• Nenhum resultado encontrado

OS FEROMÔNIOS NA AGRICULTURA

No documento RUBENS PESSOA DE BARROS. (páginas 39-42)

4.1 Os semioquímicos

A origem semântica da palavra semioquímico está relacionada etimologicamente com o vocábulo grego semeîon, que significa sinal, portanto, são designados de semioquímicos, os compostos utilizados na intermediação de relações entre os seres vivos. Possuem duas classificações; a primeira está relacionada com a espécie do emissor e do receptor do sinal químico, e a segunda, de acordo com os resultados decorrentes desta comunicação (ZARBIN et al., 2009).

Os insetos reconhecem vários tipos de feromônios, através dos comportamentos que estes compostos produzem no receptor da mensagem. Os mais comuns mediados por feromônio são: a atração de indivíduos do sexo oposto para acasalamento, a agregação de indivíduos de ambos os sexos para um local específico para alimentação e/ou de acasalamento, através de feromônios de agregação; formação de trilhas, de territorialidade, de alarme, de dispersão e de oviposição. Além destes, insetos sociais utilizam uma variedade de feromônios para organizar as atividades na colônia. Os feromônios sexuais e de agregação tem sido mais estudados, pois melhor se enquadram em estratégias de controle de pragas (BOARETTO e BRANDÃO, 2000; JURENKA, 2004).

Geralmente são as fêmeas que liberam compostos voláteis de uma glândula tipicamente localizada na extremidade do abdome. Na ordem Lepidoptera, os feromônios sexuais foram identificados em mais de 100 espécies, sendo poucos os casos de liberação por machos. Em algumas espécies ocorre um sistema duplo, no qual ambos os sexos emitem substâncias químicas causadoras de agregação, possibilitando a cópula, como é o caso de Grapholita molesta (Busck, 1916) (Lepidoptera: Tortricidae) Naturalmente quando ocorre agregação aumenta-se a possibilidade de cópula. Assim, os feromônios sexuais e de agregação estão intimamente relacionados. Feromônios de agregação são comuns em himenópteros sociais, em baratas e em besouros, como escolitídeos (BOARETTO e BRANDÃO, 2000).

Para o monitoramento de insetos-praga, através de feromônios sexuais, os elementos táticos podem auxiliar a decidir quando, onde e quanto aplicar o inseticida. A técnica emprega armadilhas contendo quantidades diminutas de feromônio, para atração de machos ou fêmeas. Dependendo da quantidade de machos ou fêmeas capturadas, decide-se pela aplicação ou não do inseticida. Experimentos têm demonstrado que estimativas da população de praga no campo podem ser feitas a partir das coletas das armadilhas. Por exemplo, para a lagarta rosada, em Israel, uma armadilha com 2 mg de feromônio sexual Gossyplure é suficiente para monitorar 5 ha por um mês, implicando em significativo controle (de 30% de dano para 0) com sensível redução do número de aplicações (de 10 a 15 para 1 ou 2) em épocas estratégicas (BOARETTO e BRANDÃO, 2000).

Os insetos empregam odores ou sinais químicos para a promoverem a comunicação entre indivíduos da mesma espécie ou reagir à presença de outros de outra espécie. As informações são trocadas através dos infoquímicos, desencadeia uma série de comportamentos nos insetos, incluindo a aproximação, alarme e recrutamento (VILELA e DELLA LUCIA, 2001).

Desde a utilização do primeiro feromônio isolado de uma espécie do bicho-da-seda Bombyx mori Linnaeu (Lepidoptera: Bombycidae), denominado de Bombicol, quando foi isolado um álcool de cadeia longa liberado pelas fêmeas para atrair os machos para o acasalamento, tem sido usado até os dias atuais (PATRÍCIA e CORREA, 2004).

A resposta comportamental produzida pelos feromônios pode ser classificada em: sexuais, de agregação, de dispersão, de alarme, de territoriedade, de marcação de trilha e de postura (MELO et al., 2011).

Os feromônios sexuais na ordem Lepidoptera, são constituídos por uma mistura de compostos químicos, com funções específicas, incluindo acetatos, alcoóis e aldeídos, variando

entre as espécies (Lima e Della Lucia, 2001). Esses compostos atraem os espécimes do sexo oposto que se encontram distantes, enquanto que outros atuam quando os parceiros estão próximos. Os feromônios motivam os insetos a terem uma série de comportamentos, com a liberação de componentes afrodisíacos até a consumação do acasalamento (Figura 8) (BADJI et al., 2003)

Figura 8. Sequência comportamental mediada pelo feromônio em machos da ordem Lepidoptera.

Fonte: (Adaptada de Audemard, 1989; apud ARIOLI et al., 2013).

Quando se utiliza armadilhas de feromônios sexuais sintéticos para o monitoramento de insetos, o foco geralmente é: detectar a presença de insetos; conhecer as suas flutuações populacionais; e conferir se existe a necessidade de aplicar medidas de controle. Mas apenas quando os feromônios sexuais sintéticos estão disponíveis aos sistemas de produção, é que tornam-se viáveis a sua inclusão nos programas de Manejo Integrado de Pragas (MIP) (BOTTON et al., 2005; KOVALESKI e RIBEIRO, 2002).

Segundo Ringenberg (2004), essas armadilhas promovem capturas seletivas, são de baixo custo para a aquisição e capazes de detectar a espécie praga, mesmo quando incide em baixa infestação. Possuem vantagens quando comparadas às armadilhas luminosas e àquelas

que usam atrativos, as quais apresentam inconvenientes de não serem seletivas e de terem necessidade de água, energia ou de outros complementos para seu perfeito funcionamento.

Mas, no entanto, o monitoramento de indivíduos da ordem lepidoptera com armadilhas de feromônio sexual produz informações indiretas e pouco precisas, pois geralmente se destina à captura de machos adultos, raramente de fêmeas, que são as que realizam posturas, originando lagartas, que são as responsáveis pelos danos nos pomares. Dessa forma, é importante conhecer a correlação existente entre capturas de machos adultos nas armadilhas e o potencial dano da praga, sincronizando as medidas de controle do inseto alvo (BENTO, 2001).

No ambiente agrícola ou agroecossistema a diversidade é reduzida, o monocultivo em grandes extensões favorece o desaparecimento de muitas espécies de insetos, principalmente os herbívoros monófagos ou especializados, insetos que se alimentam somente de uma fonte de alimento vegetal. Com a diminuição da diversidade de insetos herbívoros também diminui a diversidade de inimigos naturais. Neste momento se estabelece o inseto-praga; geralmente uma espécie polífaga, que passa a se alimentar da espécie vegetal que está sendo cultivada, que possui uma alta taxa de reprodução e que é favorecida pela quase total ausência de predadores. Neste cenário de grande oferta de alimento e ausência de fatores limitantes, o crescimento populacional deste inseto é quase incontrolável (ZARBIN et. al.,2009).

No documento RUBENS PESSOA DE BARROS. (páginas 39-42)

Documentos relacionados