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2. Dados e metodologia

2.1 Caracterização da fonte de dados de poluição do ar: a CETESB

2.1.3 Os padrões de qualidade do ar

Segundo a CETESB, os principais objetivos do monitoramento da qualidade do ar são:

“Fornecer dados para ativar ações de emergência durante períodos de estagnação atmosférica (falta de vento e chuva), quando os níveis de poluentes na atmosfera possam representar risco à saúde pública;

Avaliar a qualidade do ar à luz de limites estabelecidos para proteger a saúde e o bem estar das pessoas;

Acompanhar as tendências e mudanças na qualidade do ar devidas a alterações nas emissões dos poluentes8”.

Para que se possa melhor lidar com a questão da qualidade do ar em uma cidade como São Paulo, foram estabelecidos os chamados Padrões de Qualidade do Ar (PQAr). Eles representam uma determinada concentração na qual os poluentes representam pouco ou nenhum risco para a saúde humana, o meio ambiente e os materiais. Estes padrões foram estabelecidos, em nível nacional, pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA) e aprovados pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Eles são utilizados para se determinar o nível de urgência representado por determinada concentração de um poluente.

O monitoramento da qualidade do ar passa pela observação das concentrações dos poluentes, comparando-as aos padrões de qualidade do ar, que são determinados de acordo com a concentração máxima permitida para o poluente em questão, as taxas de emissão deste poluente e dos sistemas de remoção atuantes.

Estes padrões podem ser classificados como primários ou secundários. Os padrões primários de qualidade do ar são concentrações de poluentes que, se ultrapassadas, podem afetar a saúde da população, entendidos como níveis máximos de concentração, em metas de curto e médio prazo, normalmente definindo padrões diários ou horários. Os padrões secundários são concentrações de poluentes que apresentam o mínimo dano possível à fauna, flora e ao bem-estar

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da população, em longo prazo, ou seja, representam padrões médios anuais de qualidade do ar desejáveis de serem atingidos.

Os poluentes escolhidos para serem medidos pela rede de monitoramento da CETESB refletem sua grande importância ambiental e sua maior concentração na atmosfera. São eles: o Dióxido de Enxofre (SO2), o Material Particulado (MP),

dividido em Partículas Totais em Suspensão (PTS), Fumaça (FMC) e Partículas Inaláveis (PI), ou seja, partículas menores do que 10 m, o Monóxido de Carbono (CO), o ozônio (O3) que também é usado para se medir a concentração dos

oxidantes fotoquímicos em geral, e o Dióxido de Nitrogênio (NO2). Para se divulgar o

resultado do índice de qualidade do ar de uma estação, considera-se sempre o pior caso, aquele do poluente de maior concentração medido na estação. Os padrões nacionais primários e secundários de qualidade do ar para os poluentes citados são apresentados na Tabela 07, de acordo com a resolução CONAMA No 3, de 28/06/90.

Tabela 07 : Padrões Nacionais de Qualidade do Ar - Resolução CONAMA nº 03, de 28/06/90. Poluente Tempo de Amostragem Padrão Primário µg/m3 Padrão Secundário µg/m3 Método de Medição Partículas totais em suspensão (PTS) 24 horas* MGA** 240 80 150 60 Amostrador de grandes volumes Fumaça 24 horas* MMA*** 150 60 100 40 Refletância Partículas

Inaláveis 24 horas* MMA

150 50 150 50 Separação inercial/ filtração Dióxido de

enxofre 24 horas* MMA

365 80

100

40 Pararosalínica Monóxido de

carbono 1 hora* 8 horas*

40.000 (35 ppm) 10.000 (9 ppm) 40.000 (35 ppm) 10.000 (9 ppm) Infravermelho não-dispersivo Ozônio 1 hora* 160 160 Quimiluminescência Dióxido de

nitrogênio 1 hora MMA

320 100

190

100 Quimiluminescência

*Não deve ser excedido mais de uma vez ao ano ** Média Geométrica Anual

*** Média Aritmética Anual

Fonte: CETESB, disponível em

A metodologia da CETESB para o monitoramento da qualidade do ar levou à elaboração de índices. Estes índices dependem da concentração do poluente em relação ao padrão primário de qualidade do ar, e são divididos em seis níveis: qualidade do ar Boa (1 a 50% do PQAr primário), Regular (51 a 100% do padrão), Inadequada (101 a 199%), Má qualidade do ar (200 a 299%), Péssima (300 a 399%) e Crítica (acima de 400%). Os três últimos níveis já são graves o suficiente e indicam a necessidade de ações específicas em caso de sua ocorrência, no sentido de diminuir a concentração do poluente. São respectivamente chamados de Estado de Atenção (para qualidade do ar Má), de Alerta (para qualidade do ar Péssima) e de Emergência (para qualidade do ar Crítica). Para o Estado de Atenção, recomenda-se a restrição voluntária de atividades causadoras da poluição, como o rodízio, por exemplo. No Estado de Alerta, porém, é obrigatório que haja diminuição de tais atividades, e no de Emergência, é proibida a concentração de veículos, ocorrendo também a paralisação das atividades industriais. Existe ainda o Estado Crítico, que é caracterizado por uma altíssima concentração em um período curto de tempo em condições desfavoráveis de dispersão.

Em outubro de 2007 ocorreu uma reunião da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o estabelecimento de PQAr internacionais para os poluentes MP, NO2

e ozônio. De acordo com a organização, os padrões estabelecidos em muitos países, incluindo o Brasil, ainda são prejudiciais à saúde humana e ao meio ambiente, daí a necessidade de sua reformulação. Caso estes padrões mais rígidos sejam adotados pela legislação brasileira, isto não se refletirá em mudança metodológica para esta pesquisa, uma vez que a análise da concentração de ozônio tem não tem objetivos ligados diretamente às ultrapassagens do PQAr.

O índice de qualidade do ar para os diferentes níveis estabelecidos pela CETESB para cada poluente atmosférico está indicado na tabela 08. Os problemas de saúde associados aos principais poluentes na ocorrência desses níveis agudo de poluição estão resumidos na tabela 09.

Tabela 08: Índices de qualidade do ar para os principais poluentes do ar segundo a CETESB:

ELEMENTOS

NÍVEL DE QUALIDADE 50%

PQAR PQAR ATENÇÃO ALERTA

EMER- GÊNCIA CRÍTICO SO2 – Dióxido de Enxofre (µg /m³) 80 365 800 1.600 2.100 2.620 PI – Partículas Inaláveis (µg /m³) 50 150 250 420 500 600 CO – Monóxido de Carbono (ppm) 4,5 9,0 15,0 30,0 40,0 50,0 O3 – Ozônio (µg /m³) 80 160 200 800 1.000 1.200 NO2 – Dióxido de Nitrogênio (µg /m³) 100 320 1.130 2.260 3.000 3.750

PQAR - Padrão de qualidade do ar / µg – micrograma / ppm - partes por milhão Fonte: CETESB, disponível em

Tabela 09: Principais poluentes do ar segundo a CETESB, índices de qualidade do ar e efeitos na saúde:

Fonte: CETESB, disponível em: