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3. METODOLOGIA

3.5. Os resultados

3.5.1. A visão dos componentes da cadeia

3.5.1.2. Os frigoríficos

Os frigoríficos, basicamente, tem como conteúdo transacional da cadeia a compra de animais dos pecuaristas e a venda da carne embalada, ou em cortes para o varejo nacional ou internacional. De modo geral, notou-se que não existe um envolvimento afetivo ou de amizade é basicamente negócio.

A natureza da ligação dos frigoríficos com demais elos da cadeia é definida, por eles, como recíproca honesta. Os entrevistados demonstraram preocupação ao aproximarem do pecuarista buscando formas de melhorar a performance destes.

A rede é definida pelos frigoríficos com onze participantes que são: (a) fornecedores de sêmen, (b) criadores de bezerros, (c) fornecedores de sal mineral, (d) produtores de sementes, (e) agro revendas que vendem medicamentos, arames entre outros produtos, (f) fabricantes de medicamentos, (g) pecuaristas, (h)certificadores, (i) confinadores (j) frigoríficos, (h) varejo da carne.

Sob a ótica dos frigoríficos, a densidade da rede se resume no contato deles com: criadores de bezerros, pecuaristas, certificadores e confinadores.

Os frigoríficos consideram que, atualmente, a rede esta em processo de mudança, o pecuarista está se especializando em um determinado tipo de criação, seja definido pela etapa de criação ou pela raça do animal, o exemplo citado foi o aumento do número de animais confinados no rebanho brasileiro. Conforme o entrevistado que representa este elo da cadeia principal de carne bovina brasileira, a rede é centralizada pelos próprios frigoríficos, porém, as regras que eles impõem para os pecuaristas são definidas pelo mercado. A estrela da rede, na opinião dos frigoríficos, são os pecuaristas, pois reconhecem que recai sobre eles a maior parte das atividades da cadeia da carne. Resumindo, os frigoríficos entendem que cadeia da carne bovina brasileira ainda está evolução, ao comparar com as situações em outros locais do mundo.

Na opinião dos frigoríficos, a cadeia da carne bovina brasileira mudou bastante nos últimos anos.Os principais motivos para isso são: a necessidade da rastreabilidade do rebanho imposta pelo governo através do SISBOV e as normas internacionais de importação principalmente a atual norma européia denominada EUROGAP. A especialização de alguns participantes desta cadeia, com foco em áreas bem específicas como: desenvolvimento genético e confinamento foi outro fator importante neste processo de mudança.

O frigorífico é visto por eles mesmos como um dos elos mais estruturados, seguidos pelos importadores de outros países e varejistas da carne bovina no Brasil. Os buracos estruturais mencionados por este grupo foram: os fabricantes de medicamentos e os pecuaristas, fabricantes de sal mineral e o frigorífico, e assim por diante. Os frigoríficos afirmam que os

próprios elos da cadeia de suprimento não se comunicam adequadamente e as empresas principais da cadeia da carne bovina são: o importador ou cliente varejista, o frigorífico, o pecuarista e o fornecedor de sal mineral. As demais empresas da rede são vistas pelos frigoríficos como periféricas.

Os frigoríficos enxergam que a situação da rede é dominada pelo mercado que distribui a carne bovina no varejo, seja aqui no Brasil ou no exterior, ele é quem define o preço e a qualidade desejada e o frigorífico deve se adequar a estas condições e trabalhar com margem muito estreita. O entrevistado deste grupo foi enfático ao dizer que, muitas vezes, é difícil encontrar a carne bovina que atenda às exigências do mercado e, quando isso acontece, a negociação com o pecuarista também é difícil apesar do valor da carne ser melhor nestes casos.

A equivalência estrutural é explicada, pelos frigoríficos, da seguinte forma: os fornecedores de sêmen não apresentam um padrão, cada um procura seu diferencial para vender um produto que promete o melhor desempenho para o pecuarista. Já os criadores de bezerros se caracterizam pela busca constante de melhoria genética, porém existe um grupo que não se importa com isso, mas a tendência deste grupo, que ainda é grande, é diminuir em função das novas exigências do mercado. Os laboratórios veterinários são separados em dois grupos: (1) os que produzem vacina contra febre aftosa, que conseguem influenciar muito a cadeia praticamente impondo uma cesta de produtos, inclusive os pecuaristas; (2) e os outros laboratórios, que lutam com muita dificuldade pelos clientes. Os certificadores são considerados pelos frigoríficos como empresas que oferecem serviços muito semelhantes, atendendo basicamente às normas nacionais e internacionais impostas pelo mercado. Os pecuaristas são separados em dois grandes grupos: (1) os tecnificados, onde a produção um controle de qualidade maior e (2) os outros, que criam os animais sem muito cuidado com a qualidade. Os confinadores são vistos pelos frigoríficos como um grupo homogêneo que produz carne de boa qualidade. O varejo da carne bovina é separado em três grupos: (1) os importadores de outros países, (2) os supermercados; ambos com alto poder de barganha e (3) os açougues, que perdem o poder de barganha a cada dia e, muitas vezes, são

desonestos comercializando carne bovina de origem clandestina que não vem dos frigoríficos.

Os frigoríficos entendem que a proeminência acontece pelos compradores da carne bovina, os importadores e os varejistas nacionais, pois eles regulam a oferta da carne bovina em função do preço oferecido. O pecuarista também é visto como proeminente, pois pode antecipar ou retardar a venda do seu rebanho ao frigorífico e, mais recentemente, o produtor de bezerro também consegue proeminência, pois pode controlar a sua oferta de bezerros aos pecuaristas que, por sua vez, regula a oferta em função do preço pago pela arroba do boi. O fornecedor de bezerro também é observado como proeminente, principalmente, quando há escassez, que provoca o aumento em função do custo de reposição de novos animais.

Na visão dos frigoríficos, eles conseguem alcançar apenas: o varejo da carne, o pecuarista, o fornecedor de sêmen, o confinador e o certificador.

Os frigoríficos enxergam que detém parte do poder regulatório, pois suas relações com os compradores e vendedores de gado é feita de forma programada. Porém, existe uma percepção que os importadores de outros países e os supermercadistas brasileiros detém, também, parte do poder regulatório e os pecuaristas podem, em um grau menor, deter o poder regulatório.

Sob a ótica dos frigoríficos, o poder da rede está com o varejo da carne e, em menor escala, com os fornecedores de bezerro, o primeiro devido à forma como consegue definir as regras de mercado, e o segundo, que define um dos principais custos da produção da carne brasileira.

Os frigoríficos já percebem o movimento de ações estratégicas, principalmente, em relação aos produtores, que estão se associando para aumentar seu poder de barganha junto aos próprios frigoríficos e aos seus fornecedores.

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