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3. ANÁLISE DE PRÁTICAS DE SALA DE AULA: UM ESPAÇO DE

3.1 OS ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM E SUAS PARTICULARIDADES

Para esta pesquisa foi obtida, primeiro, a autorização da Secretária de Educação e, em seguida, a autorização de três instituições para a coleta de dados. Assim, foram visitados três espaços de aprendizagens, uma sala de aula em cada escola na qual cada turma da Educação Infantil 5 – turma de pré-escola com crianças com 5 anos – composta por vinte crianças orientadas por um professor por período do dia (matutino e vespertino).

As crianças de cada uma das turmas pertencentes às três escolas permanecem na instituição em tempo integral, ou seja, entram às sete da manhã e saem entre cinco e cinco e meia da tarde. Cada uma das professoras permanece

com as crianças por um tempo de seis horas durante o dia. Cada uma das turmas apresentou, segundo relato das professoras pesquisadas, diferentes necessidades até o momento das atividades em que foram coletados os dados para esta pesquisa. Para a análise, as denominações estão estabelecidas da seguinte maneira:

RELAÇÃO TURMA – PROFESSORA – PRÁTICA OBSERVADA

Turma A Professora 1 Prática1

Turma B Professora 2 Prática 2

Turma C Professora 3 Prática 3

A turma A, sob orientação da professora 1, vêm de um histórico grande de troca de professores. Ao longo de dois anos de trabalho com a turma (2014/2015) foram cinco trocas: três no ano de 2014 e duas no primeiro semestre de 2015. É uma turma que apresentou até o momento grande dificuldade em ser afetada pelas professoras no que compete à resolução de conflitos e disputas. Inúmeras vezes a professora necessitou da ajuda de outras professoras e da supervisora para a contenção de um aluno que apresentava dificuldade de compreensão e aceitação quando eram-lhe colocados limites às suas condutas em se tratando do cumprimento de regras básicas de convivência quando necessário. Uma turma que até então, por apresentar esse perfil, dificilmente saía de sua sala para o pátio ou para o gramado.

Nas palavras da professora 1, “é uma turma que até o momento me pareceu aprisionada ao seu espaço de sala de aula e que precisa perceber o que é a liberdade dentro da escola e aprender a lidar com a sua liberdade dentro da escola. É necessário ensiná-los, não contê-los”.

A turma B, sob orientação da professora 2, também é composta por vinte crianças e uma professora. A turma vem de um histórico de manter a mesma professora desde 2014, ou seja, a professora está há um ano e meio acompanhando a turma. Percebe-se um estreitamento na relação entre ela e as crianças nos combinados desde a hora de entrar na sala, de se organizarem para a realização das atividades, como também para a reorganização da sala ao final das atividades. Percebe-se que já existe um hábito formado entre o grupo para lidar com a rotina escolar do dia-a-dia bem como para resolver qualquer conflito entre as crianças

como: quem vai sentar em qual lugar quando mais de uma criança têm a mesma preferência, quem vai começar o turno da fala quando mais de uma criança têm a preferência, quem ajudará a organizar o quê quando algumas crianças se negam a fazê-lo. Segundo a professora 2, “é tudo uma questão de construir os combinados e cumpri-los”.

A turma C, sob orientação da professora 3, até o momento, teve apenas uma professora desde o início do semestre. De acordo com o seu relato, é uma turma que apresentou no início do ano dificuldades de convivência harmônica em grupo em relação às regras básicas de convivência, ou seja, uma turma que necessitou da intervenção direta da supervisora em inúmeras vezes, uma turma que externava seus desejos e desagrados por meio de gestos e não em palavras quando contrariada pelos próprios amigos e pela professora.

Necessitou de um trabalho conjunto entre a professora e a supervisão para a resolução destes conflitos que afetavam diretamente o andamento do trabalho pedagógico com o grupo de crianças. Segundo a professora 3, “eu pensei em desistir da turma no início do ano, mas com a parceria com a supervisão da escola o trabalho foi ganhando efeito e hoje conseguimos um bom resultado até o momento. Agora não quero mais sair, quero ficar até o fim, sei que o trabalho só vai melhorar daqui pra frente. Não foi nada fácil, mas já conseguimos grandes avanços quanto aos hábitos de convivência, ao modo de conversar com os amigos e reagir quando há contrariedade entre o querer e o poder.”

Das professoras que aceitaram participar da pesquisa, uma, professora 2, tem mais de cinco anos de experiência com a Educação Infantil na Rede Municipal de Educação e as outras duas, professoras 1 e 3, têm menos de cinco anos de experiência na Educação Infantil da Rede Municipal de Educação, no entanto, já acumulam experiências de mais de cinco anos com esta etapa da Educação Básica de momentos anteriores à Rede Municipal, quando lecionavam em escolas particulares.

Para a observação em cada uma das turmas foi respeitado o tempo de adaptação das crianças à escola. Optou-se por esta postura durante a realização da pesquisa porque quando uma criança chega à escola é como se ela estivesse mergulhada em um oceano desconhecido: são muitos os fatores novos tanto para quem nunca foi à escola quanto para quem já freqüentava a Educação Infantil: professores novos, novos colegas de sala, ambiente de sala de aula novo. As

relações entre os membros da turma, professor e alunos, nos primeiros dias de aula, ainda não estão constituídas.

É importante respeitar o tempo de adaptação porque neste período, que compreende, pelo menos, dois meses, há crianças que saem mais cedo até se adaptarem à rotina escolar, outras que choram quando chegam à escola, outras que por sentirem falta, passam um tempo com o professor do ano anterior; portanto, compreende um período de tempo um tanto tumultuado no espaço da sala de aula.

3.2 O FAZER PEDAGÓGICO E A SUSCETIBILIDADE NO FAZER DIALÓGICO: O