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As organizações são, hoje, as unidades sociais dominantes das sociedades complexas, que invadem todos os aspectos da vida contemporânea. Deste modo, actualmente a administração revela-se uma área do conhecimento repleto de complexidade e desafios, como forma de combinação optimizada de recursos, meios humanos e materiais, de modo a alcançar os objectivos ao mais baixo custo, compatível com o nível de qualidade que se pretende (Bilhim, 2006). Estudos recentes das organizações revelam que diferentes ambientes e realidades requerem diferentes desenhos organizacionais para obter eficácia. Torna-se, assim, necessário um modelo apropriado para cada situação e para cada organização (Filleau e Ripoull, 2002).

Chiavenato (2004:155) salienta que cada organização deve ser considerada sob o ponto de vista da eficácia e da eficiência, referindo que “a eficácia é uma medida do alcance de resultados, enquanto a eficiência é uma medida da utilização dos recursos nesse processo”. Assim, a eficiência da organização é uma relação entre custos e benefícios, ou seja, uma relação entre os recursos aplicados e o produto final obtido. A eficiência preocupa-se com os meios, com os métodos e procedimentos mais indicados, que devem ser

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organizados de modo a assegurar a correcta utilização dos recursos disponíveis. O alcance dos objectivos não entra na esfera de competência de eficiência; é um assunto ligado á eficácia. Pinha e Cunha et al. (2007:41) salientam que a “eficiência é a descoberta do melhor meio para alcançar um fim e é o valor central para as organizações modernas”. A eficiência significa, assim, a correcta utilização dos recursos disponíveis para se alcançarem os objectivos definidos pela organização (Chiavenato, 2004).

Deste modo, para as organizações de saúde é de interesse promover a saúde dos utentes, o que a longo prazo pode traduzir-se em redução de custos com os gastos no tratamento de doenças, de forma a que, esse financiamento possa ser aplicado de outro modo para alcance de novos objectivos ou melhoria dos já conseguidos (Filleau e Ripoull, 2002).

Assim, numa análise crítica pessoal, se para além da contenção de custos, a promoção da saúde dos utentes e os ganhos em saúde forem uma preocupação da organização, esta pode traduzir-se numa organização mais eficaz e eficiente, que explora ao máximo e da melhor forma os seus recursos para atingir e maximizar os seus objectivos, com a melhor qualidade possível. Neste caso em particular, se a organização tentar promover os hábitos de vida saudáveis através de consultas de cessação tabágica, reaproveita melhor os seus recursos (como profissionais e equipamentos) e pode reduzir custos com o internamento por doença relacionada com o tabagismo, como a bronquiolite, custos esses que se esperam acentuados. Desta forma, tem ganhos económicos, traduzidos também por ganhos em saúde, que tornam a organização de saúde mais eficaz e eficiente na competição com outras instituições inseridas no mesmo mercado.

A longo prazo o encaminhamento dos pais para a consulta de cessação tabágica, origina mais saúde para os próprios pais e seus filhos que deixam de estar expostos ao fumo do tabaco, pode levar, eventualmente, a menos internamentos por bronquiolite e traduzir ganhos em saúde importantes, ainda que poucos, serão sempre valorizados.

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Assim, face ao exposto anteriormente surgiu a questão: Existe relação entre o tabagismo parental e a bronquiolite infantil? Deste modo, na presente investigação pretende-se estudar se existe relação entre o tabagismo dos pais (parental) e a bronquiolite infantil, abordando-se os custos hospitalares de internamento comparativamente aos custos inerentes a uma consulta de cessação tabágica, de forma a traduzir ganhos em saúde.

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2. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

O conceito de metodologia deriva dos termos gregos “méthodos” (métodos) + “lógos” (tratado). Segundo Bardon e Lazarsfeld (1986) citados por Leite et al. (1989: 152) “A metodologia é a arte de aprender a descobrir e analisar os pressupostos e processos lógicos da investigação, de forma a pô-los em evidência e a sistematizá-los”. Para Costa e Melo (1994) metodologia significa a parte da lógica que estuda os métodos das diversas ciências, segundo as leis do raciocínio; arte de dirigir o espírito na investigação da verdade; conjunto de regras empregues no ensino de uma ciência ou arte.

Na selecção do caminho a percorrer, várias são as possibilidades que se colocam ao investigador, dado que é altamente improvável que exista um só caminho adequado, o que implica a necessidade de opção por uma determinada metodologia. Existem duas formas de realizar a investigação, utilizando o método de investigação quantitativo ou o método de investigação qualitativo (Carmo e Ferreira, 1998). Na presente investigação, pretende-se identificar relação entre o tabagismo parental e a bronquiolite na infância, bem como verificar a relação entre o comportamento individual de fumar dos progenitores e os custos hospitalares de internamento. Por outro lado, pretende-se comparar os custos de internamento por bronquiolite com os custos inerentes a uma consulta de cessação tabágica. Assim, será efectuada uma abordagem quantitativa de modo a obter dados objectivos no que concerne às variáveis em estudo.

Nos estudos quantitativos o investigador decide isolar as características de interesse, eliminando ou controlando variáveis que talvez interfiram nas variáveis que estão a ser estudadas. Os dados são sólidos e repetíveis, generalizáveis, assumindo a realidade como estável. Estes estudos dispõem de instrumentos de confiabilidade e validade (Carmo e Ferreira, 1998). Os autores referem ainda que, o método de investigação quantitativo traduz-se por um processo sistemático de recolha de dados observáveis e quantificáveis, que pressupõe a observação de fenómenos, a formulação de hipóteses explicativas, o controlo de variáveis, a selecção de uma amostragem aleatória, a verificação ou rejeição das hipóteses mediante uma recolha rigorosa de dados, sujeitos a uma análise estatística.

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Através da revisão bibliográfica consultada no âmbito da problemática em estudo, foi possível construir um quadro conceptual de forma a relacionar conteúdos pertinentes com o problema em estudo. Esta fase é assim considerada, por Fortin (1999), como uma etapa essencial à exploração do domínio de investigação, que permite estruturar o problema, estabelecer ligações e clarificar conceitos.