Os Docentes

O corpo docente do Ginásio Estadual de Santo Antônio da Platina ocupava treze cadeiras, das disciplinas estabelecidas no currículo do ensino secundário, sendo elas: Português, Matemática, Francês, Inglês, Latim, História, Geografia, Ciências, Desenho, Trabalhos Manuais, Educação Doméstica, Canto e Educação Física.

Segundo o artigo 79 da Lei Orgânica do Ensino Secundário (BRASIL, 1942), o provimento de cargos de docentes do ensino secundário deveria ser feito mediante concurso. No entanto, os docentes do Ginásio estavam divididos em duas categorias: lentes que eram o corpo docente de mestres efetivados por meio de concurso público e os professores que eram profissionais contratados, os quais não possuíam vínculo efetivo com a instituição.

Os professores, no ato de assumir o cargo de suas respectivas disciplinas na instituição, assinavam um termo de promessa, equivalente a um juramento, por meio do qual prometiam, diante do diretor do estabelecimento, servir ao estado na observância da lei e cumprir seus deveres esperados ao cargo. Esses documentos eram equivalentes a um termo de posse do cargo, sendo assinados pelo professor ingresso e pelo diretor do estabelecimento de ensino.

Na imagem 14 encontra-se um dos termos de promessa, assinado pela professora Maria Rocha Bacóvis, a 25 de março de 1947, encontrado no livro ata denominado Termos de promessas.

Imagem 14- Termo de promessa de Maria Rocha Bacóvis (1947)

Arquivo: Colégio Estadual Rio Branco.

Os lentes da instituição eram das disciplinas de Português, Inglês, Francês, História, Geografia, Matemática, Ciências, e Latim, e os professores eram de Desenho, Canto, Trabalhos Manuais, Educação Doméstica e Educação Física. Tanto professores quanto lentes não podiam acumular duas ou mais cadeiras, podendo ter no máximo seis aulas diariamente e quatro por período, sendo a distribuição de aulas suplementares feita por critério de antiguidade. Os vencimentos de ambas as categorias eram estipulados pelo governo estadual.

O perfil do corpo docente do Ginásio Estadual era diversificado, contendo professores com diferentes formações. Algumas disciplinas foram ocupadas exclusivamente por mulheres, como no caso de trabalhos Manuais, Canto e principalmente Educação Doméstica que era ministrada para meninas. As demais foram ocupadas por professores e professoras conferindo um caráter misto à ocupação docente nas disciplinas.

Tabela 3- Professores do Ginásio Estadual de Santo Antônio da Platina (1947-1960).

Nome Formação11 Disciplina lecionada

Adelino Moreira Inglês

Alberto de Macedo Galdo Direito Português

Ariel Ferreira do Amaral Direito Latim

Carlos Gomes da Silva Filosofia Geografia

Celina Aparecida Moura História

Constant Eugênio Freut História

Daisy Lima F Martins Português

Enio Rubens Scheffer Desenho

Flodoaldo Ribeiro de Barros Inglês

Francisco Lobieski Matemática

Haltis de Oliveira Reis Matemática

Hilceia Villas-Boas de O Inglês

Izabel Alves Português Português

João de Melo Cardoso Educação Física

João Rodrigues de Oliveira Português

Joao Sosnitski Latim

Joel Guasque Matemática

José Santili Sobrinho Educação Físíca

11 _{Durante o levantamento de fontes sobre a formação dos professores, não encontramos dados}

Judith Dantas Pimentel Português Português

Laura Agostinho Claro Ciências

Léa Martha Ferreira Moreira Português

Mair Claro de Oliveira Trabalhos manuais

Maria Aparecida Cunha Ciências

Maria Aparecida Ferreira Trabalhos manuais

Maria Rocha Bacovis Desenho

Moacyr Telles Contabilidade Educação Física

Nair Mello Canto Orfeônico

Nicolau Balazs Barros Matemática

Nohemia Lopes Galvão Curso Normal Educação Doméstica

Ondina Tomaz Trabalhos Manuais

Osvaldo Giovanetti Engenharia Desenho

Osvaldo Zimmermann Bacharel em Direito Francês

Rubens Marchand Educação Física Educação Física

Ruth Terezinha S Guimarães Português

Ruy Ayres Pacheco Geografia

Zilda Souza Canto Orfeônico

Zilda Telles Curso Normal Educação Física

Elaborado pelo autor. (Fontes: Corpo docente em exercício, Relatórios).

A formação titulada dos professores era, muitas vezes, diferente das disciplinas lecionadas na instituição. O professor Ariel Ferreira do Amaral e Silva, da cadeira de Latim, era juiz de direito da Comarca. O professor Alberto de Macedo Galdo, da cadeira de Português, era formado em direito; dentre outros casos semelhantes.

Segundo Dallabrida (2014), boa parte dos docentes do ensino secundário dos anos de 1950 e 1960 não tinham curso de licenciatura, muitas vezes

pela falta de faculdades para a formação de licenciados. Desse modo, a presença dos “professores leigos” era uma realidade existente em nível nacional.

Os docentes que não possuíam a formação específica para lecionar, geralmente realizavam um curso intensivo e se submetiam ao exame de suficiência, adotado em 1946 pelo Ministério da Educação e Saúde (MES), como medida para tentar suprir a falta de professores para atuar no ensino secundário (LOPES & SOUZA, 2016). O exame de suficiência consistia na aplicação de prova escrita, prova didática e prova prática e, em caso de aprovação, o docente receberia habilitação para atuar no ensino secundário.

O dia letivo do docente se iniciava ao assinar o livro ponto antes de cada aula, cabendo a este agente manter a disciplina em sala, conveniente ao bom ensino durante a aula, bem como marcar as presenças, faltas e notas de provas, trabalhos e arguições. Também cabia ao professor anotar os conteúdos na caderneta, ministrar a matéria determinada pelo seu horário em sala, iniciando e terminando a aula ao toque dos sinais.

Os professores não poderiam dispensar os alunos de assistirem às aulas, salvo por motivo de força maior ou quando julgassem necessário para manter a disciplina da classe. Logo após as aulas, eles deveriam guardar a caderneta no armário localizado na sala dos professores.

O docente ginasial poderia compor, como membro, as bancas examinadoras, sendo responsáveis pela realização de provas parciais e escritas para a sua cadeira, ou em outra, quando solicitado.

Além disso, de acordo com o Regimento Interno, o corpo docente participaria de reuniões denominadas Conselho de professores. Nesses encontros o comparecimento era obrigatório, sendo discutidos assuntos como a melhora da eficiência do ensino e o conhecimento de casos de alunos indisciplinados, faltosos e com dificuldades. O objetivo maior era encontrar soluções para demandas prementes.

Além de se discutir as leis de ensino e como segui-las, os professores podiam fazer considerações e opinar a respeito da administração do diretor do Ginásio. As reuniões eram presididas pelo diretor, cabendo a ele as execuções das soluções encaminhadas. Após as reuniões, a secretária lavrava a ata, posteriormente assinada pelo diretor, inspetor federal e todos os presentes

Imagem 15- sala de reuniões

Arquivo: Colégio Estadual Rio Branco.