da Administração, substituindo o empirismo e a improvisação por técnicas científicas. Pretendia-se elaborar uma Ciência da Administração. Fayol defendia a necessidade de um ensino organizado e metódico da Administração, de caráter geral para formar administradores. Em sua época, essa idéia era considerada uma novidade.

2.3.2 Teoria da Organização

A Teoria Clássica concebe a organização como se fosse uma estrutura. Essa maneira de conceber a estrutura organizacional é influenciada pelas concepções antigas de organização (como a organização militar e eclesiástica) tradicionais, rígidas e hierarquizadas.

Nesse aspecto, a Teoria Clássica, segundo alguns autores, não se desligou do passado. Embora tenha contribuído para tirar a organização industrial da

André Luiz Souza Barbosa Dissertação de Mestrado

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo A Importância do Estudo das Funções e Atividades no Projeto e

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Capítulo 2 – A Influência da Administração Científica do Trabalho na Arquitetura Funcionalista no século XX

confusão inicial que enfrentava em decorrência da Revolução Industrial, a Teoria Clássica pouco avançou em termos de uma teórica de organização. Para Fayol a organização abrange o estabelecimento da estrutura e da forma, sendo, portanto, estática e limitada.

A estrutura organizacional constitui uma cadeia de comando, ou seja, uma linha de autoridade que interliga as posições da organização e define quem se subordina a quem. A cadeia de comando – também denominada cadeia escalar – baseia-se no princípio da unidade de comando, que significa que cada empregado deve se reportar a um só superior.

2.3.3 Divisão do Trabalho

Toda e qualquer organização se caracteriza por uma divisão do trabalho claramente definida. Esta divisão constitui a base da organização: na verdade, é a própria razão da organização. A divisão do trabalho conduz à especialização e à diferenciação das tarefas, ou seja, a heterogeneidade.

A idéia era a de que as organizações com maior divisão do trabalho seriam mais eficientes do que aquelas com pouca divisão no trabalho. Enquanto a Administração Científica se preocupava com a divisão do trabalho no nível operário, fragmentando as tarefas desse, a Teoria Clássica se preocupava com a divisão no nível dos órgãos que compõem a organização, isto é, com os departamentos, divisões, seções, unidades etc.

Para a Teoria Clássica, a divisão do trabalho pode dar-se em duas direções, a seguir:

1- Vertical: segundo os níveis de autoridade e responsabilidade definindo os escalões da organização que detêm diferentes níveis de autoridade.

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2- Horizontal: segundo os diferentes tipos de atividades da organização. No mesmo nível hierárquico cada departamento ou seção passa a ser responsável por uma atividade específica e própria.

2.3.4 Coordenação

Fayol incluíra a coordenação com um dos elementos da Administração. A coordenação é a reunião, a unificação e a harmonização de toda atividade e esforço.

A pressuposição básica era de que quanto maior a organização e quanto maior a divisão do trabalho, tanto maior será a necessidade de coordenação, para assegurar a eficiência da organização como um todo.

2.3.5 Conceito de Linha e Staff

Fayol dava preferência pela organização linear, que constitui um dos tipos mais simples de organização. A organização linear se baseia nos princípios de:

1- Unidade de comando ou supervisão única: Cada pessoa tem apenas um único e exclusivo chefe.

2- Unidade de direção: Todos os planos devem se integrar aos planos maiores que conduzam aos objetivos da organização.

3- Centralização de Autoridade: Toda autoridade máxima de uma organização deve estar concentrada em seu topo.

4- Cadeia escalar: A autoridade deve estar disposta em uma hierarquia, isto é, em escalões hierárquicos, de maneira que todo nível hierárquico esteja subordinado ao nível hierárquico superior (autoridade de comando).

André Luiz Souza Barbosa Dissertação de Mestrado

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2.3.6 Organização Linear

A organização linear é um tipo de estrutura organizacional que apresenta uma forma piramidal. Nela ocorre a supervisão linear (ou autoridade linear), baseada na unidade de comando e que é o oposto da supervisão funcional proposta pela Administração Científica.

Fayol e seus seguidores discordam da supervisão funcional por acharem que ela constitui uma negação da unidade de comando, princípio vital para a coordenação das atividades da organização.

Na organização linear, os órgãos de linha, ou seja, os órgãos que compõem a organização seguem rigidamente o princípio escalar (autoridade de comando). Para que seus órgãos de linha possam se dedicar exclusivamente a suas atividades especializadas, tornam-se necessários outros órgãos prestadores de serviços especializados estranhos às atividades dos órgãos de linha.

Esses órgãos denominados órgãos de staff ou de assessoria fornecem aos órgãos de linha serviços, conselhos, recomendações, assessoria e consultoria, que esses órgãos não têm condições de proverem por si próprios. Esses serviços e assessoria não podem ser impostos obrigatoriamente aos órgãos de linha, mas simplesmente oferecidos.

Assim, os órgãos de staff não obedecem ao princípio escalar nem possuem autoridade de comando em relação aos órgãos de linha. Sua autoridade, chamada de autoridade de staff, passa a ser considerada como autoridade de especialista e não autoridade de comando.

2.3.7 Necessidades Humanas Básicas

O estudo da motivação do comportamento supõe o conhecimento das necessidades humanas. A Teoria das Relações Humanas constatou a existência das

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necessidades humanas básicas. O comportamento humano é determinado por causas que, às vezes, escapam ao próprio entendimento e controle da pessoa.

Essas causas são necessidades ou motivos: forças conscientes ou inconscientes que levam a pessoa a determinado comportamento. A motivação se refere ao comportamento causado pela por necessidade do indivíduo e que é direcionado aos objetivos que podem satisfazer essas necessidades.

O homem é considerado um animal dotado de necessidades que se alteram ou se sucedem conjunta ou isoladamente. Satisfeita uma necessidade, surge outra em seu lugar e, assim por diante, contínua e infinitamente.

As necessidades motivam o comportamento das pessoas dando-lhe direção e conteúdo. Ao longo de sua vida, o homem evolui por três níveis de estágios de motivação: na medida em que cresce e amadurece, vai ultrapassando os estágios mais baixos desenvolvendo necessidades de níveis mais elevados.

As diferenças individuais influem na duração, na intensidade e na possível fixação em cada um desses estágios. Os três níveis ou estágios de motivação correspondem às necessidades fisiológicas, psicológicas e de auto-realização da seguinte maneira:

1 - Necessidades fisiológicas: São as necessidades primárias, vitais ou vegetativas, relacionadas com a sobrevivência do indivíduo. São inatas e instintivas exigindo satisfação periódica e cíclica como o sono, alimentação, atividade física, satisfação sexual, abrigo e proteção e segurança física.

2 - Necessidades psicológicas: São necessidades secundárias e exclusivas do ser humano. São adquiridas e aprendidas no decorrer da vida e representam um padrão mais elevado e complexo de necessidades. Raramente são satisfeitas em sua plenitude. O indivíduo procura indefinidamente maiores satisfações dessas necessidades, que vão se desenvolvendo e se sofisticando gradativamente. As principais necessidades psicológicas são: necessidade de segurança íntima,

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necessidade de participação, necessidade de autoconfiança e necessidade de afeição.

3 - Necessidade de auto-realização: São as necessidades mais elevadas e decorrem da educação e da cultura de cada indivíduo. São raramente satisfeitas em sua plenitude, pois o ser humano procura maiores satisfações e estabelece metas crescentemente sofisticadas. A necessidade de auto-realização é o corolário de todas as necessidades humanas. É o impulso de realizar o próprio potencial e de estar em contínuo autodesenvolvimento.