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4 ANÁLISE DA APLICABILIDADE DA TEORIA DO DESESTÍMULO À LUZ DO

4.1 TEORIA DO DESESTÍMULO

4.1.1 Origem e conceito da punitive damages

Segundo Marinangelo (2016), a punitive damages tem sua origem no sistema jurídico common law, aplicada de forma explicita pela primeira vez na Inglaterra em 1763, advento de atos lesivos à liberdade do cidadão, assim, foi amplamente aplicada para inibir os abusos do Estado. Logo após, uma perseguição injusta de um jornal suscitou a punitive damages, efetivando a teoria como um combate aos abusos econômicos nas relações civis.

A jurisprudência Inglesa evoluiu e consolidou-se na tutela à pessoa, à honra, à privacidade e da vida privada. Todavia, no caso House of Lords, no caso Rookes vs, Barnard determinou três hipóteses muito bem definidas na aplicação da punitive damages: (a) violação dos direitos fundamentais do cidadão por parte da Administração Pública; (b) comportamentos ilícitos expressamente destinado à obtenção de lucro excedente em relação ao dano e; (c) expressa determinação legal. (GALLO; BARATELLA, 2006, p. 201-02 apud MARINANGELO, 2016, p. 82).

Para Pargendler e Costa (2005 apud CRUZ, 2015), a indenização punitiva no direito anglo-saxônico foi o Statue of Councester, da Inglaterra de 1278, que se desenvolveu no século XVIII, na criação da Exemplary Damages para justificar uma indenização extrapatrimonial quando está é irrisória ou de valor insignificativo para o direito.

Os punitive damages são um instituto de origem britânica e teria a sua origem com a introdução nesse ordenamento da indenização por meio de múltiplos financeiros do dano. O autor do dano era castigado pela imposição da reparação em um múltiplo do valor do dano sofrido pela vítima. A primeira previsão no direito anglo-saxão foi o Statue of Councester, na Inglaterra em 1278. O instituto se aperfeiçoou no século XVIII quando se criou a doutrina do exemplary damages, e era aplicado em casos de danos extrapatrimoniais. Em 1763, a justiça inglesa fazia uso dos punitive damages nos termos atuais. O caso era de um ilícito de invasão de terras e danos à propriedade promovidos intencionalmente. Em razão dos danos ocasionados e o dolo que se dirigia em prejudicar terceiros resolveu-se então em punir mais severamente os autores desses danos. (SANTOS JUNIOR, 2007, p. 17 apud CRUZ, 2015, p. 79).

Contudo, Segundo Walker e Silva (2016), não houve um campo amplo para a construção da teoria na Inglaterra, ao passo que, rapidamente houve uma transposição para os Estados Unidos, onde encontra-se diversos estudos mais aprofundados.

Afirma Owen (1994), que o primeiro precedente de punitive dagames nos Estados Unidos da América é de 1784, no caso Genay vs. Norris, no qual o demandante ficou doente em beber um copo de vinho com uma mosca espanhola, colocada pelo réu por brincadeira. Assim, a punitive dagames se tornou um dispositivo na lei Americana.

A Punitive Damages surgiu como um método de coibir práticas ilícitas, para tal, imputa-se uma segunda indenização significativo para conceder um valor pecuniário para amenizar a dor da vítima e educar o ofensor.

Para acceder a una primera definición aproximativa sobre los daños punitivos podría decirse que, agregados a los daños compensatorios, son concebidos para castigar al demandado – El sujeto dañante – por haber cometido, en una posición subjetiva que podría ser definida como de mala fe, un hecho particularmente grave y reprochable – en la casi generalidad de los casos se trata de un tort (ilícito) -, con la consiguiente función de desalentar una acción del mismo tipo. Esas dos funciones, sancionar y desalentar, son constantemente empleadas por los jueces americanos. (MAYO; CROVI, 2011 apud CRUZ, 2015, p. 78).

Em linhas gerais, uma primeira definição, a punitive damages consiste em uma indenização a mais, com escopo de em sancionar o réu com uma pena pecuniária delito civil pratico, que tem por função desencorajar uma ação do mesmo tipo, sendo constantemente utilizadas nas Cortes Americanas.

Segundo American Law Institute4 (1979, apud Walker; Silva, 2016, p. 299), a

punitive damages é definida como uma indenização não compensatória com intuito de punir alguém por sua conduta ultrajante e dissuadir o ofensor e os outros membros da sociedade a não induzir em condutas similares no futuro. Destarte, não é possível aplicar em caso de negligencia, imprudência ou imperícia.

Segundo Sullivan (1977, p. 218 apud MARINANGELO, 2016, p. 93), é utilizado alguns argumentos para inaplicabilidade da punitive damages na relação contratual: segundo tratado Testatement of Contracts o valor indenizatório determina-se pelas perdas e danos, a eventual falha no cumprimento da obrigação assumida não viola padrões sociais de conduta – por força da autonomia da vontade inerente aos contratos.

Contudo, versa o autor de entendimento contrário, concluindo que a reparação do dano contratual não deve abster em apenas à compensação de perdas pecuniárias, deverá substituir a vingança privada e deter outros inadimplementos. (SULLIVAN, 1977, p. 218 apud MARINANGELO, 2016, p. 96).

A punitive damages é um instrumento de aplicação na relação extracontratual (torts), mas já se admite aplicação em casos de relação contratual, nos casos em que há conduta fraudulenta no contrato, por exemplo. Contudo, existe uma linha tênue entre o que é “descumprimento contratual” e “fraude contratual”, que se discute, como veremos.

No caso Welborn vs. Dixon (1904), julgado pela Corte da Carolina do Sul, que envolveu contrato de empréstimo com garantia real. O demandante deixou um terreno em garantia, pagou o empréstimo no prazo acordado, mas descobriu que o réu transferiu para um terceiro de boa-fé. A Corte julgou procedente o pleito de indenização compensatory e punitive damages, sob entendimento que ato fraudulento é motivo suficiente para quebrar o contrato e condenar o réu em ambas as modalidades.

Sendo a punitive damages uma indenização a mais e, preenchido os requisitos, a vítima terá direito a indenização pelos danos efetivos e também a indenização punitiva que serão quantificadas separadamente. Em síntese, o júri determinara a responsabilidade civil e arbitrará a indenização compensatória e posteriormente analisará o cabimento de indenização

4 American Law Institute (ALI) escreve documentos conhecidos como tratados (Restatement of torts), que são

resumos da lei comum do Estado (princípios legais que saem das decisões dos tribunais estaduais). Muitos tribunais e legislaturas consideram os tratados da ALI como material de referência oficial sobre muitas questões legais (American Law Institute, 1923).

punitiva e fixará o quantum. Na mesma decisão. (SEBOK, 2009, p. 2009 apud WALKER; SILVA, 2016, p. 300).

Destarte, nos Estados da Califórnia, Montana, Nevada, New Jersey, Texas, West Virginia, ocorre uma espécie de “bifurcação” no procedimento, o júri tratando do quantum indenizatória em etapas diferentes. Ou seja, analisará a responsabilidade civil pelos danos efetivos e em outra decisão/julgamento analisará o cabimento da indenização punitiva. (WALKER; SILVA, 2016, p. 300).

Há muitas divergências nos Estado norte-americanos do exato critério e da medida na conduta ilícita que poderá impor uma indenização punitiva, assim, diante de algumas imprecisões, sugere Owen (1989, p. 728 apud WALER, 2016, p. 138), que “a indenização punitiva é apropriada para conduta que seja realizada com um desprezo consciente ou gravemente culposo pelos direitos de outrem, e que constitua um desvio extremo de uma conduta ilícita”.

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