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4.3 ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE AS AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO

4.3.3 Os envolvidos no processo de avaliação de desempenho

A estabilidade é concedida aos servidores que foram nomeados para cargo de provimento efetivo, após submeter-se ao período de estágio probatório. Durante esse período é indispensável avaliação de desempenho, realizada por comissão constituída para essa finalidade (BRASIL, 1998).

Ao compor a comissão de avaliação é fundamental observar alguns requisitos propostos por Bergue (2010): ser integrada por servidores estáveis, investidos em cargos não inferiores, em termos de complexidade, ao cargo ocupado pelo servidor avaliado; receber orientação e capacitação para o processo avaliativo; se possível, ser multidisciplinar, para alcançar perspectivas distintas de análise.

Na Universidade Federal do Espírito Santo o processo da avaliação de desempenho do servidor TAE é encaminhado à chefia imediata, que designa uma comissão

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composta por três membros e que poderá integrá-la ou não (UFES, 2007). Percebe- se que o texto da Resolução 08/2007-CUn não menciona critérios ao compor a comissão para avaliar o desempenho do servidor em estágio probatório.

Entretanto, nas universidades federais selecionadas, observou-se que a maioria é criteriosa ao compor a comissão de avaliação. Entre os critérios tem-se: formada pela chefia imediata e/ou diretores de unidade e departamentos, composta por um servidor técnico-administrativo estável e/ou com cargo igual ou superior ao do avaliado e por servidores que atuam diretamente com o avaliado.

Os critérios para compor a comissão de avaliação, no estágio probatório, das universidades federais apresentam-se no Quadro 15.

Quadro 15 – Critérios para compor a comissão de avaliação nas universidades UNIVERSIDADE CRITÉRIOS PARA COMPOR A COMISSÃO

UFLA Técnico-administrativo estável e que atua diretamente com o servidor

UFMG Técnico-administrativo estável

UNIFESP Técnico-administrativo estável

UFC Composta por diretores de unidades acadêmicas ou administrativas UFRJ Dois servidores indicados pela chefia e dois indicados pelo avaliado e que

atuam diretamente com o servidor e conhece suas atividades UFRN Servidor com cargo igual ou superior ao do avaliado

UFF Técnico-administrativo estável e com cargo igual ou superior ao do avaliado Fonte: Elaborado pela autora.

É possível observar que, com exceção da UFC, as universidades pesquisadas orientam que a comissão avaliativa seja composta, parcialmente, por servidores técnico-administrativos com cargo igual ou superior ao do avaliado ou, ainda, que atuam diretamente com o avaliado, de modo que conhece suas atividades.

Considerar a participação do servidor, que atua diretamente com o avaliado, é fundamental, haja vista que existem alguns fatores que a pessoa da equipe pode julgar melhor do que a chefia imediata em função da proximidade física. Até porque favorece a autonomia da equipe de trabalho, reforça a importância da cooperação e aumenta a precisão e a efetividade do processo avaliativo (ROBBINS; DECENZO; WOLTER, 2014). A chefia e colegas de trabalho passam a ser vistos como aliados e parceiros na busca do aperfeiçoamento profissional (MARQUES, 2015).

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Nota-se, ainda, a partir do quadro anterior que a UFLA, UFMG, UNIFESP e a UFF estabelecem, em suas normas, que a comissão seja formada por servidor estável, ou seja, que não esteja em estágio probatório. Ademais, o Decreto 7.133/2010, art. 23, § 4º, dispõe que somente poderão compor a comissão de avaliação de desempenho, servidores em cargos efetivos e estáveis (BRASIL, 2010).

Além da comissão constituída para essa finalidade, conforme disposto na Emenda 19, algumas das universidades selecionadas estabelecem, em suas normas internas, que a avaliação do servidor em estágio probatório seja realizada, também, pela chefia imediata e pelo próprio servidor, em autoavaliação. Contudo, não é o que dispõem as resoluções da UFES, uma vez que a chefia imediata designa a comissão, mas não necessariamente participa do processo.

Assim sendo, a representação dos envolvidos no processo de avaliação de desempenho, das universidades selecionadas, apresenta-se no Quadro 16.

Quadro 16 – Envolvidos nas avaliações de desempenho nas universidades Universidade Chefia imediata Autoavaliação

Comissão com a presença do servidor Comissão designada UFLA UFMG UNIFESP UFC UFRJ UFRN UFF UFES

Fonte: Elaborado pela autora

Observa-se que na UFMG, UNIFESP, UFRN e UFF as avaliações dos servidores são realizadas pela chefia imediata, pelo próprio servidor em autoavaliação e finalizada por uma comissão designada. Na UFC as avaliações são feitas pela chefia e por uma comissão instituída para esse fim.

Nota-se, ainda, que na UFLA e na UFRJ as avaliações são realizadas apenas por uma comissão, mas com a participação do servidor. Já na UFES a avaliação é realizada por uma comissão, designada pela chefia imediata, que não necessariamente participa da avaliação e, sem o envolvimento do servidor no processo avaliativo.

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Robbins, Decenzo e Wolter (2014, p. 368) argumentam que, conforme aumenta o número de avaliadores cresce, também, a probabilidade de atingir informações mais precisas e coerentes na avaliação. “Se o erro de um avaliador tende a seguir uma curva normal, um aumento no número de avaliadores tenderá a encontrar a maioria reunida perto do ponto médio”.

Acredita-se, também, que quando o servidor participa da avaliação, se autoavaliando, ele tem oportunidade de repensar sua postura enquanto profissional e questionar sobre seu desempenho, perceber suas dificuldades, reconhecer onde há necessidade de mudança e obter informações importantes para um processo de autodesenvolvimento e qualificação.

Para corroborar Robbins, Decenzo e Wolter (2014, p. 351) esclarecem que, com as autoavaliações a resistência e a tensão dos profissionais, em relação ao processo, são reduzidas além de se transformar num excelente meio de estimular discussões entre chefia e servidor avaliado, abrindo espaço para um diálogo construtivo, por meio do feedback, sobre o desempenho do servidor.

Todavia, a chefia imediata pode comparar a avaliação da comissão com a autoavaliação do servidor, possibilitando identificar as habilidades, as deficiências e quais mudanças são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do servidor na carreira (MARQUES, 2015).