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CAPÍTULO 4. ICMBIO: CRIAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO

4.7 A ORIGEM DAS COORDENAÇÕES REGIONAIS-CRS E SEUS CRITÉRIOS ESPACIAIS

Quanto aos processos, a solução apresentado foi definir grupos de processos (por afinidade temática e pelo perfil de competências técnicas necessárias a sua gestão) que demandariam uma coordenação central e alguma regulamentação técnica. E no que diz respeito às UCs e centros, a quantidade e a dispersão territorial necessitariam uma solução de coordenação diferenciada.

Considerando a possibilidade do conjunto de UCs requerer algum tipo de coordenação por supervisão, por meio da criação de unidades que coordenem um conjunto de UCs e centros a partir de algum recorte regional (possivelmente meso-regional de forma não coincidente com o recorte federativo) ou temático (por exemplo, graus de implantação e de complexidade de UCs).

Quanto às UCs, se propôs a não existência de estruturas intermediárias hierárquicas entre a base e a cúpula, uma vez que este modelo já havia sido adotado em períodos anteriores e não obteve resultados satisfatórios.

Dessa forma, a preocupação passou a ser qual seria o desenho para supervisão das UCs do ICMBIO.

A Publix propôs então a existência de dois mecanismos de integração entre UCs e a administração central, que seriam:

1. a criação de redes de UCs, formando instâncias colegiadas regionais (a partir de aglutinações micro ou meso-regionais de UCs, segundo critérios, tais como complexidade, incidência de problemas, proximidade etc.) compostas pelos próprios dirigentes das UCs, sem caráter unicamente deliberativo, com o objetivo de conduzir a integração e “animação”entre as UCs e facilitar o diálogo com as coordenações dos processos na administração central; e

2. Cada nó de rede terá o papel de agregador de resultados e trabalhará diretamente com UCs vinculadas, instâncias colegiadas e processos de trabalho, com o propósito de pactuar, monitorar e avaliar seus desempenhos. (Publix, 2008).

A partir desses mecanismos de integração, foram propostas localidades integradoras responsáveis pela supervisão regional, chamados de “núcleos regionais”. Essa definição contou com a contribuição dos dirigentes do ICMBio, sendo definidos 11 núcleos regionais (centros de nó), segundo os critérios territoriais de biomas. Seriam os seguintes:

QUADRO 8 - Proposta dos Núcleos Regionais de supervisão de UCs

NR-1: PORTO VELHO (RO) NR-2: MANAUS (AM) NR-3: ITAITUBA (PA) NR-4: BELÉM (PA) NR-5: PARNAÍBA (PI) NR-6: CABEDELO (PB) NR-7: PORTO SEGURO (BA)

NR-8: RIO DE JANEIRO (RJ – TIJUCA) NR-9: FLORIANÓPOLIS (SC – CARIJÓS) NR-10: CHAPADA DOS GUIMARÃES (MT) NR-11: LAGOA SANTA (MG)

Quanto ao suporte administrativo, mesmo tendo um grupo de processos denominados suporte operacional para este fim, não ficava clara a forma de funcionamento do suporte administrativo, que não deveria ser confundido com o papel integrador das instâncias colegiadas. A proposta foi a da constituição de uma rede de Unidades Gestoras (UGs) com as seguintes características:

 As UGs deverão proporcionar às UCs e Centros o maior grau de autonomia operacional possível. No futuro, imaginando-se a plena implantação de UCs, é admissível que se busque uma UC com autonomia administrativa e financeira;

 A constituição de uma UG deve se basear em mapeamento logístico que buscará identificar demandas por serviços administrativos (orçamento e finanças, suprimento, gestão de pessoas etc.) em função da complexidade e nível de implantação das UCs e centros;

 As UGs deverão funcionar de forma não necessariamente “casada” com os colegiados de dirigentes de UCs e Centros;

 As UGs deverão atuar como instâncias de prestação de serviços administrativos voltadas ao interesse de seus beneficiários (UCs e centros sob seu âmbito de atendimento);

Neste sentido, os processos se relacionariam diretamente com as UCs sem necessariamente passarem pela intermediação burocrática dos núcleos regionais (exceto facilitação e integração, quando necessários).

FIGURA 17 - Modelo de Gestão do ICMBio - Situação Diagnosticada

“Orientação operacional de baixo-para-cima: drenagem da agenda estratégica por questões operacionais das UCs e Centros, em detrimento da gestão por resultados e do trabalho estratégico de fronteira, de articulação, interlocução e relações interinstitucionais que cabe mais propriamente à cúpula;

Baixa autonomia operacional e ampla autonomia estratégica das UCs e Centros (centralidade do dirigente em vez do plano);

Gestão de UCs orientada para ações e não para resultados (metas de conservação e de uso sustentável, não apenas planos de ação)”. (Relatório Publix: Modelagem Institucional do ICMBio)

FIGURA 18 - Modelo de Gestão do ICMBio - A Situação Desejada

1. “Clareza de objetivos (resultados) e prioridades da política pública de forma alinhada; 2. Orientação estratégica a partir da política pública: UCs e Centros pautados por

resultados alinhados com uma estratégia alinhada com uma política;

3. Gestão de UCs e centros orientada para resultados, com atualização e modernização dos atuais instrumentos, incluindo-se metas finalísticas de conservação da

biodiversidade e de uso sustentável, conforme o caso”. (Relatório Publix: Modelagem Institucional do ICMBio)

Resumindo, de forma objetiva pode-se dizer que o modelo de gestão atual está de cabeça para baixo: a administração central está a serviço de problemas operacionais pontuais, revelando um fluxo invertido onde a sociedade aporta recursos, as UCFs recorrem à administração central para solucionar seus problemas, e esta recorre ao MMA e consome a maior parte de sua energia para reparar os prejuízos”. (Relatório Publix: Modelagem Institucional do ICMBio).

Mais tarde, os tais núcleos regionais passaram a ser chamados de Coordenações Regionais, passando a integrar a estrutura básica do ICMBIO, tendo como competências definidas na lei de criação do ICMBIO:

“Art. 12. Às Coordenações Regionais, instâncias com estrutura mínima necessária para prestação de serviços administrativos, técnicos e jurídicos, com quadro de pessoal e cargos próprios, previstas em decreto presidencial e definidas por portaria do Ministério do Meio Ambiente, compete:

I – atuar como centro de resultados, promover a articulação e integração das unidades no âmbito de sua área de abrangência;

II – realizar as atividades de consultoria e assessoramento jurídico, assim como a representação judicial do Instituto no âmbito de sua jurisdição;

III – desenvolver atividades de assessoramento administrativo e executar, quando autorizado pela direção do Instituto, ações que favoreçam a gestão das unidades descentralizadas;

IV – atuar como unidade facilitadora e prestadora de serviços para a implantação das unidades descentralizadas;

V – prestar atendimento e informação à sociedade;

VI – apoiar o planejamento, a execução e o monitoramento de programas, projetos e ações técnicas de competência do Instituto no âmbito de sua jurisdição; e

VII – atuar como instância de interlocução entre as unidades descentralizadas e a sede do ICMBio quanto à divulgação de informações, diretrizes e resultados.”

A FIGURA 19 abaixo mostra o recorte espacial da proposta oficial de Coordenações Regionais do ICMBIO.

FIGURA 19 - Coordenações Regionais do ICMBIO conforme proposta oficial, atualmente vigente. E, vermelho

os limites da CRs, em preto os limites dos Estados e em verde as UCFs. Os pontos pretos correspondem à localização de cada uma das 11 CRs.

Vale registrar aqui que antes mesmo da contratação do Instituto Publix para elaborar modelagem organizacional do ICMBIO, a cúpula do órgão divulgou de forma não oficial uma proposta que contemplava a existência de 15 coordenações regionais. Conforme figuras a seguir, que identificam o recorte espacial de cada Coordenação Regional e as UCs a ela vinculadas.

FIGURA 20 - Proposta inicial e não oficial de Coordenações Regionais do ICMBIO. Observa-se diferencias

significativas em comparação com a proposta oficialmente apresentada, especialmente para as UCs da Amazônia.

A figura acima demonstra que havia uma proposta (não oficial) quando da criação do órgão, que considerava um maior numero de Crs e uma distribuição mais equtativa das UCFs nestas. Bem como preconizava grupos de UCFs em forma de mosaico, como obsevado no grupo da BR-163 e da região da terra do meio, ambas no Pará, que possuiriam cada um uma CR própria.

A proposta oficial e vigente de Coordenações Regionais agrupa um numero maior de UCFs por CR e não considera o recorte federativo dos estados. Conforme os dados abaixo demonstram.

GRÁFICO 3 - Área de UCFs (em ha)/Coordenação regional.

Fonte dos dados: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO. Organização: Hueliton Ferreira, 2010

GRÁFICO 4 - Unidades de Conservação Federais por Coordenação regional.

Fonte dos dados: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBIO. Organização: Hueliton Ferreira, 2010

Nos gráficos acima é possível observar que as Crs localizadas na Amazônia possuem grande maioria de hectares UCFs (gráfico 10), pois as UCFs desse bioma são maiores em tamanho se comparadas com as UCFs de outros biomas. Apesar de todas as CRs possuírem relativa equilibrada quantidade de UCs em sua jurisdição (gráfico 11)