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3 OS GALEGOS E SALVADOR

3.3 OS GALEGOS EM SALVADOR

Conforme dados obtidos através dos Livros de Registro de entrada de Passageiros da Capitania dos Portos desta capital, chegaram a Salvador entre 1883 e 1950, 17.737 espanhóis. O que podemos notar é o início de uma corrente migratória espanhola a partir da segunda metade do século XIX e que se mantém na primeira metade do século XX. Já nos dados obtidos junto ao Consulado, dos galegos que vieram para Salvador entre 1919 e 1936, 95% eram homens contra 5% de mulheres. Segundo essa mesma fonte, os imigrantes galegos que vinham trabalhar no comércio representavam 73%, contra 24% em outras atividades profissionais, e 3% eram donas de casa. Apresentavam na sua maioria um nível de escolaridade até o primeiro grau. Aqui chegados não freqüentavam nenhuma espécie de cursos, salvo raríssimas exceções.

A grande parte dos galegos que vieram para Salvador eram da província de Pontevedra e de alguns municípios de outras províncias galegas limítrofes com Pontevedra. Principalmente de Ourense. São na maioria, indivíduos oriundos de comunidades rurais – aldeias e vilas – onde se dedicavam predominantemente à atividade agrícola, organizados num tipo de sociedade que conserva, quanto a sua base econômica, muitas características próprias das sociedades camponesas. Mesmo assim, quase todos estabeleceram-se na cidade como empregados de armazéns ou de padarias, de portugueses ou de galegos que haviam chegado no século XIX, pois, como não dispunham de um capital maior e não contavam com qualquer apoio do governo, tiveram que disputar um

espaço na própria cidade, nas proximidades do porto onde desembarcavam. Aqui não tinham condições de comprar terras e também acabavam de sair dos problemas vividos no meio rural na Galícia, não querendo arriscar-se em uma nova experiência. Lá na Galícia, percebiam que as possibilidades de absorção em outras atividades eram muito remotas, mas, de toda maneira, os que decidiram não emigrar para as Américas foram pressionados e tiveram que sair para locais mais próximos, tentando as iniciativas que se abriam nas formações urbanas. Os primeiros que chegaram a Salvador trouxeram um pequeno capital que serviu de base para a montagem do negócio inicial. As instalações eram precárias, mesmo porque o comércio existente em Salvador não dispunha de estabelecimentos mais sofisticados. Certamente, a opção pela atividade comercial não parecia uma escolha natural, no entanto foi o meio encontrado para conseguir a sobrevivência, e conseguir ser dono do próprio negócio. Trabalhar no campo como empregado, parecia ir de encontro com a sua condição de proprietário na Galícia, mas nem todos trouxeram economias. Alguns vieram apenas com esperanças e ilusões de conquistar uma riqueza rápida e fácil. Porém, o que encontraram foram inúmeras dificuldades. As mais citadas em seus depoimentos foram, por exemplo: a grande diferença climática; as instalações encontradas para moradia, principalmente a cama e a alimentação.

Alguns aspectos marcaram o processo migratório dos galegos para Salvador e para o Brasil de forma mais ampla. O primeiro deles é o fato de não receberem apoio oficial do governo da Espanha, nem do governo do Brasil. Foi então uma imigração espontânea, ainda que pressionada por fatores sócio-econômicos.

O segundo aspecto refere-se a forma em que estes imigrantes se estabeleceram na cidade. Não tendo compromissos oficiais, não ocupavam espaços delimitados, como

ocorria com a maioria dos imigrantes que vieram para o Brasil. Ao contrário, espalharam- se por toda a área urbana, ocupando pontos estratégicos, como foi o caso do bairro da Calçada, com a finalidade de disputar a preferência dos clientes. A medida que conquistavam a cidade, conquistavam também ocupações nas atividades comerciais dos galegos de Salvador. Eles iam conquistando novos espaços.

Estes dois aspectos levaram o grupo a uma situação paradoxal: de um lado evitar a formação de guetos, mas por outro lado, parece ter pressionado os componentes do grupo na busca e obtenção de meios que impedissem o seu afastamento. Seria, talvez, uma forma de não perder os laços com a terra natal. Em todo processo de migração há um primeiro momento, o da adaptação, em que o imigrante é visto com certas restrições e em que ele próprio se coloca em “posição de defesa”, considerando as diferenças existentes no novo ambiente.

Outra característica desta corrente migratória, foi como aconteceu o crescimento do grupo. Quando os comerciantes galegos se estabeleciam e precisavam de alguém para lhes ajudar no trabalho, mandavam chamar na Galícia, filhos, parentes e amigos, que na sua maioria eram crianças entre 10 e 15 anos, que vinham para trabalhar das seis da manhã até as oito da noite, e dormiam em camas com colchão de palha num quarto, geralmente nos fundos do armazém. Seus salários eram pagos em forma de vales, e, quando pediam prestação de contas, quase sempre estavam devendo aos seus patrões. Como resultado dessa forma de recruta, o grupo ia se formando com uma população predominantemente da mesma região. No caso Salvador, quase uma totalidade pertence a província de Pontevedra (96%), mais especificamente do município de Puente Caldelas e de seus arredores.

Esta imigração foi predominantemente de uma população masculina jovem, de modo que as aldeias se despovoaram. Lá não ficaram mais nada além de mulheres, crianças e velhos. Este fato gerou um impacto muito grande na estrutura da família imigrante galega de Salvador. Mesmo considerando que aqueles que imigraram voltavam, quase sempre para casar com mulheres galegas, mas como enfrentavam dificuldades financeiras, retornavam e deixavam a mulher, e muitas vezes, filhos na Galícia, forçando essas mulheres a arcarem com as responsabilidades da casa, vendo-se então obrigadas a cuidar da terra e dela tirar o sustento para a família. Muitos imigrantes quando conseguiam se estabelecer, mandavam buscar sua família na Galícia, mas outros muitas vezes construíam uma nova família na Bahia e não davam nenhuma ajuda a família que haviam deixado na Galícia.

O fato dos galegos não se casarem com brasileiras, era por que seus armazéns não eram freqüentados pela classe média e alta da população baiana, o que gerava uma separação entre o imigrante e a população local. Houve uma certa discriminação, e como resposta um certo retraimento. Mas, quando os filhos de galegos, muitos já nascidos na Bahia, começaram a freqüentar escolas e fizeram amizades com seus colegas e suas famílias, houve uma melhor aceitação das famílias galegas junto à sociedade soteropolitana.

Por volta de 1950, o movimento migratório foi perdendo sua força já que as condições financeiras oferecidas por outros países da Europa eram melhores que as existentes no Brasil. O grupo que antes teve cerca de 30 mil componentes foi diminuído, ao tempo que consolidava sua posição econômica. Hoje, conforme informação obtida

junto ao Consulado, existem cerca de 3 mil galegos de origem, que pelas raízes fixadas em Salvador, os impedem de voltar a sua terra natal para morar.

Não podemos deixar de dar destaque a participação dos galegos no comércio de Salvador e sua contribuição para a economia da Bahia. Em fins do século XIX, possuíam 25 firmas, predominando o ramo de alimentos e bebidas. Esta característica predominante das casas comerciais atuarem como armazéns de secos e molhados, padarias, tavernas e pastelarias perdurou durante este século. Envolveram-se, em menor número, com pequenas fábricas como de alambiques e fabricação de charutos, lojas de louças, vidros, ferramentas, etc. Comércio varejista, preferencialmente de gêneros alimentícios, mas sempre abertos a negociar com diversos artigos, desde que o negócio fosse lícito e pudesse convir à sociedade, conforme expressavam os contratos na Junta Comercial da época. Nascem como pequenos empreendimentos e com base no grande sacrifício do proprietário e muitas vezes na exploração do trabalho dos próprios patrícios, vão acumulando riquezas. No fim do século XIX, a maioria delas já apresentam um capital social acima de vinte contos de reis, quantia significativa para a época.

Mas é realmente no século XX que os galegos, consolidam a sua participação e demonstram a sua força no comércio de Salvador.

No período de 1900 a 1950, são 590 firmas galegas registradas em Salvador, com destaque para as décadas de 20 e 40. Em relação a década de 20 podemos atribuir a explicação no maior fluxo do contingente imigratório, já na década de 40 o que se observa é em boa parte resultante dos efeitos da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Tanto é assim que no período de aguçamento da xenofobia nacional, o ano de 1942, os

galegos registram 55 firmas na Junta Comercial10, sendo 81% delas do ramo de alimentos e bebidas.

Entretanto, a partir da década de 40, já diversificam sua participação na economia com firmas em outros ramos, como representação, importação e exportação (22 casas), fábricas (21 casas), tecidos e calçados (10 casas), materiais de construção (10 casas), joalherias (10 casas), acessórios e automóveis (04 casas), lojas e artigos funerários (03 casas).

É neste período, que suplantam a posição dos portugueses mantida durante o século XIX, tornando-se os principais retalhistas estrangeiros de gêneros alimentícios em armazéns, vendas e padarias. No decorrer da década de 40, são 54 firmas que já atingem mais de 100 contos de reis, sendo que 23 delas superam o patamar de 400 contos de reis ou quatrocentos mil cruzeiros11.

Portanto, de uma forma geral, tem-se uma grande soma de recursos dispersos entre muitas firmas a par de volumosos capitais concentrados em poucas mãos.

A participação galega ganha maior realce sobretudo a nível de impacto social, na medida que se adicione aos dados já estabelecidos a respectiva localização nos empreendimentos comerciais. Das 300 firmas cuja localização foi obtida nos documentos da Junta Comercial, no período de 1909 a 1950, 272 delas estavam situadas nas freguesias

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O receio das perseguições deve ter conduzido os galegos a demonstrar o completo acatamento à legislação brasileira.

11 Em 1942 a moeda brasileira deixa de ser réis para tornar-se cruzeiro. Registro de Aumento de Capital. Livro de Registro de Firmas. Arquivo Público do Estado da Bahia.

da Sé, Paço, São Pedro, Vitória, e Conceição da Praia, e apenas 28 em áreas afastadas ou periféricas, como Brotas, Mares, Penha e São Caetano.

Enfim, fica perfeitamente evidenciado o forte poder econômico e a grande expressão exercida pelos galegos no comércio de Salvador durante a primeira metade do século XX. Mas, para se atingir tal êxito devemos atribuir à um mecanismo fundamental: à associação de galegos. Das 25 firmas, registradas entre 1882 e 1899, apenas 03 delas eram mistas, sendo quase a sua totalidade firmada entre sócios galegos. Desde cedo eles compreenderam a necessidade da junção entre capital e trabalho galego para o sucesso do empreendimento. Até o fim da década de 40, 70% delas são coletivas, e 41% destas tem em sua composição societária somente irmãos e parentes. Fica portanto evidenciado, a predominância grupal e familiar das associações galegas.

Se, por um lado os galegos compreenderam a necessidade da formação de firmas entre seus próprios patrícios, financiavam a vinda de parentes e amigos provenientes de suas aldeias para trabalhar em seus estabelecimentos, pois enxergaram nesta possibilidade uma mão-de-obra mais barata, capaz de trabalhar 12, 14, 16 horas por dia, sem descanso muitas vezes nos sábados e domingos12. Sabiam que os que de lá vinham, tinham neles, o único referencial para a sobrevivência e conhecimento do novo mundo. Apesar da realidade aqui encontrada, os recém-chegados se submetiam a esta desumana jornada de trabalho, pois não possuíam condições financeiras de retornar a Galí-

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Falamos de uma época anterior a implantação da Consolidação das Leis Trabalhistas de 1949, quando não havia limite estabelecido para a jornada de trabalho, nem previsão de descanso semanal, nem muito menos férias remuneradas. Também ainda não havia restrições legais quanto ao número de empregados estrangeiros em cada estabelecimento comercial.

cia, e quando conseguiam juntar o capital necessário para a viagem de retorno, faltava- lhes coragem de serem recebidos como fracassados. Através destes dados, portanto, fica evidenciado que um dos segredos do sucesso dos comerciantes galegos em Salvador, estava calcado na exploração da força do trabalho. Um outro segredo do sucesso estava na participação dos patrões nas diversas atividades do estabelecimento comercial, sempre a frente de seus negócios.

Pode ser atribuído também aos comerciantes galegos, as primeiras vendas à crédito feitas aos seus consumidores, através das chamadas "Cadernetas". Estas funcionavam num sistema semelhante aos atuais Cartões de Crédito. Os clientes tinham uma data definida para o pagamento das compras efetuadas durante o decorrer do mês.

A ascensão financeira dos comerciantes galegos e a sua participação na economia de Salvador, proporcionou a estes uma diversificação de investimentos do capital até então acumulado. Podemos caracterizar que três foram as frentes básicas de investimentos: o reinvestimento do capital na própria empresa, como forma de preservar a prosperidade e a segurança do grupo, proporcionando o melhoramento das instalações e o fortalecimento do negócio; a compra de propriedades urbanas em Salvador, geralmente destinadas a aluguel, propiciando assim uma nova fonte de renda; e, a compra de propriedades na Galícia, sobretudo para um grupo que teve na carência de terras, uma forte razão para imigrar.

Antigamente, quando o sistema ferroviário chegava até Aracaju e a via de escoamento da cidade era apenas pelo Largo do Tanque, o comércio da Calçada era um grande centro atacadista de alimentos, possuindo comerciantes, inclusive galegos como os

"Irmãos Vasquez", que tinham clientes desde o Norte de Minas até Aracaju, passando por todo o interior do Estado.

Além da decadência do transporte ferroviário que dificultou as vendas, e a abertura de novas estradas com a criação do Pólo Petroquímico de Camaçari, outro fator que levou a decadência econômica dos comerciantes galegos donos de armazéns na década de 50, foi o surgimento do supermercado com Mamede Paes Mendonça. No início, os comerciantes galegos achavam que seriam exterminados, pois apesar de vender com prazo de 30 dias, não tinham como competir com os preços apresentados pelos supermercados. Havia também uma mentalidade entre os galegos em não contrair dividas e comprar sempre à vista. Assim como na década de 50 e 60, com a inflação alta, os donos de supermercados que comprovam com prazos de 30 e 60 dias e vendiam à vista, arriscavam e jogavam seu dinheiro no mercado financeiro, conseguindo assim altos ganhos com a inflação. Então, os comerciantes galegos foram obrigados a mudar de ramo. Muitos partiram para a construção civil, outros abriram joalheiras, postos de gasolina, casas de material de construção, hotéis. Enfim, a maioria dos galegos conseguiu sobreviver as mudanças na economia baiana, e também boa parte deles aumentou seu patrimônio com relação ao possuído antes da imigração para a Bahia.

As suas associações aqui fundadas, propiciaram à comunidade galega manter vivos os laços com a sua terra natal e também contribuiu para uma maior integração hoje existente entre ela e a sociedade local. Como exemplo, podemos citar as associações que tinham o propósito de arrecadar contribuições dos imigrantes galegos residentes em Salvador para realizar festividades e também enviar importâncias para suas aldeias a fim de construírem escolas, igrejas ou o que fosse necessário. Dentro deste espírito criou-se

entre outras: a Sociedade Amigos de Gajate (SAGA), Sociedade Filhos de Anta, Sociedade Amigos de Moscoso.

Mas, outras associações tiveram o caráter mais abrangente, visando esta integração. Criaram em 1911, o Centro Recreativo Espanhol, hoje Clube Espanhol, com a finalidade de reunir o grupo para falar sobre a Galícia. Fundaram a Real Sociedade Espanhola de Beneficência, hoje Hospital Espanhol, em 1885, com o intuito de dar melhor atenção à saúde dos imigrantes aqui residentes. E, na área esportiva formou-se também o Galícia Esporte Clube, em 1933, que teve como finalidade aproximar os galegos bem sucedidos nos negócios com a população mais carente de Salvador, pois estes já começavam a reclamar que os galegos vieram para tomar o trabalho dos soteropolitanos. Fundaram a Escola e Teatro Caballeros de Santiago, em 1960.

Portanto, através dos dados apresentados, vemos o quanto foi importante e representativo a participação dos imigrantes galegos na economia da Bahia e da Galícia. Não é possível precisar exatamente onde se processaram os maiores investimentos. Mas tem-se a certeza que ambas foram em muito beneficiadas pelos frutos desta participação. Houve, com o passar dos tempos uma nova socialização, com a estruturação de novas relações. Eles retornam a Galícia para veranear, vitoriosos, demonstrando seu sucesso, mas devido as raízes aqui fincadas, não conseguem se desvincular dos laços afetivos aqui estabelecidos.

4 CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho foi o de compreender as razões que levaram o povo da Galícia a emigrar. Como se processou a imigração para o Brasil e a sua chegada em Salvador. Analisamos também o processo de integração do grupo, suas contribuições sociais e culturais para a sociedade soteropolitana, e a participação significativa do comerciante galego na economia baiana.

É preciso ressaltar que os imigrantes galegos de Salvador não tiveram uma vida fácil. Sem maiores recursos, por desconhecimento dos valores da sociedade local, e pelo trabalho árduo e sem descanso que exerciam, não se integravam. Em alguns momentos foram taxados de racistas, pois não se envolviam com o povo local; de ladrões, miseráveis e exploradores, por ocuparem espaços de brasileiros e praticarem preços abusivos em suas atividades comerciais. A expressão "Galego", assumia assim um sentido pejorativo.

Uma pesquisa realizada em meados dos anos 40, considerou-se sobre o plano de aceitação dos grupos estrangeiros pela sociedade local, que os espanhóis deveriam ser expulsos do Brasil.

Em contrapartida encontraram mecanismos para suportar a dura adversidade. Criaram associações com o propósito de não perder o vínculo com a terra natal e a sua

cultura e terminaram com isso, estreitando os laços e melhorando as relações com a sociedade receptora.

À proporção que ascendiam economicamente, à medida que tinham filhos nascidos e educados na Bahia, e o contato contínuo com os membros de várias camadas de Salvador, determinaram a mudança das atitudes e valores da comunidade galega aqui residente.

Consciente ou inconscientemente, terminaram por adotar valores e ideologias da sociedade receptora, sem perder com isso o vínculo cultural e afetivo com a sua terra natal.

A comunidade galega que hoje vive em Salvador pode se considerar como vitoriosa, pois conseguiu se livrar do trauma que todo processo migratório causa ao grupo, sobretudo na estrutura da família, estando totalmente integrada na sociedade baiana. Integrada sim, assimilada não. Pois, se considerada assimilada, estaria admitindo a perda da identidade pelo grupo, enquanto que a integração pressupõe uma diversidade cultural, dentro de uma unidade social.

Esta comunidade como outrora o fizera, não efetua mais investimentos na Galícia, preferem alocar recursos no Brasil, apesar de possuírem propriedades em sua terra natal, hoje valorizadas por causa do desenvolvimento econômico que por lá está acontecendo. Franquearam o acesso dos nacionais as suas associações. Como consequência, apesar de figurarem como grupo próprio, não são mais rejeitados, nem negativamente discriminados pelos baianos, estando igualmente inseridos de maneira harmônica na dinâmica da nova sociedade de classes.

A presença galega na economia baiana se faz presente de uma maneira forte e representativa. Fernandez, A Primavera, Vibemsa (hoje desmembrada em outras três por exigência legal), biscoitos Tupi, Lojas Pery, Perini, Suarez, Leiro, FrutosDias, e etc., são empresas que não precisam de apresentação para os soteropolitanos, além de inúmeros hotéis, postos de gasolina, joalherias, padarias, armazéns, funerárias e empresas de turismo.

De toda maneira, pode se admitir que não há em Salvador galegos marginalizados. Supõe-se que a maioria está em situação boa ou razoável.

Gonzalez, Rodrigues, Alban, Duran, Sanchez, Suarez, Cal, Garrido, Blanco, Piñeiro, Parada, Baqueiro, Vasquez, Martinez, Vidal, Bouzas, são alguns dos muitos nomes que aparecem nos quadros econômicos, sociais, culturais e políticos da estrutura da sociedade baiana. Alguns deles, já aparecem entrelaçados com sobrenomes brasileiros, mostrando a integração evidente.

Hoje, nos empreendimentos galegos, a maioria dos trabalhadores são brasileiros, não havendo distinção. Mesmo porque são grandes empresas onde não é possível utilizar somente mão-de-obra galega.

Apesar de muitos terem obtido sucesso, muitos também não realizaram o projeto de enriquecer e retornar à Galícia. Muitos vieram, há 40, 50, 60 anos e nunca mais retornaram. Alguns estão podendo realizar o sonho de voltar a terra natal, graças a uma ajuda dada pela “Xunta de Galícia”13, para imigrantes galegos que tenham mais de 30 anos

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