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Os critérios da regra-matriz de incidência tributária da contribuição social

O critério material do salário-educação é extraído da Lei n. 9.424/96, e refere-se ao comportamento de remunerar, pagar ou creditar, a qualquer título,

segurados empregados, consoante definição do art. 12, inciso I, da Lei n. 8.212/92.

Neste sentido, necessário se faz transcrever exatamente o aludido dispositivo:

São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:

I - como empregado:

a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado;

b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas;

c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior;

d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;

e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio;

f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional; g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais;

h) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social;

i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em

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“A hipótese alude a um fato e a conseqüência prescreve os efeitos jurídicos que o ordenamento irá propagar, razão pela qual se fale em descritor e prescritor, o primeiro para designar o antecedente normativo e o segundo par indicar o seu conseqüente” (CARVALHO, Paulo de Barros. Idem, p. 260)

funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social;

j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social.

O critério espacial, da exação em estudo, não está expressamente designado no texto normativo, mas, por se tratar de um tributo cuja lei foi criada pelo Congresso Nacional, podemos afirmar, sim, que é todo o território nacional.

Assim, qualquer fato jurídico tributário ocorrido na República Federativa do Brasil fará irromper o laço obrigacional. Segundo PAULO DE BARROS

CARVALHO98, o critério espacial do salário-educação é “[...] hipótese de critério espacial bem genérico, onde todo e qualquer fato, que suceda sob o manto da vigência territorial da lei instituidora, estará apto a desencadear seus efeitos peculiares”.

O critério temporal refere-se ao exato momento em que se faz a remuneração, pagamento ou creditamento, a qualquer título. Assim, é necessário que a norma tributária “[...] revele o marco de tempo em que se dá por ocorrido o fato, abrindo-se aos sujeitos da relação o exato conhecimento da existência dos seus direitos e de suas obrigações”99.

O critério quantitativo da obrigação fiscal em estudo é composto pela base de cálculo e alíquota. A alíquota da contribuição ao salário-educação é de 2,5% e a sua base de cálculo corresponde “[...] ao total de remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, assim definidos no artigo 12, inciso I, da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1992”.

O critério pessoal revela os sujeitos da relação obrigacional. O sujeito ativo da aludida contribuição é o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE. No entanto, determina a Lei n. 9.424/96, em seu art. 15, § 1.°, que o

montante da arrecadação do salário-educação, após a dedução de 1% (um por cento) em favor do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, calculado sobre o valor por ele arrecadado, será distribuído pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, observada, em 90% (noventa por cento) de seu valor, a arrecadação realizada em cada Estado e no Distrito Federal.

Aqui temos a figura da parafiscalidade, onde todo o recurso, fruto da atividade fiscal, é destinado ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Leciona PAULO DE BARROS CARVALHO100 que “a técnica da parafiscalidade pressupõe a designação categórica da pessoa que irá exigir, para o benefício de suas próprias finalidades, os débitos tributários”.

O Instituto Nacional do Seguro Social - INSS tem sua participação revelada quando prevê a lei que após a dedução de 1% (um por cento), os valores serão recolhidos ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, que posteriormente fará a distribuição dos recursos. Temos aqui a figura da sujeição ativa auxiliar101. Nesse caso, o valor do tributo, depois de deduzido alguma percentagem, a título de remuneração pela arrecadação, vai ser depositado para a pessoa jurídica tributante.

Não há dúvida que o sujeito ativo é o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE, na situação de parafiscalidade, pois fica com os recursos decorrentes da atividade fiscal, devendo empregá-los no implemento de suas atividades.

Portanto, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS não passa de mero

99 CARVALHO, Paulo de Barros. Idem, p. 292. 100 CARVALHO, Paulo de Barros,

Teoria da norma tributária. 4.ª ed. São Paulo: Max Limonad, 2002,

p.164.

101 CARRAZZA CARRAZZA, Roque Antonio

. Curso de direito constitucional tributário. 24.ª ed. rev.

atual. amp. até a Emenda Constitucional n. 56/2007. São Paulo: Malheiros, 2008, nota de rodapé n. 41, p. 160.

substituto ativo auxiliar ex lege, podendo fiscalizar as empresas no intuito de

arrecadar o mencionado tributo, recolhendo posteriormente ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE.

E, posteriormente, com a edição da Lei n. 9.766/98, confirmou-se mais uma vez o que foi tratado nos parágrafos acima, espelhado na análise da Lei n. 9.424/96. O art. 4.° daquela Lei determina que a “a contribuição do salário-educação será recolhida ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS ou ao FNDE”. É de seu parágrafo único a regra que “O INSS reterá, do montante por ele arrecadado, a importância equivalente a um por cento, a título de taxa de administração, creditando o restante no Banco do Brasil S.A., em favor do FNDE, para os fins previstos no art. 15, § 1.°, da Lei n. 9.424, de 1996”.

O sujeito passivo da contribuição é encontrado pela análise de duas leis. A Lei n. 9.424/96, em seu art. 15, determina que o gravame é devido pelas empresas, na forma em que vier a ser disposto em regulamento. Caberia ao regulamento, fiel subserviente da lei, dispor sobre empresa. Por outro turno, a Lei n. 9.766/98, fruto de reedições de medidas provisórias, em art. 1.°, § 3.°, concretiza que:

Entende-se por empresa, para fins de incidência da contribuição social do Salário-Educação, qualquer firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica, urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como as empresas e demais entidades públicas ou privadas, vinculadas à Seguridade Social.