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Origens e características no Brasil

4 ANÁLISES E DISCUSSÕES

4.1 Origens e características no Brasil

Segundo Carvalho (2010), a crise de 2008 teve sua origem nos Estados Unidos e a denominou de crise do SubPrime a qual foi determinada por uma falta de fiscalização que permitiu operações econômicas de risco para a saúde do sistema financeiro estadunidense.

A chamada “crise

subprime” é uma crise financeira detonada pela excessiva

especulação sobre ativos de alto risco que foram financiados por empréstimos bancários. Na verdade, os empréstimos de alto risco (que incluem empréstimos hipotecários à compra de casas residenciais e aluguéis e compras de carros por meio de cartões de crédito) são concedidos, muitas vezes, a tomadores (clientes) sem comprovação de renda e sem histórico de reputação de “bom pagador”. As taxas de juros são pós-fixadas, isto é, são determinadas no momento do pagamento das dívidas. Por esta razão, com a elevação da taxa de juros, nos EUA, muitos mutuários ficaram inadimplentes, isto é, sem condições de pagar as suas dívidas junto aos bancos comerciais que, por sua vez, entraram em estado de falência (CARVALHO, 2010, p.2).

Segundo Torós e Mesquita (2010), o Banco Central vinha, nesse contexto, ajustando a taxa básica de juros, com vistas a eliminar o descompasso entre o ritmo de expansão da demanda e da oferta, conter a deterioração das expectativas inflacionárias e, assim, promover o retorno da inflação à trajetória de metas. A autoridade monetária havia, também, ajustado as normas referentes aos depósitos compulsórios associados a operações com empresas de arrendamento mercantil, de forma a remover um desequilíbrio competitivo existente no setor.

De acordo Torós e Mesquita (2010), adicionalmente, o Banco Central havia

tomado, ainda em 2007, medidas visando mitigar a exposição das instituições financeiras à

volatilidade cambial. Tais medidas mostraram se bastante oportunas durante a crise de 2008,

pois limitaram efetivamente a vulnerabilidade destas instituições à forte depreciação cambial

ocorrida entre agosto e dezembro de 2008. O cenário macroeconômico mudaria abrupta e

substancialmente no quarto trimestre de 2008, após a quebra do Lehman Brothers e da

intensificação da crise financeira internacional. Não há dúvidas que a economia brasileira

estava mais bem preparada para a crise do que em episódios anteriores. Mesmo assim, a crise

desencadeou um processo de constrição das condições financeiras em dólares e em reais, que teve efeitos deletérios sobre a confiança e a atividade econômica.

A Revista da Procuradoria do BACEN (2010) elucida o ambiente de especulação e desorganização dos sistemas financeiros dos EUA que permitiu a ocorrência de operações de empréstimos inconsequentes para sustentarem uma economia mais livre e crítica essa falta de critérios ao conceder. A revista revela que a crise foi uma grande lição da importância do Estado atuante sobre a economia principalmente na concessão de crédito. As faltas de normas concretas possibilitaram uma grande quantidade de concessões imprudentes de créditos às pessoas que não possuíam garantias de quitação relativa aos compromissos financeiros. A atitude negligenciada inflou os empréstimos imobiliários de clientes tomadores e criou-se uma bolha que atraiu uma grande massa de pessoas às instituições financeiras induzidas pela ganância e facilidades do crédito o que colocou o país em uma situação de risco.

O crédito inconsequente, concedido sem efetivo conhecimento das garantias de sua quitação, que repousam, como se sabe, no patrimônio dos devedores – os clientes tomadores de empréstimos –, foi a causa da “bolha” financeira que, se, durante muito tempo, entorpeceu a sociedade norte-americana com a euforia de uma expansão irresponsável do crédito para os clientes das instituições financeiras, alimentando a ganância imediatista e incauta de ambos às custas de uma descontrolada exposição do sistema financeiro daquele país ao risco sistêmico.

(BACEN, 2010, p.42).

Desse modo, comparam-se a uma bomba relógio os riscos dos créditos ocultos que cobraram sua atura por meio desemprego e tomada de moradia da população. A crise se propagou pelo mundo e os bancos centrais tiveram que tomar atitudes.

O relatório anual do BACEN (2007) diz que a origem da crise foi ocasionada pela desordem do sistema financeiro que permitiu a quebra de diversos bancos. Houve o agravamento e a disseminação dos efeitos problemáticos dos bancos que geraram o desequilíbrio no funcionamento dos mercados creditícios globais e criaram um ambiente de retração de liquidez* colocando importantes instituições financeiras em situação de risco. As empresas Fannie Mae e Freddie Mac anunciaram suas perdas de bilhões de dólares o que causou desconfiança no investidor dos Estados Unidos

O agravamento e a disseminação da crise financeira internacional registrados em

2008 traduziram-se em crescente deterioração no funcionamento dos mercados de

crédito e de capitais globais. O cenário de retração de crédito e de empoçamento de

liquidez observado no primeiro semestre de 2008 transformou-se, a partir de

setembro, em riscos de insolvência em importantes instituições financeiras, em

especial norte-americanas e europeias. Ao longo do ano, bancos, companhias de

valores mobiliários e companhias de seguros sediados nos continentes americanos, europeu e asiático, bem como as empresas patrocinadas pelo governo dos Estados Unidos – Fannie Mae e Freddie Mac – anunciaram perdas e baixas contábeis de US$974 bilhões, enquanto foram levantados US$824 bilhões em capital novo. O conjunto de medidas adotadas pelos principais bancos centrais e as intervenções governamentais reforçando a estrutura de capital de inúmeras instituições para enfrentar as restrições de liquidez e creditícias não proporcionaram a reversão do cenário de aversão ao risco. Os investidores passaram a reduzir posições nos mercados de maior risco, aumentando a demanda por papéis governamentais de longo prazo, o que, em ambiente de adoção de políticas monetárias menos restritivas, favoreceu a manutenção da trajetória de queda dos rendimentos anuais dos títulos governamentais de longo prazo de importantes economias, iniciada em meados de 2007 (Relatório anual do BACEN, 2007, p.171).

Também afirma sobre as causas da crise foi devido ao grande volume de créditos colocados à disposição de indivíduos que não poderiam pagar pelo empréstimo adquirido. A inadimplência não era o único problema, mas a baixa informação dos consumidores envolvidos e acabaram entrando em dívidas porque desconheciam a formulas de ajustes que estavam embutidas nos financiamentos. A prática do refinanciamento era comum para obter liquidez mais rápida. Essas facilidades de manobras financeiras fomentaram o impacto da crise devido à falta de uma regulamentação que as evitassem (Revista Procuradoria do BACEN, 2007, p.129).

Os Relatórios das Reservas Internacionais (2009) dizem que a crise surgiu da inadimplência das hipotecas com consumidores sem garantida de quitação em 2006. Esses empréstimos contaminaram o sistema financeiro como um todo, causando perdas conjuntamente com a falta de transparência no processo de movimento dessas operações. A desconfiança do Banco Central aumento muito com o aprofundamento da crise. As medidas adotadas para conter minimizar a exposição de crédito:

i) interrupção temporária de operações de depósitos, de moedas e de ouro com instituições específicas;

ii) redução do montante e do prazo dos investimentos com risco de crédito bancário; e

iii) implementação de um novo modelo de risco de crédito bancário agregado baseado em metodologia consolidada no mercado financeiro

A Ata da 132ª Reunião do Copom (2008) reafirma o quadro de desaceleração econômica dos Estados Unidos da América (EUA) e incertezas sobre a duração desse quadro.

As análises de dados estatísticos da confiança e do desemprego mostram um país em uma

crise financeira. Essa ata retrata a questão das dúvidas acerca do tamanho das dívidas contraídas pelas famílias, porém tinha-se uma convicção de que a situação poderia se reverter até o final de 2008.

A Ata da 135ª Reunião do Copom (2008) confirma a desorganização do sistema de hipotecas e como a crise se espalhou pela Europa que também comparam subprimes no mercado estadunidense.

A Ata da 138ª Reunião do Copom (2008) também mostrou uma preocupação com

o futuro do mundo. As incertezas que surgiam fizeram a economia global tomar decisões para

evitar o pior. Porém a dúvida sobre o que provocara essa turbulência e quão grande seria seu

efeito e sua duração criou um ambiente de incertezas para as economias emergentes e também

para os investidores.

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