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Para organizar e administrar135, em todo o país, as escolas de aprendizagem

das empresas particulares, foi organizado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (S.E.N.A.I), que representa historicamente um dos maiores aparelhos de nosso sistema educacional no que se refere ao ensino profissional no Brasil. Além das escolas próprias, o SENAI, mantém escolas anexas aos estabelecimentos industriais ou em suas proximidades, destinadas aos aprendizes e demais trabalhadores dos estabelecimentos industriais. Ao SENAI subordinava-se também, o ensino ferroviário, destinado aos aprendizes e empregados das estradas de ferro particulares do país, o qual é orientado por um órgão especial - a Divisão de Transportes.

A finalidade principal do SENAI sempre foi orientada para a formação de profissionais aprendizes. Contudo, ao longo de sua organização e da história do ensino profissional no país, ampliou seu campo de ação visando ministrar também cursos extraordinários que constavam de: trabalhadores menores, que não fossem aprendizes; filhos de operários menores de 14 anos; trabalhadores adultos; formação para professores dos cursos.

Assim, a instituição desenvolveu três categorias iniciais de cursos: os cursos ordinários ou cursos de Aprendizagem, para aprendizes de 14 a 18 anos; os cursos extraordinários, para menores de 14 anos e maiores de 18 anos e os cursos técnicos, para a formação de técnicos especializados. Segundo os aprendizes,

135 Esta organização poderá também ser verificada no anexo 3 - Regimento das Escolas de Aprendizagem do Senai - Fonte: Fonseca,C.S. História do Ensino Industrial no Brasil. Rio de Janeiro: SENAI/DPEA,1986.

O SENAI e uma escola onde aprendemos um oficio. E organizada com diversas secções como: a secretaria, o departamento, salas de aula, gabinete dentário, gabinete médico, sala de ciências, ferramentaria, oficinas, lugares reservados para bicicleta, cantina, almoxarifado e campo de esporte para prática de educação física. Os ofícios que podem ser aprendidos no SENAI são: Artes gráficas que se divide em: encadernação impressão, tipografia, linotipia, serralheria, curso de solda, marcenaria, tornearia, mecânica de auto e eletricidade. A sala de ciências é bem aparelhada tendo diversos materiais para experiências.(O ESCUDO, 1964, Jun,)

Neste sentido, dentre os tipos de estabelecimentos para o desenvolvimento dos cursos o SENAI apresentou a seguinte estrutura:

a) Escolas do SENAI – construídas, mantidas e administradas pelo SENAI; b) Escolas de fábricas, mantidas pelas próprias empresas, mediante acordo de

isenção, fiscalizadas e orientadas pelas administrações regionais do SENAI; c) Escolas ferroviárias, mantidas pelas próprias empresas, mediante acordo de isenção, fiscalizadas e orientadas pelas administrações regionais do SENAI; d) Cursos anexos às escolas técnicas ou industriais, mediante acordo com as

instituições;

e) Escolas técnicas do SENAI.

Quanto aos tipos de cursos e seus objetivos foi apresentada a seguinte organização:

a) Cursos ordinários - que visavam a formação de aprendizes – tendo os cursos preliminares para menores, com a finalidade de ministrar os necessários conhecimentos primários aos candidatos, enviados pela Indústria, que não atingiam o nível necessário para o ingresso nos cursos de aprendizagem de ofício;

b) Cursos de aprendizagem de Ofício, que tinha como objetivo ministrar aos aprendizes da Indústria o ensino metódico do ofício que escolhessem;

c) Cursos ferroviários de aprendizagem e Extraordinários, que se destinavam aos aprendizes e empregados das estradas de ferro particulares do País, diretamente subordinadas ao sistema SENAI.136

Os cursos de aprendizagem poderiam ter a duração de 1 a 4 anos e o ensino era ministrado dentro do horário normal de trabalho dos aprendizes, sem prejuízo de salário para estes. Assim, os horários de trabalho e dos cursos de aprendizes eram determinados, para cada ramo da indústria, entre acordo estabelecido pelo SENAI e os sindicatos patronais, o horário escolar era reduzido, conjugando estudo e trabalho. Os cursos abrangiam disciplinas de cultura geral e de cultura técnica e ainda as práticas educativas que fossem possíveis ministrar em cada caso.

As condições para a matrícula eram elementares, solicitava-se conhecimentos primários suficientes, aptidão física e mental necessária ao estudo do ofício escolhido e idade de 14 a 17 anos. A conclusão de um curso dava ao aprendiz o direito ao respectivo certificado de habilitação ao ofício escolhido.

FIGURA 30 – CURSO DE LABORATORISTA

Fonte : Relatório INEP - 1950

Os aprendizes ainda tinham a oportunidade de continuar os estudos, o portador de certificado de curso de aprendizagem, de dois anos pelo menos, poderia se matricular na 2ª serie do curso industrial oficial que ministrasse o ensino do mesmo

136 Sobre este curso em especifico ver dissertação de mestrado de BATISTA, M. I. Mãos e Mentes na arte de aprender: A memória da Escola Profissional Ferroviaria Cel. Tibúrcio Cavalcanti, de Ponta Grossa (1940-1973). Dissertação (Mestrado), Ponta Grossa: UEPG, 2002.

ofício. Os cursos de aprendizagem do SENAI, em 1949, classificavam-se em ensino de 43 ofícios especializados: - Ajustador mecânico - Alfaiate - Bordadeira - Caldeireiro - Carpinteiro - Charuteiro - Cinzelador -Compositor Manual -Construtor Naval -Cortador de calçados -Costureira

-Costureira de roupas brancas -Corte e costura -Decorador-ceramista -Eletricista-enrolador -Eletricista-instalador -Encadernador -Entalhador de madeira -Ferreiro -Fiandeiro -Fresador-mecânico -Fundidor-moldador -Impressor -Laboratorista -Lapidador -Latoeiro (funileiro) -Marceneiro -Mecânico de automóveis -Mecânico-eletricista

-Mecânico geral (ferroviários) -Mecânico de rádio

-Mineiro -Modelador-ceramista -Modelador de fundição -Modelista de calçados -Operador mecânico -Passamaneiro -Pautador -Padeiro -Pedreiro -Pespontador de calçados -Sapateiro -Seleiro -Serralheiro -Serzidor -Soldador elétrico -Tapeceiro-estofador -Soldador oxi-acetilênico -tecelão em geral -Torneiro-ceramista -Torneiro de madeira -Torneiro-mecânico

Na figura (31) podemos analisar uma das escolas SENAI-PR, de um dos cursos mais frequentados do SENAI-PR, escola de Curitiba, o curso de pedreiros,

Na figura (32) pode-se ver uma aula prática do curso de pedreiro que se desenvolvia em Escolas de fábricas, a figura a baixo demonstra o curso especificamente na empresa CESBE, curso mantido pelas próprias empresas, mediante acordo de isenção, fiscalizadas e orientadas pelas administrações regionais do SENAI.

No editorial de “O ESCUDO” de 1951, temos uma descrição do ofício de pedreiro,

Um aprendiz de Pedreiro - Eu sou trabalhador e freqüento a Escola SENAI, onde estou matriculado no curso de pedreiros. Entendo bastante sobre o assentamento dos tijolos, pedras e já trabalho bem com a colher. Vou indo

bem com meus trabalhos, meus estudos, pois a escola SENAI, como ninguém, sabe ministrá-los. A minha profissão é boa porque mais tarde será dela que irei tirar o dinheiro para meu sustento e poderei ganhá-lo como água. Enfim, trabalho com a colher, o esfregador, o prumo, o nível, a régua, o balde e a pá, sabendo também preparar a massa associada ao cimento (O ESCUDO, 1951, jun.

FIGURA 31 – Escola de treinamento construção civil

Fonte: Centro de Memória do Senai Paraná

Para os aprendizes de “ O ESCUDO” a profissão de pedreiro era boa, e necessária.

Para estas atividades, a indústria previa um operário qualificado, o curso de pedreiro funcionou na Escola para treinamento civil de Curitiba, conforme

apresentamos na figura 33. Essas características exemplificam o trabalho para a construção civil e mobiliário: pedreiro; pintor; instalador de água e esgoto; instalador eletricista; carpinteiro; marceneiro; estofador; lustrador. As características da função são assim descritas,

Executa todas as operações de um ofício. Aptidões psicomotoras e mentais, conhecimentos tecnológicos da especialidade. Trabalho variado, não sujeito ao automatismo. Formação profissional, normalmente, através de uma aprendizagem de duração relativamente longa (3.000 a 3.600 horas) ou treinamento intensivo de operários semiqualificados bem dotados de conhecimentos básicos e aptidões (BOLOGNHA, 1969, p.37).

FIGURA 32 – 1º curso de Pedreiros CESBE

FIGURA 33 – Curso de Pedreiros

Fonte: Centro de memória Senai-Paraná