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CAPÍTULO 1 – R EFERENCIAL TEÓRICO

1.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE IPE

1.3.1 Os papéis desempenhados pelo profissional de IPE

Conforme Dudley - Evans e St John (1998), o profissional de IPE teria cinco papéis principais: professor; planejador de cursos e fornecedor de materiais; colaborador; pesquisador; avaliador.

Para Hutchinson e Waters (1987), professores de IPE têm que se esforçar para dominar a linguagem e o assunto específicos que estão além de seus domínios. Professores os quais foram treinados para o ensino de IPG ou literatura se depara com o ensino de textos cujo conteúdo eles conhecem pouco ou até mesmo desconhecem.

Carver (1983) e Strevens (1988), citados por Flowerdew e Peacock (2001), descreveram as qualidades que professores de Inglês para Propósitos Acadêmicos deveriam possuir para que um curso de IPA seja bem sucedido. Segundo esses autores, os professores deveriam estar dispostos a ajustarem os materiais e atividades de ensino às necessidades dos estudantes; a se familiarizarem com a linguagem da área de estudo dos alunos e se interessar e adquirir o conhecimento do mundo dos aprendizes.

Como já salientamos, as discussões a respeito do ensino de Inglês para Propósitos Acadêmicos cabem aqui, uma vez que este está inserido na área de ensino de IPE.

Sullivan e Girgener (2002) afirmam que professores de inglês sem experiência (novatos) no ensino de IPE, por não estarem, de alguma forma, familiarizados com as necessidades específicas de seus alunos, freqüentemente, buscam por materiais tanto didáticos quanto profissionais. As autoras sugerem que eles também entrevistem ou observem seu público-alvo trabalhando. Elas ressaltam que entrevistas, observação e exame dos materiais escritos representam procedimentos comuns de análise de necessidades que foram sistematizados já nos anos 70. Além disso, Sullivan e Girgener vêem a coleta de dados autênticos como crucial para a análise de necessidades de um curso de IPE já que esses dados podem proporcionar uma visão mais interna daquilo que não está evidente para o professor de inglês para fins específicos, para os alunos, ou talvez até mesmo para os próprios profissionais.

De acordo com Dudley-Evans e St John, o IPE utiliza uma metodologia de ensino que não difere radicalmente da metodologia do Inglês para Propósitos Gerais, porém há uma diferença básica que afeta essa metodologia e se torna mais visível quando o ensino é mais específico: o professor não é quem detém o conhecimento primário do conteúdo profissionaldo material. Os alunos podem, em muitos casos, saber mais sobre o conteúdo do que o professor. Isso ocorre certamente nos cursos especificamente orientados para o conteúdo da área de estudo ou trabalho desses alunos.

Segundo Hutchinson e Waters (1987), para haver comunicação significativa na sala de aula, é essencial que haja um interesse e conhecimento comuns entre o professor e o aprendiz. Isso implica que o professor de IPE deve conhecer, até certo ponto, o assunto dos materiais de IPE. No entanto, ao se embasar em uma abordagem de ensino centrada na aprendizagem, isso não é visto como um movimento unilateral com o professor tendo que aprender um assunto muito específico.

Dudley-Evans e St John (1998) discutem que, comumente, o professor de IPE precisará de um entendimento razoável do assunto, exercendo o papel de organizador da sala de aula. Ele tem objetivos claros para a aula e um bom entendimento do conteúdo profissional do material de ensino. Todavia, quando se ensina em um curso mais específico, é essencial que o professor adote a postura de um consultor que negocia com seus alunos a melhor maneira de explorar o conteúdo para que seus objetivos sejam alcançados.

Conforme Hutchinson e Waters (1987), o professor de IPE deve exercer também o papel de negociador. Afinal, esses professores podem, por exemplo, ter que trabalhar em cooperação com patrocinadores (sponsors) ou especialistas os quais são responsáveis pelo trabalho ou estudo dos aprendizes fora da sala de aula de IPE. Nessa área de ensino, é importante que o professor estabeleça claras diretrizes sobre os papéis e responsabilidades que tanto ele quanto os especialistas exercem. Para esses autores, o papel dos professores de IPE aqui é o de adaptabilidade e flexibilidade.

Dudley-Evans e St John afirmam que profissionais de IPE freqüentemente planejam o curso que ensinam e fornecem materiais para esse ensino. É raramente possível usar um livro sem a necessidade de material complementar e às vezes não existem materiais publicados que atendam a certas necessidades identificadas. O papel dos professores enquanto fornecedores de material envolve a escolha de material publicado adequado, a adaptação de material quando o publicado não é adequado ou até mesmo a confecção de um material quando nada adequado existe. Professores de IPE também precisam avaliar a eficácia do material utilizado no curso, seja ele encontrado no mercado ou auto-produzido. Para esses autores, o papel de planejador de cursos e fornecedor de materiais descrito aqui parece um papel difícil e exigente para alguém novo em IPE. Porém, eles acreditam que essas exigências é que tornam o ensino de IPE interessante.

Nesse sentido, conforme demonstram Augusto-Navarro e outros (no prelo), a constante análise de necessidades e interesses e a reflexão contínua sobre a eficácia de um curso de IPE em desenvolvimento e dos materiais didáticos nele utilizados tornam-se fundamentais para um trabalho adequado e coerente com o que há de específico em cada contexto.

Apesar de existirem poucas pesquisas na área de Inglês para Propósitos de Negócios (IPN), há um interesse crescente na investigação dos gêneros, linguagem e habilidades envolvidas na comunicação dessa área (DUDLEY-EVANS; ST JOHN, 1998, p. 15).

Conforme esses mesmos autores, os professores de IPE têm que estar conscientes e em contato com essas pesquisas. Os profissionais que estão realizando uma análise de necessidades, planejando um curso ou escrevendo materiais, precisam estar aptos a incorporar os resultados desses estudos. Para os autores, quando se trabalha com um assunto específico, seja acadêmico ou de trabalho, ele é mais bem abordado por meio da colaboração entre professores de IPE e especialistas do assunto trabalhado.

Tanto Hutchinson e Waters (1987) quanto Dudley-Evans e St John ressaltam que o profissional de IPE está freqüentemente envolvido em vários tipos de avaliação, incluindo os testes feitos por alunos e a avaliação de cursos e materiais. Aplicam-se testes para avaliar se os alunos têm o nível de língua e as habilidades necessárias para participarem de um curso acadêmico ou profissional para fins específicos. O professor de IPE também precisa aplicar testes que avaliem o quanto os aprendizes aproveitaram de um curso.

Conforme Dudley-Evans e St John (1998), a avaliação do planejamento de um curso deveria ser feita enquanto o curso está sendo desenvolvido, no final do curso e após o curso ter sido encerrado.

Além disso, segundo esses estudiosos, a avaliação por meio da discussão e a análise de necessidades contínua podem também ser usadas na adaptação do currículo de um

curso. Em diversas situações a avaliação forma a base da negociação com alunos sobre seus sentimentos a respeito do curso, suas necessidades e prioridades, os quais serão adicionados no próximo estágio do curso.

Concordamos com os pesquisadores previamente citados, que um professor de Inglês para propósitos Específicos deve estar sempre atento às necessidades e aos interesses de seu público-alvo para então planejar o curso que oferecerá aos seus alunos, selecionar e/ou confeccionar um material didático que atendam aos propósitos de seus aprendizes. Acrescentamos que a avaliação do desenvolvimento do curso e dos alunos também é relevante para o aperfeiçoamento do trabalho do profissional ou da equipe responsável por um curso de IPE. Lembramos que, para que isso ocorra, é necessária a realização de uma análise de necessidades processual e contínua, como salientam Augusto e outros (no prelo).

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