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6. CONCEITOS EDUCACIONAIS SEGUNDO OS PROFESSORES

6.1. Os conceitos em foco

A princípio, indicaremos algumas definições sobre dificuldades de aprendizagem (DA). Sabemos que definir as DA é uma tarefa complexa, pois que a definição abarca uma variedade de conceitos, critérios, teorias e modelos educacionais, absorvidos mais por pressões e necessidades sociais e políticas do que de pressupostos empíricos e científicos. (Fonseca, 1995, p.71). A seguir, faremos uma breve descrição de algumas definições de dificuldades de aprendizagem selecionadas por Fonseca (idem, p.194-195):

Segundo Kirk, “DA é um atraso, desordem ou imaturidade num ou mais processos: da linguagem falada, da leitura, da ortografia, da caligrafia ou da aritmética; resultantes de uma possível disfunção cerebral e/ou distúrbios de

comportamento, e não dependentes de uma deficiência mental, de uma privação sensorial (visual ou auditiva), de uma privação cultural ou de um conjunto de fatores pedagógicos”.

Sobre Bateman, encontramos no texto citado: “As crianças que têm dificuldades de aprendizagem são as que manifestam discrepâncias educacionalmente significativas. Discrepância entre o seu potencial intelectual estimado e o atual nível de realização escolar, relacionada essencialmente com desordens básicas do processo de aprendizagem, que pode ser ou não acompanhada de disfunções do sistema nervoso central. As discrepâncias de qualquer maneira não são causadas por um distúrbio geral de desenvolvimento ou provocadas por privação sensorial”.

Por fim, segundo Fonseca, “a DA é uma desarmonia do desenvolvimento normalmente caracterizada por uma imaturidade psicomotora que inclui perturbações nos processos receptivos, integrativos e expressivos da atividade simbólica”.

Para uma definição de necessidades educativas/educacionais especiais (NEE), utilizaremos o levantamento realizado por Silva (2000). A autora salienta que é o Warnock Report Special Education Needs (Inglaterra, 1978) que introduz o conceito de necessidades educativas especiais, que vem romper com as categorizações até então existentes de foro médio e psicológico (Silva, 2000, p.102).

Segundo o Warnock Report (op. cit.: p.103), necessidades educativas especiais são aquelas que requerem:

“o fornecimento de meios especiais de acesso ao curriculum através de equipamento, instalações ou recursos, modificações do meio físico ou técnicas de ensino especial;

 acesso a um curriculum especial ou adaptado;

 uma especial atenção à estrutura social e ao clima emocional nos quais se

Ainda em Silva (2000, p.103) encontramos outra definição de necessidades educativas especiais apontada em conformidade com o Eduction Act (EUA, 1981) na qual,

considera-se que um aluno tem necessidades educativas especiais quando, comparativamente com os alunos da sua idade, apresenta dificuldades significativamente maiores para aprender ou tem algum problema de ordem física, sensorial, intelectual, emocional ou social, ou uma combinação destas problemáticas, a que os meios educativos geralmente existentes nas escolas não conseguem responder, sendo necessário recorrer a currículos especiais ou a condições de aprendizagem adaptadas.

Segundo a Política Nacional de Educação Especial (MEC/ 1994, p.20), a pessoa portadora de necessidades especiais é entendida como:

a que apresenta, em caráter permanente ou temporário, algum tipo de deficiência física, sensorial, cognitiva, múltipla, condutas típicas ou altas habilidades, necessitando, por isso, de recursos especializados para desenvolver mais plenamente o seu potencial e/ou superar ou minimizar suas dificuldades, no contexto escolar.

Em Jiménez (1993, p.10) encontramos uma síntese do conceito de necessidades educacionais especiais:

Em resumo, o conceito de necessidades educativas especiais está relacionado com as ajudas pedagógicas ou serviços educativos que determinados alunos possam precisar ao longo da sua escolarização, para conseguir o máximo crescimento pessoal e social.

É importante salientarmos a celeuma que existe em torno dos termos necessidades educativas especiais e necessidades educacionais especiais. Nós optamos por utilizar a segunda definição por entendermos ser esta mais abrangente e correta no que diz respeito às condições dos alunos que necessitam de apoio para se desenvolverem plenamente. De acordo com Sassaki (2003):

O vocábulo "educativo", segundo os melhores dicionários, quer dizer "que educa; que serve para educar". Então, o que seria uma "necessidade que educa, que serve

para educar", quando queremos nos referir a uma necessidade especial de um determinado estudante? O adjetivo "educativo" é apropriado, por exemplo, nos termos "filme educativo", "campanha educativa", "experiência educativa", "ações educativas". Já o vocábulo "educacional" significa "concernente à educação; no âmbito ou área da educação". Assim, por exemplo, temos "política educacional”, "direitos educacionais", "progresso educacional", "autoridade educacional".

Consideramos importante retomarmos o conceito de educação especial, tratado no início do presente trabalho, resgatando-o de acordo com a definição de Mazzotta (1993, p.21):

é um conjunto de recursos e serviços educacionais especiais organizados para apoiar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação formal dos educandos que apresentem necessidades educacionais muito diferentes das da maioria das crianças e jovens.

A definição de educação inclusiva ou inclusão é baseada nos princípios e fundamentos da proposta de uma nova escola. A escola inclusiva não é um serviço de apoio à educação comum, mas sim, uma concepção de educação e de escola. Segundo Guijarro (1998, p.4):

A inclusão é a idéia de que todos os meninos e meninas de uma comunidade tenham o direito de se educar juntos na escola da sua comunidade, uma escola que não peça requisitos para o ingresso; uma escola que não selecione crianças. O conceito de escola inclusiva é ligado à modificação da estrutura, do funcionamento e da resposta educativa, de modo que se tenha lugar para todas as diferenças individuais, inclusive aquelas associadas a alguma deficiência.

A Declaração de Salamanca (1998, p.4) traz os fundamentos da educação inclusiva no reconhecimento dos direitos educacionais de todas as pessoas, descritos a seguir:

todas as crianças, de ambos os sexos, têm direito fundamental à educação e que a

elas deve ser dada a oportunidade de obter e manter um nível aceitável de conhecimentos;

cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de

aprendizagem que lhe são próprios;

os sistemas educativos devem ser projetados e os programas aplicados de modo

que tenham em vista a gama dessas diferentes características e necessidades;

as pessoas com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas

comuns que deverão integrá-las numa pedagogia centralizada na criança, capaz de atender a essas necessidades;

as escolas comuns, com essa orientação integradora, representam o meio mais

eficaz de combater atitudes discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras, construir uma sociedade integradora e dar educação para todos (...)

Os conceitos que foram explicitados estarão, portanto, subsidiando a interpretação dos dados que seguem, referentes a dificuldades de aprendizagem, necessidades educacionais especiais, educação especial e educação inclusiva.

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