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CAPÍTULO 2 | Administração Pública Eletrónica em Portugal

2.1. E VOLUÇÃO DA A DMINISTRAÇÃO PÚBLICA E LETRÓNICA EM

2.1.2. P ORTAL DO C IDADÃO E DA E MPRESA

O primeiro dos sete eixos de atuação do Plano de Acção para o Governo Electrónico da UMIC, “Serviços Públicos Orientados para o Cidadão”, tinha como objetivo a melhoria progressiva da prestação de serviços, de modo a facilitar as relações entre a AP e o cidadão, de forma simples, segura e conveniente, através de uma visão integrada de canais de interação articulados e transversais (UMIC, 2002). Estes objetivos materializaram-se na criação de um website onde constam serviços da administração pública interativos em qualquer momento, em qualquer local, segundo as necessidades do cidadão (enquanto indivíduo, empresa ou comunidade).

Em 2004, foi criado o Portal do Cidadão com o Decreto-Lei n.º98/20047, que contou com a

colaboração com todos os ministérios e com algumas das entidades representativas da sociedade civil e pretendia constituir o ponto de acesso privilegiado aos serviços da administração pública na internet. Foram então disponibilizados de forma online no PC os vários serviços prestados pelas várias entidades e vários organismos da AP. Segundo a UMIC (2002), os objetivos do Portal do Cidadão passavam por colocar os serviços públicos cada vez mais próximos e disponíveis ao Cidadão, tornar a administração pública mais eficiente, eficaz e respeitada pelo cidadão e desenvolver um portal na internet, enquadrado numa plataforma multicanal, como ponto de acesso por excelência dos cidadãos aos serviços públicos.

O Infocid, em conjunto com o Serviço Público Directo, que estava sob coordenação do IGLC, em março de 2004 foi desligado e redirecionado para o Portal do Cidadão. Os conteúdos disponíveis no Infocid foram incluídos no Portal do Cidadão.

O Portal do Cidadão foi inovador em Portugal, na medida em que “identificava e integrava os serviços online mais úteis aos cidadãos e às empresas (…) e geria conteúdos organizados por áreas de interesse e situações de vida”. A nível de sofisticação de serviços online, na sua versão inicial, cerca de 50% dos serviços eram informativos, 30% eram interativos e 20% transacionais. (Fonseca & Carapeto, 2009, p. 245)

O Portal da Empresa foi criado em 2006 para ser o canal central de acesso eletrónico aos serviços da administração pública destinados às empresas, similarmente ao PC, numa filosofia de balcão unificado de atendimento. Numa fase inicial, contou com mais de 400 serviços para as empresas que já se encontravam disponíveis no Portal do Cidadão.

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A organização do PE estava criada por eventos de vida de uma empresa, isto é, segundo a UMIC (2011), por conjuntos de informações de interesse para a atividade empresarial como a criação da empresa, a gestão da empresa, a gestão da empresa e sua extinção.

A Empresa Online foi um dos serviços de maior relevância que foram disponibilizados com o PE. A Empresa Online surgiu na lógica de desmaterialização da Empresa na Hora8 e viabilizou a

possibilidade de criar uma empresa online na íntegra. Outra funcionalidade do PE foi o Dossier

Eletrónico da Empresa, que consiste numa área reservada para os empresários na qual ficam reunidos

todos os processos de efetuados online através do Portal da Empresa (UMIC, 2011). Estava também disponível no Portal da Empresa um Catálogo de Licenças. Este “foi uma primeira contribuição para a transparência da informação” com o qual se pretendeu “não só facultar a pesquisa de informação relevante sobre cada tipo de licença/autorização necessária ao exercício de uma dada actividade (como é o caso, entre outras, da entidade competente, legislação aplicável, documentação e contactos), mas também vir a disponibilizar a possibilidade de requerer por via eletrónica essas mesmas licenças ou autorizações” (Marques, 2009).

Em 2007, estavam disponíveis no Portal da Empresa cerca de 465 serviços destinados às empresas, 9 simuladores relacionados com faturação de eletricidade e água, IRS, segurança social, entre outros, e 21 guias sobre áreas de interesse ao empresário para consulta e apoio do mesmo (UMIC, 2011). Foram significativos os esforços traduzidos em medidas e planos de aproximação da administração pública aos cidadãos e empresas com as tecnologias de informação e de comunicação. No ano de 2005, por forma a dar cumprimento aos objetivos da Estratégia de Lisboa, surgiu o Plano Tecnológico, com programas como a, já referida, Empresa na Hora, o Documento Único Automóvel, o Cartão do Cidadão, a iniciativa Ligar Portugal, o Simplex, entre outras. É importante destacar alguns desses projetos.

O programa Ligar Portugal, enquadrado no programa do Plano Tecnológico, num dos seus eixos veio reforçar a ideia de que é fulcral simplificar e melhorar a disponibilização e prestação de serviços públicos aos cidadãos e às empresas, numa lógica de transparência.

Foi em 2006 que foi criado o primeiro Simplex, que consiste num programa anual de simplificação administrativa e legislativa que inclui medidas que tornem a vida mais fácil aos cidadãos e às empresas nas suas relações com a AP. Os seus objetivos e os propósitos das suas medidas baseiam- se em “orientar a administração para uma resposta pronta e eficaz às necessidades dos cidadãos e das empresas”, “contribuir para aumentar a confiança dos cidadãos nos serviços”, “permitir às empresas obter mais rapidamente licenças e autorizações e cumprir outras formalidades”, ou, por outro lado, “dispensá-las desses procedimentos”, para que, a médio prazo se favoreça “a competitividade de

8Regime especial de constituição imediata de sociedades comerciais criado com o Decreto-Lei n.º111/2005 de 8 de

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Portugal, reduzindo os custos de contexto para o exercício de uma actividade económica” (Simplex, 2011).

O Decreto-Lei n.º116/20079 cria a Agência para a Modernização Administrativa, no âmbito da

Presidência do Conselho de Ministros que assume a definição das linhas estratégias e das políticas transversais à administração pública em matéria de tecnologia da informação e da comunicação, as atribuições do IGLC, os Centros de Formalidades de Empresas do Ministério da Economia e da Inovação e as atribuições nos domínios da modernização administrativa e do governo eletrónico da UMIC. Neste sentido, a gestão e coordenação do Portal do Cidadão e do Portal da Empresa passou a ser da competência da AMA.

A AMA é o instituto público que implementa e coordena projetos de iniciativas da Presidência do Conselho de Ministros em áreas da modernização e simplificação administrativa e da administração eletrónica, sob tutela do Secretário de Estado da Modernização Administrativa.

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