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3.1 O PRINCÍPIO DE AUTODETERMINAÇÃO NO CONTEXTO

3.1.1 Os antecedentes históricos

Antes da Revolução francesa de 1789, a comunidade internacional, quase que pela maior parte, apresentava-se como composta por Estados regidos por monarquias hereditárias, nos quais os territórios, os povos eram vistos como propriedade do monarca. Era vigente, portanto, uma concepção do Estado patrimonial, na qual o mesmo era concebido como patrimônio do monarca, o qual dispunha dele a seu bem entender. A revolução francesa apresentou-se como uma marcante rebelião a esse sistema aristocrático de origem antiga, tentando por em primeiro plano o papel dos indivíduos, dos povos e das nações. Esse acontecimento histórico trouxe mudanças acentuadas também no mundo jurídico, através da proposta de erguer as nações na qualidade de protagonistas do direito internacional. Assim como os indivíduos gozavam, no interior de um Estado, de prerrogativas de igualdade, também no plano internacional, as nações eram as individualidades aptas a serem as protagonistas indiscutidas das relações internacionais305 já que essas eram corpos

coletivos naturais em contraposição aos Estados, que viam sua origem em um contrato, em um ato fictício, ao invés do que na própria natureza humana.

Além da Revolução francesa, outro acontecimento histórico relevante para formação do conceito de autodeterminação foi a Revolução americana, culminada com a Declaração de Independência de 1776306.

305 Sobre a suposta influência dos ideais revolucionários sobre a evolução do direito internacional, vide-se a obra de Antonio Cassese “The human dimension of international Law”. Vale citar: “The French Revolution thus projected some of

the great principles and values, once tested within the French society, onto the relations between States. […] First of all, one should distinguish between the principles proclaimed and implemented by French revolutionaries in the field of international relationships, from those proclaimed and implemented at the national level but in the field of foreign policy. […] Then, one should distinguish the immediate and direct effects of revolutionary ideals and principles upon the rules of international community on the one hand and their long term effects on the other hand”. In: CASSESE, Antonio. The human dimension of international law: Selected papers. Oxford: University Press, 2008, p. 72-73, grifo do autor. 306 No entendimento de Cassese, esses dois momentos históricos – Revolução francesa e Declaração de independência americana –, “marked the demise of the

notion that individuals and peoples, as subjects of the King, were objects to be transferred, alienated, ceded, or protected in accordance with the interests of the monarch. The core of the principle lies in the American and French insistence that the government be responsible to the people”. In: CASSESE, Antonio. Self-

Ditos acontecimentos históricos foram influenciados em larga medida pelos princípios da teoria do direito natural, opondo-se abertamente a teoria baseada no direito divino do monarca307. O conceito surgiu para

justificar alocações de territórios de um Estado para outro e sua validade não foi apenas apanágio da França308, onde foi posto em prática através

da figura do plebiscito, mas difundiu-se até a Itália, onde foi endossado por Mazzini e Mancini para justificar o direito da Itália de se tornar um Estado unificado. Como foi observado nos capítulos antecedentes, o discurso legitimador elaborado pelos homens públicos e juristas expoentes da escola italiana de direito internacional funcional à unificação italiana, foi pelos mesmos estendido, passando a ter uma significação geral, conforme a qual, cada nação deveria ter o direito de viver autonomamente e escolher livremente sua própria condição. Com o discurso desenvolvido pela escola italiana, o alcance do princípio de nacionalidade foi determinante para o desenvolvimento do direito internacional. De fato, aplicado às nações que ainda não tinham alcançado a condição de Estado, o princípio de autodeterminação assumiu a roupagem do princípio de nacionalidade. No entendimento de Cassese, o princípio de autodeterminação

[...] por primeiro difundiu-se da França à vizinha Itália, onde no século XIX Giuseppe Mazzini o invocou – na forma de um postulado político que exigia que a todas as nações fosse livremente permitido de escolher sua condição – no seu impulso pela unificação italiana, e o político e jurista italiano P. S. Mancini o tornou o ponto

determination of people: a legal reappraisal. Cambridge: University Press, 1995,

p. 11.

307 Essa observação encontra-se em: RAIĈ, David. Statehood and the Law of self- determination. The Hague: Kluwer Law International, 2002, p. 173.

308 Cassese traz o exemplo do Projeto de Constituição, apresentando por Condorcet à Convenção Nacional no dia 15 de fevereiro de 1793. No artigo 2 do Título XIII, lia-se que: “[La République française] renounce solennement à

réunir à son territoire des contrées étrangères, sinon d’après le voeu librement émis de la majorité des habitants, et dans le cas seulement où les contrées qui solliciteront cette reunion ne seront pas incorporées et unies à une autre nation, en virtu d’un pacte social, exprimé dans une constitution antérieure et librement consentie”. In: CASSESE, Antonio. Self-determination of people. Op. cit., p. 11.

principal do seu trabalho sob a roupagem do princípio de nacionalidade.309

Contudo, o uso do princípio de autodeterminação admitido na prática pelo menos até o Primeira Guerra Mundial tinha uma aplicação bastante limitada, sendo restringido apenas às questões que diziam respeito a alterações de fronteiras entre Estados. Neste sentido, o instrumento do plebiscito parece ser sintomático já que consentia a anexação de territórios conforme as vontades das populações envolvidas. Essa limitação fazia com que o princípio não fosse aplicado às colônias ou grupos minoritários ao longo da segunda metade e do final do século XIX310.

Essa concepção restrita do princípio era atribuível a uma visão ainda bastante limitada no que dizia respeito ao alcance do direito internacional, que tinha resquícios na ordem internacional estabelecida no pós-Congresso de Viena311. A comunidade internacional era fortemente

caracterizada por uma concepção eurocêntrica na qual os princípios do direito internacional eram válidos apenas para as nações cristãs e

309 “ […] first spread from France to neighbouring Italy, where in the nineteenth century Giuseppe Mazzini invoked it – in the form of a political postulate demanding that all nations be allowed freely to choose their status – in his push for the unification of Italy, and the Italian politician and jurist P. S. Mancini made it a focal point of his work under the guise of the principle of nationality”. In:

CASSESE, Antonio. Self-determination of peoples. Op. cit., p. 13.

310 Assim como aponta Cassese. In: CASSESE, Antonio. Self-determination of peoples. Op. cit., p. 12. Para aprofundar o tema referente a aplicação do princípio

de nacionalidade às colônias, remete-se à obra de Pasquale Pennisi, de que o primeiro capítulo do presente trabalho contém uma citação. Vide-se: PENNISI, Pasquale. Op. cit. Sobre, por exemplo, a aparente contradição entre a teoria de Mancini sobre a nacionalidade e o papel do homem protagonista da política colonialista italiana, vide: SCOVAZZI, Tullio. Pasquale Stanislao Mancini e la teoria italiana del colonialismo. Rivista di diritto Internazionale, LXXVIII (1985), p. 677-705.

311 A respeito do Congresso de Viena, vide-se o comentário de Bluntschli: “The congress of Vienna, with utter disregard of national rights, distributed fragments of great people among the restored dynasties. As Poland has already been divided among Russia, Austria, and Prussia, so Italy and Germany were cut up into a number of sovereign States, and Belgium and Holland pieced together into one kingdom, in spite of conflicting nationalities”. In: BLUNTSCHLI, Johann

civilizadas312, não podendo ser aproveitados pelo resto do mundo, que

evidentemente não era nem cristão nem civilizado. Conforme Claudia Storti Storchi

Tal opinião remontava aos pais do direito das gentes e tinha sido, por assim dizer, positivizada no Tratado de Utrecht de 1713 com a estipulação de uma paz que visava garantir «christiani orbis justo potentiae equilíbrio». As outras nações, que não eram nem cristãs nem civis, o das quais se tinha conhecimentos incertos [...] eram excluídas não apenas da produção, mas, também, em geral, da aplicação de tais regras e eram eventualmente submetidas [...] «aos princípios universais de justiça do velho direito natural».313

312 Vide-se, a respeito, o entendimento de Lassa Oppenheim: “Doubtful is the position of all non-Christian States except Turkey and Japan […]. Their civilization is essentially so different from that of the Christian States that international intercourse with them of the same kind as between Christian States has been hitherto impossible. And neither their governments nor their population are at present fully able to understand the Law of Nations and to take up an attitude which is in conformity with all the rules of this law. There should be no doubt that these States are not International Persons of the same kind and the same position within the family of Nations as Christian States. […] It may be expected that with the progress of civilization these States will become sooner or later International Persons in the full sense of the term”. In: OPPENHEIM,

Lassa. International Law: a treatise. London: Longman Greens and Co., 1905, vol. 1, p. 148-149.

313 “Tale opinione risaliva ai padri del diritto delle genti ed era stata, per così dire, positivizzata dal Trattato di Utrecht del 1713 tra Francia e Inghilterra con la stipulazione di una pace che intendeva garantire «christiani orbis justo potentiae equilibrio». Le altre nazioni, che cristiane o civili non erano, o delle quali non si avevano sennò cognizioni incerte [...] erano escluse non solo dalla produzione, ma anche, di norma, dall’applicazione di tali regole ed erano eventualmente soggette [...]«ai principi universali di giustizia del vecchio diritto naturale”. In: STORTI STORCHI, Claudia. Empirismo e scienza: il crocevia del

diritto internazionale nella prima metà dell’Ottocento. In: NUZZO, Luigi, VEC, Miloŝ. Constructing international law: the birth of a discipline. Frankfurt am Main: Victor Klostermann, 2012, p. 52. Sobre o tema, mais em geral, remete-se a: NUZZO, Luigi. Origini di una scienza: diritto internazionale e colonialismo nel XIX secolo. Frankurt am Main: Vittorio Klostermann, 2012. Sobre o processo de mudança e construção de outro sistema jurídico internacional, onde também as instâncias dos Países do Terceiro Mundo fossem levadas em consideração,

Contudo, já em Mancini, após a metade do século XIX, o princípio de nacionalidade possuía a pretensão – pelo menos no que diz respeito ao aspecto teórico – de assumir um caráter universal. No entendimento de Mancini, cada nação – como se estudou minuciosamente nos capítulos anteriores – tinha o direito de possuir autonomia interna e externa. Sendo assim o povo era o único titular do próprio território, de seu destino. E assim, pautado sobre o princípio de nacionalidade, a reformulação de um novo direito internacional implicava a aceitação da condição de igual independência e autonomia entre as nações314. Tudo que uma nação

optasse por realizar dependeria exclusivamente dela mesma, constituindo uma conduta contrária ao direito, a eventual interferência das outras nações. Também em Mamiani, como analisado ao longo do segundo capítulo, a autonomia interna e externa de um Estado – já que o mesmo, diferentemente de Mancini, considerava esse como o sujeito primeiro do direito internacional – era um princípio fundamental do direito internacional. Como apontado, da mesma maneira, também Pasquale Fiore – apesar de sua mudança de opinião no tocante a quem caberia o título de sujeito de direito internacional entre nação e Estado – atribuía ao sujeito as qualidades de liberdade e autonomia para com o exterior.

tornando o direito internacional mais democrático, a saber, um direito pautado sobre o diálogo, participação igualitária, autodeterminação e desenvolvimento, vide: WOLKMER, Antônio Carlos. O terceiro mundo e a nova ordem

internacional. São Paulo: Editora Ática, 1994. Sobre as dificuldades para o

direito internacional do começo do século XX de integrar em seu sistema as realidades extra-europeias, vide: DI MARTINO, Alessandra. Il territorio: dallo

Stato-nazione alla globalizzazione. Sfide e prospettive dello Stato costituzionale

aperto. Milano: Giuffré, 2010, p. 246-247.

314 Neste sentido também insiste Celso Albuquerque de Mello ao afirmar que o direito à independência ou soberania manifesta-se no aspecto interno e no aspecto externo do Estado. No aspecto interno ele é consagração do direito à autodeterminação, “isto é, o direito do Estado de ter o governo e as leis que bem entender sem sofrer interferência estrangeira.” In: MELLO, Celso Dudivier de Albuquerque. Curso de direito internacional público. 1 vol., 12 ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Renovar, 2000, p. 426. Surpredentemente, nas edições que a autora conseguiu consultar de alguns manuais de direito internacional de doutrina brasileira, nomeadamente o Rezek e o Accioly, foi possível constatar que a matéria relativa à autodeterminação não é enfrentada, nem sequer citada. Vide: REZEK, José Francisco. Direito internacional público. 8 edição. São Paulo: Saraiva, 2000; ACCIOLY, Hildebrando. Manual de direito internacional

Assim sendo, o princípio de nacionalidade elaborado por Mancini inevitavelmente conduz a aproximá-lo do hodierno princípio de autodeterminação, sobretudo, no tocante à maneira em que o mesmo foi interpretado e utilizado nas relações internacionais após a Segunda Guerra Mundial. Recebendo uma interpretação que corresponde ao que foi enunciado por Mancini na sua preleção de 1851, é possível individuar na mesma os elementos que são atribuíveis ao conceito de autodeterminação, sobretudo, na previsão legítima dos movimentos de independência dos povos que são submetidos ao domínio colonial ou estrangeiro315. O próprio jurista italiano, ao individuar as duas formas de

manifestação da nacionalidade, “a livre interna constituição de uma nação” e “sua autonomia em face às outras Nações”, contribuiu para antecipar as discussões que seriam surgidas mais tarde ao redor dos dois aspectos do princípio de autodeterminação: o “interno”316 e o “externo.”

Contudo, é necessário desde já realizar uma elucidação importantíssima que permite relevar uma certa descontinuidade entre o princípio de nacionalidade de Mancini e o hodierno princípio de autodeterminação dos povos. Esse último foi inicialmente concebido – como mais adiante será analisado – para favorecer a independência e, portanto, permitir aos povos colonizados e oprimidos formarem um Estado, mas isso sem implicar que esse Estado deveria ser homogêneo. Diversamente, Mancini tinha concebido outra teoria, em que ele resumidamente almejava uma correspondência entre nação e Estado, isto é, a cada nação deveria corresponder um Estado e vice-versa. Como foi visto ao longo do primeiro parágrafo, a nação era o critério que substancialmente legitimava a existência de um Estado. Contudo, na atualidade, em via de regra, não é legítimo recorrer à secessão para realizar tal correspondência.

Outro pensador, Jeremy Bentham317, também participou aos

debates encentrados sobre a questão se o princípio de nacionalidade

315 Assim, lê-se em: SCOVAZZI, Tullio. Op. cit., p. 685.

316 Já em John Stuart Mill, é possível encontrar traços do aspecto interno de autodeterminação: “Where there sentiment of nationality exists in any force, there

is a prima facie case for uniting all the member of the nationality under the same government, and the government to themselves apart. This is merely saying that the question of government ought to be decided by the governed”. In: MILL, John

Stuart. Considerations on Representative Government, p. 197. Disponível em: http://www2.hn.psu.edu/faculty/jmanis/jsmill/considerations.pdf, grifo no original. Acesso em 26 de outubro de 2013.

317 Jeremy Bentham abraçou a ideologia liberal e é considerado o pai do utilitarismo. Ele cunhou a expressão “direito internacional” em 1789.

pudesse ser aplicado aos povos submetidos ao domínio colonial. Em um famoso panfleto, em que se dirigia ao povo francês, Bentham escrevia que:

Vocês escolham vosso próprio governo: porque os outros povos também não podem escolher o deles? Vocês realmente pretendem governar o mundo, e chamam isso de liberdade? O que ocorreu com os direitos do homem? Vocês são os únicos homens que possuem direitos? Ai de vocês! Meus concidadãos, vocês tem duas medidas?318

Portanto, a doutrina jurídica lentamente passou a reconhecer a juridicidade desse conceito, surgido historicamente já a partir da Revolução francesa e da Revolução americana319. Desenvolvido pelas

doutrinas de diversos países europeus, tal princípio foi interpretado no sentido de condicionar a transferência e cessão de territórios entre Estados

318 “You choose your own government: why are not other people to choose theirs? Do you seriously mean to govern the world, and do you call that liberty? What has become of the rights of the men? Are you the only men who have rights? Alas! My fellow citizens, have you two measures?”. In: BENTHAM, Jeremy. Emancipate your colonies. London: Effingham Wilson Royal Exchange, 1838, p.

1.

319 Para uma completa bibliografia sobre as várias doutrinas de direito que se ocuparam do princípio de autodeterminação no século XIX e começo do século XX, vide-se: WAMBAUGH, Sarah. A monograph on plebiscites: with a collection of official documents. Oxford: Oxford University Press, 1920, p. 22- 26. A respeito da doutrina francesa, a autora afirma: “The doctrine of self-

determination, they insisted, was one established by natural right and international usage, and though in origin a French doctrine, it had been adopted by the whole Europe.”, enquanto no que diz respeito à doutrina alemã, a

Wambaugh aponta que: “The so-called principle was, they said, wrong in theory

and valueless in practice, it contradicted the doctrine of the organic nature of the State, it would permit of secession and it would hamper a State in obtaining peace by denying the right of cession. Pointing with one accord to the plebiscite of Savoy and Nice as indicative of the evil attendant on the method, they all supported the doctrine of the individual option to emigrate, a doctrine of which wide use has already been made, as far preferable and a sufficient recognition of the rights of the inhabitants.” A autora trata também da concepção inglesa no

tocante ao princípio de autodeterminação: “Of writers of international Law in

other countries, the English writers, in treating of cession, for the most part ignore the doctrine of selfdetermination”.

à prévia consulta das populações envolvidas, por meio do instrumento do plebiscito320.

Momentos históricos marcantes para a passagem do princípio de nacionalidade àquele de autodeterminação foram certamente a revolução bolchevique e a Primeira Guerra Mundial. Com efeito, é nesse momento histórico que esse princípio é proclamado oficialmente no panorama internacional. Com o desfecho desse conflito de proporções imensas, quatro impérios multinacionais importantes, como o Austro-húngaro, Otomano, russo e alemão foram fragmentados, levando ao aparecimento no cenário internacional de novos Estados. As potências vencedoras da primeira guerra em 1919 resolveram acolher esse princípio, visando construir uma nova ordem internacional fundamentada no predomínio das nacionalidades. Isso se demonstra evidente ao analisar as contribuições

320 Novamente, Sara Wambaugh traz algumas posições doutrinais que colocavam-se firmemente contra a validade do princípio de autodeterminação alcançado pelo instrumento do plebiscito: “The opponents of the doctrine agree

that to legitimatize a title gained by conquest the express consent of the two contracting powers and the tacit assent of the inhabitants are sufficient. Agains the method of plebiscite they advance arguments attacking both the validity of its underlying theory and the expediency of leaving to a vote by universal suffrage a question of such importance as sovereignty. Their first argument is that the cession of sovereignty is outside the demain of international law and is of merely political importance, concerning only the two States involved. This position appears to result from a failure to the threefold aspect of a cession of sovereignty, namely, alienation, transfer and integration. It is true that these phases are of unequal in international law. The first phase, alienation, corresponding to “divesting of title”, is obviously a matter largely of constitutional law, but a matter certainly open to regulation by international law, as it involves national

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