Relativamente à região em estudo nesta dissertação, cumpre-nos primeiro, avaliar o estado físico dos 41 conjuntos monásticos, que se encontram em estados de conservação muito diversificados.
Gráfico 9 - Existência dos conjuntos monásticos no distrito de Viana do Castelo. Fonte: Base de Dados
Como se lê pelo gráfico, em 9 casos já só existe a Igreja. São eles: - Mosteiro de São Cláudio de Nogueira (7)
- Mosteiro de São Salvador de Sabadim (11) - Mosteiro de Santa Maria de Valboa (13)
- Mosteiro de Santa Marta de Serdedelo das Donas (14) - Mosteiro de Merufe (17)
- Mosteiro de Santa Maria de Fiães (18) - Mosteiro de São Salvador de Bravães (20) - Mosteiro de São Martinho de Crasto (22) - Convento de São Bento (35)
Os restantes 32 conjuntos ainda mantêm alas conventuais ou parte delas, mas cada caso terá de ser estudado indivualmente, porque cada um apresenta características e
6 25 3 7 0 5 10 15 20 25 30 35
Só Igreja existente Igreja e Alas Conventuais existentes
Estado do Conjunto
117 estados de conservação muito singulares. Acerca da utilização destes conjuntos, distinguimos aqueles que se encontram com utilização, parcialmente utilizados e sem qualquer utilização. Dos 41 conjuntos, e de acordo com as respetivas fichas de inventário, 33 casos encontram-se com utilização, estando englobados nesta parcela todos os conventos femininos, por se situarem em áreas mais urbanas, e desse modo mais propícios à reutilização por diversos programas funcionais.
Mapa 10 – Estado de Utilização dos conjuntos monásticos no distrito de Viana do Castelo em 2014
118 Gráfico 10 - Estado de utilização dos conjuntos monásticos no distrito de Viana do Castelo.
Fonte: Base de Dados
Gráfico 11 - Tipos de usos atribuídos aos conjuntos monásticos no distrito de Viana do Castelo
Fonte: Base de Dados 23 5 3 10 0 5 10 15 20 25 30 35
Com utilização Parte com / parte sem
utilização Sem utilização
Estado de utilização
Masculino Feminino 9 4 2 3 3 2 2 2 2 2 1 1 1 0 2 4 6 8 10 12Residenciais Agrícolas Assistenciais Educativos Religiosos Hoteleiros Associativos Culturais
Tipos de usos atribuídos aos conjuntos monásticos
119 Quanto aos conjuntos reutilizados e de utilidade ativa, só nas visitas aos locais foi possível aferir quais os casos que estão em utilização e qual o seu uso atual, muitas vezes de uso partilhado. Da imensa variedade de usos, agrupamo-los em oito tipologias:
Residenciais – Habitações privadas
Agrícolas – Armazenamento de alfaias, equipamentos e produtos agrícolas Assistenciais – Lar, Centro Social, Creche e Jardim de Infância
Educativos – Escolas de Ensino Superior e Tecnológico, Cooperativa de Ensino Religiosos – Cúria Diocesana, Seminário, Apoio à Paróquia
Hoteleiros – Turismo de Habitação, Albergue, Hotel
Associatiavos – Agrup. de escutas, Centros de Apoio Social, Juntas de Freguesia Culturais – Espaços museológicos
Mapa 11 _ Usos dos conjuntos monásticos no distrito de Viana do Castelo em 2014 Fonte: Base de Dados
120 Como podemos avaliar pelo gráfico 11, existe uma predominância do uso residencial e isso acontece na sua maioria em casos de propriedade privada. Relativamente aos restantes usos, eles são distribuídos de uma forma bastante equilibrada, independentemente do seu ramo ou ordem.
Na totalidade dos 8 casos não utilizados ou parcialmente utilizados, 4 seguiram a Ordem dos Frades Menores, na sua maioria Observantes, 3 seguiram a Regra Beneditina e só um deles a forma de vida canónica, pertencendo aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho. Entende-se a predominância Beneditina e Franciscana. A escolha dos locais de implantação das suas casas, isoladas dos aglomerados urbanos é feita em consonância com a forma de vida adotada. No entanto, e como já mencionámos, os locais ermos não são propícios à implementação de usos mais comunitários ou sociais, pelo que o uso residencial será o mais propício. Excepção a esta regra é o Convento de São Paio dos Milagres (30) em Vila Nova de Cerveira, que foi restaurado e reabilitado como espaço museológico, com obras e coleções do escultor José Rodrigues e que dispõe de um serviço de acção educativa com oficinas de sensibilização à Arte e à Natureza.
Daremos agora mais ênfase aos casos sem utilização, ou parcialmente utilizados, por vermos neles potenciais patrimónios a reutilizar, conservar ou simplesmente divulgar. Os casos parcialmente utilizados são:
- Mosteiro de São Romão do Neiva (3)
(Igreja paroquial; Alas - funções residenciais e parte sem utilização) - Mosteiro do Salvador de Ganfei (4)
(Igreja paroquial; Alas - funções agrícolas e parte sem utilização) - Mosteiro de São João de Longos Vales (24)
(Igreja paroquial; Alas - sem utilização)
- Convento de Santa Maria do Mosteiró de Valença (29) (Igreja em utilização; Alas – sem utilização)
- Convento de Nossa Senhora da Conceição (35) (Igreja em utilização; Alas - sem utilização)
Dos 5 casos, o que se encontra mais isolado, distanciado de um aglomerado habitacional, é o Convento de Santa Maria do Mosteiró de Valença (29). Os restantes casos, embora envolvidos por aglomerados de pequena e média dimensão, dispõem de alas conventuais que, a serem reabilitadas, exigem consideráveis esforços financeiros, dada a sua grande dimensão e avançado estado de degradação. Relativamente aos
121 conjuntos monásticos sem utilização, os três existentes são distintos em alguns aspetos, principalmente na implantação e na proximidade aos aglomerados urbanos, e no seu estado de conservação. São os seguintes:
- Mosteiro de Sanfins de Friestas (5)
- Convento de São Francisco do Monte de Viana do Castelo (26) - Convento de Nossa Senhora da Ínsua de Caminha (28)
O Convento de Nossa Senhora da Ínsua é o mais singular no que se refere à sua implantação, já que está integrado no Forte da Ínsua, num ilhote situado na foz do Rio Minho, o que não permitiu a sua visita, só possível através de barco e com a permissão das entidades competentes (consultar respetiva ficha de visita). Os outros dois casos magníficos no seu estado de ruína, apresentam estados de conservação diferentes: o Convento de São Francisco do Monte de Viana do Castelo está em estado galopante de degradação, a ser esquecido, engolido pela imensa mata a poucos metros de civilização. No Mosteiro de Sanfins de Friestas, sobre o qual nos debruçaremos de seguida, a igreja está preservada mas encerrada e as alas conventuais encontram-se num estado de ruína estável, em perfeita harmonia com a natureza envolvente, em local isolado, mas não muito distante de aglomerados habitacionais. Este constitui o nosso caso de análise final, em ordem a debater um tópico menos comum: o do valor e das potencialidades patrimoniais de uma “ruína”.
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5 – SANFINS DE FRIESTAS “UMA RUÍNA EM UTILIZAÇÃO”