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1 ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.5 Os métodos de consolidação

Efetuado o enquadramento jurídico-legal da consolidação de contas, analisam-se de seguida os diferentes métodos de consolidação propostos pelos normativos contabilísticos, e que se relacionam com as teorias da consolidação anteriormente abordadas.

Encontram-se identificados três métodos de consolidação sendo que um deles não se poderá considerar como um verdadeiro método de consolidação. São eles:

a) Método da Equivalência Patrimonial (“Equity method”); 12

12 Segundo Rodrigues (2003, p. 106), em termos internacionais este método é conhecido por equity method,

b) Método da Consolidação Proporcional (“Proportional method”); c) Método de Consolidação Integral (“Full Consolidation method”). 1.5.1 Método da equivalência patrimonial

A NCRF 15, §4, estipula que de acordo com o Método da Equivalência Patrimonial (MEP) “(…) o investimento ou interesse é inicialmente reconhecido pelo custo e posteriormente ajustado em função das alterações verificadas, após a aquisição, na quota- parte do investidor (…) nos ativos líquidos da investida (…). Os resultados do investidor (…) incluem a parte que lhe corresponda nos resultados da investida ou da entidade conjuntamente controlada (...)”.

Salienta-se, antes de mais, que a MEP deve ser aplicado tanto em contas individuais quando se está na presença de participações em subsidiárias, como nos investimentos em entidades consideradas como associadas em que a empresa-mãe exerce de facto influência significativa (cfr. NCRF 13), mantendo-se este método no âmbito das contas consolidadas no que respeita às participações em associadas.

De acordo com Rodrigues (2003, p. 106), o valor da participação financeira registada na empresa-mãe (ou empresa adquirente), inicialmente registado pelo método do custo (depois de isolado o valor do eventual Goodwill – cfr NCRF 13, §63), é substituído pelo valor dos capitais próprios da empresa associada e pelos resultados que forem gerados posteriormente.

Com efeito os ajustamentos subsequentes nos ativos líquidos (capital próprio) da participante deverão ser refletidos na participação financeira da empresa-mãe em contrapartida de rubricas específicas de resultados (“ganhos/perdas imputados de associadas”) ou, em rubricas de capitais próprios quando se está também na presença de variações ocorridas nos capitais próprios da participada (e.g. variações em reservas de justo valor ou revalorizações).

De acordo com este método os resultados da participante irão contemplar, na respetiva proporção da participação detida, os resultados obtidos pela participada. Note-se que, o normativo nacional obriga (NCRF 13, §51), de modo semelhante aos restantes métodos de consolidação, que os resultados gerados nas transações descendentes e ascendentes, ou seja, transações efetuadas entre investidora e associada, sejam eliminadas.

De igual modo, e tal como preconizado por Rodrigues (2015, p. 38), deverá existir coerência na aplicação de políticas contabilísticas entre a investidora e a associada. Assim, deverão os resultados das associadas ser ajustados de forma a contemplar a harmonização das políticas contabilísticas adotadas pela investidora.

1.5.2 Método da consolidação proporcional

O Método de Consolidação Proporcional (MCP) segue a teoria do proprietário a qual, como se referiu anteriormente, tem implícita a ideia de que as contas consolidadas deverão agregar apenas a fatia dos elementos patrimoniais correspondente à participação da entidade mãe (Rodrigues, 2003, p. 100).

A aplicação do método acaba por ter uma abrangência de cariz, diga-se, algo limitada, sendo aplicável às entidades conjuntamente controladas13.

Nos termos da NCRF 13, §60, a metodologia passa por agregar às demonstrações financeiras da investidora, a parcela de cada um dos itens das demonstrações financeiras da entidade conjuntamente controlada, correspondentes à quota-parte que o empreendedor detém nesse empreendimento (Macedo, et al., 2013, p. 67).

Assim, cada item das demonstrações financeiras da entidade controlada é adicionado aos respetivos itens das demonstrações financeiras da entidade investidora, na respetiva proporção que esta última detém sobre a primeira. Em face da aplicação deste método não haverá lugar ao apuramento de interesses que não controlam.

Após a agregação de cada um daqueles itens, proceder-se-á aos ajustamentos de consolidação os quais passam por eliminar, genericamente, as transações realizadas entre as entidades envolvidas, os seguintes termos (Rodrigues, 2015, p. 109):

a) O investimento financeiro da participante será eliminado pela quota-parte detida no capital próprio da entidade controlada;

b) Eliminação dos saldos e transações realizadas entre as entidades integrantes do perímetro de consolidação, em princípio pela percentagem detida pela investidora, contudo, existirão exceções.

c) Eliminação dos resultados não realizados (e.g. mercadorias em inventário transacionadas entre as duas entidades em que uma vende com margem de lucro à outra entidade.

d) Harmonização das políticas contabilísticas que eventualmente se mostrem divergentes entre uma e a outra entidade.

1.5.3 Método da consolidação integral

O Método de Consolidação Integral (MCI) é o mecanismo utilizado por excelência na preparação de contas consolidadas, em especial nos casos em que uma entidade exerce controlo sobre a(s) sua(s) participada(s). Como refere Rodrigues (2003, p. 98), os restantes métodos (os anteriormente estudados) são meras alternativas para responder a casos especiais.

Segundo a mesma autora, as contas consolidadas são obtidas pela “(…) simples agregação de todo os elementos homónimos (…)” das demonstrações financeiras de todas as entidades integrantes do perímetro de consolidação, independentemente da percentagem de participação14.

Considerando que, nem sempre a empresa-mãe é detentora da totalidade do capital social das suas subsidiárias haverá que apurar, e evidenciar numa rubrica autonomizada do capital próprio15 (cfr. teoria da entidade), o interesse/direito que aqueles investidores

detêm em cada uma das entidades onde participam. De igual modo Rodrigues (2015, p. 109), a parcela dos resultados das entidades onde a empresa-mãe não participa na plenitude deverão ser segregados de forma a ser evidenciado nas contas consolidadas a componente desses mesmos resultados que são atribuíveis a essa franja de investidores que não possuem o controlo.

De modo semelhante ao verificado no MCP, os itens agregados das demonstrações financeiras deverão ser expurgados dos saldos e transações em comum (Rodrigues, 2015, p. 109).

14 De acordo com a teoria subjacente à formatação deste método a entidade – mãe controla um conjunto de

ativos e passivos e não uma parcela (equivalente à participação) desses elementos.

Em suma, os métodos indicados nas normas para o tratamento contabilístico dos diferentes investimentos financeiros onde se verifica influência significativa, controlo conjunto e controlo, são os que constam na figura 4:

Figura 4: Métodos de consolidação a utilizar consoante o tipo de participada Fonte: Adaptado de Rodrigues, 2015, p. 109.