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Os desafios iminentes da nova sociedade da aprendizagem

No documento 2011SuellenSpinelloSotille (páginas 34-37)

2. PROCESSOS DE APRENDIZAGEM

2.2. Processos On-line de aprendizagem

2.2.1. Os desafios iminentes da nova sociedade da aprendizagem

Vivemos em uma sociedade da aprendizagem, na qual aprender constitui uma exigência social crescente que conduz a um paradoxo: cada vez se aprende mais e cada vez se fracassa mais na tentativa de aprender. Juan IgnacioPozo

A nova ordem social, centrada no conhecimento, chamada de “sociedade do conhecimento”, teve sua origem na “sociedade da informação” e está, atualmente, consolidando- se como “sociedade da aprendizagem”, em razão do fato de que, nesta sociedade, aprender passou a ser condição essencial de sobrevivência, pois exigem-se novas competências cognitivas, capazes de sistematizar a imensa quantidade de informações e as infindáveis possibilidades de comunicação.

A passagem de uma sociedade para outra implica a condição de que apenas possuir informações não é o bastante, pois demanda-se que os indivíduos sejam capazes de aprender e reaprender, de uma forma que as informações e os conhecimentos gerados sejam potencializados, gerando um desenvolvimento e um efetivo aprendizado.

Assim, vive-se numa sociedade da aprendizagem, na qual aprender constitui uma exigência social crescente, que, segundo Pozo (2010, p. 1), conduz ao paradoxo de que cada vez se aprende mais e cada vez se fracassa mais na tentativa de aprender. Nesse contexto, torna-se possível constatar um número cada vez maior de pessoas com dificuldade para apreender as informações e as habilidades necessárias para a construção de conhecimentos que a sociedade

exige. Assim, se levado em conta esse contexto segundo os paradigmas educacionais, vê-se que isso poderá representar fracasso no processo escolar.

A demanda crescente pela aprendizagem não exige apenas que as pessoas aprendam cada vez mais, mas que tenham condições de aprender e reaprender a cada dia, numa esfera de uma nova cultura, de uma nova forma de conceber e gerir o conhecimento, criando novos espaços comunicacionais e de aprendizagem.Nesse contexto de aprendizagem, as TR estão criando novas formas de distribuir social e livremente as informações, o que demanda uma nova cultura de aprendizagem a ser apropriada pelas escolas e pelos processos educativos.

A informatização da sociedade, ao mesmo tempo em que potencializou a geração de informações, possibilitou a um maior número de indivíduos o acesso a essas informações. Em virtude desse contexto, a escola, na atualidade, não é a primeira fonte de informação para os alunos, nem a principal. Para alterar tal situação, as escolas deveriam proporcionar experiências nas quais os alunos pudessem dar sentido a essas informações, apropriando-se dessas, potencializando e construindo os conhecimentos de um modo crítico, interativo e colaborativo.

Portanto, não cabe mais à educação proporcionar aos alunos conhecimentos como se fossem verdades acabadas, numa forma hierárquica e fechada de transmissão do saber. Nessa visãomonológica ou tradicionalde ensinoo professor é visto como o único possuidor de todo o conhecimento, que deverá ser passado, transmitido, transferido para o aluno. Isso ocorre geralmente de forma unidirecional, ou seja, o aluno é passivo e o fluxo de informação vai vertical e unilateralmente do professor para o aluno.

Uma escola monológica é aquela em que um único sentido sobressai, impedindo os demais de virem à tona. Esse tipo de trabalho com a linguagem exclui a dimensão criadora; a língua passa a servir, numa análise mais ampla, até mesmo como um instrumento de reprodução do sistema (RAMAL, 2000, p. 4)

Em seu livro Educação na cibercultura: hipertexto, leitura, escrita e aprendizagem, no primeiro capítulo, nomeado de “Monologismo”, Ramal (2002) questiona o sentido da leitura dos textos veiculados na escola, que não possibilitam novos olhares sobre a interpretação, extraindo seu sentido dialógico. Essa situação é típica de sala de aula, na aula centrada no professor, onde o

aluno tem pouca oportunidade de interagir com os colegas e com o próprio professor, de ter iniciativa ou de contribuir para a aprendizagem; por consequência, a construção de conhecimento é limitada.

Em oposição a isso, os professores devem ajudá-los a construir seu próprio conhecimento de forma colaborativa, interativa e participativa, tomando por base as informações disponíveis, os espaços de interação disponíveis na sociedade contemporânea. Nessa ordem, o professor deve ser um mediador do conhecimento, proporcionando aos alunos a possibilidade de dialogar com as informações e com os saberes.

Da forma como o sistema educacional está organizado, ou seja, fechado, hierarquizado e sem intervenção das TR, é muito provável que não terá condições de formar indivíduos preparados para atender a essas necessidades. Entretanto, se adotar as TR, pode ter condições de formar indivíduos que sejam aprendizes mais flexíveis e autônomos, dotando-os de estratégias de aprendizagem adequadas, capacitando-os a enfrentar novas e imprevisíveis demandas de aprendizagem (POZO, 2010).

Seguindo esse ponto de vista, os elementos e as características das TR vêm se potencializando em ritmo cada vez mais acelerado, possibilitando uma interação que cria novas relações culturais no ciberespaço, definido por Santaella como um “mundo virtual global coerente, independente de como se acede a ele e como se navega nele” (2004, p.40). Essa estrutura de rede permite implementar novas e complexas formas de interação social.

Levy define o ciberespaço como o

novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente como o crescimento do ciberespaço. (2000, p.17)

Essa dinâmica das redes acaba muitas vezes rompendo com a lógica de recepção de informações hierarquizada, característica da escola na qual se está imerso, pois na rede os indivíduos necessitam assumir uma postura de protagonistas, vivenciando processos de interação,

momentos de autoria numa perspectiva reticular e, especialmente, reconhecendo que processos baseados na interatividade são fundamentais para a construção do conhecimento.

Nesse sentido, o ciberespaço, por ser um ambiente instaurador desses processos, propicia um “espaço móvel de interações entre conhecimentos e conhecedores de coletivos inteligentes desterritorializados”9 (LÉVY, 2003, p. 29) e potencializa o processo de criação de uma inteligência coletiva, que tem como objetivo, a partir de uma troca de saberes, disponibilizar recursos para a construção de um conhecimento mais concreto e que busque a valorização dos indivíduos através do coletivo.

No ciberespaço, tempo e espaço se reconfiguram. Dessa forma, deve-se pensar a relação ensino-aprendizagem, sobretudo, com base na lógica e na linguagem do ciberespaço, do hipertexto e da hipermídia.

No documento 2011SuellenSpinelloSotille (páginas 34-37)