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ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL – OSC NO TEMA DE VIOLÊNCIAS AUTOPROVOCADAS

No documento Volume 04 O DIREITO À VIDA E SAÚDE (páginas 135-138)

TINDICADOR 6: PERCENTUAL DE GRAVIDEZ NA JUVENTUDE

3. INDICADORES DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

3.13. VIOLÊNCIA AUTOPROVOCADA

3.13.1. ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL – OSC NO TEMA DE VIOLÊNCIAS AUTOPROVOCADAS

Dentro do tema de violências autoprovocadas, Curitiba conta com o atendimento do Centro de Valoriza- ção da Vida, uma entidade não governamental que age com a escuta de pessoas de qualquer idade que sintam a necessidade de serem ouvidas. A seguir a descrição da entidade no Quadro 13.

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Quadro 13: Descrição da Entidade de Atendimento

CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA – CVV

É uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, fundada em São Paulo, em 1962. Presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. O CVV realiza mais de um milhão de atendimentos anuais por aproximadamente 2.000 voluntários, em 18 estados e no Distrito Federal. Esses contatos são feitos pelo telefone 141 (24 horas), pessoalmente (nos 72 postos de atendimento), pelo site www.cvv.org.br via chat, pelo VoIP (Skype) ou por e-mail.

O CVV é associado ao Befrienders Worldwide, entidade que congrega as instituições congêneres de todo o mundo, tendo participado da força-tarefa que elaborou a Política Nacional de Prevenção do Suicídio do Ministério da Saúde.

A associação também desenvolve outras atividades relacionadas a apoio emocional, além do atendimento, com ações abertas à comunidade que estimulam o autoconhecimento e a melhor convivência em grupo e consigo mesmo, em todo o Brasil.

Fonte: OSC (Instituição no tema de valorização à vida), 2017.

O CVV mantém o registro do número de atendimentos realizados, porém sem informações adicionais (perfil, motivos da procura, etc.). O que dificulta medir o impacto do trabalho. Por este motivo, para fins do diagnóstico, foi realizada uma entrevista com um dos voluntários44 do CVV em Curitiba, que atua na organiza-

ção por cerca de 2 anos, e, além de prestar atendimento aos usuários, apoia na área de divulgação do trabalho. Com a mesma metodologia já apresentada no item 3.6.3 deste volume, a entrevista com um voluntário que presta atendimento no CVV tenta trazer a forma de ingresso, o dia a dia do voluntariado e também uma dimensão do atendimento realizado pela instituição.

Segundo este, em Curitiba, o CVV conta com 55 voluntários que oferecem atendimento telefônico 24 horas por dia, através do número 141. Os atendimentos são feitos de maneira completamente sigilosa e vo- luntária. O acolhimento é realizado na forma de escuta e apoio incondicional, fazendo com que as pessoas se sintam à vontade com relação a sua situação e à sua dor emocional.

Para ser um voluntário, basta ter 18 anos, poder ouvir e falar, e participar dos treinamentos oferecidos pelo CVV. O processo todo de indução leva em torno de 2 meses e meio. Há um programa de capacitação continuada dos voluntários, com reuniões constantes, vivências e trocas de experiências. Segundo o voluntá- rio, “a motivação vem em oferecer sua disponibilidade de tempo e energia ao outro, de maneira despretensiosa,

numa ação humanitária de valorização da vida”.

Na metodologia de trabalho, a pessoa tem a liberdade total de falar e expor os seus sentimentos, não há preocupação em dar aconselhamento ou qualquer tipo de enfoque diretivo, ou seja, o objetivo é focar no sentimento, e não no problema. Há um zelo em não manifestar nenhuma forma de julgamento da pessoa que pensa em se matar ou que de fato tenta o suicídio, assim como de não colocar a verdade sobre a pessoa com um enfoque normativo.

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Para o CVV, o que importa é o sentimento da pessoa, a manifestação da empatia, o colocar-se no lugar do outro, e a escutatória (saber ouvir). Para os voluntários do CVV, o seu trabalho é atender a solidão das pes- soas, é ouvir suas dúvidas, suas dores, angústias e medos: a dor da alma.

O CVV promove ações específicas de captação de voluntários e recursos para a manutenção das suas ações, assim como trabalha em parceria com as UBS, outros órgãos e organizações, como igrejas e asso- ciações, através de palestras, treinamentos, divulgação de cartazes, e conscientização sobre a temática do suicídio.

Apesar de não receber recursos diretos do Poder Público, o CVV tem apoio da Prefeitura de Curitiba, com a cedência de uma casa na Água Verde para a operacionalização do trabalho. Segundo o voluntário, “há

uma boa colaboração entre as iniciativas do CVV, a prefeitura municipal e o Ministério da Saúde”.

Sobre os atendimentos, o voluntário comentou que, “em Curitiba, a demanda é grande e gira em torno de

800 a 1000 atendimentos ao mês. O recente episódio da Baleia Azul aumentou muito a procura pelos serviços, chegando a 1800 atendimentos / mês”. Fica claro que os casos de pessoas pensando em suicídio são relativa-

mente comuns. Há casos de crianças e adolescentes que ligam demandando o serviço, mas como não há uma preocupação da Organização em mapear os usuários, não é possível fazer um levantamento deste índice, e saber quanto elas representam neste universo de atendimentos.

Em relação às políticas públicas, a Organização tem uma contribuição importante por considerar o sui- cídio como tema de saúde pública e socialmente relevante, constituindo uma das maiores causas de óbito entre adultos jovens do mundo.

O CVV participa de movimentos cuja principal estratégia é quebrar o tabu a respeito da palavra suicídio, em consonância com as políticas públicas e as orientações da OMS – Organização Mundial de Saúde. O foco é a necessidade de se saber acolher a pessoa em situação de fragilidade, desestigmatizando o tema e controlan- do os julgamentos, medos e preconceitos que cercam a temática do suicídio. Para o voluntário, “a sociedade

precisa ter um repertório para lidar melhor com a questão, incluindo a implementação de políticas públicas que tratem do assunto e que desmistifiquem o tema, e de uma imprensa que, ao invés de fazer sensacionalismo acer- ca de casos específicos, trate a questão como tema geral de interesse da sociedade e da saúde pública, mais comum do que pensamos”. Segundo ele, para cada pessoa que tenta se matar, outras 20 pensam em cometer

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Uma das principais campanhas é a do Setembro Amarelo, que inclui o Dia Mundial de Prevenção ao Sui- cídio (10/9). Neste mês, são intensificadas ações específicas de conscientização e de parceria com órgãos públicos e da sociedade civil.

3.14 VIOLAÇÕES DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE

Algumas violações do direito à vida e à saúde já foram abordadas no decorrer do relatório, como o suicí- do, as mortes violentas e outros. Esta parte do relatório dedica-se aos registros na Secretaria de Segurança Pública – SESP e do Conselho Tutelar – CT referentes à: atos atentatórios à vida e à saúde45; fornecimento de

bebidas ou outros produtos químicos a menores; e, ausência de políticas públicas na área da saúde.

No documento Volume 04 O DIREITO À VIDA E SAÚDE (páginas 135-138)

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