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Os alunos sujeitos da pesquisa

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CAPÍTULO III O ENSINO DESENVOLVIMENTAL E A APRENDIZAGEM

2.2 Os alunos sujeitos da pesquisa

Entre as diversas turmas para a realização do experimento didático, a opção da pesquisadora foi por uma turma que tivesse um número menor de alunos tendo em vista assegurar condições necessárias para a realização do experimento. A turma escolhida foi a do 3º ano A do ensino médio.

Os 33 alunos sujeitos da pesquisa da turma do 3º ano A encontram-se na faixa etária entre 15 a 20 anos. A maioria mora distante da escola e um número bastante significativo reside na zona rural. O transporte utilizado por eles é municipal e alguns alunos gastam até 3 horas para chegar à escola. Consequentemente levam lanches e marmita para se alimentarem durante o percurso da viagem.

Conforme mencionado anteriormente, os sujeitos da pesquisa apresentam características da fase de desenvolvimento que corresponde a adolescência (10 a 15 anos) e da fase do desenvolvimento do interesse profissional. O que pode ser corroborado pela participação e pelo interesse em aprender e compreender conceitos. Durante as aulas foi bastante comum questionarem os conceitos trabalhados pelo professor e expressarem de forma espontânea o que pensam. Constantemente indagavam se o conteúdo estudado fazia parte do programa do vestibular.

Conforme mencionado, a turma é bastante heterogênea em termos sócio-econômicos. Alguns alunos trabalham para a sua própria sobrevivência. No entanto, a dificuldade financeira não impede que realizem os trabalhos escolares. Mesmo quando precisam comprar alguns materiais para a execução da atividade, eles dão um “jeitinho,” são interessados e envolvidos no processo escolar. Os alunos demonstraram um bom relacionamento interpessoal.

3 O diagnóstico do conhecimento dos alunos sobre o conceito de estética

Com base nas considerações de Vygotsky sobre a ZDP, explicitadas no capítulo II, foram elaboradas nove questões para a realização de um grupo focal com a intenção de verificar o conhecimento real (ZDR) dos alunos acerca do conceito de estética. Apresentei aos

alunos 03 imagens, (Igreja de Notre Dame - Paris; Igreja de São Francisco - Ouro Preto -MG; Catedral de Brasília - DF e uma fotografia da casa do joão-de-barro) e colocou em discussão as seguintes questões:

1) O que vocês estão vendo? Qual o significado destas imagens?

2) Estas imagens apresentam elementos característicos de determinado período histórico? Quais?

3) É possível deduzir destas imagens como foi o processo de sua criação, os materiais e as técnicas utilizados na arquitetura das igrejas?

4) Essas imagens da parede são representações de arte ou não? Por quê? O que é uma obra de arte?

5) Que características artísticas fazem com que uma imagem possa ser conceituada como uma obra de arte? Estas características estão presentes nessa imagem?

6) Como se pode conceituar estética? Estas imagens têm estética? Qual?

7) Por favor, analisem a imagem da casinha do joão-de-barro. Há trabalho estético na casinha feita por ele? (uma imagem qualquer) e as outras imagens?

8) Que distinção essencial pode ser apontada entre o trabalho estético da casinha feita pelo joão-de-barro e estas outras imagens?

9) Como uma pessoa se torna artista?

Na realização do grupo focal, os alunos sentaram-se em semicírculo. Dos trinta e três (33) alunos, doze (12) participaram ativamente da discussão e quinze (15) ficaram observando. Na discussão foi possível perceber o interesse dos alunos, assim como é seu desenvolvimento real (ZDR) sobre os conteúdos de arte. A análise dos dados evidenciou que os conhecimentos dos alunos sobre o conceito de estética apresentam características do senso comum e do pensamento espontâneo (VYGOTSKY, 2000) ou do pensamento empírico (DAVIDOV, 1988). Ou seja, fragmentado, disperso, desconectado de sua dimensão sócio- histórica e cultural.

4 O Planejamento do experimento didático-formativo

Como já mencionado, o plano de aula18 foi elaborado pelo professor colaborador e pela pesquisadora e reestruturado no decorrer do experimento. Seu desenvolvimento foi

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realizado em 07 encontros, sendo o primeiro, o quarto, o quinto e o sétimo com duração de 1:40h e os demais encontros com duração de 50 minutos. Todo o experimento foi registrado por meio de filmagens, fotografias e anotações. Na elaboração/reestruturação do plano, as atividades de ensino e aprendizagem foram organizadas priorizando as dimensões sócio- históricas e cultural do conceito de estética. Para tanto, as orientações propostas por Davydov (1988) foram fundamentais para pensar e organizar o experimento a partir dos conceitos gerais para chegar ao particular, isto é, a apropriação do nuclear do conceito de estética. Esse processo teve como foco o entendimento de que para ensinar um conteúdo, necessário se faz realizar e identificar por meio de sua análise, a gênese do conteúdo e seu movimento histórico de transformação (DAVYDOV, 1988). Outro foco essencial foi o entendimento de Davydov (1988) sobre a necessidade de intervenção nos processos psíquicos dos sujeitos em estudo. Tendo em vista o alcance dos seguintes objetivos: a) organizar o ensino de artes visuais para uma turma do 3º ano do ensino médio. Tendo em vista a aprendizagem do conceito de estética; b) identificar as vantagens e dificuldades da implementação da proposta de Davydov considerando o contexto da escola Estadual de Ensino Médio de Piracanjuba.

Para tanto, as ações, operações e tarefas propostas no plano, foram pensadas para que o aluno, na medida em que os cumpre, desenvolva ações mentais necessárias à apropriação do conceito de estética. Sob essa perspectiva, a organização do experimento possui papel fundamental, na medida em que atua como um mediador externo.

Para análise dos dados foram realizadas leituras prévias e, posteriormente, uma leitura atenta e aprofundada para a composição das categorias empíricas, considerando o referencial teórico e os objetivos da pesquisa. Só então, foi possível ir compondo as categorias de análise num processo de entrelaçamento entre os objetivos das aulas e a fala dos alunos com a intenção de demonstrar o movimento do pensamento dos alunos na formação do conceito de estética. Mediante este procedimento, chegou-se às seguintes categorias:

• Reconhecendo a estética como expressão do contexto sócio-histórico e cultural • Modelação estética da dimensão sócio-histórico-cultural

• Aplicação do conceito de estética.

• Examinando e Avaliando a compreensão do conceito de Estética como processo de apropriação histórico social da criação humana.

A análise foi orientada para a compreensão, interpretação e descrição destas categorias a luz dos principais conceitos da Teoria histórico-cultural e da Teoria do ensino desenvolvimental, conforme demonstraremos a seguir.

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