• Nenhum resultado encontrado

ormir na manjedoura com os cavalos!

No documento EU E OUTRAS POESIAS Augusto dos Anjos (páginas 105-119)

Da rocha brava, numa ininterrupta

A

Por que Jeová, maior do que La Não fez cair o túmulo de Plínio Por sobre todo o meu raciocínio P

Pois minha Mãe tão cheia assim daqueles Carinhos, com que guarda meus sapatos, Por que me deu consciência dos meus a P

Quisera antes, mordendo glabros talo Nabucodonosor ser do Pau d’Arco, Beber a acre e estagnada água do charco D

Mas a carne é que é humana! A alma é divina.

eija a peçonha, e não se contamina!

ja,

andar de luto pelo pai que é morto!

s, hupar os ossos das alimarias!

o isto

ara sacrificar-me pelos homens! Dorme num leito de feridas, goza O lodo, apalpa a úlcera cancerosa, B

Ser homem! escapar de ser aborto! Sair de um vente inchado que se ano Comprar vestidos pretos numa loja E

E por trezentos e sessenta dias Trabalhar e comer! Martírios juntos! Alimentar-se dos irmãos defunto C

Barulho de mandíbulas e abdômens! E vem-me com um desprezao por tud Uma vontade absurda de ser Cristo P

Soberano desejo! Soberana

Ambição de construir para o homem uma ma óleo rançoso da saliva humana!

o,

o olho do estuprador se encha de bichos!

a crise,

a mão da meretriz caia aos pedaços!

o, Região, onde não cuspa língua algu O

Uma região sem nódoas e sem lixos, Subtraída à hediondez de ínfimo casc Onde a forca feroz coma o carrasco E

Outras constelações e outros espaços Em que, no agudo grau da últim

O braço do ladrão se paralise E

II

O sol agora é de um fulgor compacto, E eu vou andando, cheio de chamusc Com a flexibilidade de um molusco,

Úmido, pegajoso e untuoso ao tacto!

cesa

as ara despedaçar minha tristeza!

rda!...

ue nas hastes delgadas se balouça!

s,

a ampla circunferência das laranjas.

Reúnam-se em rebelião ardente e a Todas as minhas forças emotivas E armem ciladas como cobras viv P

O sol de cima espiando a flora moça Arda, fustigue, queime, corte, mo Deleito a vista na verdura gorda Q

Avisto o vulto das sombrias granjas Perdidas no alto... Nos terrenos baixo Das laranjeiras eu admiro os cachos E

Ladra furiosa a tribo dos podengos. Olhando para as pútridas charnecas Grita o exército avulso das marrecas

Na úmida copa dos bambus verdoengos.

alho, om a rapidez duma semicolcheia.

los,

s chicotes finíssimos dos juncos.

a...

e todos os corpúsculos do pólen.

cha

Um pássaro alvo artífice da teia

De um ninho, salta, no árdego trabalho, De árvore em árvore e de galho em g C

Em grandes semicírculos aduncos, Entrançados, pelo ar, largando pê Voam à semelhan ça de cabelos O

Os ventos vagabundos batem, bolem Nas árvores. O ar cheira. A terra cheir E a alma dos vegetais rebenta inteira D

A câmara nupcial de cada ovário Se abre. No chão coleia a lagartixa. Por toda a parte a seiva bruta esgui

Num extravasamento involuntário.

-- Augusto,

ualquer ou de qualquer obscura planta!

da o mais incorruptível pergaminho.

a morte

acha-me os pés como se fosse agulha.

,

Eu, depois de morrer, depois de tanta Tristeza, quero, em vez do nome

Possuir aí o nome dum arbusto Q

III

Pelo acidentalíssimo caminho

Faísca o sol. Nédios, batendo a cauda, Urram os bois. O céu lembra uma lau D

Uma atmosfera má de incômoda hulha Abafa o ambiente. O aziago ar morto Fede. O ardente calor da areia forte R

Por saibros e por cem côncavos vales,

e arrasta à casa do finado Toca!

e ue carregava canas para o engenho!

uantas flores! Agora, em vez de flores, intam caretas verdes nas taperas.

,

ostra a cara medonha dos buracos. Como pela avenida das Mappales, M

Todas as tardes a esta casa venho. Aqui, outrora, sem conchego nobre, Viveu, sentiu e amou este homem pobr Q

Nos outros tempos e nas outras eras, Q

Os musgos, como exóticos pintores, P

Na bruta dispersão de vítreos cacos À dura luz do sol resplandecente, Trôpega e antiga, uma parede doente M

Do teto. E traça trombas de elefantes Com as circunvoluções extravagantes

o seu complicadíssimo intestino.

jos,

stão olhando aquelas coisas mortas!

rvore à criança,

ne todas as coisas do Universo!

m brasas

hamando-me do sol com as suas asas! D

O lodo obscuro trepa-se nas portas. Amontoadas em grossos feixes ri As lagartixas, dos esconderijos, E

Fico a pensar no Espírito disperso Que, unindo a pedra ao gneiss e a á Como um anel enorme de aliança, U

E assim pensando, com a cabeça e Ante a fatalidade que me oprime, Julgo ver este Espírito sublime, C

Como o réptil gosta quando se molha E na atra escuridão dos ares, olha

elancolicamente para o mundo!

olo obscuro,

ue o miserável recebeu na estrada!

s re...

ue o escravo ganha, trabalhando aos brancos!

rna, ó, com a misericórdia de um tijolo!...

M

Essa alegria imaterializada,

Que por vezes me absorve, é o ób É o pedaço já podre de pão duro Q

Não são os cinco mil milhões de franco Que a Alemanha pediu a Jules Fav É o dinheiro coberto de azinhavre Q

Seja este sol meu último consolo;

E o espírito infeliz que em mim se encarna Se alegre ao sol, como quem raspa a sa S

E as bocas vão beber o mesmo leite...

orre, da mesma forma que o homem morre.

, u grito

ue eu trago encarcerado da minh’alma!

ame,

carbonização dos próprios ossos!

ersos de amor

um poeta erótico

A lamparina quando falta o azeite M

Súbito, arrebentando a horrenda calma Grito, e se gritio é para que me

Seja a revelação deste Infiniti Q

Sol brasileiro! queima-me os destroços! Quero assistir, aqui, sem pai que me De pé, à luz da consciência infame, À V A

Parece muito doce aquela cana.

Descasco-a, provo-a, chupo-a... ilusão treda!

toda a boca que o não prova engana.

o, das as ciências menos esta ciência!

o inte

hamas amor aquilo que eu não chamo.

a odo de ver, consoante o qual, o observas. O amor, poeta, é como a cana azeda,

A

Quis saber que era o amor, por experiência, E hoje que, enfim, conheço o seu conteúd Pudera eu ter, eu que idolatro o estudo, To

Certo, este o amor não é que, em ânsias, am Mas certo, o egoísta amor este é que ac Amas, oposto a mim. Por conseguinte C

Oposto ideal ao meu ideal conservas. Diverso é, pois, o ponto outro de vista

Consoante o qual, observo o amor, do egoíst M

Porque o amor, tal como eu o estou amando,

ida, uida, entretanto, não o estar pegando!

rudes,

omo anda a garça acima dos açudes!

ou inventar também outro instrumento!

u falo

ossam todos os homens compreendê-lo. É Espírito, é éter, é substância fluida, É assim como o ar que a gente pega e cu C

É a transubstanciação de instintos Imponderabilíssima e impalpável, Que anda acima da carne miserável C

Para reproduzir tal sentimento

Daqui por diante, atenta a orelha cauta, Como Mársias -- o inventor da flauta -- V

Mas de tal arte e espécie tal fazê-lo Ambiciono, que o idioma em que te e Possam todas as línguas decliná-lo P

Para que, enfim, chegando à última calma

omo um saco vazio dentro d’alma!

onetos

meu pai doente

ruas...

u, para amenizar as minhas dores! Meu podre coração roto não role, Integralmente desfibrado e mole, C S I A

Para onde fores, Pai, para onde fores, Irei também, trilhando as mesmas Tu, para amenizar as dores tuas, E

Que coisa triste! O campo tão sem flores, E eu tão sem crença e as árvores tão nuas

E tu, gemendo, e o horror de nossas duas Mágoas crescendo e se fazendo horrores!

ombria,

e assim magoar-te sem pesar havia?!

fim

eus não havia de magoar-te assim!

meu pai morto

em um gemido, assim como um cordeiro!

Magoaram-te, meu Pai?! Que mão s Indiferente aos mil tormentos teus D

-- Seria a mão de Deus?! Mas Deus en É bom, é justo, e sendo justo, Deus, D II A

Madrugada de Treze de Janeiro, Rezo, sonhando, o ofício da agonia. Meu Pai nessa hora junto a mim morria S

E eu nem lhe ouvi o alento derradeiro! Quando acordei, cuidei que ele dormia,

corda-o”! deixa-o, Mãe, dormir primeiro!

,

No documento EU E OUTRAS POESIAS Augusto dos Anjos (páginas 105-119)

Documentos relacionados